Muitas horas se passaram e a multidão continuava cheia de energia e alegria. De manhã já havia muita gente mas, com o aproximar da hora do concerto, o número de pessoas tinha triplicado, no mínimo.
Depois de várias horas ligeiramente no tédio, Angélica, Maggy, Corinna e Anika encontravam-se sentadas no chão, a jogar cartas e a conversar. Algumas outras raparigas tinham-se juntado a elas e todas conversavam alegremente sobre a banda.
Do nada, ouve-se gritos de fãs, junto à entrada do coliseu.
-Gott, a banda chegou!! – gritou uma das raparigas junto de Angélica.
Muitas delas saíram a correr, abandonando o seu lugar na fila para ir ver a banda. Apesar de muito curiosas, as quatro amigas decidiram não fazer o mesmo.
- Nós os veremos lá dentro. Não precisamos ir a correr tipo cão atrás dum osso só para os ver passar. – Falou Corinna.
Anika olhou para o seu telemóvel, pensativa, e comentou:
- Vocês não acham que eles chegaram muito tarde? Faltam duas horas para o concerto e eles só agora aparecem! Que será que aconteceu?
Olharam umas para as outras interrogativamente. Ela tinha razão. Não era suposto eles terem chegado à horas atrás para prepararem tudo e fazerem o ensaio?
Sem pensar, Angélica agarrou no telemóvel e começou a escrever um SMS para o Gustav: “ Então?!? Onde já se viu um príncipe se atrasar para ir ter com a sua princesa. Precisavas de uma trança para chegares até mim? É feio fazeres uma rapariga esperar, quanto mais milhares…”.
Soltou um risinho irónico ao enviar a mensagem. As amigas voltaram a olhá-la com aquele olhar de anteriormente.
-As coisas andam calientes para esse lado. O namorado não se importa de vires para o concerto de 4 sex gotts? – Disse Meggy, fazendo um olhar maroto. Todas as pessoas ao redor ouviram e riram-se.
- Não é namorado e não, não se importa nada que eu esteja aqui. Até foi ele que me deu o bilhete!
- Ai, eu quero um amigo desses! Tive que gastar a mesada toda para comprar este bilhete E pagar a viagem. Não foi assim tão barato… A sorte é que tenho família aqui. - Disse Corinna.
- Ainda não perguntei, vocês são de onde? – Perguntou Angélica.
- Somos de Dortmund, que é basicamente no fim do mundo. – Respondeu Maggy.
-Sim, e está a quilómetros de todos os lugares decentes. – Continuou Anika.
Angélica não conseguiu evitar rir descontroladamente.
-Vocês acham muito? Eu vi dos USA para a Alemanha. Quero ver quem veio de mais longe!
- E vieste dum sítio tão cool para aqui fazer o quê? Ouvir apenas os tokio hotel? Tudo bem que eles são muito bons mas isso é quase um exagero! – Disse, chocada, Maggy.
- Oh, não! Vim visitar a minha tia e passar uns tempos com ela… Não a via à muito tempo, tempo demais.
-Aw, amor de sobrinha! Que fofa!! – Exclamou Anika, apertando-lhe as bochechas.
Angélica contou-lhes do seu país e da cidade onde vivia enquanto muitas pessoas a ouviam, interessadas em saber mais sobre os USA.
Estava ela a contar a história sobre o dia em que vira o Johnny Depp na praia quando o telemóvel tocou.
- Atende, atende. É o teu amigo – Disse Maggy.
Angélica olhou-as de soslaio tentando não fazer nenhuma cara estranha. Era muito intenso falar com o Gustav do meio das fãs deles, sabendo que ela tinha o que as outras desejavam.
A mensagem dizia: “Rapunzel, oh Rapunzel, lança-me a tua trança. Peço perdão pela minha demora princesa, tivemos um ligeiro problema com fãs que tentaram roubar os nossos documentos do quarto de hotel. Mas não se preocupe minha princesa, irei vê-la à hora marcada e sem problemas”.
Roubar documentos? As fãs chegavam a extremos muito assustadores….
- Estão a abrir as portas!!!! – Alguém gritou.
Maggy, Anika, Corinna e Angélica, que se encontravam distraídas, levantaram-se rapidamente e olharam para lá. Realmente já tinham aberto, e a fila começava a movimentar-se lentamente. Elas tinham mais ou menos 30 pessoas à sua frente por isso não faltaria muito até entrarem.
- It’s show time. – Gritou Angélica, e as outras repetiram.
A fila lá avançou e, após mostrarem os bilhetes, entraram a correr pelo coliseu a dentro.
Ainda não havia muita gente lá dentro e as raparigas conseguiram um bom lugar, bem à frente.
- Estamos um bocado para o lado, mas vê-se tudo, não? Aquelas pirosas – Disse Maggy, referindo-se ao grupo de raparigas que na fila estavam à sua frente. – juntaram-se todas a meio a fazerem-se de barreira.
O coliseu aos poucos começou a encher. As raparigas, para não se afastarem umas das outras, deram as mãos e agarraram-se com força às barreiras que as separavam do palco. Muitos tentavam meter-se à frente delas mas Maggy, com uma simpatia falsa, mandava-os controlarem-se que aquilo não era ringue de boxe para andarem aos pontapés e empurrões.
- Se voltam a tentar meter-se à minha frente eu deixo a educação para trás e dou-vos um pontapé no cu. O espaço à frente é para conseguir respirar, não é para vocês se meterem lá. – Berrou ela, passado um bocado.
De uma forma ou doutra, lá resultou. Angélica divertia-se com a situação. Não era agradável os empurrões e o calor que se sentia, mas era divertido ver o esforço daquelas pessoas todas por uma banda.
Passada uma hora, já todos tinham entrado. Tinham metido música para entreter as pessoas enquanto a banda não aparecia, e nesse momento muita gente cantava a plenos pulmões a musica Given Up dos linkin park.
É então que se ouve gritos e, ao olhar para a outra ponta do coliseu, Angélica viu o motivo: eles chegaram.
Enquanto eles subiam para o palco, para os seus lugares, Angélica procurou cruzar o olhar com Gustav, o que resultou. Os lábios dele formaram um “hallo” que ninguém pareceu notar.
Angélica teve uma ideia: Ela puxou o top para baixo, mostrando bem o seu decote, e inclinou-se para a frente, de forma a se notar bem os seus “dotes”, e assim tentar se meter com Gustav e fazê-lo corar.
O seu plano resultou, mas não foi só Gustav a ver a brincadeira… Tom e Georg vinham a percorrer o palco, observando as fãs e acenando, e ambos notaram em Angélica. Tom pareceu atrapalhado e tropeçou, quase caindo. As fãs pareciam chocadas, sem perceber nada, não sabendo o porquê daqueles olhares atarantados dos membros da banda.
Angélica ajeitou-se logo e tentou fazer-se de inocente. As amigas ainda não tinham notado a direcção dos olhares.
Um pensamento evadiu-lhe a mente: Ups.