Atendo o celular, com as mãos tremulas.

- Alô? 

- Ellen, venha rápido, o Eric... 

Era a irmã dele no celular, e só daquela simples frase, sabia o queria dizer. Comecei a correr, correr e correr. Sabia que se pegasse um ônibus de nada adiantaria, portanto... tropecei. Que ódio, eu e essa mania de cair do nada. Meu celular estava a minha frente, o peguei e vi a unica foto que tinha tirado com Eric... ainda me lembro daquele dia como se fosse hoje.

"- Hei vamos tirar uma foto? - disse Eric do nada.

- Hã? 

Antes mesmo de eu entender, ele já estava do meu lado me abraçando. Pegou meu celular e tiro a foto." 

Comecei a chorar vendo a nossa foto, então levantei e voltei a corrida. Digitei o numero dele, estava fazendo uma vídeo-conferencia. 

tum... tum... então finalmente a irmã dele atendeu. Ela me olho, e pós na frente do Eric.

Ele estava com equipamentos para respirar, e estava com olhos fechados.

- Eric, pode me escutar? - e nada - Abra os olhos, olhe para mim. 

Então o fez, ele abriu os olhos com dificuldade. 

- As fotos... só há foto minha. Prometo que quando voltar, iremos tirar varias fotos juntos, então me espero, por favor.

Ele balanço a cabeça positivamente, então fecho novamente seus olhos. E eu desliguei o celular. 

Estava perto do hospital, só precisava virar a esquina. Após uns minutos cheguei ao hospital, corri para seu quarto. Ele ainda respirava. O abracei, então ele me olho.

- Cheguei meu amor, vai ficar tudo bem. 

Sua boca se movimento, mas nenhum som saia dela.

- O que disse?

- Ellen... sorria. - disse ele com dificuldade.

Então sorri, sorri com o meu coração doendo. 

Ele sorriu de volta, e seus olhos se fecharam novamente, e junto uma lagrima caiu... 

- NÃO! - gritei.

Ele adormeceu em um sono profundo do qual nunca mais iria acorda, e eu? Perdi a minha vida.

Um dia havia se passado desde que Eric se foi, e hoje seria o enterro. Não sabia se queria ir, se aguentaria vê-lo como estatua em um cachão. Para mim, ficaria ali no meu quarto trancada, encostada na parede com as fotos que ele tiro de mim. Olho para a janela, e me lembro da vez em que ele apareceu ali do nada em uma madrugada. Começo a chorar, coloco a cabeça entre o joelho.

Escuto um barulho vindo da janela, como uma batida. Levanto rapidamente minha cabeça, e corro para lá.

- Eric? - abro a janela com uma esperança... 

Mas era tudo em vão, não era o Eric, e sim sua irmã.

- Me desculpe. Porém, enquanto arrumava as coisas do Eric do hospital... encontrei isso na gaveta. - Ela mostra um caderninho preto -, és o diário dele, acho que deveria ler.  

Olho aquele caderno preto, e meu coração se contorce. Volto para o meu quanto, e lá fico.

- Bom... vou deixar ele aqui, caso queira ler. - disse e coloco o caderno na escrivaninha e saiu. 

Fiquei um bom tempo encarando aquela caderno, quando finalmente decidi pega-lo, não para ler, apenas pega-lo e abraçar. Alguém bate na porta.

- er... precisamos ir. 

Chegando ao lugar do enterro... tudo parecia perdido, porque ali, vendo-o em um caxão, caiu a fixa de que ele nunca mais iria voltar. Nunca mais iria me abraçar, me beijar, dizer que me ama, ou fazer aquelas suas palhaças... corri em direção ao caxão e me ajoelhei, peguei em sua mão gélida, e me desmoronei em lagrimas.  

- Você é cruel... me prometeu que estaria aqui, comigo sempre. Cadê você agora?! - disse entre o choro - Porque me deixo aqui sozinha? Porque levo meu coração junto contigo? Eu te amo tanto... eu não sei se consigo sozinha. 

E lá fiquei chorando, até que ele fosse enterrado segurei sua mão. Eu queria tanto ir com ele, pois não tinha mais nenhum motivo pra viver, nenhum. Deus levo mais me importava, ele simplesmente levo o meu mundo. Então, porque não me leva também? Prefiro isso, do que continuar a sentir essa dor. 

De noite eu não conseguia dormi, segurava o caderno dele, o cheiro dele estava naquele simples caderno preto. Eu o abraçava com toda a minha força, como se assim a dor que sentia pudesse passar para aquelas folhas. 

Levantei-me da cama, e fui para o quarto do meu irmão. Ele dormia, então apenas me sentei no pé de sua cama. Depois de alguns minutos ele acordo.

- Hei, o que está fazendo ai?

- Não consigo dormi... 

- Venha cá. 

Então deitei-me junto com ele. Ele olho para o caderno e pergunto.

- Já leu?

Apenas balancei a cabeça negativamente. E então, ele dormiu, mas eu ainda não conseguia nem piscar o olho. 

Minha mente ia e vinha do passado até esse dia, e assim foi a noite inteira. Quando o sol finalmente nasceu, eu sai.

Fui para a ponte perto de minha casa, que havia um rio embaixo. Eric me lembrava um rio, sempre indo para frente, e me deixando para trás. Ainda segurando seu caderno, subi na beira..

- Você não irá me deixar para trás agora! - falei olhando para o céu. 

Então, iria pular... quando um vento forte me empurra para trás, jogando o caderno no chão aberto. E lá havia uma carta, escrito meu nome. A peguei.

"Olá meu amor, com certeza você deve estar chorando agora, você é uma chorona isso sim. Mas sorria, sempre amei seu sorriso; sorria para a vida que você terá, para tudo que passamos, por tudo que fizemos juntos, até paras as coisas ruins. Mas jamais deixe de sorrir. 

Eu sei que não cumpri com a minha promessa, que estaria ai contigo sempre. Mas posso não estar ai, mas sempre estarei de olho em você, de cada passo... e de cada respiração (...) Olha, imagine que eu sou o céu, então sempre estarei com você aonde estiver. Serei só seu céu (...) Bom, vamos lá, já sorriu? Sorri agora, ouviu mocinha? E não se atreve tirar ele de seu rosto! 

Pequena, vou espera-la aqui na minha nova casa, pode demorar o tempo que quiser, terei a eternidade pra isso. Mas a cima de tudo, obrigado por viver minha vida ao seu lado. Eu te amo, como sempre amei.

Ps: Desculpe, mas não poderei acorda-la pela manhã. 

                De: Eric. " 

Abracei a carta, olhei para o céu e sorri. 

Já se passaram 6 anos desde que Eric partiu. E eu? estou feliz, sempre sorrio, e até hoje sou apaixonada pelo o céu.