- A sua festa de noivado estava linda Nick. – falou uma jovem de cabelos pretos e roxos e cara de menina.

     - Obrigada Cindy, mas é uma pena que você tenha que ir, esperava que você ficasse até de manhã conosco...

     - Não posso amiga, tenho um vôo marcado para amanhã, passar o final de semana em Miami, para o aniversário de minha mãe, vou ter que encarar aquele chato do William.

     - Relaxe amiga, tudo vai se resolver, seu padrasto não parece ser tão ruim assim como você diz.

     - Pode acreditar Nicole, ele é terrível.

     - Você que o diz. – respondeu Nick, uma jovem de cabelos negros como a noite e pele morena.

     - Eu tenho que ir mesmo agora amiga, felicidades para você e para o Justin.

     - Obrigada e lembre-se, você é a minha madrinha. – falou Nick sorrindo.

     - Pode contar comigo. – respondeu Cindy dando um beijo no rosto da amiga e um abraço.

     - Boa noite. – falou a noiva.

     - Boa noite. – respondeu a amiga entrando no carro.

...

     O relógio marcava meia noite enquanto Cindy seguia pela Baltimore Beltway no seu porsche. Ela buscava uma musica no rádio, afinal aquela noite estava silenciosa até demais. Passou por várias estações até que uma musica chamou sua atenção, Nightmare de Avenged Sevenfold.

Arrastado para baixo até o show do diabo,

Para ser seu convidado para sempre,

A paz de espírito é menor do que nunca

Odeio distorcer sua mente, mas Deus não está ao seu lado

Uma velha crença dilacerada,

Grave no mundo seu último esforço.

Carne queimando, você pode sentir o cheiro no ar,

Porque homens como você tem uma alma tão fácil roubar. (roubar)

Então fique na linha enquanto eles escrevem os números em sua cabeça,

Você é agora um escravo até o fim dos tempos

E nada impede a loucura voltando,

assombrando, ansiando, puxe o gatilho!

     - Nossa, essa época de Halloween as pessoas ficam malucas. Olha a letra dessa música. - De repente viu uma pessoa na estrada, era um homem, seguindo com uma abóbora de Halloween em mãos.

     - Quando eu digo que o Halloween não presta, ninguém acredita em mim, louco. – falou ela passando apressadamente pelo homem. – É por isso que não comemoro isso.

     Ela chegou em casa cinco minutos depois. Entrou pisando devagar, não queria acordar o irmão que dormia no andar de cima, deixou algumas compras que fizeram antes da festa de noivado, em cima do balcão e murmurou por ter que encarar uma fila enorme daquelas no supermercado. Todas as pessoas loucas, querendo comprar doces e enfeites idiotas de dia das bruxas. Comemorando um dia que não tinha nada a ver com elas, tornando a mente das crianças propicias a monstros inventados e coisas inimagináveis. Bruxa, fantasma, vampiro e zumbis eram coisas que ela sabia não existir e jamais passaria essa tradição fútil a seus filhos, estava decidido.

     Subiu até seu quarto, tomou um banho e desceu novamente, queria se certificar se tudo estava nos conformes para a viagem amanhã pela manhã. Sentou no chão próximo a sua mala e foi conferir se havia tudo que ela necessitava.

     - Escova de dentes, fio dental, enxaguante bucal, escova de cabelo, maquiagens, Mp5, agenda, roupas, sapatos e meus documentos. Tudo confere. – Ela estava distraída e não percebeu que algo se aproximava dela pelas costas, até que aquilo a tocou e ela pulou de susto. – Sr. Miggles, você me assustou, coisinha fofa da mamãe. – falou ela pegando o gato preto que ela criava como filho. – você está com fome? Esta com fominha? – ela fazia voz de criança enquanto o gato miava.

     Cindy colocou o gato no balcão e buscou uma lata de ração dentro do armário. Quando colocou a ração na tigelinha do gato e se virou para entregar a refeição, viu que ele estava com os pelos todos eriçados, como se estivesse se protegendo de algo. De repente saiu correndo e se escondeu em baixo da cama.

     - O que foi Sr. Miggles? O que te assustou, falou ela indo na direção do quarto, mas congelou quando viu o homem da estrada com a mesma abóbora na mão, olhando para ela próximo da sua tv. – Kevin, Kevin, socorro. – gritou ela mas o irmão nem se abalou.

     - Como você tem a coragem de dizer que o Halloween é uma festa indecente? É o tempo em que usamos o medo para nos divertir e ensinar. Bem, hoje é o seu dia de aprender. – O homem sorriu e veio caminhando na direção da jovem que correu e se trancou no quarto, empurrou a cômoda para vedar a porta e não ter condição dele entrar, até que se lembrou do seu irmão e pensou em acorda-lo com uma ligação, sabia que ele estava bem, já que sempre dormia com a porta do quarto fechada de chave. Ela se afastou devagar da porta e virou-se para pegar o telefone e deu de cara com o homem novamente.

     - Você não pode fugir do Halloween. – falou ele levantando uma machadinha e cortando fora a cabeça da jovem.

...

     Era já quase a hora do vôo e Cindy não havia se levantado, isso preocupou o irmão.

     - Cindy, você já esta pronta? Vamos perder o vôo. – falou ele rodando a maçaneta e empurrando a porta, mas o móvel não deixou ela abrir. Ele pos toda a força que conseguiu e finalmente afastou um pouco a cômoda, dando espaço apenas para ele passar. O rapaz se assustou com o tanto de moscas naquele quarto e seguiu até o banheiro, estava preocupado demais com a irmã. – Cindy?

     Ele empurrou a porta do banheiro que estava entreaberta e quase desmaiou quando viu Cindy dentro da banheira com uma abóbora costurada no pescoço e na parede escrita a famosa frase de Halloween “Gostosuras ou Travessuras?”.