Estávamos trancados em uma sala. Amarrados em cadeiras em volta de uma mesa redonda. E no centro da mesa uma arma. Quatro jovens. Eu, Percy Jackson e meus amigos: Thalia Grace, Annabeth Chase e Grover Underwood. A sala mal iluminada e o a placa que para nós era um espelho, mas do outro lado, sabíamos que os deuses estavam assistindo.

A Tv Hefesto tinha perdido a audiência e os deuses nos capturaram para fazer o programa do qual agora estávamos participando. Nós quatro tínhamos jurado pelo Estige fazer o que eles mandassem, sem ao menos saber qual era o desafio. Agora eu me arrependia disso.

Acho que todos nós já havíamos entendido sem Hefesto precisar nos dizer que estávamos em um jogo de Roleta Russa e que em breve, um dos quatro iria morrer, porque não podíamos desistir.

Um de nós precisava ter coragem para girar a arma na mesa e ela apontaria para a isca da vez. Thalia girou.

Grover parecia amedrontado, Annabeth tensa, Thalia relaxada e eu... bem, não sei como me sentia.

A arma pareceu girar por muito tempo. A cada volta que ela dava uma respiração era presa e outra solta, uma gota de suor escorria, uma lágrima ameaçava cair de cada um de nós. Foi quando realmente tive consciência da minha vida e do quanto eles três eram importantes pra mim. Mas, era tarde demais. Eu já estava no jogo e a arma já havia parado.

O cano dela apontava pra mim. Então era isso. Os olhares de meu amigos diziam: Não, não faça isso! Peguei a arma.

Admirei seu brilho prateado e senti o peso da única bala que havia ali. Pensei em colocá-la novamente na mesa, mas pensamentos solidários me ocorreram.

Colocar a arma na mesa e girar novamente só significaria a morte de algum deles e aquele jogo não acabaria antes de alguém puxar o gatilho. Não acabaria antes da última bala ser gasta.

Apontei a arma para a minha cabeça. Senti o metal frio na minha têmpora. Vi o olhar aterrorizado de Grover, o olhar desesperado de Annabeth e o olhar frio e desafiador de Thalia, como se dissesse: eu sei que você não vai puxar o gatilho.

Fechei os olhos. Pensei em todos, minha vida inteira passou diante dos meus olhos. Mas, eu não aguentaria viver sem algum deles.

A única bala precisava ser gasta ou o jogo não acabaria. Respirei fundo, deixei uma única lágrima escorrer pelo meu rosto. Murmurei as palavras: Eu não viveria sem vocês.

Minhas mãos escorregavam, a pressão de meu dedo no gatilho e a sensação do metal frio era tentador. Isso me deixava com a adrenalina correndo pelas veias.

Eu sorri e puxei o gatilho...