Csc: as Crônicas de Dk escrita por N_blackie


Capítulo 4
Capítulo 4




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A Base Destruída

"Moni Deni, caro amigo, mais caro inimigo."

Há muitos anos atrás, no topo da Montanha da Mão – Morta, havia uma de nossas bases, cheia de laboratórios e oficinas das mais diversas funções imagináveis.

Durante a passagem dos pobres órfãos Baudelaire, porém, a base foi queimada por dois dos nossos antigos membros, como um meio de destruir as provas do dossiê Snicket, que revela a todos não só o que há dentro do açucareiro, mas também todo o plano conspiratório que envolve a morte de quase todos os nossos nobres amigos.

Eu, infelizmente, cheguei tarde demais para pegar os dois incendiários, e tive de me contentar em secar minhas lágrimas enquanto via tudo pelo que lutei durante a vida ser destruído e resumido a cinzas no chão.

Não consegui pensar em mais nada a não ser fugir, quando reparei que a geladeira estava intacta. Sorrindo pela primeira vez enquanto me esquivava dos restos das salas de pesquisa , abri a porta da geladeira esperançosa, e encontrei o que tanto queria. O código da comida.

Pelo jeito toda história está fadada a terminar onde começou, obviamente. Quando, há tantos anos atrás, eu encontrei com Lemony dentro do Hotel Desenlace, não imaginava que viria a voltar para aquele lugar novamente, e fiquei feliz de nossa última base ter sido preservada daquela maneira.

Enquanto viajava para a cidade novamente, soube da morte de Jacques, e minha raiva e ressentimento com o Conde Olaf apenas aumentou, ainda mais depois da morte de Madame Lulu, e da decepção de tantos amigos.

Mas ainda havia Kit, minha última esperança. Estava grávida, o que era bom, embora eu soubesse bem que essa criança não seria treinada jamais, pois nossa organização estava acabada.

O ar poluído da cidade encheu minhas narinas de satisfação, pois embora eu estivesse completamente desiludida dos valores nobres do mundo, ainda via com bons olhos, ou seja, gostava muito, de reencontrar tantos voluntários que pudessem me dar um rumo.

Claro que as coisas não iriam mudar nunca, e o que o fogo destruiu, está destruído. Os livros, as informações tão preciosas sobre a verdade limpa estavam perdidas para sempre, e a desesperança num mundo melhor apenas aumentava. Mas mesmo assim segui para o Hotel, na esperança de chegar a tempo da reunião.

Claro que não cheguei, com tantos infortúnios pelo caminho. Cheguei apenas a tempo de encontrar Dewey morto, um arpão trespassado no corpo, e percebi que nada mais seria perdido, porque tudo já estava destruído mesmo. O Hotel estava destruído, Olaf estava derrotado, e tudo isso sem que as coisas dessem certo. Tudo falhou, e essa falha salvou todos nós.

Não faz sentido continuar essa história, e a última coisa que irei revelar antes de desaparecer é que, enquanto sentava e chorava pela perda da C.S.C, uma voz conhecida e uma mão igualmente familiar, isto é, conhecida, me chamaram.

"Dora!"

Ergui minha cabeça, e notei Lemony, disfarçado de taxista, me chamando. Também tinha lágrimas nos olhos, e percebi que nada o deixara mais feliz do que me achar ali, nos escombros do que restou da organização, chorando. Levantei e corri até ele, o último raio fino da esperança que brilhava no fundo do túnel para mim. Ou no fundo do poço, tanto faz. O importante é que, enquanto corria para ele, um pouco de minha tristeza foi embora. Jacques estava morto, e Beatrice também, então só tínhamos um ao outro.

Não vou revelar para onde este táxi seguiu, ou se um dia chegou ao lugar planejado, mas posso dizer que, por mais triste que tenha sido a vida desde a cisão, houveram momentos de crise, momentos tristes e momentos de depressão, com pequenos lapsos alegres e ensolarados, que eram o sorriso daqueles poucos a quem podíamos confiar segredos.

Os corvos, eu não sei onde foram parar. Esqueceram sua função, assim como os leões, salmões e etc., expressão que quer dizer "entre outros animais que antigamente salvavam pessoas, e hoje em dia são comidos por elas, chicoteados e obrigados a comê – las e esquecidos do que eram". Talvez um dia, daqui a alguns anos, alguém tenha coragem e nobreza suficientes para organizar o que está perdido, e recomeçar do zero, mas nada impede que todos simplesmente desistam, e deixem essas observações redundantes, ou seja, sem sentido, para lá.

E enquanto o mundo perece em chamas, a ideia de que ainda existem pessoas boas e nobres por aí é a única coisa que me consola, e a Lemony, pois ele está comigo.

E com um último abraço nesse pequeno relato resumido de minhas viagens por aí, me despeço.

Um último adeus,

Doramys K.


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