Fate - Supremacy Rota Um: Desejo escrita por Goldfield


Capítulo 5
Desejo, Dia 04: Aprendizado




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Desejo, Dia 04: Aprendizado

         O despertador de seu celular tocou às oito da manhã.

         Bocejando, Jorge levantou o tronco de cima do colchão, constatando que, apesar de ter dormido bem e sentir-se relativamente descansado, a superfície estranha à qual não estava acostumado agravara as dores que o assento do ônibus haviam lhe infligido. Passou uma das mãos pelas costas e, pouco depois, habituando seus olhos à claridade, colocou-se de pé. Era bizarro acordar num ambiente diferente de seu quarto, principalmente uma sala ainda vazia como aquela. Desejou que os pôsteres e a escrivaninha, ao menos, estivessem ali. Quem sabe num futuro próximo, quando pudesse trazer mais coisas para ali...

         Deixando o cômodo, atravessou o corredor até o banheiro “comum” do apartamento. Este se encontrava no mais completo silêncio: estudando de manhã, Baloo e Marcos haviam pegado o circular bem cedo para o início da aula. No mínimo uma hora e meia antes, pelo que o calouro se lembrava de ouvi-los comentando na noite anterior. Cuidando de sua higiene matinal, o rapaz começou a pensar a respeito de onde procuraria trabalho primeiro, enquanto escovava os dentes. O centro, talvez, fosse uma boa primeira opção. As lojinhas nele existentes por certo necessitavam freqüentemente de algum balconista ou ajudante em geral. Tentaria a sorte, ao menos – na esperança de conseguir algo sem precisar buscar por muito tempo.

         Trocou de roupa, penteou o cabelo, colocou a correntinha e, depois de calçar seus coturnos, deixou o apartamento trancando a porta com uma das chaves que Baloo havia deixado consigo. Descendo pela escadaria interna do edifício, atravessou a entrada do mesmo com o sol matinal, inserido em bonito céu azul, lançando raios promissores sobre sua pessoa. Esperava que aquele fosse um dia de sucesso para si...

         Subindo a pé para a colina onde se situava o centro de Franca, Jorge descobriu que, mesmo andando, era bem rápido chegar até ela a partir do prédio em que ficava a república. Atingiu a praça da catedral às oito e quarenta, deparando-se com o comércio quase todo fechado, excetuando-se farmácias e um ou outro barzinho. Logo descobriu, ao sentar-se num dos bancos do agradável largo para esperar, que os estabelecimentos da cidade, pelo visto, começavam a funcionar somente às nove horas da manhã. Foi nesse momento que viu boa parte das grades e cadeados serem removidos, as lojas aos poucos reconquistando a vida que a noite lhes havia tirado.

         Suspirou, levantando-se do assento e olhando brevemente para a bonita fonte de estátuas que há pouco fora ligada. Era hora de ir à luta.

         * * * * *

         Logo chegou a hora do almoço... E Jorge não podia afirmar ter sido muito feliz em sua busca. Aliás, talvez nada feliz.

         Não sabia bem se a impressão que tivera correspondia totalmente à realidade, mas... O que percebeu, aparentemente, era que o comércio, ao menos ali no centro de Franca, não funcionava bem. Os proprietários e seus empregados possuíam quase nenhum timbre de negócios, sendo truculentos em seu tratamento aos fregueses e não sabendo nem fazer descontos ou promoções. O calouro conseguia contar nos dedos de uma mão os estabelecimentos em que fora bem-recebido, dos mais de quinze que visitara aquela manhã. Viu situações difíceis de explicar como lojas com funcionários escassos e insuficientes que mesmo assim se recusavam a contratar mais pessoal; propostas para que trabalhasse de graça, com o intuito de adquirir experiência, em encargos que demandavam mais do que seus estudos permitiriam... Além do que, uma simpatia inicial por sua pré-disposição a trabalhar era logo dissipada quando dizia ser um “bixo” da Unesp... Preconceito dos moradores da cidade para com os alunos da instituição? Possível. Mas Jorge achou melhor tentar ignorar e apurar as causas disso depois...

         Sem qualquer sucesso, o rapaz, por volta do meio-dia, dirigiu-se até o mesmo restaurante em que comera na companhia da mãe no dia da matrícula. Almoçou tranqüilo, esperançoso de que conseguisse algo no período da tarde. E a saborosa refeição daquele lugar o animou. Pretendia alimentar-se no refeitório da faculdade sempre que pudesse – já que Baloo lhe dissera que os tickets eram bem baratos – mas não descartaria totalmente aquele restaurante. Em alguns dias, por certo valeria a pena pagar um pouco mais e sair mais satisfeito.

         Terminando a refeição, Jorge pagou no caixa e saiu mais uma vez pelas ruas. A segunda parte de sua odisséia em busca de emprego, aquele dia, estava começando...

         Uma, duas, três, quatro horas da tarde... O garoto agora tinha priorizado os estabelecimentos junto aos calçadões, para depois chegar a descer até as duas avenidas que circundavam a colina, em ambos os sentidos, visitando o máximo de lojas que pôde. Encontrou uma papelaria muito interessante que também trabalhava com RPG, games e mangás – apesar de que nela seu interesse era mais adquirir coisas para si do que conseguir um cargo – e ficou impressionado diante da suntuosidade de um templo de uma igreja evangélica, quase um palácio. Mas, fora essas observações mais relevantes num sentido geral, nada encontrara também, e a visão que tinha do comércio francano só se agravara. Seria mais difícil conseguir trabalho do que pensara. Enquanto subia novamente até a área da catedral para então tomar o caminho de volta ao apartamento, concluiu que seria válido, no dia seguinte, procurar emprego nos estabelecimentos próximos à faculdade. Lá o bairro ainda estava se desenvolvendo, e era provável que os donos de estabelecimentos naquela região abraçassem com maior afinco novos funcionários do que no centro, que se tornara tão arrogante.

         Enquanto atravessava ruas e esquinas rumo ao predinho que abrigava Kamelot, Jorge decidiu fazer um trajeto diferente dos anteriores, com o objetivo de ver algo em particular...

         Ele queria conhecer de perto o campus antigo da Unesp.

         Contornando alguns cruzamentos específicos e pondo em prática as lembranças de pontos de referência que demarcara desde o dia da matrícula, o calouro logo se deparou com a antiga construção de paredes beges e janelas esverdeadas, possuindo dois andares em quase toda sua extensão em forma de “U” e três apenas numa seção de um dos lados. Não sabia bem que ocupação fora encontrada para o prédio tombado, após a saída da universidade – se bem que algumas de suas dependências, de acordo com Baloo, ainda ali funcionavam, em vias de mudar para o campus novo somente naquele ano. Jorge passou pela rua de trás da construção, acompanhando por fora o muro pichado que demarcava seu pátio interno até encontrar um portão semi-aberto. Este estava delimitado por uma guarita com cancela, um segurança distraído com um radinho em seu interior. Conseguia, no entanto, olhar o lado de dentro: o espaço aberto no antigo colégio, revestido de cimento, comportava algumas árvores, pequeno estacionamento e uma quadra esportiva cujo vazio de pessoas causava sensação de certo abandono. O edifício inteiro, na verdade, provocava essa impressão, o vento vespertino agitando as copas das árvores enquanto um silêncio que chegava às vias do aterrador predominava sobre o local que aparentava não possuir viva alma. Os vidros foscos em torno do pátio, protegendo atrás de si uma infinidade de salas e corredores misteriosos, pareciam guardiões de segredos que não deveriam ser desvendados...

         Jorge não entendeu bem o porquê, mas o lugar lhe causou mal-estar. E não teve a mínima vontade de adentrá-lo. Limitando-se a observá-lo por mais alguns poucos instantes através da cancela, o rapaz logo depois continuou seu caminho descendo pela rua. Uma das pichações sobre o muro do antigo colégio, gravando em letras grandes “Deus morreu”, deixou-o ainda mais aturdido. Melhor seria, realmente, seguir rápido até a república, ou acabaria não tendo tempo suficiente para tomar banho e pegar o circular rumo ao campus novo...

         Avançando pelos quarteirões que separavam da Avenida Champagnat o velho prédio, o calouro notou em dado momento, para sua surpresa, que seu coração batia acelerado. E o órgão só foi se acalmando, assim como seus músculos relaxando, depois de cobrir boa distância em relação ao edifício. Minha nossa, o que fora aquilo? Por que um mero monte de tijolos, telhas e madeira com diversos pontos de risco de desabamento lhe causara tanta aflição? Era um tanto sombrio afirmar isso, porém... tornava-se certo que a cidade de Franca possuía estranhas nuances que jamais deveriam ser aprofundadas. Por ninguém.

         Mais tranqüilo, Jorge atingiu a Alonso y Alonso procurando esquecer mais uma coisa estranha que testemunhara desde que ali chegara para fazer sua matrícula. Se a tendência continuasse, logo precisaria marcar consulta com um analista... Talvez aquilo tudo não passasse de um princípio de paranóia fomentado pelo nervosismo de começar a morar fora de casa, passando com o tempo... Ou ao menos assim esperava.

         Chegou à área da cachoeira, admirando, como sempre, a beleza suja da queda d’água se precipitando do declive e compondo vista única em meio ao caos urbano. Até atravessou a rua em direção à calçada que pendia sobre o pequeno lago para poder admirar melhor a paisagem, quando ouviu som completamente inusitado...

         CROA! CROA!

         - Hum?

         Olhando para cima, visualizou a folhagem de uma das árvores que se erguiam em torno da elevação, e algo inesperado empoleirado em cima de um de seus galhos: um par de corvos. Jorge até parou, examinando as aves de penugem negra para se certificar de que eram realmente os animais que sua percepção julgou serem, e somente o confirmou. Mas... corvos? Esses pássaros eram bastante raros no Brasil, como bem sabia. O pior, todavia, não era isso. Com os bicos voltados para frente, assim como seus olhos escuros e penetrantes, os dois seres voadores pareciam... encará-lo. Sim, de forma fixa, desafiadora. O “bixo” estremeceu, espantando-se ainda mais quando, em seguida, uma das criaturas se voltou para a outra... movendo a boca de maneira sincronizada e emitindo grasnos como se com ela conversasse. Conversasse.

         Não esperou mais: esbaforido, cruzou a avenida correndo. Seria ele um imã de coisas inexplicáveis? Estaria ficando louco e aquilo tudo não passava de alucinação? Ouvindo ainda os corvos emitindo berros secos atrás de si, o garoto dobrou a esquina do prédio e nele entrou sem qualquer demora. Não seria bom dar margem para a situação piorar...

         E se apenas o dia já lhe reservara dois sustos tão grandes, temia o que a noite poderia trazer se não fosse prudente...

* * * * *

         O fim de tarde de Jorge foi dotado de relativo sossego. Encontrou o apartamento ainda vazio, sem indício algum de Baloo ou Marcos terem ali passado em qualquer momento ao longo do dia. Cansado de tanto andar, mas não desanimado, o “bixo” tomou banho sem demora, preparando-se para seguir até a faculdade no circular que, às dezoito horas, passava pelo ponto de ônibus situado a poucos metros avenida abaixo. Esperava que, depois de tantos eventos estranhos durante o dia e a frustração de ainda não ter conseguido nenhum emprego, a primeira aula do curso de História fosse boa o bastante para valer a passagem até o distante novo campus...

         Concluiu a ducha, perfumou-se, trocou de roupa – sem esquecer-se, é claro, da correntinha – e deixou mais uma vez a residência, trancando-a com a chave e não esbarrando em nenhum dos outros moradores. Pelo visto só os veria mesmo à noite, depois que voltasse da faculdade, quando poderiam conversar. Jorge desejava pedir aos veteranos algumas dicas de bons lugares em Franca para se buscar trabalho. Se recebesse mais séries de “não” dos comerciantes mal-educados da urbe, acabaria por desistir de vez de se manter por intermédio de alguma ocupação remunerada.

         Seguindo as instruções de Baloo, o calouro logo encontrou a dita parada de ônibus um quarteirão e meio abaixo do prédio, seguindo pelo mesmo lado da avenida. Era um bonito fim de tarde: o céu alaranjado recolhia o sol, denotando os contornos de prédios, árvores e outros obstáculos visuais que se sobrepunham ao horizonte. Tendo chegado ao lugar por volta das quinze para as seis, Jorge não precisou esperar muito pela aparição do circular, que recolheu a si e outros estudantes da Unesp – residentes na moradia estudantil localizada também naquelas redondezas – pouco tempo depois. Sonolento, o garoto pagou o cobrador, passou pela catraca e esparramou-se num banco, cabeça encostada à janela... cochilando quase de imediato.

         Despertou assustado quando o transporte passava pela região da rodoviária – tendo saído de seu sono, mais precisamente, devido a uma lombada acentuada que fez toda a estrutura do veículo sacolejar. Sentindo seu estômago subir até a altura dos pulmões, para então descer de volta lentamente, Jorge achou melhor se conservar acordado até a chegada ao campus. Poderia acabar ignorando o ponto para descer e assim ficar perdido num bairro completamente afastado de Franca caso não permanecesse atento...

         Após algumas avenidas e ruas, a universidade foi avistada depois de uma esquina, o marco retangular diante do portão – semelhante a um monumento que ostentava as bandeiras municipal, estadual e nacional – guardando atrás de si um mundo ainda a ser plenamente desvendado pelo calouro e que se encontrava coberto, naquele momento, pelo lusco-fusco do entardecer. Desceu do ônibus – seu corpo antes, no corredor do mesmo, sendo afetado pela inércia – e saltou para o ponto da faculdade. Usaria aquele mesmo local para pegar o circular de volta à república, no final da noite. Que horas a aula devia acabar mesmo? Dez horas, dez e meia? Ainda teria de confirmar...

        Atravessou a rua até a entrada do campus, passando pelo meio da rotatória que existia em frente a esta. Após ser quase atropelado no dia anterior, todo cuidado era pouco naquelas vias em que carros e caminhões passavam tão rápido. Passou então pela guarita e adentrou a universidade pela primeira vez desde o dia da matrícula. Sob a luz alaranjada do quase-noite, as construções do lugar assumiam silhuetas sombrias, quase negras, apenas seus contornos retos as diferenciando de gigantes ou outros seres colossais adormecidos. Ao fundo, além dos limites daquele espaço, as serras já quase desapareciam de vista, seus últimos vislumbres, porém, constituindo os mais belos desde o amanhecer, as elevações imersas num espetáculo crepuscular difícil de descrever.

         Foi quando o estômago de Jorge roncou, retirando-o de sua contemplação. Olhou para o relógio de seu celular: dezoito e trinta. A aula começava por volta das dezenove e quinze, então teria tempo para jantar no restaurante universitário. A única questão era... para que lado ele ficava?

         Confuso, o “bixo” olhou ao redor. Voltou-se novamente para a guarita, deparando-se com mais alguns estudantes que chegavam, um ou outro segurança... Continuando a girar, agora para a esquerda, visualizou a biblioteca com a mesma placa indicativa que vira anteriormente, seu interior bastante iluminado delimitado por uma porta de vidro. Seguiu olhando... Pelo declive que avançava campus adentro, avistou uma espécie de “carrinho de lanches” situado à beira de um barranco, de onde alunos e supostos professores, àquele momento, entravam e saíam com coisas para comer e beber. Mais abaixo havia uma fileira de prédios de procedência desconhecida e, do lado oposto, atravessando-se a “rua interna” que cortava a faculdade, enxergava-se a edificação maior comportando os blocos de salas de aula, além das outras estruturas à esquerda desta cuja função ainda era nebulosa ao calouro... Bem, o jeito seria procurar em cada uma delas o visado refeitório...

         - Você parece meio perdido, bixo! – exclamou uma voz feminina atrás do rapaz.

         Um tanto assustado, Jorge virou-se de imediato. Diante de si, braços cruzados, havia uma garota de aparência um pouco mais velha que a sua, cabelos loiros presos num rabo de cavalo, pele muito clara, olhos castanhos cobertos por óculos, e corpo magro. Usava uma camiseta sem manga verde, calças jeans e sandálias nos pés.

         - Errr... – oscilou o garoto, desconcertado. – Como sabe que sou novo por aqui?

         - Ora, está na cara! – riu ela. – Veteranos não ficam olhando ao redor com um olhar desnorteado desse jeito, ao menos não antes da época das provas!

         - Sou Jorge.

         - Prazer. Luciana. Mas pode me chamar de “Lindalva”. Apelidos, sabe?

         - Sei sim, hehe! – o calouro sorriu.

         - Estou no terceiro ano de Serviço Social noturno. Minha aula começa daqui a pouco. Mas antes, se quiser, posso te ajudar a encontrar o que procura.

         - Bem, estou imaginando onde fica o restaurante universitário, na verdade... Queria jantar antes da aula.

         - Ah, muito bem. Venha. Vou lhe mostrar não só onde fica o “R.U.”, mas daremos uma volta pelo campus todo!

         - Está bem. Valeu.

         E pôs-se a seguir a jovem.

         O “tour” através do campus começou pelo prédio da biblioteca, a simpática e prestativa Lindalva guiando Jorge pelas salas e lhe explicando quase tudo que via – apesar de em alguns momentos dar-lhe tiradas características de sua posição de veterana perante um bixo. Como logo descobriu graças a ela, a edificação não comportava somente o acervo de livros da universidade – o qual, apesar de não poder ser examinado de perto pelo calouro devido à sua carteirinha ainda não estar pronta, tinha sua vastidão reconhecida devido ao grande número de estantes com volumes que se encontravam dispostas aos fundos do balcão de atendimento. Como a estudante de Serviço Social logo mostrou, existia uma sala de estudos anexa à biblioteca em si, com diversas mesas espalhadas e também cubículos fechados para reuniões de grupos de seminários, ou simplesmente destinadas a aqueles que não conseguiam se focar nas leituras com pessoas passando ao redor a todo o momento. Mas não acabava por aí: do lado de fora da construção, quase em frente à porta de vidro da biblioteca, via-se o quase sempre lotado “xerox”, uma salinha com balcão onde os alunos pagavam por cópias dos textos de cada disciplina de seus cursos, ali deixados por seus professores. A veterana fez questão de avisar Jorge que boa parte do dinheiro gasto durante sua graduação teria aquele pequeno local como destino, ainda mais em época de provas. Também salientou que os funcionários da foto-copiadora não eram lá muito eficientes... porém isso o próprio rapaz comprovaria ou não com o tempo.

         Antes de descerem pelo declive em direção às demais dependências, Lindalva mostrou ao bixo, de longe, um outro prédio quase colado ao da biblioteca, que se estendia para o lado direito em relação ao portão, quase espremido contra a grade que o separava da avenida. Tratava-se, por incrível que pareça, de uma creche, onde inclusive várias mães que cursavam a faculdade deixavam seus filhos para poderem assistir às aulas. Interessante, no mínimo.

         Desceram então pela “rua interna” do campus. Antes de deixarem o prédio da biblioteca para trás, Lindalva ainda apontou uma porta neste, então fechada, que comportava atrás de si uma sala de palestras e reuniões, onde ocorriam também os ensaios do coral da Unesp. Continuaram, a veterana em seguida descrevendo o suposto carrinho de lanches que Jorge avistara há pouco. Tratava-se de uma espécie de cantina disponível para alunos, professores e funcionários, o popular “Seu Eli”. Compunha, junto com o bar “Rainha” existente fora da faculdade e que fora indicado por Baloo no dia da matrícula, um dos pontos de encontro dos estudantes durante os intervalos das aulas. Lindalva, particularmente, preferia o Seu Eli, enquanto Baloo, quando apresentara a Jorge o Rainha, deixara subentendido achar aquele estabelecimento melhor. Isso dava a entender que provavelmente o gosto dos unespianos se dividia entre as duas lanchonetes.

         E ainda falando em comida, logo abaixo da cantina havia um outro bloco iluminado e grande, que foi revelado ao bixo ser o restaurante universitário, ou simplesmente “R.U.”. Os tickets para as refeições eram vendidos numa pequena salinha junto à entrada do mesmo, ainda havendo vários disponíveis para o jantar daquela noite. Jorge rapidamente comprou o seu e, para sua surpresa, a veterana dispôs-se a comer consigo. O local funcionava num esquema de bandejão, os alunos apanhando travessas metálicas e nelas os funcionários despejando o cardápio do dia. No caso, arroz, feijão, bife, salada de tomate, farofa e uma banana para a sobremesa. Serviam também suco – o mais artificial possível, como Lindalva explicou, sendo mais fácil identificá-lo pela cor do que pelo sabor propriamente dito. Ao menos bastava para acompanhar a comida. Pensando assim, o calouro encheu com ele um copo de plástico.

         Sentou-se a seguir numa das mesas para se alimentar na companhia da veterana, ambos comendo sem pressa – apesar do ponteiro do relógio já se aproximar das dezenove horas. O cardápio estava bom, porém o gosto encontrava-se bem distante da comida caseira à qual Jorge tanto era habituado. Mas ela o satisfazia, e isso era suficiente. Enquanto Lindalva lhe fornecia mais informações tratando do campus, o “bixo” resolveu indagar:

         - Por que escolheram um lugar tão afastado do centro para instalar este novo campus? Ainda mais um descampado cheio de buracos?

         - Esses buracos se chamam “voçorocas” – riu a veterana corrigindo o garoto. – Aberturas e deslizamentos no terreno causadas por erosão. Parecem até verdadeiros penhascos em alguns pontos. Uma professora, tempos atrás, inclusive profetizou que todo este campus seria tragado pela terra após sua inauguração... Espero que ela não esteja correta. Quanto ao afastamento da porção central de Franca, bem... a verdade é que os habitantes daqui não gostam dos unespianos, em sua maioria. Eles acham que não passamos de forasteiros que vêm “fazer baderna” na cidade, sendo que até mesmo um vereador chegou a afirmar isso na Câmara uma vez. Por isso a tendência seria mesmo afastar a Unesp dos francanos que tanto a repudiam... Embora eu ache isso um tiro no pé dos estabelecimentos comerciais situados no centro, que aos poucos perderão freguesia conforme a vida dos universitários se deslocar totalmente para este bairro.

         O comércio no centro ficar mais morto do que já estava? Jorge achava isso bem difícil, considerando sua péssima experiência aquela manhã. E as explicações da veterana quanto à suposta xenofobia dos nativos explicava o fato de vários dos comerciantes torcerem o nariz para o rapaz quando ele lhes revelara ter acabado de ingressar na Unesp. Um obstáculo difícil de contornar, por certo, e que prometia mais dores de cabeça ao longo dos quatro anos de curso. O jeito seria ir levando como podia...

         Terminaram de comer, depositando as bandejas sujas junto a um nicho em que eram quase de imediato apanhadas por algumas funcionárias e postas de molho. Jorge deixou o restaurante degustando ainda a banana, tornando a ser guiado por Lindalva através do local que aos poucos conhecia. Continuaram avançando através do declive, visitando agora a quadra de esportes do campus. Pequena e isolada, já rodeada pelo mato que se estendia quilômetros adiante pela paisagem sendo tomada pela escuridão, o pequeno espaço era feito de cimento e cercado por grades de todos os lados, inclusive por cima – com o intuito de impedir que as bolas voassem para onde não pudessem ser recuperadas. Devido a isso, o modesto recinto de jogos recebera dos alunos o carinhoso apelido de “gaiolão”. Um campeonato de futebol da universidade, entre as salas, era inclusive realizado ali no segundo semestre. Considerando as dimensões do “campo” e suas limitações, Jorge acreditou que seria ao menos engraçado vir presenciar algumas partidas.

         Rumaram depois para a esquerda, tomando a via asfaltada que contornava o campus – e que para o “bixo” continuava tendo enorme potencial para se tornar uma pista de kart. Foi assim que chegaram ao prédio da administração, único já em pleno funcionamento, pois os demais blocos destinados a comportarem tais atividades, dispostos em frente à edificação das salas de aula, ainda vinham sendo terminados. Por isso várias ramificações e órgãos da faculdade mantinham-se no campus antigo, o mesmo que causara repentino e incompreensível mal-estar em Jorge aquela tarde. Realizando breve passagem pela construção, a veterana mostrou ao calouro os departamentos de cada curso, a seção de graduação – onde deveria requisitar documentos e cuidar de boa parte de sua vida burocrática na Unesp – o setor de estágios, pólo de informática – local em que poderia ter acesso à Internet e fazer trabalhos nos computadores. Ali também se situavam as salas da pós-graduação, o garoto realmente desejando poder sentar, algum dia, numa de suas cadeiras... Logo depois, no entanto, ao lembrar-se de que estava somente no início da graduação, julgou mais prudente pensar em mestrado e doutorado apenas dali a algum tempo. Já possuía preocupações demais por enquanto...

         Descendo então por uma rampa de cimento que interligava os blocos, Jorge e Lindalva adentraram o prédio das salas, os corredores de luzes acesas sendo ocupados por diversos estudantes que, fora das classes, aguardavam a chegada de seus respectivos professores. Já passava das sete, o “bixo” acreditando que o passeio havia terminado, quando a veterana, voltando-se para si, falou:

         - Venha, vamos agora dar uma volta por aqui!

         E, enquanto ela subia pelas escadas rumo ao piso superior, Jorge, depois de dar uma olhadela para sua sala e constatar que o docente ainda não chegara, resolveu continuar acompanhando-a. O “tour” mostrava-se interessante e muito instrutivo.

        

         Como o novo aluno pôde perceber, o prédio das salas de aula não continha somente salas de aula. Além de banheiros, havia outras dependências como dois anfiteatros – um em cada um dos dois andares – almoxarifados, uma pequena loja de livros – que geralmente fazia preços mais baratos do que os das grandes livrarias – e, chamando mais atenção, uma série de salas destinadas aos professores, distribuídas em uma para cada dois docentes. Jorge estranhou quando adentrou, com Lindalva, o corredor a elas destinado, no segundo andar: era comprido e reto, possuindo de ambos os lados inúmeras portas brancas com os nomes, nelas marcados, de cada par de professores ao qual fora delegado cada um dos recintos. Olhando para dentro deles através das janelas que as entradas possuíam, o calouro constatou que os espaços eram pequenos, separados entre si por divisórias, e possuindo geralmente nada mais que um armário, uma mesa com PC e cadeiras. A veterana explicou que aquelas salas comportavam os professores de todos os quatro cursos, embora nem todos as utilizassem com freqüência. Algumas delas, praticamente vazias de móveis e objetos, denotavam isso. Continuaram distraídos pelo trajeto, comentando a respeito do corpo docente, quando se depararam com alguém...

         O homem, negro, alto e um tanto musculoso, tinha a cabeça careca e contornos faciais sérios, vestindo uma camisa social azul, calça cinza e calçando sapatos caros. Trazia, embaixo de um dos braços, uma pasta cheia de papéis, parando de andar antes que os dois alunos o percebessem em seu caminho, procurando evitar desse modo uma trombada. Já a dupla só o fez quando se encontrava quase colidindo com ele; sua forte figura, por conta disso, causando neles maior impressão. Permaneceram se encarando durante alguns instantes, o sujeito mais velho aparentando, de início, antipatia pelos dois estudantes, para então abrir um discreto sorriso e indagar, recuando um ou dois passos:

         - Perdidos pelos corredores, meninos?

         - Olá, professor... – saudou Lindalva, visivelmente sem jeito. – Estou apresentando a faculdade a este bixo de História. O nome dele é Jorge.

         - Ah, História? – replicou o educador, focando seus firmes olhos no “bixo”. – Então será meu aluno no quarto ano, se eu continuar por aqui até lá.

         - O senhor dá aula do quê? – inquiriu o garoto.

         - “Escravismo e identidades afro-brasileiras”, vulgo “História da África”. Uma matéria recentemente integrada à grade do curso. Chamo-me João da Silva Bomani. Agora, se me dão licença, preciso ir andando, ou me atrasarei para uma reunião na biblioteca.

         - Sem problemas, professor Bomani – assentiu a veterana, voltando a caminhar junto com Jorge ao mesmo tempo em que o docente, a passos rápidos, desaparecia no sentido contrário do corredor.

         Depois de manter seus olhos fixos na figura que se afastava por um momento, o calouro se voltou para Lindalva e falou:

         - Uma pessoa de presença, ele.

         - Sim, o senhor Bomani é admirável. Ele nasceu em Moçambique, vindo para o Brasil há alguns anos. Está aqui na Unesp desde o ano passado, e é um dos professores mais conceituados da instituição... além de muito bonito. Espero realmente que você chegue a ter aula com ele, bixo. Comentam que ensina muito bem, e não torna sua matéria tendenciosa.

         Viraram numa dobra do corredor, contornaram o gramado interno do edifício, e acabaram desembocando nas salas de História e Serviço Social do segundo andar. Entrando na sua, Lindalva despediu-se, pré-dispondo-se a ajudar Jorge novamente quando precisasse. Este agradeceu num sorriso e, apressando-se, colocou-se a caminho de sua classe no piso inferior. Desceu rapidamente as escadas e, rumando para a porta, constatou que a professora acabara de chegar, de pé junto à entrada esperando que todos os alunos assumissem seus lugares. Ele também o fez, optando por não se sentar muito à frente: uma carteira quase no fundo da sala lhe pareceu ideal. Acomodando-se com o material sobre o móvel, aguardou, empolgado, o início das atividades...

         Não havia muitos alunos aquela noite. Isso devia se dar, conforme pensou, pela razão de ainda ser a Semana do Bixo e nem todos os calouros convocados na segunda chamada já se encontrarem em Franca. O fato de ser o único rapaz na turma que não estava com o cabelo raspado lhe provocou calafrios. Chegou até a rezar para que nenhum veterano passasse pelo corredor durante a aula e testemunhasse a situação, ou seus compridos fios estariam seriamente ameaçados! Mantendo-se numa postura discreta, “na sua”, assistiu quieto à apresentação da professora...

         A matéria das segundas-feiras daquele primeiro semestre seria História Medieval I. Isso no começo deixou Jorge bastante entusiasmado, já que se tratava de seu período histórico favorito, mas a relação bibliográfica a ser usada no curso, distribuída entre os estudantes pela docente, deixou claro que suas aulas seriam bem mais pautadas em literatura medieval do que no estudo e interpretação dos acontecimentos em si. Isso desanimou um pouco o garoto, mas quem sabe não estudariam passagens interessantes dos mitos medievais como Rei Arthur... Talvez...

        Enquanto a professora explicava sobre Annales e Nova História, Le Goff e Duby, cotidiano e mentalidades, Jorge, sem nada daquilo ainda entender – e acreditando que a mulher, presumivelmente, não compreendera que todos ali igualmente não sabiam – começou a fitar cada um de seus colegas de sala, os quais esperava, aos poucos, poder conhecer. Voltados para frente, olhares atentos à professora, pareciam tão confusos e inexperientes quanto si próprio. Algo que aliviava a mente. Aproveitando-se de um momento de distração da docente, quando esta ficou de costas para os alunos com o intuito de registrar a referência bibliográfica de um livro na lousa, o rapaz virou-se para trás, tentando captar os semblantes dos outros estudantes sentados atrás de si... e teve uma surpresa.

         Não era o único homem ainda com cabelo na sala.

         Havia outro jovem de cabeça não-raspada a algumas carteiras de distância, cabelo preto e curto. Seus trajes contrastavam totalmente com as roupas despojadas dos demais alunos: usava impecável terno marrom – sim, terno – sobre uma camisa branca social, faltando apenas uma gravata para que aparentasse realmente ser um executivo ou coisa similar. A calça também parecia ser feita de tecido fino, e os sapatos italianos em seus pés deixavam evidente seu poder aquisitivo avantajado. Sua postura no móvel, com um dos cotovelos nele apoiados e a mão do mesmo braço segurando-lhe o queixo numa expressão de desdém, somava-se à maneira como se vestia para transparecer ser ele uma pessoa arrogante e altiva, achando-se por certo bem superior às demais que a cercavam. Jorge sentiu raiva enquanto examinava o rapaz – reprovando-se em seguida, no entanto, por ainda nem sequer conhecê-lo e já tirar conclusões precipitadas. A realidade, todavia, não devia fugir muito à aparência. E imaginou que teria problemas, ao longo do curso, com aquele indivíduo...

         A aula se arrastou, demorando muito a passar. O intervalo veio pouco antes das nove da noite, e nesse momento o “bixo” começou a sentir os primeiros sinais da fadiga que aquele dia lhe proporcionara. Nem conseguiu deixar a sala para lanchar ou ao menos interagir com os novos colegas no corredor: permanecendo em sua carteira, sentia enorme vontade de deitar e dormir. Só não cochilou devido ao desconforto causado pelo mesmo aluno com cujo jeito não batera, o qual passou andando ao lado de seu assento com o olhar de superioridade antes percebido. Qual era a daquele cara, afinal?

         Procurou ignorar, pois nervosismo acabaria por apenas deixá-lo ainda mais exausto. O intervalo passou e a professora retornou, assim como os alunos – porém não todos. Enjoados da aula, possivelmente já estavam a caminho de suas repúblicas, ou então saíram mais cedo devido a terem de se preparar para a primeira festa da semana, a ocorrer no centro dentro de algumas horas. Jorge também nutria uma vontade desesperadora de ir embora e descansar, principalmente por saber que aquela aula não avançaria muito além da apresentação do curso, mas insistiu e permaneceu até o final, quando passava das vinte e duas. Cochilara várias vezes, perdera parte das explicações, suas anotações no caderno ficando incompletas... Porém ao menos teve forças para, sonolento, dirigir-se até o ponto de ônibus e pegar em cima da hora o circular que passava pela Alonso y Alonso. Pagou sua passagem, acomodou-se num dos bancos e, recostando a cabeça no vidro como na viagem de ida, dormiu entre espasmos até a chegada ao seu destino...

         * * * * *

         Jorge desceu do circular num outro ponto próximo daquele em que subira no trajeto de ida ao campus, tendo de andar pouco até o prédio da República Kamelot. Atravessou a porta de entrada usando a chave fornecida por Baloo, subiu as escadas e, ao ouvir risadas e exclamações do outro lado da porta do apartamento seis, concluiu que os dois veteranos finalmente haviam voltado para o lugar. Adentrou-o, encontrando a sala de estar vazia, apesar da luz ser mantida acesa. As vozes vinham da cozinha. Rumando até ela, material embaixo do braço, o calouro encontrou a dupla de estudantes sentada à mesa redonda de jantar, já tendo terminado de comer e agora jogando conversa fora. Ao perceber a chegada do “bixo”, Marcos disse:

         - Olha só quem voltou!

         - E aí? – a saudação de Jorge veio fraca e desanimada devido ao intenso cansaço que sentia.

         - Nossa, que falta de energia, bixão! – riu Baloo, levantando-se da mesa com o prato em que comera na mão direita, rumo à pia. – Pelo visto nem vai à festa hoje, né?

         - Estou quebrado, não conseguiria nem se quisesse... – murmurou o novo morador, sentando-se também junto ao móvel. – Vocês vão?

         - Vamos sim, só estamos esperando mais um pouco para tomar banho e chegar lá no clube por volta da meia-noite. A festa mesmo só vai começar por volta da uma da madrugada!

         - Divirtam-se...

         - Já jantou, bixo? – perguntou Marcos.

         - Comi lá no restaurante da Unesp. Tentarei fazer isso todo dia.

         - Sempre que quiser, pode comer conosco depois que voltar da aula também – falou Baloo. – Costumamos jantar mais ou menos neste horário, e não cobraremos nada de você... conquanto que lave a louça.

         - Valeu, sem problemas – Jorge sorriu.

         - Conseguiu achar algum emprego no centro? – quis saber o aluno de Direito.

         - Nada... Preciso parar de dizer que sou da Unesp, pelo visto isso diminui muito minhas chances. Amanhã acordarei cedo e tentarei em outros locais, quem sabe não dou sorte... Não posso é parar de tentar.

         - É assim que se fala, Sir George! – aprovou Baloo, lavando os pratos. – Está se mostrando um digno cavaleiro!

         - Muito obrigado, eu acho...

         - E o primeiro dia de aula, gostou? – Marcos novamente indagou.

         - Ah... mais ou menos – o calouro foi sincero. – A matéria foi História Medieval. Apesar de eu gostar muito do assunto, não apreciei muito o foco que o curso terá... Sei lá...

         - História Medieval? – Baloo arregalou os olhos, aproximando-se da mesa. – Você fará isso é aqui na república, bixo! Tem toda uma história pela frente dentro destas paredes, e como vivemos em Kamelot, terra dos puros e invencíveis Cavaleiros da Távola Redonda, ela será medieval! Hã, hã? Entendeu o trocadilho?

         Então o são-paulino do apartamento também era metido a piadas infames? Mais uma característica engraçada daquele “urso humano” vinha à tona. Jorge, porém, sentia tanto sono que mal teve disposição para rir. Levantando-se da mesa, acenou para os dois veteranos ao mesmo tempo em que dizia, já rumando através da sala em direção ao corredor dos quartos:

         - Vou me recolher, pessoal. Dia longo amanhã. Boa noite. E boa festa.

         - Boa noite, Sir George! – replicou Baloo terminando de limpar a louça.

         - Boa noite – Marcos falou, como sempre, bastante contido.

         O “bixo” escovou rapidamente os dentes, colocou seu pijama e se jogou em cima do colchão. Dormiu poucos instantes depois, permanecendo na mesma posição desconfortável em que pousou sobre o leito. Por certo acordaria com dores na manhã seguinte, mas por enquanto isso não importava. Descansaria após um dia tão exaustivo... e ele merecia.


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