Bloody Bones escrita por Bea


Capítulo 2
Capítulo 2




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O dia estava muito claro, mas isso não impossibilitava que Booth saísse com Parker ao Royal Diner em seu final de semana com a guarda do filho. Parker notou certa diferença em seu pai. Talvez não exatamente pelo falo de seu pai ser vampiro, mas que ele tinha assumido seu relacionamento com a Dra. Dos-Ossos-De-Pessoas-Mortas. Não tinha visto ela com seu pai, mas ele contara que “às vezes não podemos evitar o inevitável”. Bem, o importante é que ela tinha uma piscina em seu apartamento.

- Você vai morar com ela, pai?

- Não.

- Ainda posso usar a piscina dela?

- Pode.

- Onde está ela?

- No Jeffersonian, Parker.

Dra.Brennan não mudara muito depois do acontecido na casa amarela. Seu distanciamento e frieza eram os mesmos. Porém, era Brennan quem tinha mais dificuldade em se adaptar à nova vida. Angela Montenegro, sua melhor amiga, foi a primeira a perceber que algo mudara no momento em que Brennan pisou no Jeffersonian. Angela fez um palpite, que por um lado estava certo e por outro totalmente errado.

- Oficializou com o Booth?

- Não preciso oficializar nada a ninguém, minha mãe já morreu, meu pai está preso e meu irmão também. Não preciso contatar ninguém sobre com quem eu saio ou não.

- Eu só perguntei se era com o Booth.

- É.

Brennan foi para sua sala o mais rápido que pode, deixando Angela olhando surpresa para onde Brennan tinha saído. Na realidade, a doutora precisava de um lugar sem pessoas vivas. O sangue de Angela circulava em suas veias com uma intensidade tão grande e chegava a ser apetitoso.

Booth estava angustiado no Royal Diner. Todas aquelas pessoas entrando e saindo, comento e bebendo... Seus olhos seguiam-nas, pois tinham a pulsação acelerada e isso aguçava seu apetite. Todos naquele estabelecimento pareciam chamar ele. Todos, menos Parker. Por esse motivo Booth tentava se concentrar ao máximo em sua conversa com seu filho, pois quando sua atenção era total em seu filho, mais humano Booth ficava. A saudade de ser um humano era imensa, chegava a ser desesperador.

- Pai?

- Uh? – Booth desviou o olhar da porta para seu filho – Desculpe, dormi pouco na noite passada... Desculpe mesmo.

- Eu estava falando – Continuou Parker sem prestar atenção no que seu pai falou – Que eu tenho que conversar com a Dra.Dos-Ossos-De-Pessoas-Mortas para aprová-la.

- Dra. Dos-Ossos-do quê?

- Pessoas-mortas, é. – Completou ele – Para aprová-la.

- Aprová-la de quê?

- Ser sua namorada.

- Você avaliou o namorado de sua mãe?

- Sim, e sabe que não aprovei.

- Isso significa que se você não aprovar a Bones eu ainda assim posso ficar com ela?

- Você não faria isso, não é pai?

Booth sorriu para seu filho. Ele era tão novo. Tão inocente, e já entregue a um mundo cheio de mentiras. Seu pai certa vez confirmou ao filho que o Peru ficava na África, só para fazê-lo feliz. Mas agora era diferente. Booth alegava ser normal, mas estava longe de ser. Sentia segurança em estar com o filho, sentia-se protegido por ele. Mas não deveria ser ao contrário?

- Parker, que tal irmos ao Jeffersonian?

- Que bom! – Disse o garoto já de pé – Assim posso conversar com a Dra. Dos-Ossos-De-Pessoas-Mortas.

- Não a chame assim, filho.

- Como chamo?

- Chame-a de Dra. Brennan.

- Pode ser Bones?

- Não.

- Mas você a chama assim.

- Por isso mesmo. Eu já a chamo de Bones.

- Mas muitas pessoas a chamam de Dra. Brennan. Por que eu não posso chamá-la de Dra. Dos-Ossos-De-Pessoas-Mortas?

- Parker...

Silêncio. É tão adorável estar com ossos de muitos e muitos anos e era isso que fazia Brennan esquecer todos seus problemas. Fraturas nas falanges indicavam tortura. Brennan colocou os frágeis ossos em seu lugar e sentou-se. Em tantos anos de estudos, já ouvira valar da espécie que ela mesma pertence atualmente, mas o rastro histórico nunca esteve em suas mãos. Brennan tinha começado analisar novamente todos os ossos do Jeffersoniam. Isso iria exigir hora extra diária por mais ou menos um ano. Mas porque ela queria provar algo que ela tem certeza que existe?

Booth não precisou anunciar sua chegada. Brennan identificou Parker quando ele fez a curva para o laboratório.

- Bones?

- Não podes entrar Booth.

- Quê? Eu sempre venho aqui, qual é o problema?

- Ele não pode entrar – Indicou Parker com os olhos – Sério.

- Eu também já vim aqui Doutora... – Parker pediu ajuda com os olhos para seu pai – Brennan.

- Desculpe Parker, mas não podes ficar aqui. – Brennan evitou olhar o garoto e tirou as luvas – Booth, preciso falar com você.

- E o que você quer que eu faça com o meu filho? Não posso deixá-lo.

- Deixe com Angela, não sei.

- Hoje é sábado.

- Ela está – Brennan fitou Booth seriamente – Tenho certeza.

Parker se aproximou do pai, espantado com Brennan que deu as costas indo para sua sala.

- Pai?

- Fale.

- Não quero que namore ela.

- Você sabe onde é a sala de Angela?

- Sei mas...

- Vá para lá.

- Pai!

Booth empurrou Parker na direção da sala de Angela e foi para a sala de Brennan.

Brennan estava enrolando compulsivamente um de seus livros. Será que estava magoando Booth? Mas por que ela estava preocupara com o que Booth sentia?

- O QUE isso significa?

Não, ele não tinha se magoado. Pior. Estava potencialmente irritado. Booth entrou na sala e bateu a porta forte, fazendo as persianas das paredes balançarem.

- Como você praticamente proíbe meu filho que ficar comigo? Nem é oficialmente nosso dia de trabalho! Você sabe por que eu vim aqui? – Ele se apoiou na mesa de Brennan a olhando nos olhos – Ele queria te ver. Ver a pessoa com quem seu pai divide o tempo. Ver a pessoa que supostamente ama seu pai e que provavelmente terá carinho por ele!

Brennan encolheu-se, totalmente assustada com Booth. Existia uma notável diferença na sede dela, estava minúscula, oculta, como se também estivesse com medo.

- Eu não posso Booth! – Ela se levantou o enfrentado – Eu não consigo ficar perto do Parker, de Hodgins ou de Angela. É impossível! Minha sede é muito grande, e eu não posso atacar eles!

- Isso não é verdade! – Booth gritou batendo o punho na mesa – Eles não são os problemas!

- Sim! – Brennan retrucou também gritando – Eles SÃO os problemas. Booth! Você deveria saber disso! – Ela respirou fundo, voltando-se a acalmar – Você é como eu. Estamos juntos nessa. Eu quero o bem de Parker, porque eu sou a pessoa com quem o seu pai divide o tempo. A pessoa que supostamente ama o seu pai e que provavelmente terá carinho por ele. Estamos juntos nessa. E você se lembra? O que é nosso pertence a nós.

Booth estava surpreso com Brennan. Ela realmente o irritara tentando tirar Parker de si, seu porto seguro. O que ela queria? Que ele simplesmente atacasse qualquer desconhecido ali? Mas depois do que tudo que Brennan lhe disse, começou a analisar a possibilidade de ela estar certa.

- Eu não consigo ficar perto de pessoas que não conheço – Falou baixo. – Se estou com pessoas que conheço, não sinto vontade de atacá-las. E quando Parker está comigo, sou humano novamente.

Booth soltou o ar e sentou-se numa poltrona, fechando os olhos.

- Eu não consigo ficar perto de pessoas que conheço – Citou Brennan sentando no braço da poltrona – Consigo analisar cada batimento, cada gesto. Quanto mais próximo a mim, mais desejo seu sangue.

- Até eu?

Não que ele acreditasse realmente nisso, mas Brennan era sua única aliada nessa história. Poderia ir ao consultório de Sweets, mas não seria a mesma coisa. Essa história estava ficando séria.

- Sim. Não. Talvez. – Ela suspirou com a falta de palavras – Só sei que não dá certo com animais.

- Concordo.

- Peça desculpas à Parker por mim.

- Ele disse que proibiu nosso namoro.

- Sério? – Brennan sorriu para Booth e deslizou para seu colo – Isso torna nosso relacionamento duas vezes mais secreto.

- E quatro vezes mais excitante.

- Concordo.

Os dois riram juntos. Já estavam cansados do que viviam. Brennan temia pelos que conviviam com ela. Booth temia pelos inocentes a quem ele tem sede. Ambos tinham medo do que seriam capazes de fazer e de até quando segurariam a sede. É fácil dizer que nada importa quando tudo é significativo. Naquele momento, onde ela estava sentada no colo de quem evitou por tanto tempo, tudo estava bem. Exclusivamente naquele momento. E dali um segundo? Só com o fato de esse pensamento correr na mente dos dois, já os assustavam

O celular de Booth toca. Ele fecha os olhos sorrindo.

- Temos um assassinato, Bones.

- Como sabe?

- Eu sei.

Ele pegou o celular do bolso ao mesmo tempo em que impedia Brennan de sair de onde estava.

- Booth.

- Mais um pra ti.

- Não é trote dessa vez? Não tenho muitos sábados disponíveis para dispensar assim.

Booth e Brennan conseguiram convencer Andrew Hacker que o FBI fora vítima de um sério complô e que não havia nenhum assassinato na noite dos acontecidos da casa Amarela. O único detalhe é que os policiais do dia estavam desaparecidos. Aquilo talvez vazasse algum dia, mas até lá os dois teriam tempo de sobra para fugirem para a Suíça.

Andrew estava com humor péssimo. Não só pelo “trote” e pelos policiais desaparecidos, mas também pelo fato de Brennan e Booth terem assumido uma relação.

- Será o último caso com sua Cientista Florence.

- Hey! Ela tem nome viu! – Booth botou no viva-voz - É Temperance Brennan.

- Pouco me importo, estamos providenciando uma nova parceira mais competente.

- Eu ouvi isso – Disse Brennan fria.

- Dra. Brennan? – Andrew pareceu inquieto – Não foi o que eu quis dizer.

- Mas foi o que disse Sr. Hacker.

- Depois conversamos sobre isso – Booth direcionou essa frase tanto para o celular quanto para Brennan – Fale-nos sobre o assassinato.

- Falei com a Dra. Saroyan, ela dará detalhes.

- E por que o senhor mesmo não fala?

- Sou uma pessoa ocupada Booth, mesmo aos sábados.

- Realmente, sábados perdidos é uma coisa chata. – Booth acrescentou ironia à sua frase.

- Entrarei em contado.

E desligou.

Booth e Brennan se entreolharam por um instante e depois riram. Por mais que existisse uma pontada de culpa por tudo que tinha acontecido, não podiam evitar rirem da situação em que estavam. Era rir ou chorar.

Brennan foi a primeira a parar de rir, ficou por alguns segundos mexendo na ponta da gravata de Booth, até ele também parar totalmente de rir.

- E se for nosso último caso?

- Não será.

- E se for?

- Não será, Bones. Eles não vão fazer isso. Não há ninguém melhor que você.

- E se eles encaminharem outro agente para trabalhar comigo?

- Eles não vão fazer isso.

- Você não tem o mundo em suas mãos só porque pode matar qualquer um por estar com sede.

- E você não deve ser tão copo meio vazio....

- Eu não sei o que isso significa...

- Copo meio vazio Bones, pessimismo.

- Ah – Ela olhou séria para sua mão que segurava a gravata de Booth – Porque a Dra. Saroyan está demorando?

- Deve pensar que estávamos nos matando, e agora estamos mortos, isso tornaria relacionamento oito vezes mais emocionante.

- É sério.

Brennan começou a se levantar, mas Booth a trouxe de volta. Ela o fuzilou com o olhar e ele apenas sorriu, mas depois cedeu, deixando-a levantar. Ele queria de algum modo uma prova do que ela disse antes, sobre o motivo de estarem juntos nessa história. Saíram os dois pela porta e logo encontraram Dra. Saroyan.

- Ah, estão vivos. – Ela teatrou uma falsa preocupação – Pensei que Booth ia matar você, pelo jeito que passou por aqui.

- Ele não conseguiria.

- Eu não conseguiria. – Booth sorriu com o duplo sentido – Não agora.

Brennan apertou discretamente o braço de Booth. Com certeza Cam aguçou sua sede. Se fosse como ele se sentira no Royal Diner, era potencialmente ruim. Booth abraçou Brennan pela cintura, tentando não chamar muito a atenção de Cam. Brennan pareceu estar agradecida, mas ainda assim respirava em doses pequenas entre intervalos longos. O olfato era a porta principal do salão de festar. Definitivamente eles teriam que procurar uma medida para essa sede o mais rápido possível.

- Okay, chega de papo. O caso é sério. Um corpo foi achado próximo a um camping. Parece ter algo na boca... Diz a Polícia. Chamei Hodgnis e Wendell, eles nos encontrarão no local

- E Angela?

- Estará cuidando de uma certa criança...

- Okay. Encontramos-nos lá.

Cam saiu, e depois foi a vez de Brennan e Booth saírem.


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