A Namorada

- Sirius, você está tenso. – Marlene disse, quando desci no outro dia fantasiado de namorado. Não imagino porque ela acha que estou tenso! Vesti o uniforme do jeito certo, até fiz o nó da gravata e coloquei o cinto, qual o problema?

- Não estou tenso.

- Está sim. – ela revirou os olhos, foi até mim e desfez o nó da gravata.

- Hey! Sabe como foi complicado fazer esse nó? Passei quase duas horas até lembrar como fazia, e você vem e puf! Desfaz?

Ela revirou os olhos e me estendeu a mão, por alguma razão.

- Vamos, pegue a minha mão.

Ah, isso não está bom. Acho que esse negócio de fingir namorar não vai dar certo não...

- Pronto.

- Sirius, você já segurou a mão de alguma menina? Está pegando minha mão como pegaria um presunto! Olha, é assim. – Marlene disse, entrelaçando os dedos dela nos meus. Nossa, como é desconfortável! Tirei a minha mão da dela.

- O que foi agora?

- É ruim. Podemos andar separados?

- Sirius! Somos namorados! Gostamos de andar de mãos dadas, esqueceu?

- Gostamos?

- OH, meu deus! Sirius, por favor.

- Ah, mas é ruim.

- SIRIUS!

Olhei para a cara dela. Estava ficando vermelha. Que incompreensiva! Contrariado, peguei os dedos dela e entrelacei nos meus.

- Quem acha que vamos encontrar?

- Bom, não sei. Mas você vai precisar de umas aulinhas de namoro.

Revirei os olhos.

- Primeira lição: você está namorando, não se fantasiando de Remus. Pode se vestir do jeito que quiser, não ligo a mínima.

- Ok.

- Segunda lição: Se acostume em ter que segurar a minha mão. Namorados seguram as mãos das namoradas, Sirius. Sempre.

- Mas é...

- Não importa. Outra coisa: lembre – se, você gosta de mim. Por isso sou sua namorada. Por favor, não saia por aí me traindo com várias garotas...

- Nada de garotas?

- Não.

Como assim, nada de garotas?

- Ainda podemos desistir...

- Desistir? Ah, quero ignorar James e Lily, e você?

- Também, mas... Sem garotas?

Chegamos ao salão, e um grupo de Corvinais me cumprimentou, e Marlene apertou minha mão. Ah, senhor!

- Bom – D... Hã? – Lily disse, olhando para o sorriso de Marlene.

- Sirius me pediu em namoro!

Bom, eu não pude expressar qualquer tipo de reação, já que uma chuva de cereais, leite e qualquer outra coisa simplesmente voaram na minha cara quando James cuspiu tudo que estava na boca dele.

- O que?

- Pra você ver, Prongs. – eu ironizei, sorrindo.

Isso! Vitória! Vou fingir que o café dele estar na minha cara não é importante. Por enquanto. Tá, parei.

- Podia me passar um pano, toalha, guardanapo, sei lá? James não resistiu ao meu charme, e cuspiu em mim.

- Foi mal.

Mal? Imagina, James. Sempre sonhei em ter o seu café da manhã pré – mastigado na minha cara. Acho sexy.

Depois de limpar a minha cara e tomar café, fomos andando até a primeira aula: Trato de Criaturas Mágicas. Só existe um pequeno problema: por alguma razão, as 'criaturas mágicas' parecem ter alguma coisa contra mim. Toda aula eu me ferro. Já fui mordido por um pufoso (sim, eu consegui), um tronquilho achou que eu estava atacando a árvore dele e me arranhou e dois unicórnios saíram correndo de mim, e tive de perseguí – los a tarde inteira. E hoje não será diferente.

XXX

- TEM UM HIPOGRIFO CORRENDO ATRÁS DE MIM! – gritei, desesperado. Olhei para James, que se molhava de rir da minha cara.

- DÁ PRA AJUDAR, SEU RETARDADO, EM VEZ DE FICAR RINDO? – gritei de novo, correndo na direção dele. E esse bosta desse hipogrifo não para de correr atrás de mim.

Pronto, vou morrer. Esse hipogrifo vai pegar, me cortar em fatias e comer. Pronto, estou preparado. Pode ir.

Silêncio.

- Já pode me devorar, hipogrifo. – eu disse de olhos fechados, enquanto me ajoelhava no chão. Mais que bosta de hipogrifo! Vamos logo, não quero ficar esperando!

- Sirius, o Professor Kettleburn tirou o hipogrifo daí. – escutei Marlene dizer, quase rindo. Abri um olho, depois o outro. Ora, então o professor lembrou que poderia ser preso se o hipogrifo me matasse e resolveu tirar aquela coisa de cima de mim! Ótimo... HEY! PORQUE NINGUÉM ME AVISA DISSO?

- Me dê uma boa razão para não bater em você, James. – sussurrei perto dele.

- Desculpa, Pads. – ele riu, se apoiando em Remus, que disfarçava a sua gozação da minha pobre cara escondendo a boca com a mão. – É que você ajoelhado pedindo misericórdia ao hipogrifo por realmente uma das coisas mais estranhas que já vi na vida.

Revirei os olhos.

- Será possível que só a Marlene teve misericórdia?

- Hum...

Revirei os olhos. Deixa pra lá. Enquanto subíamos para a para a próxima aula, vi Lily e Marlene sussurrarem num canto, e olhei para James:

- Lily acha que sou um depravado imbecil, não é?

- Não, Pads, porque ela pensaria assim?

- É preconceito porque eu tropecei no tronco.

- Sirius, Lily não tem preconceito contra imbecis. Relaxa.

Ah, espertinho. Piadista né?

- Nem eu, por isso ando com você, Prongs.

- Vamos, parem vocês dois. – Moony tentou interferir. Ele sempre tenta, coitado.

- Cala a boca, Moony. – eu e Prongs dissemos ao mesmo tempo, e sorri para ele.

Por mais que me irrite e ignore, ele ainda é meu melhor amigo. Devo dizer que meu único problema é Trato de Criaturas Mágicas e para não soar arrogante (ah, podem rir agora) vou deixar de contar todos os momentos de intenso sucesso das aulas seguintes e pular para a parte triste do dia.

Bom, Marlene tem os cabelos compridos, sabe. Compridos e ondulados. E eu não sei por qual razão ela insiste em fazer tranças dele. Legal, né?

O fato é: ela quer que eu trance os cabelos dela. Eu estava lá, rindo e jogando um lindo campeonato de snap explosivo com os marotos e de repente:

- Sirius, amor, vem cá.

Sério, já estou ficando irritado com isso. Quero dizer, ela está me explorando! Seriamente, vou denunciar isso! NÃO. NÃO VOU AÍ NÃO! Isso, Sirius. Firmeza. Eu vou até lá e vou dizer a ela que não vou fazer isso!

- Sim? – sussurrei, quando ajoelhei perto dela. EU SEI. Mas não consigo dizer na cara das pessoas!

- Sabe fazer tranças?

Não?

- Mais ou menos.

- Faça uma no meu cabelo. – ela pediu, jogando todo o cabelo para trás.

Eu disse mais ou menos! Olhei para James, que penteava os cabelos de Lily.

- Hum... Eu meio que, esqueci como faz.

- Ah, Sirius. Divide em três, um pra esquerda, outro pra direita, e depois o contrário.

COMO? Dois pra direita, um para a esquerda e o que?

- Esquece, Sirius. – Marlene disse, e por um segundo achei que estivesse irritada comigo. Nem ligo. Não tenho culpa que ela não me ensinou como fazer uma trança. Mas ela sorria.

- Por... – comecei, sem entender o que ela queria. Quando acabou de trançar o cabelo (numa velocidade impressionante! Quero aprender a fazer isso!) ela segurou a minha mão, e senti aquele calafrio estranho de novo.

- Tão inteligente e tão burro. – ela sussurrou no meu ouvido. Não sei o que me deu. Talvez eu tivesse sonolento, ou simplesmente o cheiro dela me desperte algo de diferente, mas segurei o queixo dela e trouxe para mim.

- Talvez. Mas eu consegui os feitiços de metamorfose antes de você. – e a beijei.

O beijo de Marlene é diferente. É bom, mas não como as outras garotas que beijam bem. É... Diferente. Não sei explicar. Me separei dela, e percebi que seus olhos brilhavam.

- Sirius... Você...

Sorri para ela, e fui dormir.