The Ghost Of The Day escrita por lucivampire, carioca


Capítulo 3
Capítulo 3 - Normal Fear?


Notas iniciais do capítulo

Hellow lindos !
sorry, demorou ????
Boa leitura !



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- Por favor, vá embora – implorei, ele não poderia estar simplesmente preso a mim. – Espera aí, como assim preso a mim?

   - Eu disse que você é uma tentação... – ele respirava em meu pescoço. Ai, eu não queria ele ali, eu sentia medo de tudo que ele fazia. Ele pensava o que? Que eu também o achava tentador? Era ridículo! Um fantasma tentador? A única coisa que ele podia ser era assustador.

    Ele me olhou como se eu tivesse falado uma barbaridade.

   - Ei, eu também sou mais coisas! – até parece...

   - Vá embora – eu chorava, não conseguia impedir.

   Ele se levantou, e pela primeira vez notei como ele era alto.

   - Eu posso sumir dos seus olhos, mas sempre vou estar perto de você, te atormentando, em sua mente. – ele riu profundamente, e desapareceu. O gelo em mim pareceu diminuir, mas ainda estava ali.

   Ouviu um barulho vindo da cozinha, plaft!, e olhei da onde estava mesmo. Um copo quebrou do nada, em cima da pia, bem longe da beirada, e eu senti que aquilo foi um aviso de Pedro, dizendo que ele realmente estava ali.

   Menina esperta!, ouvi a voz dele dentro de mim.

   Levantei-me correndo, pegando o celular e as chaves antes de correr para casa de Alice, meu refúgio.

Não disse nada do que estava acontecendo para ela, claro, mas o frio não me deixava. Nós vimos televisão e depois ficamos bebendo refrigerante até dá cinco horas. Fingi estar despreocupada, mas tava ficando difícil mentir para Alice, logo quando ela tinha um olhar tão poderoso...  

    Enquanto víamos filmes românticos – o que não me fez bem... – a porta abriu sozinha. O frio cortou meu coração, e Alice me olhou muito assustada e com medo, mas isso já era normal dela, ela tinha medo de tudo.

   Eu sabia que era Pedro.

   Alice levantou e fechou a porta, se fazendo a pergunta que eu me faria se não soubesse que havia um fantasma preso em mim de uma maneira ainda não explicada.

    Por que a porta abriu se não está ventando?

   - Estranho... – murmurou ela, antes de voltar pro seu lugar e se ligar de novo ao filme.

   Fiquei quieta, com medo de minha voz vacilar.

   Parecia que Pedro estava ali, mas eu não o via, de jeito nenhum, nenhuma sombra e a porta não abriu mais sozinha, era como se ele tivesse a aberto só para dizer que havia chegado.

    Já eram cinco e meia, e eu precisa ir para casa, meu pai já devia ter voltado e a mãe de Alice voltaria logo. Despedi-me dela e segui meu rumo a porta de casa, apressando os passos.

   Bati duas vezes, só pra checar se meu pai estava em casa, por que em caso negativo, eu voltaria para casa de Alice.

   Ele abriu a porta.

   - Demorou, hein – comentou-o, enquanto eu entrava.

   De repente um enorme cansaço me encobriu, e eu só cai na cama, caindo em sono profundo.

Eu sabia que tinha sido ele a me fazer dormir daquele jeito. Acordei um pouco antes das seis e meia, hora que meu despertador toca. A vontade era de tomar banho o mais rápido possível e sair correndo dali, ficar com o máximo de pessoas por dia o máximo de tempo possível - é claro que ele ainda estaria junto comigo; o que eu não gostava nem um pouco e o que ele comprovou ontem na casa de Alice – mas a preguiça de levantar não deixava e hoje era sábado. Talvez ele tivesse ido embora, sei lá, esquecido-me ou esquecido essa ideia de quer um corpo... ou me achar tentadora.

    Ás vezes eu queria rir. Um fantasma me achando tentadora... Aquilo era hilário! Eu queria desistir de tudo que eu queria antes... De querer um amor sobrenatural. Onde eu estava com a cabeça?

    Eu não me permitia pensar nisso antes, e eu nem queria, jamais, mas era inevitável. Quando Pedro... intensificou sua imagem, mostrando como era mesmo, eu vi que ele era... bonito. Ele era meio... sexy. Ai, eu me sentia ridícula pensando naquelas coisas, mas o medo que sentia por ele era maior que tudo; e eu não podia negar que, quando ele era humano, devia ser muito bonito. E, mesmo quando ele fazia de tudo para me deixar com medo dele, eu realmente, não ficava. Algo dizia que ele realmente tinha desistido da ideia de me matar, o que me deixava meio aliviada.

    Olha que eu posso mudar de ideia, a voz sedutora soou em minha cabeça. Um arrepio rolou por entre meus braços e eu senti o gelo voltar totalmente, igual a quando ele estava perto de mim. Abri meus olhos e vi sua imagem, intensificada e sentada em minha cama, fitando-me, ainda com aquele desejo bruto por mim. Era mentira, um fantasma não sentia desejo por mim, nem um humano normal sentia...

    - Eles são tão idiotas por perder uma coisa assim... – em um piscar de olhos ele estava tão próximo de mim que eu sentia seu cheiro rodar em minha mente e sua mão em meu cabelo. Espera... ele tinha cheiro de terra molhada e jasmim, os dois cheiros que eu amava. Espera outra vez... Ele estava se declarando pra mim?

    - Eu não levaria isso tão longe assim, mas se você quiser... – outra vez ele tinha chegado mais perto de mim, e eu não recuei. O que eu estava fazendo? Deixando um fantasma tão perto assim de mim? Aquela não era eu. Eu tinha que sentir medo, ele era mal, iria matar alguém e possuir seu corpo depois, e eu era a primeira da lista!

    - Você não consegue resistir a mim e eu não saio da sua cabeça – parte daquilo era verdade. Ele devia estar agindo dentro da minha cabeça, não era possível. E o que eu estava fazendo ainda ali? Deitada e fingindo que aquilo não era de mais?

    - Juro que não estou na sua cabeça – ele tinha a expressão mais sincera que eu já havia visto, mas aquilo de ser sincero não colava com ele. E, na verdade, eu não me sentia controlada por ninguém, não me sentia obrigada a pensar nele, como nas outras vezes que ele entrava na minha cabeça. Então era mesmo eu que insistia em pensar nele.

   - Viu? Não sou eu, é você – ele tocou meu nariz.

   - Saia daqui – mandei, como se eu pudesse o mandar fazer alguma coisa.

   Ele riu.

   - Sabe, esse negócio de “saia daqui!” – disse ele, fazendo uma imitação nada igual a minha voz – e chorar não tá colando. Eu não vim aqui para ficar seguindo ordens de uma adolescente chata e sedutora. Sua casa será... meu hotel agora. Vou ficar até conseguir te seduzir... como se isso já não tivesse acontecendo. Aí depois eu pego um corpo qualquer ai pra mim e vejo o que eu faço.

    Levantei com raiva e comecei a atirar as palavras para ele.

   - Você não vai matar ninguém daquela escola, ouviu bem?

   Ele parou, sem expressão, e depois caiu em uma gargalhada e tive que me perguntar: O que era tão engraçado?

    - Sua cara agora, nossa, me surpreendeu. Você não vai matar ninguém daquela escola! – imitou minha voz novamente. – Hilário. Você disse como se estivesse me ameaçando.

    O fitei. Como ele poderia ser tão idiota? Um fantasma idiota. É, ele era mesmo o gasparzinho.

    - Você ainda não se deu conta que eu tenho m-e-d-o de você? Que está aqui á toa? Eu nunca...

    - Então você já cogitou a ideia, né? Safadinha...

    Ele dizia como se aquilo de nós dois fosse normal. E ainda me chamava de safadinha? Cerrei meus dentes com tanta força que minha cabeça começou a doer.

    - Seu medo por mim é normal, querida. Apenas um medo normal, depois passa. Infelizmente não poderei atormentar muito a sua vida... já que você não ficará com medo tempo suficiente de mim.

    - Maluco, eu sempre terei medo de você – murmurei.

   - Nossa, maluco, que ofensa! – ele se fez de magoado.

   O som do despertador me fez pular de susto.

   - O único problema é que você se assusta de mais – reclamou.

   O olhei. Não era possível que ele só usava aquele capuz preto, o que me deixava com mais medo ainda, o deixava mais assustador do que o normal, o fazia parecer mais obscuro.

   De repente o capuz preto sumiu, e eu o vi como um adolescente normal, de cabelos pretos e curtos, com roupas normais. Apenas seus olhos ainda eram sobrenaturais.

   - O que é isso? – perguntei, ofegante.

   - Ora, estou te mostrando como sou.

   Tá, aquilo me assustou mais ainda. Era plufft! e ele virava um humano normal.

   - Preciso ir tomar banho e fazer minhas coisas – dei uma desculpa. Sabia que ainda era muito cedo e provavelmente eu dormiria mais se não fosse por ele. 

  - Olhe seu relógio – pediu-me.

   Olhei o lindo relógio que minha mãe havia me dado antes de ir morar em São Paulo. A hora já não era a mesma. Meu despertador despertava as seis e meia, e eu o ouvi despertar, mas a hora em meu relógio era seis, e ele não estava atrasado antes.

   - Por que fez isso? – ele havia atrasado meu relógio.

   - Não atrasei seu relógio, atrasei a hora – ele deu um sorriso dourado. – Pra ficar mais tempo com você – como se aquilo me deixasse feliz. Se ele não estivesse na minha cabeça agora, eu o xingaria de uns bons palavrões.

    - E por quê? – que pergunta idiota!

    - É, foi mesmo uma pergunta idiota.

    Ele deitou em minha cama, normalmente, como se fosse dele o quarto, ou como se fosse algo meu. Minha boca abriu e eu fiquei perplexa, olhando-o sentada ao lado.

   - Eu já não pedi pra você ir embora? – eu me assustei comigo mesmo, por estar enfrentando a situação tão calma e debochada.

   - Não, você disse, mas não quer – ele me olhou e sorriu amigavelmente, e eu tremi. – Vai dizer que você não me quer... aqui...

   Ele me puxou e eu cai em cima dele. Gritei, e ele imediatamente me soltou, assustado.

   - É claro que não! – menti.

   - Por um momento fiquei assustado, mas você mente muito mal...

   Tentei levantar, mas me senti paralisada. Eu estava odiando o fato de ele ser tão poderoso. Sentia-me melhor com ele daquele jeito... sem o capuz e como um humano normal, o que também sentia que Pedro nunca seria.

   - Você pode, por favor, me deixar levantar? – respirei fundo.

   - Não, por isso vou continuar a atrasar a hora.

   - E não vai me deixar sair daqui, não é? – deduzi e ele balançou a cabeça, me dando razão.

   Bufei e me deitei, virando de lado, sem encarar ele. Aquilo seria até bom, dormir mais, mesmo que eu preferisse milhões de vezes fugir do que ficar ali, logo ao lado dele.

   Mas já que não tinha jeito...

   Senti-o se mexer e virar para me olhar; eu não ia olhar. Eu não queria! Eu não o queria! E cada vez que eu pensava nisso, me enganava mais, vendo que ele só estava me arrastando para perto, mesmo sem estar dentro da minha mente, sem estar me obrigando. Aquele jeito debochado e sexy me atraía, me atraía para um abismo de perigos. Eu não me conformava em estar achando um fantasma sexy e sedutor. Eu estava em frente a uma coisa que eu queria e também não queria.

   Não resisti e me virei para encará-lo.

   - Eu sabia que você não ia resistir – murmurou Pedro.

   - Me conte mais sobre você – pedi. - Você, não o que é você.

   - Só se me prometer me deixar ficar com você.

   - Prometendo ou não eu sei que você vai ficar – dei de ombros. Prometer seria inútil.

   O vi fechar os olhos e sorrir satisfeito. Por um momento aquilo me deixou feliz e bem, mas ainda sim era ridículo.

   - Eu fui morto pelos meus pais – sua voz era afastada e apertada – em 1875. Eles bebiam muito e sempre me batiam quando chegavam em casa. Eu posso ser assim hoje, mas quando era menor eu era... comportado.

   Eu ri. Ele? Comportado? Parecia impossível.

   - Tá né.

   Ele me olhou de lado e voltou a fitar a parede.

   - Um dia eles saíram de noite e só voltaram na noite do outro dia. Me bateram tanto que eu morri com hemorragia interna – era estranho o ouvi-lo falar “morri”, pois ele estava bem ali na minha frente. – Quer mesmo saber a continuação?

   Eu sabia onde ele estava chegando.

   Apenas assenti, confiante de que não ficaria com medo.

   - Então, como eu disse, era comportado e então fui enviado ao céu. Oh, agora é a parte que todos os humanos sempre dizem ser um lugar lindo e maravilhoso. Vocês são mesmo tão... superficiais. Anjos vieram me buscar, e me levaram até lá. Não é um lugar... Ual! Tipo como vocês pensam... É normal, tipo esse mundo distorcido para o bem. Na verdade, é monótono, parado, cheio de gente de boas intenções. De primeira, pensei que nunca iria querer outra coisa do que aquilo, mas depois que descobri outro lugar, ah!... – ele não terminou, pensando que eu estava com medo de mais para ouvir o resto. Eu não estava entendendo nada. Ele havia ido ao céu?  Sim, essa é uma dúvida que todos nós humanos temos: Como é o céu? Mas ele disse que é monótono, e eu não devia me assustar com aquilo, tudo para ele que não contasse violência era parado. – Fui atentado pelo meu amigo lá de baixo, o que vocês chamam e Lúcifer, Satanás... Tanto faz!

   Como da outra vez, eu não estava ouvindo aquilo.

   - Não é possível que você esteja falando isso – sussurrei, agora sim assustada.

   - Sim, eu digo. Ele é legal. Quando você quer alguma coisa ele te dá, mas é só devolver, de alguma forma... Ele me implorou para eu sair daquele lugar, que onde ele vivia era melhor, então, curioso como era, fui. Era mesmo bem melhor, fazíamos o que queríamos com vocês, e vocês achavam que eram coisas das suas cabeças e se internavam. Era engraçado. Mas algo eu tive que dar em troca daquela diversão toda, e não me custou muito caro. Tive que prometer que faria da vida de vocês um inferno, e que mataria alguém e serviria a ele para sempre... e aquela baboseira toda de juramento. Até que eu gostei.

    - E por que realmente me escolheu?

   Pedro me olhou da cabeça aos pés.

   - Preciso mesmo dizer? – parou e começou de novo. – Tá, você era a mais... fácil de todos da sua sala. E eu já vinha a acompanhando há muito tempo... Você não tem fé nas coisas que faz e diz, acha que não é nada. Seria mais fácil.

   - E por que está preso a mim?

   - Por que, quando prometi a ele que mataria alguém, prometi mesmo. E eu ficaria preso a pessoa até a matar... Sei que parece pouco convincente, mas estou mesmo preso a você, aonde você vai, eu estarei com você, sendo ruim ou bom. E como não matarei você...

   - Por quê?! – o cortei, gritando. Nada fazia sentido.

   Em um momento eu estava ao lado dele, no outro estava presa em seus braços. Ele me sacudia, tipo, carinhosamente.

   - Por que eu me apaixonei por você. Entendeu?


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Notas finais do capítulo

Ai, não quero ser convencida, mas adoreeeeei esse capítulo. Queria que andasse mais devagar, mais é impossível !Continuem mandando comentários !Não dói e me faz bem !
Eu não sou de pedir muitas coisas, mas quem quiser dá estrelinhas e fazer ecomendações eu agradeço !
E também quem quiser comecar a ler o meu outro livro A love of midnight, que tá meio abandonado...
Kisses and to the next chapter !



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