Em Busca das Almas Perdidas escrita por vivaopato


Capítulo 12
Eu disse Aurora, não Apolo!


Notas iniciais do capítulo

desculpem a demora, por favor não abandonem a fic nem achem que eu a abandonei! eu só estou um desastre! sem imaginação nenhuma! bom, taí! beijos!



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                Mal o sátiro assumiu sua forma verdadeira, ele tirou sabe-se lá de onde uma espécie de clava. Era um pedaço largo de madeira com três grossos espinhos de ferro na ponta. Aquilo, com certeza machucaria feio se encostasse na gente. Ele levantou a clava, e nós continuamos parados, em puro choque. Então, tão de repente quanto tinha aparecido, ele virou pó.

                Falando sério, o sátiro virou pó, pó do tipo monstro-quando-morre. Então eu olhei para os lados. Luke e Thalia continuavam pasmos, parados. Olhei para o outro lado. Ally estava tossindo, com uma faca longa na mão. E não era a faca de Annabeth. Era feita de ferro estígio, o cabo incrustado de pedras brilhantes cor-de-rosa. Na base da lâmina, havia um cordão de couro branco, e, como um pingente, havia uma pequenina carruagem de dois cavalos, feita de uma espécie de pedra rosa.

                Thalia e Luke se viraram para olhar, e Ally parou de tossir. Ela se endireitou e corou quando percebeu que nossas atenções estavam voltadas para ela e perguntou:

                - O quê?

                - O quê? – Thalia repetiu, incrédula. – O quê? Você matou o sátiro!

                - Ele ia nos matar! – Ally se defendeu.

                - Não é isso, Ally! É só que... de onde você tirou essa faca? – Luke perguntou.

                Então ela fez algo muito estranho. Ela tirou o cordão da base da lâmina e quando ele desencostou da faca, a faca sumiu, e Ally pôs o cordão no pulso, como uma pulseira. De repente eu percebi que ela já estava com aquilo antes.

                - Eu... eu não sei. – ela reclamou confusa. – Eu sempre tive esse cordão, e agora eu só senti que devia tirá-lo do pulso e aí, a faca apareceu.

                - É um presente da sua mãe. – eu disse.

                Ela me olhou confusa, então continuei:

                - Esse tipo de arma mágica só pode ser feita pelos deuses. Nenhum outro que não fosse sua mãe iria querer te presentear. Sem ofensa. – acrescentei quando ela levantou uma sobrancelha para mim, seus olhos brilhando num tom claro de rosa.

                Ela abriu a boca para falar, mas tornou a fechar quando a porta do elevador se abriu, e Thalia a empurrou para fora. Nós saímos e um casal loiro entrou, sorrindo bobamente um para o outro. Thalia revirou os olhos para eles, e eu a imitei. Blérgh!

                Dessa vez, não fui eu quem fez o check-out. Foi Thalia. Ela apoiou os braços no balcão e pediu para mim o cartão. Eu entreguei e me sentei numa das poltronas, com Ally ao meu lado. Pouco depois, apareceu um cara no uniforme ridículo do hotel, segurando quatro coleiras. Pelas coleiras, vinham os nossos pégasos.

                Ok, me desculpem, mas eu tenho que descrever a cena. Imaginem aí, um cara de chapeuzinho vermelho. Agora imaginem ele segurando quatro guias. E vindo pelas guias, estavam quatro cachorros. Uma Cocker Spaniel ruivinha de olhos verdes e laços da mesma cor nas orelhas, que eu reconheci como Mors; um buldogue completamente branco, que eu imaginei ser Guido; um daqueles salsichinhas preto, obviamente Blackjack; e um poodle branco, Porkpie. Conseguiram? Ok, agora imaginem que os quatro “cachorros” estão tremeluzindo entre cachorros e pégasos gloriosos. Então imaginem que eles estão lutando para se soltar da coleira. É, pois é.

                Essa era a situação. Nós quatro fomos até o cara desajeitado e pegamos cada um, o seu pégaso. Thalia sorriu para Guido. Ally riu quando viu que Blackjack era um salsichinha e o pegou no colo, fazendo carinho na sua cabeça. Eu me agachei e murmurei mentalmente para Mors:

                Oi, Mors. Senti sua falta. Ei, sua raça é a menos humilhante, hã?

                Claro, Nico. Senti sua falta também, pequeno.

                Ei! Pequena é você! Eu tenho que me abaixar para falar com você!

                Ela riu e eu também.

                Luke fez carinho em Porkpie. Thalia agradeceu e nós saímos do hotel. Assim que pusemos os pés na calçada, os “cachorros” voltaram a ser pégasos, e eu agradeci por a rua estar vazia, porque seria bem estranho as pessoas nos verem montando cãezinhos.

                Escutei a risada de Mors em minha mente. Nós montamos e eles decolaram. A visão era espetacular, com certeza. Quatro pégasos majestosos, voando lado a lado em meio às nuvens. Fantástico. 

                Thalia estava de olhos fechados bem apertados, e murmurava algo, como uma prece. Luke estava à minha esquerda, e à minha direita estava Ally, que estava ao lado de Thalia. Luke olhou para Thalia e começou a levar Porkpie para o lado dela. Oh-oh. Eu fui mais rápido. Mandei Mors ir para o lado livre de Thalia rapidamente.

                Eu praticamente atropelei Porkpie, e Luke me olhou zangado. Eu o encarei com cara de ‘é melhor não!’ e continuei ao lado dela. Luke foi para o lado de Ally. E me olhou presunçoso. Eu o encarei como se ele fosse louco. Ally começara a observar nossa batalha de olhares e riu, forçando Blackjack a empurrar Mors até que eu saísse do lado de Thalia, e ficasse do seu lado.

                Luke a olhou grato e foi para o lado de Thalia, e me deu língua. Eu revirei os olhos e ouvi a risada de Ally ao meu lado. Encarei-a e ela me mandou um olhar do tipo: ‘deixa eles’.  eu fui mais para o lado dela e perguntei:

                - Ally, você sabia que Thalia é uma caçadora?

                - Hã... não... por que? – ela me olhou confusa e eu me perdi por um segundo olhando seus olhos rosa choque.

                - Porque isso significa que ela não pode se envolver com homens. – respondi.

                - E daí?

                - Daí que Luke é apaixonado por ela, Ally. E ela também tem uma queda por ele. – expliquei zangado.

                Ela pareceu refletir um pouco. O vento fazia seus cabelos se agitarem. Então ela disse:

                - Desculpe. – falou.

                - E para piorar, há uma profecia. – disse.

                - Como assim? – ela perguntou.

                Recitei para ela a profecia e ela se calou. Então disse:

                - Isso é mau.

                Eu concordei. E voltei a olhar para frente, atento a Luke e Thalia.

Já eram três da tarde quando a minha barriga roncou tão alto que até Thalia abriu os olhos. Descemos em uma estrada vazia. À esquerda, havia um restaurante arrumado. Nós estávamos desastrosos, mas entramos mesmo assim.

Assim que entramos, um maitrè de terno veio nos receber.

- Mesa para quatro? – ele perguntou.

- Sim, obrigada. – Thalia respondeu sorrindo para ele.

Ele nos levou para uma mesa afastada e nós nos sentamos. Ele pôs um cardápio para cada um de nós. O maitrè levou os pégasos para algum lugar. Eu não consegui ler o nome do restaurante, mas abri o cardápio. Logo reconheci a “especialidade culinária”. Comida italiana. Eu comecei a rir.

Os três me olharam como se eu fosse louco. Eu ri mais ainda. Então, muito lentamente, eu fui me acalmando e Luke perguntou se eu estava bem. Eu assenti. Uma garçonete chegou e sorriu sensualmente para Luke, perguntando se já queríamos fazer nosso pedido. Luke corou. Thalia disse grosseiramente:

- Sim, por favor. Eu quero um Espaguete à Camarão. – ela olhou para nós e eu pedi um risoto de alguma coisa lá, que eu não consegui ler direito, mas pela foto parecia bom.

Ally e Luke pediram uma lasanha à bolonhesa para dividirem. Eu ri outra vez.

- Do que diabos você tanto ri, garoto? – Thalia perguntou irritada.

- Não sei. – respondi, e era verdade.

Pouco depois, nossos pedidos chegaram e nós comemos, pedimos a conta e saímos. Já estava anoitecendo. Eu sugeri que fôssemos a um hotel.

- Não, senhor. – Thalia disse. – Nós vamos acampar!

Todos a olhamos como se ela tivesse dito que estava indo ao casamento de Poseidon e Atena.

- Por quê? – Ally reclamou.

- Porque sim, e porque se vocês não me obedecerem vão todos ganhar uma passagem só de ida para o Mundo Inferior.

Nos encolhemos de leve diante da ameaça dela e fomos para uma floresta ali perto. Thalia ia na frente, como se soubesse onde ia, e isso era bem possível. Ela nos fez parar em uma clareira onde a luz da lua era mais forte, e me mandou ver se meu pai tinha posto uma barraca na minha mochila. Eu peguei a barraca de antes e Thalia tirou uma barraca da própria mochila.

Com um pouco de dificuldade, nós conseguimos armá-las. Thalia disse:

- Luke e Nico, vocês vão ficar na de Nico. Eu e Ally na minha. Eu faço a primeira vigia.

- Não! – eu protestei, fazendo as atenções se voltarem para mim. Eu corei de leve e acrescentei:

- Eu faço a primeira vigia!

- Não! Eu quero fazer a primeira vigia! – Thalia reclamou.

- Eu vou fazer a primeira vigia!

- Eu!

- Eu!

- Eu, e ponto final! – Thalia reclamou.

- Eu sou melhor à noite! – disse.

- Mas eu quero fazer!

Ally e Luke nos observavam como em uma partida de tênis. Então Ally veio até nós dois e falou:

- Chega! Façam os dois a primeira vigia!

Eu e Thalia nos fuzilamos com o olhar, mas assentimos. Thalia subiu numa árvore, e eu fiquei na base desta. Ally e Luke entraram nas barracas e os pégasos se acomodaram do outro lado da clareira.

Algum tempo depois, Thalia desceu da árvore.

- O que foi? – perguntei preocupado.

- Nada. – ela retrucou.

Ficamos em silêncio. Então eu perguntei:

- Por que você quis fazer a primeira vigia?

Ela me encarou, seus olhos azuis refletindo o brilho da lua.

- Porque não quero sonhar. – ela respondeu depois de um tempo.

Assenti. Suspirei de leve.

- E você? – ela perguntou.

- Se eu tiver sorte, Ally não vai acordar até amanhã. E eu vou poder... hã... ficar... na minha, digamos assim. – respondi.

- Desculpe por ter interrompido vocês hoje de manhã. – Thalia disse.

- Não precisa se desculpar.

Ela se mexeu desconfortável.

- Então... vocês estão namorando? – perguntou.

Eu a encarei incrédulo.

- O quê? Não! De jeito algum! – falei.

- Ela parece gostar de você. – Thalia me encarou.

- Ah, tá. Claro, ela gosta do filho do deus da morte, o cara estranho de olhos pretos e roupas pretas. – falei irônico.

Thalia me deu um tapa no braço.

- Cale a boca, Nico. O que tem os olhos pretos? – ela perguntou.

- Nada. É só que a maioria dos meio-sangues, e até das pessoas em geral, não tem olhos pretos. Quer dizer, filhos de Zeus têm olhos azuis, de Poseidon, olhos verdes. Ally tem olhos cor-de-rosa. Filhos de Atena, olhos cinza. Entende? Olhos mais claros que os meus, pelo menos. – falei.

Ela pareceu pensar um pouco.

- Isso torna você diferente. Mas eu gosto dos seus olhos, Nico. Eles brilham mais. – ela disse.

Eu ri.

- Brilham mais? – perguntei.

Mesmo estando escuro, eu pude notar que Thalia estava corada.

- É, falando sério! Eles brilham muito! Eu adoro isso!

- Mas não me dá um ar meio maníaco, não? Tipo, os olhos brilhando de pura loucura e crueldade! – falei rindo.

Ela riu também. De repente, estávamos os dois rindo muito. Então ela me empurrou de leve, mas uma corrente elétrica passou pela sua mão, me fazendo levar um choque.

- Ai! – reclamei.

Ela riu e disse:

- Desculpe, foi involuntário.

Eu ri também e toquei no chão, me concentrando. Então, de repente eu ouvi um miado baixinho. Olhei e havia lá um pequeno gatinho preto com olhos tão pretos quanto seu pêlo, que eu havia acabado de evocar. Thalia me olhou maravilhada. Ela pegou o gatinho e pôs no colo, fazendo carinho nele, que ronronou satisfeito.

- Olha, Nico, ele é a sua cara! – Thalia riu.

Eu ri também e evoquei mais um gatinho. Uma fêmea, dessa vez. Ela tinha olhos iguais aos de Thalia e alguns pontos brancos ao redor do focinho, seu pêlo era preto.

- Olha, Thalia, ela é a sua cara! – provoquei.

Ela riu e pôs a gatinha em meu colo.

- Esse é o Nico – ela falou apontando para o que estava em seu colo. – E essa é a Thalia. – ela apontou para o que estava em meu colo.

Nós dois rimos. Nem Ally nem Luke acordaram durante a noite, e nós ignoramos. Eram duas e meia da manhã quando nós nos calamos e os gatinhos dormiram em nossos colos. E eram duas e quarenta quando Thalia dormiu, encostada na árvore, ao meu lado. Sua cabeça caiu em meu ombro. Eu ignorei.

Tentei tirar Nico do colo dela, mas ela estava segurando-o com força. Cocei a cabeça dele e deixei a cabeça pender para trás, na árvore. Olhei para as estrelas. Suspirei pesadamente. Senti meus olhos pesarem. E cedi aos encantos do sono.

Naquela noite, eu tive sonhos confusos. Eu via de relance Thalia e Luke. À minha frente, havia uma figura disforme roxa. Ela se tornou mais nítida e eu reparei que era o Tinky Winky, o Teletubbie. E ele estava com uma serra elétrica e uma máscara do tipo Sexta-Feira 13. Então o Tinky Winky se transformava no sr. D e me dava um cacho de uvas. 

Então eu acordei. Olhei para o lado e Thalia ainda dormia com a cabeça encostada no meu ombro. Nico ainda dormia em seu colo e Thalia dormia no meu. Me mexi de leve e os três acordaram. Thalia se sentou e me olhou. Ela corou de leve e os gatinhos saíram de nossos colos.

- Bom dia. – eu disse.

- Bom dia. – ela murmurou baixinho, se levantando e alisando as roupas. Os gatinhos mordiscaram minha mão.

Eu me levantei também e olhei no meu relógio de pulso. Três e cinqüenta.

- É melhor acordar Luke e Ally. – eu disse.

Ela assentiu e entrou na barraca de Ally. Eu entrei na de Luke. Ele estava jogado de barriga para cima e boca aberta. Ele murmurava coisas sem sentido. Principalmente o nome de Thalia. Sacudi seu ombro e ele abriu os olhos.

- Nico! Hã... – murmurou, coçando os olhos.

Eu ri de leve e falei:

- Vamos, Alminha. Levante. Rápido.

Saí da barraca e encontrei Thalia meio dentro meio fora da barraca de Ally. Ela gritava:

- Ally! Vamos! Agora!

Eu ouvi um murmúrio do lado de dentro. Thalia revirou os olhos e deu um muxoxo. Então gritou:

- Ally, você tem que ver, o Nico está se agarrando com o Luke!

Eu arregalei os olhos e corei.

- Thalia, cala a boca! – eu falei ao mesmo tempo que Luke, que tinha acabado de sair.

Pouco depois, Ally saiu corada e furiosa da barraca dela. Ela estapeou o braço de Thalia e falou:

- Thalia, da próxima vez que você me acordar assim eu... – ela deixou a frase no ar, porque uma luz forte arroxeada brilhou ao nosso lado.

Nós olhamos. E vimos uma carruagem cor de rosa, feita de pedras cor de rosa, como o pingente do cordão de Ally. Era puxada por dois lindos pégasos. Um era prateado e outro dourado. Falando sério, não eram cinza e amarelo não. Eram como se fossem de prata e ouro. Lindos, ainda mais majestosos que os nossos. Talvez não mais que Mors. Os nossos pégasos apareceram atrás de nós e encararam a cena tão pasmos quanto nós.

Então, da carruagem, desceu uma mulher. Ela era belíssima. Quase tão linda quanto Afrodite. Ela tinha longos cabelos dourados, pareciam cascatas de puro ouro. Seus cabelos caíam em cascatas onduladas até o quadril. Ela estava lindamente maquiada, e usava um vestido cor de rosa do estilo grego, com um decote baixo, debruado em ouro. Uma faixa dourada apertava na cintura.

Ela era perfeita. Tinha um sorriso brilhante. Então eu olhei seus olhos. Eram cor de rosa. Iguaizinhos aos de Ally. Ela sorriu para todos nós, mas seu olhar e sorriso se intensificaram quando olhou Ally. Ela tocou no pégaso prateado e disse:

- Olá, semideuses. Olá, Ally, querida. Eu sou Eos, a Aurora.


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Notas finais do capítulo

deixem reviews e me estimulem (existe essa palavra?) a continuar!
beijos!