Mr. Right escrita por aspiderpig


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

obrigada por lerem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/108281/chapter/2

                Eu estava sorrindo feito boba com a história de meu pai. Por mais que a ideia de que meu pai é gay seja algo que eu terei dificuldade em me acostumar, mas é algo tão puro e doce que faz com que eu me sinta meio idiota. Mas, afinal, por que meu pai se casou com minha mãe se ele tinha ao David? Digo, não que eu esteja reclamando, mas é algo que eu não entendo. Por quê, papai?

                Mais uma semana se passou sem que eu tivesse qualquer sinal de David. Eu me sentia como um brinquedo, mas não conseguia desistir dele. Eu continuava a procurá-lo todos os dias, mas ele nunca dava nem ao menos um sinal de vida. Porém nada fazia com que eu perdesse a esperança de encontrá-lo.

                Nosso terceiro encontro foi em um parque. Eu havia cansado de andar e parei para sentar um pouco e observar as crianças brincando. Era domingo a tarde, o sol estava quase se pondo e dando lugar a mais uma noite solitária. Senti alguém sentar ao meu lado, mas não desviei minha atenção de uma família brincando com um filhote de labrador. Não desviei até notar uma luz branca em minha direção.

                Olhei assustado para a pessoa ao meu lado, mas em seguida eu sorri. Era apenas David. Ele tinha uma câmera na mão e apontava a mesma para mim. Em seu rosto, havia um largo sorriso e seus olhos brilhavam com intensidade. Toda vez que meus olhos encontram seu corpo pequeno eu me pergunto como é possível alguém ser tão perfeito.

                “Hey.” Ele disse de maneira baixa, com os olhos fixos em mim.

                “Hey.” Respondi no mesmo tom. Ele vestia uma larga camiseta de manga comprida e uma calça jeans velha, extremamente justa ao seu corpo. Em sua mão, estava uma câmera fotográfica de aparência antiga e desgastada, porém ele a segurava como se sua vida dependesse dela. “Como você me achou?”

                “Estava no parque para tirar fotos e acabei te encontrando. Fique tranquilo, não estou te seguindo.” Ele sorriu para mim antes de completar. “Pelo menos é o que eu acho.”

                “Pode me seguir se quiser.” Disse dando de ombros e parando para observar cada detalhe do rosto á minha frente.

                “Por quê? Não tem nenhum segredo, Píer?”

                “Não.” Respondi, sorrindo de maneira abobada pelo apelido dado pelo menor.

                “Ah, qual é? É claro que tem. Todos nós temos.” Ele sorriu para mim e eu tive vontade de colocá-lo em um pote e guardá-lo para sempre comigo.

                “Eu posso até ter, mas não vejo porque guardá-los de você.” Sorri para ele e o observei se aproximar.

                “Você é um amor, Pierre.” David sorriu para mim antes de indicar a câmera com a cabeça. “Ainda bem que já tenho uma foto sua.”

                “Isso não é justo.” Disse, sorrindo. “Eu não estava vendo, devo estar parecendo ridículo.” David riu brevemente antes de me responder.

                “Na verdade, eu acho que você saiu mais bonito do que já é. Eu prefiro fotos espontâneas.” Ele sorriu largamente, me fazendo querer apertá-lo. “Pierre, por que você estava por aqui?”

                “Sinceramente?” Perguntei, olhando fixamente em seus olhos. Eu poderia me perder fácil naquele mar esverdeado.

                “Sim, sinceramente.” Ele levou uma mão até a minha e a acariciou de leve.

                “Eu estava te procurando. Sempre estive.” Eu sorri para ele e esperei pela sua reação. De novo, eu senti medo, Mary. Medo de que ele fosse embora ou que não gostasse do que eu estava lhe falando. Como se isso fosse contra as regras do conto de fadas que eu parecia estar vivendo.

                “Por quê?” Ele perguntou, arqueando as sobrancelhas.

                “Eu sei o quão ridículo isso soa, mas eu simplesmente não consigo ficar mais do que cinco minutos sem pensar em você e sem querer te encontrar de novo só para olhar em seus olhos.” Respondi após um tempo. Sabia que minhas bochechas estavam mais coradas que o normal por conta do calor que eu estava sentindo na região, mas eu não me importava de verdade. Eu não tinha vontade de omitir nada dele.

                “Se você continuar a falar assim, eu não vou conseguir aguentar uma semana longe de você.” Ele me sorriu de maneira sincera, enquanto ajeitava as mangas até a palma de suas mãos. Uma pergunta me veio à cabeça: Por que ele estava sempre de manga comprida? As três vezes que eu o encontrei, ele vestia sempre algo apropriado para o inverno, mesmo estando em pleno verão. Será que ele sentia tanto frio? Ou ele só possuía roupas para o inverno? Na época não tive coragem de lhe perguntar o porquê disso.

                “Então não aguente. Uma semana é muito, David, podíamos nos ver mais vezes.” Eu sorri para ele e ele pareceu pensar. Eu sabia que todos esses encontros dependiam dele, estava tudo nas mãos dele e eu não podia – e nem queria - reclamar.

                “Vou pensar no seu caso.” David me respondeu, sorrindo. “Eu tenho que ir, Pierre.”

                “Tem que ir ou só está indo para me deixar com vontade de te encontrar outra vez?” Um sorriso estava fixo em meus lábios enquanto eu fitava seus olhos. O sorriso de David aumentou e ele se inclinou em minha direção.

                “Estou indo para deixar vontade.” Ele selou meus lábios e se levantou. Diferente da outra vez, eu não fiquei encarando o lugar onde David estava enquanto ele se afastava. Dessa vez eu iria agir, não deixaria que ele partisse.

                “Espera.” Eu segurei seu braço e o puxei para perto de mim. Levantei-me, ficando de frente para ele. David me olhou confuso enquanto esperava que eu agisse. Sorri para ele e aproximei nossos lábios. Esperei que ele demonstrasse que não queria ou tentasse fugir, mas como não aconteceu, eu apenas acabei com o espaço entre eles juntando-os em um beijo rápido. Não vou dar detalhes, pois eu sei que não é algo que você queira saber, Mary. Também não gostaria de ler descrições do meu pai se atracando com outro.

                Tudo que você precisa saber é que um beijo foi o suficiente para que eu nunca mais quisesse me soltar dele. Um beijo, por mais curto que tenha sido, foi o suficiente para que eu tivesse certeza que o certo era insistir no pequeno garoto a minha frente. Você já sentiu algo assim, Mary? Algo tão forte e que te pareceu tão certo que fez com que você insistisse só para ter essa sensação de novo?

                Lentamente, fomos nos afastando. Sem precisar abrir os olhos, eu sabia que David sorria. E eu sabia que eu sorria para ele. David se afastou de mim e sorriu. Eu não tinha medo de sua reação, apenas não queria que ele sumisse de novo. Ainda sorrindo para mim, levou uma mão até seu bolso tirando um papel dobrado.

                “Até mais, Pierre.” Colocou o papel em meu bolso, deu-me um ultimo sorriso e se afastou. Observei-o ir enquanto me perguntava se deveria abrir o papel agora ou esperar chegar em casa. Optei pela segunda opção e caminhei em direção a saída do parque.

                Vou parar um pouco aqui, Mary, porque está chegando um ponto de extrema importância para essa história. Esse foi o dia em que eu e o Dave nos beijamos pela primeira vez, o dia em que eu tive certeza que eu o queria mais do que qualquer outra pessoa. Agora nós vamos entrar em uma parte que eu não vou soltar muito detalhe, filha, pois eu não quero enjoá-la e nem falar mais do que o necessário.

                Acredito que você já deva suspeitar o que aconteceu naquela noite, mas se ainda não, tudo bem. Logo mais você entenderá. O ponto é, eu vou me focar apenas naquilo que você precisa saber. Bem, não vou lhe enrolar muito, vamos voltar à história.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!