Isso tá me perturbando minha cabeça, eu pensei que conseguiria, mais não consigo. Não vou conseguir largar ele dormindo lá fora, isso seria meio que perder uns 50% da minha paz interior, eu com certeza vou ficar perturbada pelo resto da vida se cometer uma maldade dessas. Confesso que também me falta coragem, droga.

Olhei pra barraca toda montada, a barraca da Sarah e do Ryan estava um pouco afastada, entendi o porque, um projeto de fogueira no meio, alguns pedaços de madeira serviram com banquinhos, era pra eu estar me divertindo, mais não estou, estou com a maldita consciência pesada, ele esta se matando pra montar o saco de dormir, Sarah e Ryan foram buscar coisas pra comer, tá um frio insuportável, mais não ligo. Porque eu acabei de tomar uma decisão.

- Justin. – Ele me olhou parecendo surpreso, já que eu estava mantendo um ritual de silencio a mais de uma hora com ele, sendo grossa e implicante. – Pode ficar com a barraca, eu prefiro ficar aqui fora. – Disse me levantando e pegando o outro saco de dormir dentro da barraca.

- Não, não esquenta, eu fico bem aqui fora.

- To fazendo por mim, não por você. – Disse desdobrando o saco.

- Tá, mais eu não quero dormir na barraca, quero ficar aqui fora. – Me encarou.

- Não, eu fico aqui fora e você dorme na barraca.

- Eu fico aqui e você lá. – Cruzou o braço.

- QUE DROGA EU NÃO QUERO MAIS DORMIR NA BARRACA, EU DURMO AQUI FORA! – Gritei batendo o pé.

- Tudo bem, então somos dois. – Se virou e continuou se matando com o saco, o que mais será que ele quer da vida dele? Ele é louco? Bem, pelo menos eu tentei.

Terminei de arrumar o saco em uns 15 minutos, enfiei meu edredom dentro dele com meu travesseiro, já estava começando a escurecer e o frio ficando cada vez mais cortante.

Sarah chegou segurando uma bolsa, e Ryan uma caixa.

- Que bom que vocês não se mataram! – Disse Ryan rindo.

- O que é esse outro saco aí? Não me diga que .. – Sarah disse arregalando os olhos.

- Prefiro dormir aqui fora. – Dei de ombros.

Eles me olharam com uma cara assustada, com certeza não esperavam que eu fosse fazer isso.

- Eu peguei algumas coisas pra comer, na verdade, muita coisa. – Sarah disse abrindo a caixa.

- E eu peguei umas lanternas. – Disse Ryan.

Peguei uma lanterna e enfiei debaixo do meu edredom, Justin estava devorando um pacote de batatas fritas, que eu estava muito afim de pedir, mais não o fiz.

Enquanto nós arrumávamos o resto das coisas, foi escurecendo.

- Tem certeza que você sabe fazer isso Ry? – Perguntei, já que ele estava tentando acender a fogueira.

- Eu acho que eu sei. – Disse fazendo bico.

Finalmente depois de uns 20 minutos ela estava acesa, iluminando boa parte dali.

-Marshmallow? – Vi Sarah tirar um pacotinho de dentro da caixa, meus olhos com certeza brilharam.

- SIIIIIM AMIGA. – Gritou enfiando um em um palito, corri pra fazer o mesmo.

- Isso é bom? – Perguntou Justin franzindo a testa.

- Tá brincando? Isso é maravilhoso. – Respondi.

Ele se levantou e sentou do meu lado, pegou um palito e um marshmallow e colocou no palito, quando chegou perto da fogueira, caiu no chão. Ele arregalou os olhos.

- Isso não dá certo! – Disse batendo a mão na perna.

- Claro, você fez errado! – Respondi, peguei outro marshmallow e coloquei no palito pra ele, ele acompanhou a tudo atento, dei nas mãos dele.

- Você fez a mesma coisa que eu! – Levou o palito até a fogueira e como eu já imaginava não caiu.

- Viu só! – Dei um sorriso vitorioso.

- Obrigado. – Deu um sorriso, congelei, virei rapidamente pra frente.

Sarah e Ryan conversavam sobre as fases da lua, já que imaginamos que ela estaria cheia demais essa noite. Já deviam fazer umas uma hora, que estávamos ali comendo porcarias e rindo de coisas engraçadas, cada um contou uma coisa engraçada pela qual já passou e ninguém ficou sem rir, eu estava adorando aquela noite.

- Ahn.. Sarah, você não quer entrar? Tá meio frio aqui fora... – Ryan disse meio baixo, mais pude ouvir.

- Tudo bem. – Sarah disse se levantando devagar e lançando um olhar meio que “ai meu Deus” pra mim.

- Juízo em.. – Justin disse rindo. Os dois avermelharam e correram pra barraca.

Me levantei com os olhos de Justin em mim, entrei dentro da barraca, com certeza ele deve estar pensando que desisti e vou dormir lá dentro, mais não, vou trocar de roupas, não consigo dormir de calça e muito menos de blusa, é meio louco, com o frio que está fazendo, mais só durmo com alguma coisa muito leve. Me troquei devagar e abri o zíper da barraca praticamente congelando, Justin estava enfiado debaixo do edredom, poderia me enfiar lá com ele, não pude deixar de pensar nisso, ele me olhou e arregalou os olhos enquanto eu me enfiava no saco de dormir.

- VOCÊ É LOUCA ALLICE? OLHA O FRIO QUE TÁ, VOCÊ VAI CONGELAR! – Disse desesperado. Dei uma risada baixa, não quis responder, pude ouvir um suspiro dele, levantei meu travesseiro procurando meu Ipod e só porque eu tenho muita sorte, ele estava sem bateria. Sabia que não ia conseguir pegar no sono tão facilmente, a luz da lanterna na barraca da Sarah se apagou, dei um risinho. A única luz que iluminava onde eu e Justin estávamos, era o fogo já baixo da fogueira e a lua, grande e iluminada, na qual eu estava prestando muita atenção. É insuportável a vontade que eu tenho de largar esse orgulho e ir lá me deitar com o Justin, mais não posso fazer isso, primeiro porque ele me enganou, segundo porque me ofendeu, e nem sequer tentou se explicar, machucava muito me lembrar disso, porque eu tenho certeza absoluta que sou apaixonada por ele, não posso nem tentar negar.

Arregalei os olhos desesperada com um barulho que veio do meio das árvores do lado onde Justin estava, ele estava um pouco afastado das arvores, mais com certeza ouviu o barulho tanto quanto eu, agarrei meus próprios braços e apertei os olhos, pude ver de relance Justin se mexendo, provavelmente fazendo o mesmo, me acalmei um pouco, meu coração sossegou um pouco, mais foi tempo o suficiente pro barulho voltar, era como se alguém estivesse se aproximando por entre os galhos de árvore, era assustador.

- Droga, você ouviu isso Allie? – Disse Justin um tanto desesperado, mais não muito alto.

- Ouvi, droga droga droga. – Falei um pouco mais baixo que ele, meu Deus, estou morrendo de medo.

- O eu será qu.. – E o barulho se repetiu, me fazendo dar um pulo, Justin fez o mesmo, puxou seu edredom e travesseiro como eu, levantamos quase correndo, tivemos um pouco de dificuldade pra abrir os três zíperes da barraca mais felizmente eles se abriram, nos enfiamos na barraca, assustados.

- O que foi isso? – Eu disse me enrolando no edredom.

- Não tenho idéia, e nem quero ter! – Justin disse ligando uma lanterna e pondo na minha cara.

- Tira isso da minha cara Justin!

- Foi mal. – Disse desviando a lanterna.

- Forra aqui em baixo da gente com o seu edredom, pra ficar um pouco mais confortável. – Disse indo mais pro canto.

- Ah tá e eu me cubro com o que? – Cruzei os braços.

- Com o meu, quem mandou você ficar com essa roupa curta! – Bufei e tirei o edredom de mim, forrando de uma forma que pegasse toda a barraca. Coloquei meu travesseiro mais afastado de onde estava o dele, e por uma mancha pude ver a fogueira se apagar, arregalei os olhos e um calafrio passou pelo meu corpo, Justin deitou com rapidez, fiz o mesmo, o edredom era grande, mais não o suficiente pra acabar com o meu frio, meu medo dobrou, mordi o lábio com força, senti as mãos de Justin apalparem os espaço vago entre nós, procurando por algo, que senti que era eu, suas duas mãos me puxaram pra mais perto, o “não” estava na ponta da minha língua, mais resolvi engoli-lo, fiz o que eu queria fazer, enfiei minha cabeça em seu pescoço, incrível como seu cheiro é inebriante, minhas mãos apertavam suas costas, e as dele minha cintura, não sei bem dizer se aquilo era medo, ou a saudade que eu estava sentindo de seu corpo, ele sentia o mesmo, pude perceber.

Ficamos assim, não sei dizer por quanto tempo, até que fomos surpreendidos com outro barulho, esse não nos deu medo, pelo contrario, foi um gritinho, da Sarah, e sem nos segurar, caímos na risada.

- Não acredito nisso! – Justin disse ainda rindo.

- Com certeza esse barulho não foi nenhum monstro que fez! – Disse rindo e fazendo ele rir mais ainda.

- Eles podiam ser mais discretos. – Ele disse, respirei me recuperando.

Me afastei um pouco dele, não por nada, só me afastei um pouco.

- Allie, para com isso. – Disse baixinho virado pra mim, olhei pra ele, pude ver seus olhos fechados. Não consegui dizer nada.

- Eu tentei te explicar de todo jeito sobre aquelas fotos, mais você não me deu chance, por favor, eu te juro, não tem nada a ver, eu tava louco pra ver você de novo, não aconteceu nada.

- Eu não acredito em você. – Respondi.

- Mais você tem que acreditar, eu faço qualquer coisa, qualquer coisa mesmo. Por favor. E sobre o que eu te disse ontem, esquece aquilo, você não tem noção de como eu fiquei quando ouvi você dizer aquilo, mais você não teve culpa.

- Eu disse aquilo mesmo Justin? – Perguntei incrédula, ele parecia mesmo estar falando sério.

- Infelizmente, preferia que você tivesse dito pra mim. – Deu uma risadinha, dei um tapa em seu ombro.

- Bobo. – Mordi o lábio, um conselho, se quer ir pro céu e voltar, feche os olhos e ouça o riso do Justin, é sério.

Novamente ele me puxou pra perto, e eu fui sem reclamar.

- Senti sua falta. – Colocou uma mão no meu pescoço. Prendi o ar.

- Eu também senti a sua. – Respondi colocando automaticamente minha mão em seu pescoço. Como eu podia e imaginar, ele levou suas mãos pra minha cintura, aproximou seu rosto do meu, me arrepiei com sua respiração perto demais, ele se aproximou mais colando seus lábios no meu, pediu passagem com sua língua, e eu obviamente cedi, nos beijávamos calmamente como se ainda tivéssemos muito tempo, e realmente nós tínhamos.

Ele parou o beijo com um sorriso, como o meu.

- Como.. eu.. senti.. falta.. disso. – Disse por entre selinhos e sorrisos em mim.

Pulei em seu pescoço não contendo minha felicidade, e começamos outro beijo mais rápido e voraz, porém carinhoso. Suas mãos passeavam pelas minhas costas, me dando arrepios, eu fazia o mesmo com ele.

Como eu já imaginava, aquilo estava ficando quente demais, suas mãos agora me puxavam pra cima dele, e passeavam em minha coxa, pude “sentir” o que estava acontecendo com ele, e comigo também, mais não me senti a vontade, não agora.

- Jus. – Disse um tanto arfante.

- Shh.. – Disse me dando um selinho. – Eu sei o que você vai dizer.

Me tirou de cima dele, passando uma de minhas pernas por entre a dele, colocou sua mão em minhas costas e me deu um selinho.

- Vai ser como você quiser. – Deitou sua cabeça no meu ombro, agora é impossível dizer a minha vontade de sair pulando e cantando por aí.