[POV CAP. KIRK]

Era natural que Uhura ainda estivesse ali, junto de Spock. Se ele estivesse desacordado ainda. Mas ele não estava. Ele já havia acordado há uns 15 minutos. Eu sabia desde o começo que o segredo de Spock era que ele amava Uhura.

-- Olhando o casal mais estranho da nave, Jim? – disse Magro.

Dei uma risada.

– Eles não são estranhos... Você acha que poderia dar certo alguma coisa entre esses dois, Magro?

Ele gargalhou, alto demais, ao meu parecer.

– O Senhor Duende têm sentimentos por acaso, Jim? É impossível... Ele é vulcano, ela é humana, e isso não daria certo.

-- Nunca se esqueça que ele é meio humano, Magro...

Dei uma última olhada para dentro da enfermaria. Uhura acariciava os cabelos de Spock, pensando que ele estava inconsciente. Spock esboçava um sorriso, quase imperceptível. Mas eu vi que ele estava aproveitando a situação em que estava. Sai andando.

-- Já que você já está indo, vou fazer um exame no duende ali... – disse Magro.

Eu deveria impedir e avisar Spock de alguma maneira. Ele havia me dito que demonstrar emoções era um vergonha para ele, imagine se descobrissem que ele sentia amor pela Tenente!

-- Magro! Espere! Eu... Acho que você aceitaria uma bebida, certo?

-- Aceitaria, mas... Há alguma ocasião para tomarmos uns drinks, Jim?

-- Hm... Não, é só para nós nos descontrairmos mesmo. Depois você faz todos os exames necessários... Pode ir indo, eu já vou. Só vou trocar de roupa.

-- Ok...

Quando ele virou a caminho do bar, eu chamei Spock. Sorte que Uhura havia acabado adormecido. Ele olhou, eu disse que logo, logo Magro viria fazer exames e saí. Ele havia entendido o que eu disse. E eu havia entendido que ele precisava de privacidade.

[POV SPOCK]

Logo McCoy viria fazer exames... Jim sabia que eu não gostaria de ser visto por ninguém expressando emoções. Muito menos ser visto por McCoy. Decidi que teria que resolver aquela situação logo.

-- Aonde... Eu estou? – eu disse.

-- Você está vivo! – gritou Uhura, dando um salto.

-- Eu não poderia morrer tão fácil, Tenente.

-- É claro que não. Você é um vulcano... – disse ela, com um ar de tristeza na voz.

-- Algo errado com esse fato, Tenente?

-- Não, senhor, é que...

-- Sim?

-- Eu... Não sei se devo lhe dizer.

-- Diga o que tem para dizer, Tenente Uhura. – eu sabia o que ela ia dizer. Mas queria a ver dizer.

-- Eu admiro muito o senhor, Sr. Spock.

-- Um nível profissional de admiração?

-- Não exatamente... Não sei se o senhor seria capaz de entender...

-- Diga, Tenente.

-- Eu... Te amo.

Eu pensei um pouco. Eu também a amava, mas como diria isso para ela?

-- Eu... Acho que não devia ter dito isso... – e ela foi saindo. Eu devia deixá-la ir. Não podia.

Me levantei em um salto e agarrei seu pulso e disse:

-- Eu te amo também, Uhura.

[POV UHURA]

-- O... O que? – eu disse não conseguindo acreditar no que ouvia

-- Exatamente o que você ouviu. – ele disse soltando meu pulso

-- Eu... Eu... Não consigo acreditar.

-- O que há de errado, Tenente? – ele falou colocando as mãos em meu rosto

Eu pensei por um tempo... Olhei nos olhos de Spock. Eram olhos humanos, e eles olhavam profundamente nos meus.

-- Não há absolutamente nada de errado, Senhor...

-- Me chame somente de Spock, Tenente.

-- Então me chame de Nyota.

--Com toda certeza, Nyota.

Ele me pegou em seus braços e me roubou um beijo. Um beijo inesperado e ao mesmo mais esperado do que tudo.  Eu o amava mais do que eu pensava. E ele me amava também.

-- Nyota... Eu te amo. Isso é a coisa mais logicamente correta e mais emocionalmente verdadeira que eu já disse.

-- Spock... Eu te amo também, nada nunca vai nos separar.

-- Mas... – ele começou a falar, se separando de mim – o que a tripulação vai achar disso?

-- Vão achar... Estranho. Você prefere não ser visto comigo lá fora, certo?

É, eu sabia. Ele tinha uma imagem a manter. Ele podia fazer o que quisesse desde que não esquecesse de mim.

-- Eu nunca disse isso. Meu amor por você é maior do que qualquer outra coisa, qualquer opinião, qualquer... Coisa. Eu te amo e eu quero que todos vejam que eu sou meio humano. Meu coração não é feito de pedra.

Eu o olhei nos olhos e vi que tudo aquilo era verdade. Nada mais podia me tirar dele. Ele era tudo pra mim. Aquele momento era tudo pra mim. Era meu lado do paraíso.