Mr. Right escrita por aspiderpig


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

A parte em ITÁLICO é a narração da Mary e a parte normal é a narração do Pierre.



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Ok, por onde começar? Meu nome? Mary Bouvier. Eu tenho 16 anos e moro com minha mãe, meu padrasto, Peter, e meu meio irmão de quatro anos, Brian. Quando eu tinha dois anos, meu pai, Pierre, sumiu. Mamãe disse na época que o papai morreu, mas eu sei que não. Ninguém acredita quando eu digo que meu pai ainda está vivo, mas não sei onde. As pessoas me acham louca, mas eu não sou. Eu sei que não.

                Enfim, não foi por isso que eu comecei a escrever. Na verdade, eu comecei a escrever por um motivo muito estranho. Desde quando meu pai se foi, minha avó, Louise, não deixou que nós nos livrássemos de suas coisas. Ela diz ser uma falta de respeito ao seu filho. Mamãe não insistiu muito, apenas colocou todas as coisas de papai em caixas e as guardou no sótão. Não me lembro muito bem de meu pai. Apenas com fotos e algumas histórias que minha mãe me conta, mas nada muito grande.

                Meu pai era bonito, muito bonito. Ele parecia ser alto, seus cabelos eram castanhos e ele tinha um sorriso lindo. Mamãe diz que eu tenho o mesmo sorriso que ele. Ok, voltando ao que eu estava escrevendo antes. Eu fui para o porão para procurar um quadro que mamãe tinha me pedido para procurar e acabei me distraindo com as coisas de papai. Suas roupas, sapatos, enfim, seus pertences em geral. Mas no meio de suas roupas, tinha um grande e grosso envelope vermelho com o meu nome escrito.

                Assim que eu desci, mostrei o envelope para mamãe e Peter. Nenhum dos dois pareceu estar muito feliz com o mesmo, mas não me impediram de ler. E mesmo que tentassem, não iria funcionar, eu iria ler escondido. Deixei o quadro com a mamãe e subi para o meu quarto. Estou há duas horas olhando para o envelope, com medo de abri-lo antes da hora.

                Por que o meu pai deixaria uma carta para mim? Por que não para minha mãe ou para minha avó? E por que ninguém nunca me avisou dessa carta? Alguém saberia o que está escrita nela? Abri o envelope vermelho, tirando uma boa quantidade de folhas dentro da mesma. Ok, a carta parece ser bem grande. Soltei um longo suspiro enquanto começava a ler as palavras escritas com a caligrafia bonita de meu pai.

                Olá, Mary, como você está? Eu sei como estou soando idiota lhe perguntando isso, pois não tem como você me responder, mas eu realmente queria saber como você está. Queria poder te ver. Você já deve ter idade o suficiente para poder andar, afinal, você achou essa carta. E provavelmente já deve saber ler, pois está lendo-a. Eu não queria que outra pessoa lesse-a para você. Eu quero que você leia sozinha. E, se não for pedir muito, eu queria que você tivesse, pelo menos, seus treze anos, pois assim, talvez, você possa tentar entender o porquê de eu ter feito o que eu fiz.

                Eu nunca quis abandoná-la, filha, nunca mesmo. Eu queria poder ter levado-a junto comigo, mas seria demais para sua mãe, não? Além de perder o marido, ainda perder a filha. Eu não seria tão cruel. Queria saber qual foi a desculpa que ela lhe deu, quando eu parti. Provavelmente deve ter dito que eu morri, mas eu não morri, Mary, pelo menos não naquela noite.

                Espero que sua mãe esteja cuidando bem de você. Não quero que minha menininha seja maltratada, eu vou me sentir ainda pior se isso for o que estiver acontecendo. Mas não tem como eu saber. Eu escolhi assim. Não me odeie, filha, eu tenho meus motivos para ter deixado-a para trás. E eu vou lhe contar, mas antes, eu preciso lhe contar uma história. A [b]minha[/b] história. Ela é bastante comprida, logo, eu recomendo que você esteja sentada. Essa história pode surpreendê-la, mas eu não quero te assustar.

                Tudo começou em uma tarde do primeiro dia de verão. Era meu ultimo dia de aula e depois eu não voltaria mais a escola. Eu estava animado. Finalmente tinha acabado a escola e não pretendia fazer uma faculdade, logo, era o fim da minha vida como estudante. Despedi-me de meus amigos e segui para o ponto de ônibus. Eu morava com meus pais ainda. Meus irmãos já haviam se mudado, logo eu era o único que faltava. O ônibus não demorou a passar e eu logo estava sentado no ultimo banco, desligado de tudo que ocorria a minha volta.

                Eu descia sempre no ponto final, por isso nunca me preocupava com nada. Mas logo, eu senti alguém sentar ao meu lado. Desviei minha atenção da janela para o garoto ao meu lado e eu senti o ar falhar. Ele era lindo, filha. Eu nunca havia me sentido atraído por homens, mas ele era a pessoa mais linda que eu havia visto em toda a minha vida.

                Ele mantinha sua cabeça abaixada, sua pele era muito branca. Seus cabelos bem negros caiam ao redor de seu rosto e eu desejei que ele virasse para mim para que eu pudesse observá-lo melhor. Ele era menor do que eu, bem magro. Vestia uma calça preta, bem justa ao seu corpo e um sobretudo branco. Seu rosto virou em minha direção, pegando-me encarando-o. Seu rosto era mais bonito do que eu havia imaginado. Sei que devo estar te enjoando, pequena, mas ele era muito bonito mesmo. O que mais me chamou atenção em seu rosto bem desenhado foram seus olhos. Eles era esverdeados e pareciam extremamente profundos. No seu lábio inferior havia um piercing – espero que você não tenha um, não imagino minha pequena com um – que ele mordeu assim que parou para me fitar.

                Ele sorriu. Um sorriso pequeno, mas intenso o suficiente para me tirar o fôlego e fazer com que eu esquecesse o meu nome. Retribui seu sorriso, mas tenho certeza que o meu saiu extremamente abobado. Sua mãe diz que sempre que eu sorrio para você eu tenho esse sorriso abobado. Enfim, ele me fitou por alguns minutos antes de falar comigo.

                “Hey.” Sua voz tinha a melodia perfeita. Eu poderia ouvi-la por toda minha vida e não me cansaria.

                “Hey.” Eu respondi em um sussurro. Seu sorriso aumentou e ele fixou seus olhos nos meus.

                “Qual seu nome?“ Ele perguntou, após algum tempo apenas me fitando.

                “Pierre e o seu?” Eu respondi, ainda sorrindo para ele. Seu sorrio aumentou mais ainda e ele se levantou.

                “Até mais, Pierre.” Após dizer isso, ele apertou o botão e desceu. Permaneci alguns minutos fitando o lugar que ele estava antes, sem conseguir parar de sorrir. Você não entende como eu me senti idiota, Mary. Meu coração batia quase desesperado por um garoto que eu nem ao menos sabia o nome. Você entende como é isso? Espero que não. Não quero que minha menininha se sinta como eu me senti.

                Ele mexeu comigo, só com o seu sorriso. Ele apareceu do nada e foi embora do mesmo jeito, sem nem ao menos me deixar saber seu nome. Eu estava me sentindo patético. Nem notei quando o ônibus parou em seu ponto final, obrigando-me a descer. Caminhei lentamente até a minha casa, mas meus pensamentos continuavam fixo no garoto do ônibus.


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