Do You Remember? escrita por BiaFlones


Capítulo 1
Capítulo 1




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7 verões se passaram até que eu pudesse o reencontrar e descobrir que ele era o amor da minha vida. Nós conhecemos há 12, estudamos juntos por 5.

A ultima vez que o vi, estavamos brigados... Por um motivo besta, como sempre. Voltávamos juntos pra casa só deu tempo dele me dizer:

-Não vai me dar tchau?

Eu dei um beijinho no rosto dele e desci do onibus.

-

-Samantha, você gosta dele né?

-Magina, ele é meu melhor amigo - Respondi, sentindo a garganta secar.

-Sam! Ele é o mais bonito da escola! - Alice insistia.

-Eu sei disso.. E não diga que eu fico vermelha! Somos amigos. E pare de insistir.

-Eu digo porque você fica. E porque tá escrito na sua testa que você sofre quando vê ele com outra, que você o quer bem mais que todos nesse mundo e que você se orgulha por ser a única em quem ele confia.

-

Eu me lembro vagamente de algumas coisas que aconteceram entre mim e Danny. Eramos bons amigos, inseparáveis. Nos conhecemos na escola e tenho certeza de que ele só se aproximou de mim porque quando ele me atirou uma bolinha de papel, eu não gritei como as outras. Eu joguei meu caderno de volta na cara dele. Até aquele dia, nunca trocamos uma palavra. Depois, não houve um dia em que não nos falassemos. Ele não morava tão longe, descobri que podia pegar o mesmo onibus que ele e assim o fiz (mesmo precisando dar um rolê mega monster pra chegar em casa depois...).

Ele sempre foi terrivelmente genioso, como eu. Qualquer coisa era motivo pra uma briga colossal. E as desculpas eram as piores possíveis. Ele ficava puxando meu cabelo, me beliscando, me mordendo, até que eu sorrisse. Quando eu sorria, ficava tudo bem.

Todos naquele inferno de escola juravam de pé juntos que eu gostava dele.  WHAT. Eu? Gostando dele? Magina... 

Magina o cacete, eu comecei a gostar MUITO dele, depois de uns 3 anos de amizade. Mas eu não podia mostrar. Medo de danar com tudo e outra: ele, lindíssimo. e eu, aquele fubá. Prezo muito pelo meu bom senso, benhê.

Igualmente encapetado, bobo, divertido, desligado e meio nervosinho, eu encontrava nele a segurança que todas as outras amizades não me davam. Ele me parecia sincero.

Lembro de uma quadrilha que a gente teve de dançar, era pra nota. Eu não sei que tipo de professor acredita que os alunos façam isso com prazer, porque é simplesmente ridiculo. E os meninos escolhiam com quem queriam dançar. Quando a professora disse "Daniel, escolha a sua menina", ele se levantou e ficou olhando pras meninas na sala, como se fizesse um esforço sobrenatural pra escolher uma parceira pra atividade super complexa que era dançar a quadrilha. É, ninguém é perfeito. Ele era uma anta vestida as vezes. Mas nem eu acreditei quando ele veio na minha direção e disse "vai ser a Sam". Eu gostaria de ter tirado uma foto da cara da Jéssica e grudar no mural da sala. A vaca sempre quis namorar com ele e ele nem aí pra ela. Assim como a Hellen, a Karen e todas as meninas da escola. Enfim, eu levantei, passada, tipo... não que eu fosse um ogro, mas eu não era a mais bonita e eu sempre achei que ele fosse meio superficial nessas coisas. Pein! Ponto pro Daniel! A professora ficou doida, quis nos colocar como noivos, só faltou bater palma. Era um complô, só podia. Até ela dizia que a gente se gostava.

Os anos se passaram, com muitas brigas e muitas declarações implícitas de afeto... E um dia ele simplesmente me disse que teria de mudar de escola. Senti os olhos queimarem na hora, porque como assim, ele iria embora?! Nem ele queria. Mas não tinha outro jeito, era coisa da mãe dele e a mulher sempre fora uma varrida. Quando a encontrei na secretaria, pedindo transferencia, eu quis arrancar aquele cabelo feioso dela. Ugh.

Por algumas vezes, depois dele ter se mudado, ele me ligou, dizendo que odiava todo mundo na escola nova, que era um saco, que ele nao tinha nada pra fazer além de estudar (porque lá na escola, era a ultima coisa que a gente fazia)... Era tudo diferente e ele não via a hora de acabar.

Meu coração ficou arrebentado por uns dois anos, onde nos falavamos cada vez menos.

O ditado de que  "o mundo gira, fdp" aconteceu.

Eu mudei, fisica e emocionalmente, arrumei um namorado e fui feliz com ele por quase 3 anos. Consegui parar de sofrer pelo Danny... Porque esquecer, nunca consegui. Por algumas vezes sonhei com ele... Pensei em o procurar... Mas não tive coragem bastante.

Trabalhando e estudando, então, mal lembrava de comer.

Eis que indo pro serviço, numa sexta qualquer, meu carro pifa. Simplesmente. Sei lá que diabos aconteceu, então eu precisei pegar onibus. Pra trabalhar, pra ir pra faculdade e pra voltar pra casa. Lindo.

Entrei no onibus nervosa e cansada, não via a hora de chegar em casa e enfiar umas bicas no meu carro, tomar um banho e dormir. Passei a catraca e sentei num banco qualquer. Tratei de ajeitar logo meus fones na orelha, torcendo pra que eu pudesse chegar logo... Graças a Deus o onibus estava vazio, não precisava ninguém se espremer em mim. Mas tem sempre um retardado que senta do nosso lado, mesmo com o onibus vazio. E foi o que aconteceu. Do jeito que eu estava, eu só me encolhi. Se eu pudesse varar a janela, eu tinha feito... Até um perfume maravilhoso me atrapalhar os sentidos. Perfume masculino, minha perdição. E olhar o dono do perfume fez com que minhas pernas derretessem.

-Achei que não fosse olhar nunca pra mim. - Com um sorriso de orelha à orelha e aqueles olhos lindos azuis brilhantes que dá pra usar de pisca pisca, disse Danny - E eu nunca fiquei tão feliz por pegar um onibus.

Recebi o abraço desajeitado mais gostoso de todos. Daniel Jones, depois de tanto tempo, no mesmo onibus que eu.

-Você não imagina o quão feliz eu estou por meu carro ter quebrado. Muito menos a falta que eu senti de você. - Eu não podia deixar de sorrir também. Pra não falar que ele estava a mesma coisa... Estava mil vezes mais bonito. O cabelo mais curto, desgrenhado, o corpo maior, pouco mais forte... Lindo, simplesmente lindo. Como em todos os meus sonhos. - Por onde você andou esse tempo, homem?

-Quando a gente terminou o colégio, meus pais se separaram.. Meu pai se casou de novo e foi morar em outra cidade. E eu fui junto... Mas voltei pra ficar um tempo com a minha mãe, tranquei a faculdade e preciso pensar se é realmente o que eu quero. - Ele falava e sorria, como se fosse normal se mudar e aparecer do nada.

-Sua mãe ainda mora no mesmo lugar? - Perguntei, com medo de que ele ainda fosse descer antes de mim, como sempre.

-Mora, mora sim. Pena que tá tarde, te deixaria em casa se ela não estivesse com meu carro.

-E eu te traria de volta se aquela marmita de louco não tivesse quebrado. - Rimos juntos da piadinha safada e eu ganhei outro abraço maravilhoso.

-Por que a gente não sai amanha? Durante o dia eu vou ajeitar minhas coisas em casa mas a noite eu tô livre. Quer fazer alguma coisa?

-Quero, claro. Eu tinha combinado um cinema com a Alice mas ela vai entender se eu desmarcar.

-Mesmo?

-Claro. Ela sempre entendeu. - E sempre me apoiou a ficar com você, seu banana, pensei.

-Me encontra no primeiro banco do parque perto da sua casa as 19, ok? - Disse se levantando. Merda, já tinha chegado o ponto dele.

-Sim, senhor. 

-Certo. Aí decidimos pra onde vamos. - Deu um beijo na minha testa e aumentou o sorriso, coisa que eu achei que seria impossível - Você está linda, Sam.


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