The Ghost Of The Day escrita por lucivampire, carioca


Capítulo 11
Capítulo 11 - Everything is too perfect a day ends


Notas iniciais do capítulo

Heyiaaaa ! Desculpem essa pequena demora, por causa do show do paramore atrasou um pouco, mas está aqui.



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Sabe aquela tristeza que eu estava sentido quanto tudo aquilo no hotel aconteceu? Eu já não sabia mais como era. Eu já não sentia remorsos de falar sobre o assunto, mesmo que só tenha se passado muito pouco tempo. Eu me sentia feliz, completa e sem nada a esconder... ou quase nada.

   Tirando o fato que Pedro dormia lá em casa sem meus pais saberem, tirando o fato que ele sumia com facilidade e tirando o maior fato, de ele ser um fantasma, tudo estava perfeito. Eu tinha medo de essa felicidade toda acabar, desmoronar como todas as vezes acontecia, mas eu não quis saber, deixei tudo fluir normalmente e não tomei conta do tempo e de tudo, como antes também. Tentei ser menos perfeccionista e deu certo. Nada de preocupações, de cobranças comigo mesma.

    - Ultimamente você anda pensando demais – disse Pedro, antes de me beijar.

    - É preciso pensar ás vezes, ao contrário do que você nunca faz.

    Ele me abraçou mais, e eu fechei os olhos, tentando dormir. Senti um arrepio e levantei rapidamente, não era Pedro, eu tinha certeza, mas havia algo no quarto. Por tantos dias de convivência com um fantasma, eu já sabia como ele era. A exceção era Pedro, pois ele conseguia ficar quente. Tinha algo do tipo dentro do quarto, eu sentia.

    A mão dele me trouxe de volta a travesseiro e percebi que ele estava nervoso.

    - Já volto – ele sussurrou no meu ouvido e desapareceu. Eu não sentia a presença dele ali, e o frio – que me lembrou do dia que eu vi Pedro naquela sala – ainda permanecia ali. Senti-me desprotegida, totalmente desprotegida e comecei a tremer debaixo do edredom. Isso nunca havia acontecido.. quer dizer, essa sensação. Meu pai estava no outro quarto, minha mãe no quarto dos hóspedes, eu não estava mesmo sozinha, porém sentia que não havia ninguém em casa e que havia alguém me assombrando.

    Virei pro lado, tentando controlar as lágrimas e a minha respiração, mas não consegui. Encostei-me na parede, e vi um par de olhos vermelhos sangue ao fundo do meu guarda roupa e estremeci totalmente, havia alguém ou algo ali! Eu estava sozinha, meus pais não acreditariam, seria mais um pesadelo ou mais alguma coisa de criança. Mas não era, esse mundinho assombrado realmente existia, pois.. eu namorava um fantasma! Fato de que tudo isso existia.

    Pedro! Pedro! Tem algo aqui, por favor, volta! Me ajuda..

    Comecei a chorar silenciosamente e deitei, tremendo totalmente.

- Luiza, acorda filha – ouvi a voz da minha mãe e levantei assustada.

   - Ahn? Que horas são?! – eu praticamente gritei.

    - Calma querida, são apenas seis e meia, hora que você acorda, certo? – ela me olhou meio assustada.

    Deitei novamente e respirei fundo.

    - Já vou.

   Ela saiu do quarto e fechou a porta. Prendi meus cabelos no alto e fechei os olhos, tentando encaixar a noite de ontem. Eu não havia sonhado, não, não. Havia alguém ou algo no meu armário sim! Eu.. não, não foi um pesadelo. Isso explicava porque Pedro não estava ali, ele ainda não havia voltado então tudo ontem a noite tinha sido verdade. Arrisquei-me a olhar de novo no guarda roupa, e vi só a minha jaqueta.. Talvez eu devesse ter visto a jaqueta e pensado em ter visto dois olhos vermelhos em vez da jaqueta.. é, talvez fosse isso... Mas a jaqueta não tinha nada de vermelho! Comecei a ficar assustada novamente.

    E vi... Aquilo não tinha sido um pesadelo.

    Levantei, fucei em toda aquela parte do guarda roupa, e nada vermelho ali. Nada!

    Eu estava ficando pirada, aquilo não era possível, eu suava frio. Peguei meu uniforme e fui tomar banho, era a melhor coisa que eu fazia.

   Assim que saí do banheiro, eu vi minha mãe na cozinha, preparando algo e perdendo tempo, porque eu não tinha a mínima fome. Pelo ao contrário, o cheiro de ovos me deixou enjoada.

   - Filha, o café está pronto – anunciou ela o que eu nunca tomava.

   - Não estou com fome mãe... estou atrasada, tenho que ir – disse, enquanto caminhava para o quarto, vendo o guarda roupa novamente, checando tudo outra vez, e não encontrando nada para me frustrar ainda mais.

   - O que está procurando, filha? – quando vi ela estava atrás de mim.

   - Ahn.. nada, é, exatamente nada – comecei a gaguejar e ela riu.

   - Coma alguma coisa antes de sair, não quero ver você passando mal.

   - É... – disse distraída, enquanto eu olhava o guarda roupa de novo – Eu nunca como nada mãe, e nunca passo mal.

    Desisti de procurar algo há mais para me frustrar e lhe dei um beijo, dizendo “thau” praticamente já fora de casa.

   Olhei na rua, Alice não estava lá. Ou ela havia me chamado e eu não tinha escutado e ela já tivesse ido, ou ela estava muito atrasada. Resolvi levar em consideração a primeira opção e começar a andar bem rápido em direção a escola.

   Será que Pedro estaria lá? Seria seu primeiro dia, e com certeza ele não me decepcionaria tanto desse jeito, faltando hoje.

    Andei bastante, e como ainda estava de manhã, por sorte não estava tão quente como o normal, então consegui chegar sem um pingo de suor na escola, ótimo.

    Pedro estava lá sim, encostado em uma parede, mexendo em um aparelho celular, quando senti o meu celular vibrando no bolso... ou melhor, o celular que Pedro havia “me dado” depois de quebrar o meu. Ele olhou para mim e sorriu, vindo até onde eu estava. Parei de andar, eu não fazia a mínima ideia do que ele faria. Se diria apenas “oi”, ou me beijaria, pegaria minha mão, me abraçaria... Vi ele começar a rir timidamente, então fiquei ainda mais preocupada.

    Por que está preocupada com que as pessoas vão pensar? Os principais já sabem: seus pais, então... relaxe.

   Okay, respirei fundo e ele me abraçou, pegando minha mão e me levando para dentro do pátio, onde estava lotado de alunos. Muitos olharam, mas eu não liguei, pela primeira vez, não liguei para o que as pessoas pensariam, o que falariam. O que as pessoas pensam, é problema delas.

   - Estou gostando mais dessa “nova” Luiza. Realmente.. bem rebelde – eu ri junto com ele, e por um momento me esqueci do episódio de ontem a noite, pensando em como contar a Alice... Certamente ela piraria, pois ver a melhor amiga, de um dia para o outro, namorando com um cara que ela nunca viu e que eu nunca havia comentado, era bem estranho.

    - Você diz que eu sou um amigo de um primo seu, e que a gente já ficou uma vez, e que eu te pedi em namoro, simples – ele disse “ficou” de um jeito meio estranho, que me fez rir.

    - Tá né.. – murmurei, antes de ver Alice correndo até mim e sua expressão mudar quando me viu de mãos dadas com Pedro.

    - Oi, Luiza. Não quer me apresentar seu novo... amigo – ela olhou para as nossas mãos juntas e sorriu de lado, mas senti que por dentro ela estava mesmo magoada.

    - Oi, bom, Alice esse é Pedro.

    Ele sorriu educadamente para ela.

    - Ah sim, olá Pedro.

    Diga a ela, vou ali rápido e já volto.

   Depois que ele disse isso, percebi que essa nossa “comunicação” meio diferente seria muito útil.

    - Bom meninas, preciso resolver uma coisa ali, já volto.

    Ele soltou minha mão e foi em direção a secretaria. Senti os olhos de Alice me analisando.

   - Bom, tem algo a me contar? – ela me encarou, séria demais.

   A puxei para um banco afastado de todos.

   - Desculpa, de verdade, mas eu tinha esquecido de contar. É que...

   Contei tudo que Pedro pediu para me contar, e percebi que ela alivia a expressão, mas continuava magoada, pelo menos por dentro.

    - Tudo bem, eu te desculpo, mas é estranho Luiza! – parecia que Alice estava prestes a chorar.

    - Estranho o quê, amiga? – perguntei, sem entender.

   - É estranho ver sua melhor amiga de um dia para outro mudando, sem falar mais nada, esquecendo de tudo e te ignorando. Eu sei que o que aconteceu foi demais pra você, mas poxa... magoa. Se você não quer mais minha amizade é só...

   Não a deixei terminar de falar, apenas a abracei. Vendo-a triste daquele jeito me deixava triste também, como se houvesse uma conexão entre as duas, que estava prestes a ser quebrada, uma coisa que me quebraria toda por dentro.

    - Nunca, nunca mais me peça uma coisa dessas, escutou? Você não é minha melhor amiga, é mais que isso, praticamente minha irmã, me desculpe mesmo, depois daquilo eu venho esquecendo as coisas, mas nunca vou esquecer você, entendeu?

    Uma lágrima correu no canto do seu olho, e ela me abraçou de novo.

    - Olha, eu sei que sou chata, mas por favor, não me deixa – sua voz estava triste, quebrada, como se ela pensasse que aquilo fosse acontecer. Que tola, eu nunca iria deixá-la.

   - Aff, e você ainda me pede isso? Que estúpido, pedir coisas que não precisa pedir.

   Ela riu e parecia bem mais aliviada.

   Isso, um problema a menos, eu tinha minha amiga de volta. Agora eu só tinha que me preocupar em interrogar Pedro sobre a noite de ontem.

    - Você parece preocupada, há algo a mais que quer me contar? – perguntou Alice, com aquele olhar desconfiado.

    - Dessa vez eu juro, não tenho mais nada pra contar.

    Ela riu novamente.

    - Ei, vem cá, o Pedro é da nossa turma?

    Abaixei a cabeça, me lembrando que eu estava no oitavo ano, e ele no primeiro no do segundo grau.

    - Não.

    - Ele tem quantos anos, Luiza?

    Ela disse aquilo como se estivesse me censurando.

    - Quinze – abaixei a cabeça novamente, eu sabia o que ela estava pensando. Nesse ponto, Alice era muito mais... vamos dizer, cuidadosa do que eu. Ela nunca namoraria um cara muito mais velho que ela e muito menos deixaria isso passar sem me dar uma bronca. Ela era pior que a minha mãe.

    - Luiza! Como pode?

   Eu comecei a rir.

    - Pode falar mamãe.

    Ela se segurou para não rir.

    - Nem vem, você sabe que eu estou certa, então não venha dar uma de engraçadinha para cima de mim não, okay? Luiza... ele é muito mais velho que você, quer saber de outras coisas enquanto você só tem que estudar.

    - Ei, ei, auto lar! Primeiro: ele não é assim tão mais velho que eu, tá? Segundo: eu vou fazer 14 anos daqui a mais ou menos dois meses, o que significa que ele já não é tãão mais velho que eu. Terceiro: eu gosto mesmo dele, e você sabe que eu... nunca me apaixonei – sussurrei a última parte. Não queria que Pedro soubesse disso.

    - Bom, eu não quero saber. Se algo acontecer, não diga que eu não avisei.

    - Cassete, agora você pareceu meu pai.

     Começamos a rir. Eu sentia falta disso, das broncas dela, da risada dela, das nossas conversas, tudo havia mudado tanto em tão pouco tempo e ao mesmo tempo tão bruscamente.

    Pedro vinha devagar em nossa direção.

    - Luiza... olha o corpo dele, ele parece ter uns 17 anos!- disse ela me encarando. Depois olhou de novo para ele. – Na verdade, ele parece com o Jacob...

    Eu a olhei meio tipo “ahn?” e comecei a rir da cara dela.

    - Você está chamando meu namorado de bonito, Alice?

    - Não, não, nem pensei nisso – e riu.

     - Voltei – disse ele, assim que o insuportável sinal da entrada bateu.

    Ele me ofereceu a mão para levantar e fomos em direção a escada, enquanto a coordenadora assoprava o apito sem parar, praticamente em nossos ouvidos. Senti-a puxando meu braço, nada delicadamente, me separando de Pedro.

    - Ligarei para sua mãe, namorar proibido é feio, Luiza – ela sorria debochadamente para mim e eu ri, pegando a mão de Pedro novamente.

    - Ligue a vontade – debochei também. Ela nunca tinha ido muito com a cara dos alunos, mas nunca me incomodou tanto como estava, a alguns tempos ela ficava mais de olho em mim do que os demais, e isso era estranho.

    - Humpf – apenas soou, e começou a assoprar o apito novamente, enquanto subíamos a escada e Alice ria baixinho da minha atitude.

    - Ainda bem que sua mãe sabe... – apenas disse, antes de começar a rir de novo.

    - Pois é, essa maluca só vai perder o tempo dela.

    Assim que cheguei a porta da sala onde eu estudava, Alice entrou, me deixando sozinha com Pedro.

    - Se comporte, mocinha – disse ele.

    Eu comecei a rir, e o encarei.

   - Você que se comporte, se eu ver você olhando debaixo da saia de alguma garota, você está frito, escutou?

   - Sim, senhora.

   - Ah, bom mesmo, então você me entendeu.

   - Arrã...

   Ele me beijou suavemente, e parou quando viu um aluno entrando.

   - Vai lá.

    Entrei na sala e todos me olharam meio espantados. Gabriela e algumas meninas sorriram para mim, mas Filipe continuou me encarando, como no outro dia.

    Sentei-me do lado de Alice e assisti à aula quieta, pensando o que Filipe deveria estar pensando sobre mim. Na verdade, eu não havia feito nada a ele para aquela atitude toda, e resolvi deixar quieto, mais um problema para eu resolver não daria certo.

    De repente me senti tonta, talvez por eu não ter tomado café  ou comido alguma coisa.

    - Ahn, professora, posso ir ao banheiro? – perguntei, controlando minha voz.

    - Sim.

    Saí rapidamente, ganhando alguns olhares preocupados e principalmente o de Alice.

    Tive que me segurar no corrimão enquanto subia as escadas, eu realmente não me sentia bem. Tentei respirar, mas senti uma falta de ar insuportável.

    Fui ao banheiro e lavei o rosto. Pensei em chamar Pedro, mas deixei quieto, sem nenhum pensamento alarmante. Se eu continuasse assim, como saberia me defender quando Pedro não tivesse lá para fazer isso?

    Assim que coloquei meu pé para fora da porta do banheiro, um frio me pegou, e eu fiquei tonta novamente, caindo no chão. O corredor de repente ficou escuro, totalmente escuro, eu não enxergava nada, e comecei a engatinhar para fora daquela escuridão, que na minha vista não havia fim, eu não conseguia enxergar nada.

    Foi quando eu vi os mesmo olhos vermelhos da noite de ontem. Parei na hora, fiquei sem movimentos e sem voz para gritar. O par de olhos chegou mais perto de mim, me olhando, buscando meus movimentos, me analisando. Eu fiquei ali parada, tremendo da cabeça aos pés, imaginando quem seria... ou o que seria.

    - Eu sei que você nunca aprenderá... Há algo perseguindo seu sangue, e sou eu... – a voz dele parecia com a de Pedro no início, mas era dez vezes mais cortante, mas fria.

   Assim que ele levantou a mão para me dar um golpe eu deitei e rolei para o lado, arrumando forças não sei da onde para levantar e sair correndo, muito rápido. Não olhei para trás, apenas corri para dentro daquela escuridão, e por um bom tempo eu o senti atrás de mim. Não parei, nem mesmo quando eu já não senti mais o frio, e quando me dei por si eu dei de cara com algo.. algo não, alguém. Era Pedro, que me segurou em seus braços enquanto eu arfava e deixava minhas pernas cederem, porque ele segurava meu peso.

    Espere... O QUE TINHA SIDO AQUILO?!

    - O que foi, Luiza? – eu não conseguia responder, e o senti tenso, ele sabia que algo havia acontecido. – Luiza, responda. O que aconteceu?

    Eu arfava descontroladamente enquanto ele tentava suportar meu peso. Eu ainda tremia demais.

    - Algo... alguém... atrás de mim – eu apontava pro lugar de onde eu achava que havia vindo, e vi que estava em um corredor do segundo andar da escola, desativado por um bom tempo. O que eu fazia ali? Antes de eu começar a correr eu estava na porta do banheiro, no outro andar. Isso era impossível

   - Como assim, Luiza? Alguém, algo? O que era?

   Comecei a chorar, como mais uma vez fraca. Ergui a cabeça e tentei parar de tremer, sem muito sucesso. Não podia ir para casa, tinha que voltar para a sala de aula. Eu estava mancando, meu pé doía bastante, e eu não imaginava o porquê.

    Eu não acreditava, outro fantasma? Mas fantasmas não tinham os olhos vermelhos daquele jeito.

    - Fantasmas? Como assim Luiza? – ele estava perdido em meus pensamentos e nos dele.

    - Saía da minha cabeça, Pedro! Saía! – gritei, me debatendo em seus braços.

    - Calma, Luiza. Saí, o que aconteceu?

   Eu não sentia mais ninguém em minha cabeça, e então agora eu poderia pensar comigo mesma, só.


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Notas finais do capítulo

Hum.. e ai ? Gostaram ? Reviews ?



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