Quando Felipe Conheceu Johnnie escrita por Zoombie_Misora


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

FINALMENTE!
Mesmo ficando 3 semanas praticamente só estudando não consegui passar em uma das cadeiras ç.ç
MAS eu tenho a vida toda pra fazê-la, então nem to ligando
Bom, eu espero que gostem
eu me puxei!



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Johnnie entrou no ônibus e suspirou ao perceber que mais um final de semana estava começando. Monotonia total, afinal Lipe não iria aparecer na capital para dar um passeio.

Estava começando a duvidar do que sentia pelo loiro. Sabia que estava se envolvendo de uma maneira nunca antes feita. Mas não podia deixar de vê-lo ou de apenas, sentir o seu perfume.

Precisava do outro.

Levantou a cabeça por um leve instante, e percebeu uma cabeça de cabelos loiros. Ele estava nos bancos de costas. A curiosidade tomou conta do moreno, que foi até o fim do transporte.

Os traços afeminados, a pele branca e os olhos incrivelmente verdes chamaram a sua atenção. Seria Lipe? Mas o seu cabelo parecia tão loiro! Era como se ele tivesse descolorido os fios de cevada...

Uma menina estava do seu lado. Quando o moreno passou por ambos, escutou a voz masculina dizer:

-Não amor, eu quero que tu venha comigo. –Ele disse suavemente. –Ele precisa te conhecer. Vai ficar feliz de saber que estamos namorando.

Nem é preciso dizer que o moreno quase morreu ao escutar tais palavras. Ele se virou para encarar o menino e não podia acreditar que era Felipe!

-Eu não achei que ia te ver... –Disse o moreno quase cego de nervosismo.

-A gente se conhece? –Perguntou o menino.

-Lipe? –Perguntou o moreno.

-Meu nome é Lucas. –Disse o loiro com uma cara de estranhado. –Deve ser amigo do meu primo, o Felipe. É normal, me confundirem com ele.

-Ufa... –Disse o moreno com um suspiro. –Desculpa, me confundi.

Johnnie voltou para mais perto do cobrador e sentou. Seu coração bateu lhe avisando de algo. Pegou o celular e sem demora, mandou uma mensagem para o loirinho. Estava com saudade, apenas disse que estava querendo se encontrar no outro final de semana.

Duas semanas sem vê-lo após aquele beijo era suícido.

Uma Semana Depois

Casa do Nando

O moreno terminava de se maquiar no espelho e sorriu com o resultado. Viu que Felipe tremia sem parar. Seria a primeira festa que ele ia com Johnnie, o loirinho deveria estar uma pilha mesmo.

-Pra que se encher de pó? –Perguntou o pequeno japinha que se espichava para se ver no espelho. –Vocês são bonitos naturalmente...

-Ah... Bebê... –Disse o moreno apertando uma bochecha do japonês. –Tu consegue ser tão fofinho.

-Não acho que vou conseguir ficar bonito. –Disse Lipe sorrindo sem jeito. –To com uma espinha enorme na testa.

-E desde quando o Johnnie liga pra espinha? Desde que não esteja perto da boca, tá valendo. –Disse Nando rindo do amigo corado. –Não é Zuhi?

-Concordo. –Disse o japinha com um sorriso. –Vou arrumar alguém pra mim ne? Num quero mais segurar vela...

-Não se preocupa! –Disse Nando sorrindo. –Vai arrumar alguém pra você pequeno. E Lipe... Tu tá lindo, nem se preocupa.

O loiro sorriu. Corou um pouco e resolveu sair do banheiro. Foi para a sala e viu Kazuhiro brigando pelo controle com o melhor amigo, Pedro, mas conhecido como Metaleiro.

O ruivo de cabelos fogo, sorriso cativante e olhos castanhos escuros como o breu. Os quase cachos lhe caíam abaixo dos ombros e deixavam a pele pálida mais esbranquiçada ainda.

Um corpo de apenas 1,59 que não tem espaço nem para o talento na bateria que possui, ou para o ego enorme que carrega. Apesar disso, é uma boa pessoa, apesar de ter fama de esquentadinho e briguento.

-Tu não tem o direito de pegar o controle! –Dizia o japinha no colo do outro. –Pedro!!!

-Perdeu japa! –Falou o ruivo deitando o corpo por cima do outro. –Já era!

Saiu correndo num piscar de olhos e deixou o japa para trás. Esses dois nunca iriam agir como pessoas normais, não importa onde estavam, o ruivo sempre chamava a atenção do outro. Era como um vício.

Uma buzina ecoou. Era o Impala de Johnnie, chamando Lipe lentamente para a porta. Aquele friozinho na barriga já começava, o moreno estava longe, mas ele podia sentir a sua presença.

Era isso que o loiro procurava. Não um homem que ficasse ao seu lado e só soubesse beijá-lo, mesmo que muito bem. Também não se sentia atraído somente por beleza ou ganância.

Ele teria algo a mais, que o fizesse se destacar dor outros. Sempre estaria ali. Não seria necessário um beijo ardente para saber o quanto o fogo os queimava por dentro.

Somente um braço em volta de seu corpo. Um braço protetor e aconchegante, acompanhado de um ombro que segurasse seus momentos de dor e, para completar, um coração que batesse não só para seu próprio bem, mas pelo outro.

Felipe chegou à conclusão que precisava de um romântico. E estava torcendo para encontrá-lo em Johnnie.

-Vai atender? –Perguntou Nando tirando o loiro do transe. –Vamos, amore, temos uma festa pra curtir!

Sem mais delongas, Lipe abriu a porta e viu o seu moreno ao lado do carro. Foi até o mais alto, sorriu sem graça e fechou os olhos, depositando um leve selinho nos lábios do outro.

Johnnie não esperava o contato tão repentino do outro, quando se tocou do beijo, o loiro já se esquivava para um abraço. Seus corações entraram numa sinfonia. Um suspiro do loiro foi escutado.

-Estou tão feliz de te ver. Senti sua falta... –Disse docemente o menor, corando.

-Aé... –Disse o moreno com um sorriso bobo. –Acho que alguém está gostando de mim...

-Vamos? –Perguntou Nando. –Estou com medo de deixar o meu namorado lá.

Os dois amantes se riram. Entraram no carro e todos foram para uma casa de festas não muito longe do bar do pai do moreno. Era um lugar bem agitado e que sempre havia um motivo para se dançar.

Era uma festa de música pop. Dudu estava esperando no bar quando a trupe chegou. As luzes rosa iluminavam as garrafas enquanto as bartenders misturavam as vodkas com sucos ou o limão com gelo.

-Nós vamos dançar um pouco! –Disse Nando pegando Dudu e sumindo.

Felipe sentou em um das mesas que havia perto dali e esperou o moreno aparecer com um copo de capiroska. O loirinho tomou um gole e ficou meio decepcionado com o sabor. Preferia mil vezes o drink que o moreno o preparou no show.

-Gosta de lugares agitados... –Disse o moreno.

-Gosto do clima. –Falou o loiro. –É um ótimo lugar para observar pessoas.

-É.

As mãos se encontraram. Se apertaram. Os sorrisos se formaram. Mais algumas doses na comando do moreno. A distância entre os dois diminuindo. Felipe tinha mais vergonha de ficar perto de Johnnie num lugar onde era ficar com homens, do que num shopping.

É que num lugar como aquele, era normal meninos fazerem coisinhas a mais com meninos, ou seja, era tudo liberado. O loiro já não tinha a certeza de que o outro não iria agarrar o seu corpo e o puxar para um banheiro.

Também não entendia o porquê o seu corpo querer o toque no moreno. Nem percebeu quando estavam dançando na pista. Estavam juntos, porém mexiam os corpos devagar. O cheiro do cigarro e suor misturado ao álcool.

Felipe sentia que era o seu momento junto ao moreno. Os olhos se encontravam de uma vez ou outra e brilhavam com as luzes coloridas. A batida dava ritmo ao romance. Um beijo era trocado.

O moreno sabia que o estado do loirinho não era normal. Mas como resistir aquele rosto corado da bebida? Um jeito inocente de dançar colados e os dedos finos de Felipe tentavam esconder a sua timidez.

Mas no fundo, Johnnie sabia. A curiosidade era maior que isso. O loiro tentava esconder, mas seu beijo era profundo, sua língua o procurava, seus lábios o testavam. Queria ir mais fundo.

-Quer ir pro sofá? –Perguntou o moreno ao perceber que o lugar estava vazio. –Tu parece muito tonto.

-Vodka vagabunda. –Disse o loiro. –Vou no banheiro.

Johnnie deixou seu braço passar pelas costas do menor até que o contato fosse perdido. Estava com medo de deixar o menor ir sozinho ao banheiro, mas iria parecer muito pervertido se dissesse que iria junto.

Percebeu que o pequeno japonês estava sentado não muito longe dali. Ele parecia furioso. O moreno foi até o menor e acariciou os cabelos já molhados de suor.

-O que houve? Porque tá sozinho? –Perguntou ao outro.

-Não consegui comprar nada pra beber. –Respondeu Kazuhiro. –Eles acham que eu tenho 13 anos! Sem contar que o Pedro tá ficando com umas escrotas.

-Ciúmes?

-Nunca! Se eu fosse hétero ia ficar com mais meninas bonitas que as dele. –O japa suspirou.

-Quer que eu compre algo pra ti?

-Um Hi-Fi por favor.

-Tá, espera o Lipe ok?

-Claro.

Lá se foi o moreno, enfrentando pessoas, mãos alheias que surgiam e pessoas que se amassavam pelos cantos. Ele foi todo corajoso e conseguiu chegar no bar inteiro, mesmo sentindo uma mão feminina lhe afofando a bunda quando passava perto da pista.

Pediu um Hi-Fi e uma outra caipiroska. Quando ia sair, viu Michelle se aproximando, abraçando a sua cintura. Ela parecia bêbada.

-Oi Johnnie... –Ela falou sorrindo. –Quer brincar comigo? Do jeito que a gente fazia?

-Não... –Falou o moreno secamente. –Eu já to acompanhado.

-Mas... Podemos brincar do mesmo jeito! –Ela sentou na frente do moreno e segurou suas pernas. –Quer que eu pague um? Tu é tão grande...

-SAÍ DAÍ MICHELLE! –Disse o moreno quase chutando a mulher.

-Johnnie, transa comigo! –A menina estava enchendo o saco. –Ou então, só me beija...

Quando Michelle se aproximou, o moreno se virou ao máximo que pode. Sem escolha para acabar com a teimosia dela, despejou toda a caipiroska na cabeça dela, a deixando atordoada.

-Se enxerga menina. –Ele disse.

Quando ela caiu no chão, acabou vomitando no canto da parede. O moreno saiu de perto, fingindo não conhecer a menina e voltou até onde o japinha estava. Ele ainda estava sozinho.

-O Lipe não voltou ainda? –Perguntou o moreno.

-Não se preocupe. –Disse Kazu pegando o copo. –O Nando entrou no banheiro.

Felipe estava enlouquecido. Jogava água no rosto, sentia-se perdido e seu coração batia rápido. Não era hora para passar mal, não aqui! Nando segurou seus pulsos e sorriu.

-Tu tá muito nervoso! –Disse o moreno. –Não para de tremer. Encara como um encontro normal.

-Tá. –Disse o loirinho respirando fundo. –Eu e ele dançamos... juntos. Eu fiquei tão... envergonhado.

-Nem liga. Seguinte, volta lá e dá um beijo nele...

-Eu acho que to gostando mesmo dele. –O loiro corou. –Eu tenho medo de falar pra ele e acontecer de novo...

-Olha, o que o Rodrigo vez, não foi legal. Mas você não pode ficar assim...

-Eu me apaixonei. E agora não consigo ficar sem ele. Isso é muito ruim?

-Pode acreditar que não.

Johnnie estava na porta e congelou. Seu coração bateu forte com as palavras do outro. Sim, ele estava apaixonado e o moreno também. Era como estar na boca no gol e sem um goleiro.

Era só marcar.

Mas como dizer isso para um homem? Nunca tinha se declarado nem para uma mulher! Suou um pouco ao pensar no assunto. Voltou para a mesa e viu que o japinha estava a beira das lágrimas.

Ele pegou o menor no colo, sentou e embalou o pequeno suavemente.

-Gosta dele não é? Do Pedro. –Disse o moreno alto sorrindo. –Deveria falar pra ele.

-Ele é metaleiro... Não gosta de gays. É hétero. –Disse Kazu quase chorando.

-Façamos um acordo. Eu me declaro e você se declara, ok?

-Nem adianta. –O menino encarou o moreno. –Ele vai ir embora amanhã. Pra São Paulo e eu acho que nunca mais vai voltar.

Nisso, Felipe apareceu. Kazu tratou de sorrir e sair do colo do moreno. O loiro sentou ao lado de Johnnie e deixou que o outro lhe beijasse a bochecha. Corou um pouco e sorriu sem jeito.

Passaram o resto da festa ali. Sentados, sem trocar palavras e somente sentindo a vibração da música na pele um do outro. Johnnie vez questão de deixar a mão segurando a cintura de Felipe, deixando os dedos brincarem com as gordurinhas que ele possuía.

Felipe deitou a cabeça no ombro do moreno e sentiu um gosto na boca. Era um tipo de calor que vinha pelo seu peito e acabava na sua garganta. Precisava tomar mais alguma coisa, aquilo estava querendo tomar conta de si.

A idéia de sentar no colo do moreno e roubar um beijo era tentadora ao som das músicas sensuais. Podia imaginar Johnnie passando a mão pelo seu corpo... Estava começando a se acostumar com a idéia que podia ser desejável...

Isso deixou sua imaginação fluir. Bolava planos pra que, quando fosse a hora certa, jogasse a sua sensualidade e deixasse o outro de queixo caído. E esse momento parecia perfeito.

Johnnie deslizou a mão e a deixou em cima da perna dele. A acariciou com cuidado, não querendo assustar o menino. Mas não teve coragem de continuar. Por dentro daquele corpo e por trás das tatuagens estava em pânico e extremamente excitado com apenas aquele toque.

Nando e Dudu foram embora antes. Parecia que foram pegos quase fazendo perto de uma das escadas do lugar. Kazuhiro e Pedro foram embora com Johnnie e Felipe, que estava mais corado que nunca. Depois de deixar o japinha e o metaleiro em casa, ambos se encararm sem jeito.

-Bom... –Disse Johnnie. –Quer dormir lá em casa?

-Não... –Disse Lipe quase que na mesma hora. –Eu tenho que ir embora, só vim mesmo pela festa.

-Quer dizer que não vou te ver amanhã?

-O Hans precisa de mim. Pode me levar pra rodoviária?

-Claro.

Como já eram seis horas da manhã, já haviam ônibus para Charqueadas. O loiro comprou uma passagem e sentou no banco ao lado do moreno. Ficaram novamente num silêncio, que era muito bom.

Estava conversando sem uma palavra se quer. E estavam se entendendo. Quando chegou a hora do menino embarcar, o moreno se levantou, abraçou o loiro fortemente e selou o canto da boca carnuda dele.

Felipe corou. Apenas sorriu e foi se afastando.

-Lipe, preciso contar uma coisa pra ti... –Disse o moreno.

-Sim? –Disse Lipe.

Ver o seu menino indo embora, quase na porta do ônibus, deixou Johnnie abalado. Era como se nunca mais fosse vê-lo novamente. Engoliu um seco e apenas disse.

-Te cuida. –O moreno queria se matar por dentro.

-Até semana que vem... –Disse o loiro sorrindo. –Tchau... Johnnie.

O loiro entrou no ônibus. Lá se foi a chance de se declarar. O moreno sentiu um aperto enorme no peito e sentou no banco novamente, vendo o ônibus ir embora. Sabia que precisava dizer pra ele, era um instinto que lhe avisava isso.

É uma pena ele não ter dado ouvidos a isso.


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Notas finais do capítulo

Gente, quem tem coração fraco...
pula o próximo chappie ok?
O sentimento dos dois vai encontrar uma barreira...