Everybody Loves The Marauders II escrita por N_blackie


Capítulo 5
Capítulo 5




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Episode IV

St. Joseph & Mary

Narrado por: Remus Lupin

Camiseta do dia: I'ma let you finish (Vou te deixar terminar – Kanye West)

Ouvindo: Nada.

Quando cheguei ao apartamento do Sirius naquele sábado, não acreditei que estava realmente carregando fantasias de freira embaixo do braço. Bati na porta meio relutante, e ele abriu com um sorriso constrangido.

- Vamos logo.

Entrei na sala de estar, onde James e Peter já estavam esperando. Os dois tinham a mesma expressão que eu: quê? Me juntei a eles e ficamos olhando para Sirius, que fechou a porta e se colocou na nossa frente.

- Erm... Boa – tarde.

- O que diabos você quer?

- Eu... Hum... Preciso da ajuda de vocês para uma coisa.

- Tem a ver com as fantasias de freira? – perguntei, no que Peter engasgou.

- Fantasia de quê?

- Freira. – Sirius suspirou. – Gente, sabem que eu faria qualquer coisa por vocês. Tudo que peço é um favor...

Encaramos em silêncio.

- Eu preciso invadir um convento. – ele falou por fim. Arregalei os olhos.

- Você me pediu fantasias de freira para invadir um convento?

- É... Como jogar GTA, né? – James tentou ponderar, mesmo sabendo que não tinha desculpa. – Pegamos as roupas e entramos.

- Roupas? – balbuciei sarcástico.

- Erm... Vamos nos vestir de padres.

- Freiras. – corrigi.

- O QUE? – Peter engasgou de novo. – Achei que estivessem brincando!

- Vocês me devem uma. – Sirius justificou.

- O que eu devo a você? – reclamei, indignado. – O que eu devo de tão grave a você para merecer esse castigo?

- James vai viajar e me deixar aqui, Pete também. Você vai trabalhar... Eu vou ficar sozinho.

Senti o peso da culpa cair nas minhas costas.

- Te arranjo um emprego! – insisti. – Uma das costureiras, Giulia... Ela é italiana, e os sobrinhos dela têm uma cantina!

Mas aí ele veio com o artifício mais canalha, sujo, descarado e baixo que ele tinha. A carinha.

Se eu fosse um narrador do Discovery, descreveria a carinha desta maneira:

A carinha, utilizada majoritariamente pela espécie Canis sirius, é usada como um artifício de conquista de metas, e consiste numa complexa contorção de diversos músculos faciais, numa combinação de duas posições familiares ao homem: olhar pidão e biquinho. Na espécie em questão, o alvo mais suscetível e sensível são as fêmeas humanas, garotinhas e afins. Em homens o efeito é mais amenizado, mas ainda sim, deve – se evitar qualquer negativa. Ninguém escapa da Carinha.

- AH, NÃO, SIRIUS! – James gritou, virando o rosto. – A CARINHA NÃO!

- Para, meus olhos! – Pete se escondeu atrás da almofada.

- Sirius, seja razoável... – pedi, vendo aos poucos o rosto dele se transformar. Os olhos começaram a se abrir lentamente, enquanto a boca diminuía, projetando o lábio inferior para fora. Sirius era uma daquelas crianças tão bonitinhas, mas tão bonitinhas, que ninguém resistia quando ele fazia isso. E até hoje ninguém resiste.

- Ok, ok! – ergui as mãos. – Gente, vamos fazer.

James e Pete me encararam incrédulos.

- Você percebeu o pedido que ele re fez? Freiras! Invadir um convento! INVADIR!

- Eu sei.

Batendo os pés, cada um de nós foi até o banheiro segurando uma roupa. Quando olhei aquele emaranhado de tecidos quis morrer. Mas fui colocando tudo, até as meias e as sandálias. Olhei para mim mesmo no espelho. James e Peter passaram atrás de mim e bateram a porta. Eu estou sozinho...

Go sister... Go sister... – Cantei baixinho, mexendo o pescoço para um lado só. Sorri. Até que é legal.

Gooooo Sisteeer. – estalei os dedos enquanto cantava e balançava o pescoço. Estava aumentando o volume quando uma mão entrou pela porta e começou a me arrastar.

- Cara, não envergonhe mais do que precisa. – James falou secamente enquanto me arrastava até o sofá.

- Ok, vou pegar o carro e vamos... – Sirius sorriu e pegou as chaves.

Saímos do apartamento olhando para os lados, e Peter chamou o elevador. Tentei colocar a saia no meio das pernas, fazer parecer uma calça. Mas estava horrível. Não deu certo.

Tinha um velinho no elevador.

Entramos os quatro, e tentei ajeitar o véu. Por favor, não me veja...

- Benção, senhora. – o velinho pediu, pegando na mão de James. Ele arregalou os olhos para mim e agitou a outra mão de medo. Dei de ombros, sem saber o que fazer. Sirius limpou a garganta e tentou a sua voz mais fina:

Benção, moço...

Engasguei, morrendo de vontade de rir. Peter quase vomitou do meu lado, e nos apoiamos um no outro para não aparecer. James respirou fundo quando o homem sorriu sem dentes para a gente e saiu no térreo.

- Você... – Ele começou, erguendo as saias para sair do elevador. – Me deve. A. Sua. Alma.

- Calma, cara... – Sirius pegou as chaves do bolso, e eu fiz uma voz fina:

- Não seria calma, cara?

Ele me olhou irritado.

- Muito engraçado.

- Parecia um transformista. – Peter engasgou e eu concordei. Nada contra eles, mas precisávamos de algo para irritar Sirius.

Quando ele saiu da garagem, me escondi no banco, dando a desculpa esfarrapada de amarrar os sapatos. O celular de James tocou.

- Alô? Oi, Lil! – ele sorriu falsamente, de tão envergonhado que estava. – Eu to num carro! Indo pro convento St. Joseph & Mary... – ele completou num grunhido, e pude ouvir a voz de Lily do outro lado.

- Onde, Jim?

- Estou no carro...

- Você disse pra onde...

- Não disse não.

- James... Onde vocês estão indo?

- Pro... – ele suspirou – Pro convento St. Joseph & Mary.

Silêncio.

- Onde? - ela perguntou de novo, incrédula.

- Pro convento, Lil. Vamos invadir um convento...

- James. – ela falou, mas eu não ouvi o resto.

- Eu sei... Eu sei! Não! Sim... Talvez! Ah, sei lá. Sirius pediu! Não! NÃO! Lil vou ter de desligar. Ok, eu ligo. Tchau. – ele desligou. – Sirius, Lily pediu para eu te mandar à merda.

- Eu sou um incompreendido. – ele estacionou, e respiramos fundo.

Narrado por: Peter Pettigrew

Primeira Impressão: Vou acabar na delegacia.

Ouvindo: Coral.

- SIRIUS, EU ODEIO VOCÊ. – James se abanou com as mãos enquanto esperávamos por alguém do lado de fora, embaixo do sol quente.

- Estou parecendo um pinguim com essa roupa de freira, cara. É o pior cosplay que já vesti. – resmunguei, no que uma mulher abriu a porta. Subitamente, ficamos em silêncio, e eu juntei as mãos para parecer uma santa... Santo.

- Vocês são da congregação? – a mulher sorriu gentilmente.

- Sim, irmã. Somos os irmãos peregrinos do... Sudeste da Dinamarca. – James inventou na hora, sorrindo. Ficamos encarando a mulher em silêncio.

- Oh, sim! Entrem.

Quando ela abriu a porta, nem acreditei. Acabo de invadir um convento... Oh...

Passamos por um coro de meninas pequenas, e algumas saletas onde elas pintavam e costuravam.

- Nós gostaríamos de visitar uma de suas meninas, irmã... – Sirius começou, lendo um texto na palma da mão dele. – Ashley Connor...

- Ah, neste caso vou encaminhar vocês à Madre Superiora... – ela sorriu e nos guiou até uma sala mais no fundo, de portas bem compridas.

- Agora nos ferramos. – sussurrei para Remus, que balançou a cabeça.

Entramos no escritório, e quem nos recebeu foi uma mulher muito velha, com a pele muito enrugada e olhos leitosos.

- Madre, os garotos da Dinamarca chegaram e desejam vem Ashley Connor. – anunciou a irmã que nos recebeu, e a Madre sorriu.

- Porque desejam ver Ashley?

- Nós estamos coletando um livro de órfãos, sabe. – James deu um passo à frente, sorrindo sem jeito. – E ouvimos dizer que a história dela é linda.

Encaramos a Madre gelados. Até que percebi uma coisa.

- Ela é cega? – perguntei para a irmã próxima. Ela franziu a testa um pouco (acho que deveria ter perguntado de um modo mais gentil...), mas fez que sim com a cabeça.

- Sua sabedoria, no entanto, não é "cega", meu rapaz.

- Leve – os até Ashley. É raro ela ter visitas, mas sejam rápidos.

- Iremos ser. – Sirius sorriu.

O edifício do orfanato era ao lado do convento, e era um lugar bem arrumado, onde as meninas ficavam todas juntas em quartos separados por idades.

A irmã nos levou até um canto das crianças, onde vi uma das garotas mais bonitas que existem. Cabelos castanhos desciam em ondas pelas costas dela, combinando com seus olhos verdes. Ela segurava uma boneca e brincava com uma menina mais nova, dos mesmos olhos, mas loura.

- Ashley! Venha cá.

Ela largou a boneca e disse algo para a menina, indo nos ver em seguida.

- Estes são os irmãos da Dinamarca, querida. Querem falar com você. Tem meia hora. – ela virou as costas e foi embora, nos deixando ali.

Assim que asseguramos que estávamos sozinhos, Sirius baixou o "capuz" (sei lá como se chama...) e sorriu.

- Hey.

Os olhos dela arregalaram.

- Quem é você?

- Você deve conhecer minha amiga. – ele interrompeu antes que ela começasse a gritar – Marlene.

- Oh, conheço. – Ashley sorriu. – Você deve ser Sirius.

- É... Eu sou.

- Puxa... – ela sentou – se numa cadeira, surpresa. – Ela disse que vocês eram, hum, persistentes... Mas não supunha tanto...

- Não tem ideia do sacrifício que foi para conseguirmos... – Remus começou, mas James tapou a boca dele. Sirius limpou a garganta.

- Queria que saísse comigo.

Narrado por: Sirius Black

Filme do Momento: Sabe aquele que as freiras cantam e dançam?

Ouvindo: Ashley rir.

- Que pedido inesperado. – ela sorriu, mas percebi que tinha ficado muito feliz com o pedido. Também, quem resiste?

- Quer?

- Claro! Marlene conta coisas fantásticas sobre você. Muito legal e charmoso, ela diz.

Charmoso? Senti meu coração das uma cambalhota.

- Gentil da parte dela. – sorri. – Então, mora aqui há quanto tempo?

- Desde os doze anos. Tenho dezesseis, faça as contas.

- Aquela é sua irmã? – apontei para a menina loura que brincava com bonecas. Ashley balançou a cabeça.

- É. Amber é minha irmã menor. Tem nove anos. Sou tudo que ela tem, sabe.

- Temos vinte minutos ainda. – James sorriu simpático. – Podemos distrair Amber para vocês.

Ela riu.

- Podem tentar...

Os três correram até o tapete de brincar, e ficamos sozinhos.

- Então, o que faz aqui?

- Eu costuro e cuido das crianças mais novas. – ela olhou em volta. – As irmãs foram muito boas comigo. Sempre são. Calma, serenidade.

- Também sou órfão. – comentei, tentando fazê – La se sentir mais confortável. – Minha mãe morreu quando eu tinha onze anos.

- Vive com seu pai.

- E meu irmão. – completei. – Sei como é.

Nossos olhares se encontraram em mútua compreensão. Não sei por que, mas me sentia confortável para falar de minha mãe perto dela. Talvez fosse o fato de que compartilhamos a mesma história. Em parte.

- Ela ficou muito doente, e então... – tentei explicar, mas foi como se um bolo tivesse se formado na minha garganta, me impedindo de falar. Ashley tomou minhas mãos nas dela, e entendi o que queria dizer com calma e serenidade. Era como se seu toque tivesse acalmado meu coração.

- Meu pai era muito velho quando casou – se, mas não durou muito. Minha mãe estava indo ao mercado. Um homem queria seu dinheiro, sabe como é. Quando soubemos que ninguém podia ficar conosco, nos apegamos. Amber é tudo que tenho.

- Meu pai está namorando de novo... Com a mãe dele. – apontei para James, que brincava com Amber.

- É ótimo. Como diz a irmã Janice, é a reconstrução do lar completo.

- Não se importa de sair tão pouco?

- Às vezes, mas tenho tantas coisas para fazer aqui que os dias voam. Marlene e eu conversamos muito aos domingos, no asilo.

- Ela me disse.

- Nós, órfãos, temos muito em comum com os idosos de lá. – Ashley sorriu confortante. – Eles, assim como nós, não têm família. Ou têm, mas ela não os quer...

- Duvido que existam idosas como você. – arrisquei segurar sua mão, e ela corou fortemente. – Belas.

- Você é muito gentil, Sirius. Posso sentir que seu coração é bom.

Sorri.

- Você é a única pessoa com quem discuto minha mãe.

- A irmã Eliza sempre diz: "Para discutir um problema, procure aqueles que já passaram por ele, pois só eles têm o coração aberto para receber com calma suas lágrimas."

- Essa irmã Eliza é um gênio.

Olhei para os lados, conferindo se as crianças estavam distraídas. Segurei a outra mão dela, e me aproximei. Ashley fechou os olhos, parecendo uma princesa adormecida. Encostei os lábios nos dela, e senti um suspiro sair deles. Embora fosse doce beijar Ashley, senti como se estivesse algo errado. Era um beijo gentil, mas tão amável que parecia que beijava minha melhor amiga. Irônico que quando beijo minha melhor amiga parece sempre algo mais.

Narrado por: James Potter

Meta Atual: Visitar esse lugar mais vezes.

Ouvindo: Adeus.

- Nos vemos depois, Amber! – sorri desajeitado enquanto a menina me abraçava com força, dando um beijo estalado na minha bochecha.

Fomos saindo da sala das órfãs, e eu continuei acenando para a loirinha enquanto a porta fechava.

- Gostou dela, hein. – Remus ironizou, e eu sorri.

- Gosto de crianças. São tão... Soltas. Não devem satisfação a ninguém.

- É... Mas acho que conseguimos afinal. – Peter sorriu, e eu também.

- Nunca mais vou fazer nada do gênero. – Remus bateu a porta do carro. – Devíamos dar graças pela Madre ser CEGA.

- Não importa. – Sirius sorriu. – Vou sair com Ashley.

- Ótimo para você. Mas não parece tão entusiasmado. – James franziu a testa quando viu que ele tinha murchado.

- Vocês já beijaram alguém que "deveriam" beijar, e se sentiram péssimos? Ou já beijaram alguém que não podiam, e sentiram que aquela era a pessoa certa?

- Na verdade, nenhum de nós beijou tanto quanto você. – comentei. Sirius corou.

- Quando beijei Ashley pareceu que estava beijando uma santa. Não literalmente, mas ela é tão... Pura. Quieta, calma. A pessoa ideal para te tranquilizar. Mas não...

- Como Lene? – perguntei, e ele suspirou.

- É. Se ao menos Marlene entendesse o que ela significa para mim. Na verdade eu não quis invadir o convento para falar com Ashley.

- Fez isso porque Lene te pediu? – Peter perguntou, e ele balançou a cabeça.

- É.

- Já disse que...

- Eu já. Não adianta, ela não quer nada comigo.

- Tente esquecer ela.

- Não consigo! – Sirius bateu a cabeça no volante. – Quando passo 24 horas sem pensar nela, à noite tenho sonhos em que ela aparece, de um jeito ou de outro. Pode ser apenas uma menção, mas ela está lá.

- Você não quer esquecer Marlene, cara. – Remus revirou os olhos. – Sua cabeça não deixa. Pode ser tudo, mas não é uma pessoa ruim. Sabemos disso.

- Vocês são quatro caras que me conhecem desde pequeno. Todo o resto do mundo parece pensar o contrário.

- Claro que não! – menti. Sirius me olhou irônico. – Ok, talvez um pouco.


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