Bloody Bones escrita por Bea


Capítulo 3
Capítulo 3




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- Homem. Entre 35 e 40 anos. – Disse Brennan ajoelhando-se ao lado do corpo.

- Há quanto tempo? – Questiona Booth.

- Presumo uns dois meses – Hodgins ergueu um verme contra a luz – Tenho que analisar.

- Talvez Hacker esteja com razão – Ela tirou as luvas e se levantou.

- Não tire conclusões precipitadas – Booth fez algumas anotações em um bloco enquanto falava – Mas confesso, parece ser o professor que o Hacker falou.

- Eu não estava falando disso.

Os dois se encararam seriamente. Agora ambos estavam conectados com o mesmo pensamento. Andrew Hacker, chefe de Booth, tinha falado que eles não poderiam trabalhar juntos, já que tinham assumido o relacionamento. Se um dia tivessem que parar de trabalhar juntos, não seria por isso. Existia outro motivo, e era primordial. Hodgins notou uma mudança no clima. Pôs alguns vermes num potinho e depois fez o mesmo com terra e outras coisas que poderiam ser significativas futuramente. Levantou-se e foi saindo. Hodgins passou por um cara que era visivelmente do FBI e que lhe pareceu familiar. Wendell vinha em sua direção.

- Vou ver se a Dra. Brennan precisa de mim.

- Algo não está bom, não vai.

- Muito feio o corpo?

- Não. Parece que o chefe do Booth decidiu algo e os dois não gostaram.

Wendell lançou um olhar pensativo para onde Brennan estava. O cara do FBI estava quase chegando lá.

- Quem é aquele?

Booth estava confuso. Sentia-se na forca. Parte de si não queria se afastar do trabalho. A outra parte sabia que não era seguro ele continuar no FBI.

- Isso vai passar – Foi o que consegui falar.

- Então é melhor tirarem esse corpo daí.

Booth não precisou olhar para ver quem tinha falado, mas foi impossível não olhar, já que Brennan olhou de imediato. Ele não queria acreditar. A saliva tornou-se doce e profundamente agradável em sua boca, fazendo Booth prender a respiração. Foi Brennan quem falou primeiro.

- Sully?

Os anos foram agradáveis para o Agente Sullivan, do FBI. Suas bochechas estavam vermelhas, mas provavelmente seria uma herança do tempo que passou na América Central. Ele sorriu, como se tivesse afeto por Booth e Brennan.

- Bren! Como está? E você Booth? – Ele fez a menção de apertar a mão de Booth, que prendeu a respiração fortemente enquanto trocava um aperto rápido – Lamento as más notícias, mas treinar rangers foi o que você sempre sonhou não é?

- Eu estou bem aqui no FBI.

- É, ele está. – Completou Brennan mirando Sully com certa raiva – E do que está falando?

- Ah não... Não falaram para vocês?

- Falaram o quê?

Brennan e Booth estavam deixando Sully confuso. A notícia que os dois estavam juntos se espalhou de um modo tão rápido quanto fofoca em High School. Mal chegara ao FBI e a recepcionista já lhe contou, decepcionada, que Seeley Booth tinha praticamente casado com uma mulher que trabalhava com gente morta. Sully não precisou pensar duas vezes em Temperance Brennan, antropóloga forence do Instituto Jeffersonian, com quem teve um relacionamento pouco antes de se aventurar aos sete mares.

Sully havia convidado Brennan para ir com ele, mas ela ficou. Desde sempre ele soube de Booth, estava estampado na cara dos dois. Seria que os dois já estavam juntos desde sempre? Era quase impossível acreditar no contrário. Não importava mais. Brennan era uma batalha perdida. Uma guerra, na verdade, afinal, a notícia de que Andrew Hacker também tentara conquistar chegara aos seus ouvidos com rapidez. Sem contar nas mulheres latinas. Em sua opinião, a beleza delas compensaria todo o intelectual e cultural dessa disputada antropóloga forense. Por isso ficava realmente feliz e triste com isso. Feliz, pois não possuía nenhum ressentimento com os dois. Triste, pois também soube que teriam que parar de trabalhar juntos. Seria ele quem substituirá o colega.

O que mais o deixava triste era o fato de que soubera do tumor cerebral de Booth e agora o tumor começara a se manifestar novamente, afetando o psicológico. Não soubera o que mudara, mas parecia ter acabado de descobrir.

- É que bem, todos já sabem do relacionamento de vocês... – Ele começou sem sabe como falar – e Hacker vai afastar Booth, e vai por um substituto.

- E o substituto é você? – Booth falou com ironia, sem um pingo de humor, apenas o negro.

- Não! – Brennan levantou-se e se pôs à frente de Booth, como se o protegesse – Nem fala nada, você não vai parar de trabalhar com isso só porque estamos juntos!

- Mas não é só isso. – Sully estava a começando a ficar com medo dos dois – Sweets... Ele... Ele disse que o tumor do...

- VÁ PARA INFERNO COM O SWEETS! – Booth explodiu.

Nesse momento Sully não tinha dúvidas da competência de Lance Sweets para diagnosticar algum paciente.

Brennan estava a um segundo de atacar Sully. Toda a consideração que tinha por ele estava se perdendo. A única coisa que a segurava era que ela teria que segurar Booth, senão ele faria o que ela mais queria nesse momento: matar Sully. As imagens começaram a ficar com cor diferente, apenas as cores quentes de destacavam em tudo. Depois de um minuto, Brennan percebeu que não eram as cores quentes que se destacavam, eram as coisas quentes.

Temos que sair daqui. Pensou. Booth pensou o mesmo, pois se virou e saiu, deixando Sully para trás. Ela o acompanhou, iam para o carro. Ele entrou pela porta do motorista e ela pela porta do passageiro.

- Quase o matei.

- Não foi o único…

- Do que ele estava falando? Ele sabe de nós? Do que somos? Sweets contou para ele?

- A probabilidade de ele saber, creio ser pouca. E também não sei o que tudo isso significa... Eu não queria o sangue dele...

- ...queria matá-lo – Concluiu Booth. Era a mesma sensação para ele.

Desde a noite da casa amarela, começou a ser construída uma nova perspectiva. Era como acordar de manhã e não achar sua Máscara de Veneza. Era como acordar do pesadelo, mas continua nele. Aqueles pesadelos inacreditáveis, mas que as pessoas gostam de tê-los, pois existem três opções: vira-se um herói; alguém que se gosta muita chega para salvar; ou se morre. A perspectiva de morte há muito não era tão bem vinda... Entregar-se a uma colisão, a uma mão assassina... Mas essa perspectiva estava totalmente perdida. Agora o máximo que eles conseguem é ver a morte pelo ângulo reverso, sendo a própria morte. Sim, eles são o que existe de mais próximo da morte nesse mundo.

A ida até o escritório de Sweets pareceu uma eternidade. Os vinte minutos foram repletos de chamadas do celular ignoradas, pensamentos confusos, suposições apavorantes, enfim, tudo que o casal não precisava. Brennan já conseguia ver as coisas na tonalidade original, mas ainda assim falou nada há Booth. Cada minuto parecia mais próximo do fim.

Tudo acontecia automaticamente. Booth freia na sinaleira, Brennan olha o relógio a cada dez segundos. Booth estaciona na vaga de sempre. Brennan toma a frente indo, mais uma vez automaticamente, até o conhecido escritório de Sweets. A entrada dos dois no escritório pôs o automático no off.

Sweets já esperava a visita de Brennan e Booth. Estava tentando preparar um discurso que justificasse o motivo que o fez afastar Booth do FBI. Não era por nada, o motivo era meio óbvio, mas ele se sentia na obrigação de explicar.

O psicólogo não ouviu os dois chegando, mas não teve como ignorar o momento em que eles entraram em seu escritório.

- O QUE VOCÊ TEM NA CABEÇA?

Booth ignorou tudo que pudesse barrá-lo e empurrou Sweets contra a parede. Brennan veio atrás, fechou a portatentou e depois as persianas. Sweets escapar das mãos de Booth, mas nada adiantou.

- Do que você... Me solte!

- Solta ele Seeley!

Ele o soltou ao pedido de Brennan.

- Que diabos você estava pensando ao nos tirar do trabalho? Ou melhor, me tirar! Acha que vou deixar Bones? Nunca que Temperance vai trabarlhar com o Sully!

- Acalme-se Booth. – Tentou Brennan.

- TEM NOÇÃO DO PERIGO! – Booth o punho na mesa ignorando totalmente a fala de Brennan.

- Isso é uma ameaça, Agente Booth? – Questionou Sweets – Como quer que eu faça você trabalhar com pessoas se você as trata assim? E pensa que é um vampiro!

- Nós somos, Sweets.

- Dra. Brennan, não me leve a mal, mas essas coisas não existem.

Essa foi a vez de Brennan de irritar. Ele ainda não acreditava. Ela o golpeou com o punho, acertando o nariz. O sangue começou a correr imediatamente. Booth gargalhou e sentou-se na cadeira de Sweets.

- Olha esse sangue... – Brennan o acompanhou na risada enquanto tocava o sangue com aponta dos dedos levando depois aos lábios – Não é nada apetitoso para mim...

- E o cheiro Bones? É o mesmo do que terra para os humanos... Totalmente desprezível.

- Seu sangue é insignificante Sweets. Eu não teria pena de desperdiçá-lo. – Brennan lambeu o resto de sangue em seus dedos – E você Seeley?

- Eu não. Principalmente se isso fará quem que eu continua a trabalhar com você. – Booth levantou-se e Sweets se encostou na parede – Eu só não faço questão de tomar seu sangue, Sweets.

- O que é isso? Uma ameaça?

- Sim. – Booth cruzou os braços e olhou para Brennan.

- Não, não, vocês dois precisam ser tratados!

- Eu sujo a minha mão com o seu sangue imundo e sou eu quem precisa de tratamento? EU ODEIO A SUA PSICOLOGIA! DEIXE SEELEY NO FBI!

Booth se irritou e empurrou Sweets ainda mais contra a parede. Tenho que ser breve. Ele pensou.

- Ou você deixa eu trabalhar ou eu JURO que te mato. Eu JURO que vai sobrar nada desse seu sangue seco em seu corpo. Eu JURO que vai ser Dayse quem vai achar seu corpo. E eu juro, ouviu? Eu JURO que não vou ser preso por isso.

Brennan não o impediu de nada, pelo contrário, ficou ao lado de Booth, dando apoio. Sweets tremia agora. Booth estava completamente desequilibrado. O medo de Sweets fazia Brennan feliz, e ela ficou um pouco tensa ao perceber isso. Tenho que ser breve. Ela pensou. Fechou as persianas  trancou a porta. Abaixou a gola do casaco..

- Prove para ele o que somos, Seeley.

Booth se animou com a perspectiva e soltou Sweets, que caiu no chão e passou a observar Booth morder o pescoço de Brennan e tomar seu sangue. Agora Sweets acreditava nos dois.

Sweets queria desmaiar. Nunca quisera algo tão estranho. Queria desaparecer dali. Se fosse para presenciar aquilo, preferia não estar com os olhos abertos, mas era inevitável. Booth mordia o pescoço de Brennan como se vida dele dependesse disso. Ou se a vida dela dependesse disso. Brennan deliciava-se, sorria, ria, sua respiração tinha acelerado, suas mãos seguravam a cabeça de Booth contra seu pescoço. Sweets podia ver Brennan ficar mais pálida, não sabia o que aquilo poderia significar. Ele queria morrer. Mas antes de morrer queria desmaiar, seria insuportável presenciar sua própria morte. Era a primeira vez que pensava na morte desse modo.

- PAREM! – Gritou.

Booth pareceu finalmente ter tirado os dentes do pescoço de Brennan. Deu um beijo demorado ali. Levantou o rosto para Sweets e passou a língua pelos lábios, acabando com qualquer vestígio de sangue. Brennan gargalhou feliz.

- Acredita em nós?

Sweets não sabia o que dizer. Claro que ele acreditava! Mas não fazia o menor sentido. Era simplesmente impossível. O psicólogo concordou com a cabeça, ligeiro.

- Não é por nada, mas como vocês conseguem se controlar?

Brennan andou devagar até Sweets e se abaixou, ficando na altura dele, sendo que ele ainda estava sentado no chão.

- Deixe eu te contar eu segredo. Nós não conseguimos...

Booth sentia-se anormalmente contente. Não só por ter se deliciado com o pânico de Sweets, mas pela generosa dose que tomou do sangue de Brennan. Estava deitado no sofá brincando com sua gravata como se fosse uma criança. Não tinha mais raiva do psicólogo, e talvez até sentia um pouco de pena dele... Mas nada podia justificar o fato de ele querer tirar Booth do ramo de homicídios.

- Agora não é mais um caso do que eu penso – Disse Sweets sentando em sua poltrona. Demorou meia hora para ele voltar ao normal – Vocês se acham em condições em trabalhar? Vão querer “mostrar” para todos?

- Não vou deixar o Jeffersonian.

- Dra. Brennan. Você está aqui sentada na minha frente e provavelmente querendo tomar meu sangue...

- Não ela quer – Disse Booth, seguido de uma risada – Acredite em mim.

- Mas eu quero o sangue de Booth.

- De qual quer modo. Você quer sangue. Como é sua relação com Angela, ou Hodgins?

- Eu trabalho com os ossos. Sinto-me melhor com eles.

- E você Booth?

- Trabalho com pessoas – Sentou-se – Sinto-me melhor com elas. Vamos lá Sweets, qual é o problema?

- Como em tudo, vocês são uma espécie de dois pólos que são opostos, um fica melhor com pessoas, e outro com objetos.

- Não necessariamente. – Tentou se defender Brennan – Eu me sinto bem com qualquer pessoa que eu não conheça.

- E eu que conheça.

- Nossa, isso muda muito. – Ironizou Sweets – Ainda temos uma bipolaridade.

- O que você quer que nós façamos?

- Parem de trabalhar.

- Sweets...

- Férias, não é tão ruim, uh? Nem precisam sair de Washington, que acham?

- Pensaremos. – Booth se levanta – Deixei Parker no Jeffersonian, tenho que buscar ele. Vem comigo Bones?

- Claro.


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