Do You Remember? escrita por BiaFlones


Capítulo 2
Capítulo 2




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/107465/chapter/2

Já disse que eu amo sábados?

Dormi que me acabei. Acordei, arrumei minha mini casa, que parecia ter sido atingida por um tsunami, comi e fui vadiar em frente a tv, pensando no que vestir, no que falar, no que fazer...

A hora parecia não passar, eu mal podia acreditar que estaria com Danny em pouco tempo.

Ansiedade me consome, me tritura, me põe no processador. Eu sabia onde ele morava, ele precisava de ajuda. Arrumei uma mochilinha com a roupa que eu usaria de noite, caso a gente saísse, passei um pouco de maquiagem pra ele não sacar que eu tinha acabado de acordar e me mandei pra casa dele, com a roupa velha que eu tava mesmo. Com a ajuda de Deus a doida da mãe dele não estaria em casa, já que ela tinha surrupiado o carro do Danny.

Passei na padaria, comprei suco de manga e bolinhos pro café.. Se ele não mudou muito, iria adorar.

Toquei a campainha e esperei. Nem sinal do carro dele. Ou a véia tinha fugido ou ele tinha mentido pra mim.

Toquei de novo. Já tinha armado uma cara horrivel quando a porta se abriu e um Danny completamente emburrado, amassado, despenteado e desajeitado apareceu na minha frente. E sem camisa, oh céus.

-Bom dia, Daniel. 

-Você não tem mais o que fazer? - Não sabia se ele tava brincando ou se ele tava puto - Eu tava dormindo.

-Desculpa, eu só queria saber se vo.. Ah, vá se danar! Continua grosso! - Perdi a paciencia. - E olha a hora!

-Cala a boca e entra logo, sua tonta. - Finalmente um sorriso e um abraço gostoso. Ele não perdia aquele cheiro bom nunca, é?!

-Passei na padoca, pra gente. Vim te ajudar com as suas tralhas. Não tinha o que fazer mesmo.. - MENTIRA! - Cadê sua mãe?

-Saiu ontem e deve voltar só amanhã de noite. Isso porque, segundo ela, estava morrendo de saudade de mim. Mas é melhor assim, ao menos ela não implica com a bagunça. Deixa eu escovar os dentes e me vestir, a gente pode comer lá em cima se você quiser. 

-Tudo bem. - Subi, atrás dele.

Danny morava numa casinha bonita, onde eu entrei poucas vezes... ontem mesmo eu estava lá, com aquele monte de deveres pra fazer... Enfim. Seu quarto havia ganho uma cama de casal, as paredes azuis agora eram brancas, os carrinhos agora estavam ajeitados numa prateleira... O que uma mãe não faz quando o filho se muda, né?

Peguei uns copos e um pratinho em cima do frigobar, coloquei o suco e os bolinhos, sentei na cama e esperei. Acabei batendo o olho numa coisa que eu gostaria de não ter visto: Uma foto dele abraçando uma loira dos olhos claros... Que eu quis matar há um tempo atras. Camille.

-Danny? - Chamei.

-Hm? - resmugou do banheiro.

-Sabe da Camille?

-Não muito. Depois que a gente terminou, ela continuou me procurando mas eu achei melhor ficar longe. Daqui uns dias ela bate aqui em casa, talvez pedindo pra voltar.

Oba, eles terminaram. Merda, ela continua um cu.

-Huuuuuuuuum - Não sabia o que falar. Tive de cuidar pra que a felicidade não fosse aparente na minha voz.

-E o Alan? Era Alan o nome dele? Alex? Alisson? Anderson? - Não pude deixar de rir com ele da confusão.

-Alan. Terminamos há um tempo... Como sabe dele?

-Redes sociais, minha cara. Você as adora.

-E você é um excluído pau mandado da Camille. Fim.

Quase tive um derrame quando ele saiu do banheiro. Bonito demais pra ser de carne e osso.

Tomamos nosso café na cama mesmo, conversando sobre as coisas que passaram. Administração nunca foi a cara dele e o pai dele era o único que não enxergava isso. Ele tinha de fazer educação física mesmo. Rimos do tempo da escola, quando ele era capitão do time de futebol. Eu deixava tudo pra assistir aos jogos dele.. E toda vez que ele marcava um gol, apontava pra mim é sorria. Dava pra ler nos seus lábios: esse é pra você. Bem constrangedor pra ele, lembrar disso. E pra mim, ao lembrar do quanto aquilo me tirava o sono.

A tarde passou, as coisas continuaram por arrumar e nós continuamos sentados na cama. Depois dos bolinhos, china in box. Quando o sol já não aparecia mais, ele resolveu sair mesmo tendo passado a tarde toda comigo.

-Mas você não vai querer sair nessa situação né? - Danny apontava, disconfiado, pra minha roupa de ficar em casa.

-Mulheres são sempre caixinhas de surpresa. - Apanhei minha bolsa e corri pro banheiro - Vou tomar um banho, pega uma toalha pra mim.

Me enfiei embaixo do chuveiro e eu tive a sensação de que poderia ficar ali a vida inteira, sentindo aquela agua quentinha em mim. O box azul estava fechado mas eu pude ver uma sombra dentro do banheiro. E eu quis derreter e ir pelo ralo quando ouvi sua voz dizendo "Sua toalha está em cima da sua calcinha" e a porta fechando em seguida. ESQUECEU QUE NÃO ESTÁ TOMANDO BANHO EM CASA, SAMANTHA? Merda, merda, merda. Passou.

Me vesti no banheiro mesmo. Deixaria pra maquiar por ultimo, enquanto ele se vestisse.

O encontrei deitado na cama, ouvindo John Mayer. Que bom que ele teve um encontro com a boa música. 

-Your body is a wonderland... Ill use my hands... Your body is a wonderland... I'll never speak of this again...Now theres no reason... - Cantei, junto com a música.

Danny se levantou em direção ao banheiro, com umas roupas nos braços e, ao passar por mim, terminou de cantar e disse baixinho:

-I've got the kinda love in my hands to last all season. O seu também...

Pronto, dessa vez eu tive um derrame mesmo. Fiz um esforço colossal pra esquecer aquilo mas não deu.

Quando ele saiu do banheiro eu já estava pronta. O homem parecia mais uma noiva quando entrava naquele banheiro. Vaidade mata, bem.

Eu nem preciso dizer o quanto a espera valeu a pena.

-Você vai sair com as pernas de fora assim? - Ele parecia intrigado com o tamanho dos meus shorts.

-Vou, por que? Tá feio?

-Não... É que.. - Eu nem deixei ele terminar.

-Então tá bom.

Conversávamos animadamente no caminho, mesmo sem sabermos onde iríamos parar. Acabamos dentro de um barzinho, no centro, comendo batatas fritas, ele tomando cerveja e eu caipirinha.

Seus olhos grandes, azuis, pareciam me afogar as vezes. Há muito eu não conseguia mais entender o que eles diziam... Misturavam felicidade com algo dificil de decifrar. E nos meus, aposto que ele podia ver todos os desejos e sentimentos reprimidos, que eu me esforcei tanto pra esquecer. Todas as vezes que eu desejei estar sozinha com ele e dizer o quanto eu odiava a simples ideia de ver ele com uma garota senão comigo. Mas parecíamos ignorar nossas visões, ignorar o que estávamos sentindo, só pro assunto render, pras risadas não cessarem. E por um lado foi bom.

Fiquei feliz pelo assunto realmente não ter acabado, pela afinidade ter aumentado... E mesmo nos momentos de silencio, eu sentia conforto pela companhia dele. Por vezes, senti uma minima vontade de chorar. Foi foda me virar sem a presença dele.

Voltamos pra casa dele com o mesmo animo, não era muito tarde e Benji, meu cachorro, me perdoaria se eu demorasse essa noite.

A secretária eletrônica dele piscava e a mensagem era da doida, er, da mãe dele: "Danny, a mamãe só chega amanhã de tarde. Tá uma loucura essa mini viagem, minhas amigas todas te mandaram lembranças. Não vá tomar leite azedo, um beijo".

Ri mais do que deveria com essa observação e só consegui parar de rir quando ele me disse que eu poderia assistir filmes com ele e ficar por lá essa noite, se eu quisesse.

Mais uma vez seus olhos grandes me encaravam, como se pedissem pra que eu ficasse. Como se não soubessem que eu não conseguiria recusar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Do You Remember?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.