Perfeito para Você escrita por Thatah


Capítulo 9
Capítulo 9 - Coração errante!


Notas iniciais do capítulo

Bella começará a sofrer em... 5, 4, 3, 2...
O/
Pois bem meninas, daqui para frente o jogo muda.
Bella terá que provar do seu veneno!



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POV – BELLA

“Todas as graças da mente e do coração se escapam quando o propósito não é firme.”

"Entra no teu peito: bate, e pergunta a teu coração o que sabe ele!"

William Shakespeare

Promessas. Promessas… Promessas!

Estava cada vez mais difícil cumpri-las. Prometi que Edward jamais me veria chorar por Jacob novamente, mas desde a última conversa, não fui mais a mesma.

As noites tranqüilas viraram raras exceções.

Alice, apesar de tudo, estava toda animada com os preparativos, enquanto eu já não conseguia mais esconder a forma indiferente que passei a agir em relação aos detalhes.

O vestido já tinha sido escolhido. Perrine Bruére! Quando Alice me contou que já havia comprado o vestido, antes mesmo de uma afirmativa minha… em alto e bom som, ela esperou pelo meu chilique… mas desapontando suas expectativas, não disse nada… não tive nenhum ataque. Apenas me dirigi até o seu enorme closet e me encantei – de fato – com a obra-prima de tecido que ela colocou em minha frente.

Era realmente lindo… A esta altura, todos os convites já tinham sido enviados.

Não participei da escolha, nem mesmo das letras. A única coisa que em que eu pude dar minha opinião, foi na lista de convidados. Na lista, havia um espaço em branco justamente no lado dos meus convidados. Só havia um nome que eu queria que preenchesse aquela lacuna, o nome da pessoa que eu queria que estivesse aqui neste momento, mas que não poderia.

- Para uma noiva, você parece bem desanimada… - A voz acida e monótona de Rosalie me pegou de surpresa.

Olhei em volta e percebi que Alice não estava mais no quarto.

- Onde está Alice? – Perguntei, sentindo-me envergonhada por provavelmente ter estado ausente.

Estar em modo off, estava cada vez mais freqüente em minha vida. Tudo o que fazia, era de forma mecânica…

- Saiu já faz uns dez minutos. – Rosalie pegou uma escova em cima da bancada cheia de produtos e a deslizou em suas madeixas – Desceu reclamando de dor de cabeça… Seu sorriso era sombrio, e cheio de sarcasmo.

- Isso é possível… quer dizer… um vampiro ter dor de cabeça? – Perguntei, mantendo calma, sem entrar em seu sarcasmo.

- Se você for uma vidente, e alguém estiver embaralhando-as… - Ela me olhou de canto de olho – provavelmente estaria reclamando.

- Bella, Edward acabou de ligar. Disse que irá demorar, mas que iria encontrá-la em sua casa… - Alice apareceu na porta, olhando friamente para Rosalie, como se quisesse evitar que ela dissesse mais alguma coisa.

- Mas… Pensei que ainda teríamos muito o que fazer… - Olhei para os tecidos em cima da cama.

- Não se preocupe, sei bem o que deverei fazer… Além disso, você não tem sido uma boa ajuda… - Alice disse em um muxoxo. Seu semblante estava insondável, o que me deixou preocupada.

- Aconteceu alguma coisa? – Perguntei, já formulando algo em mente.

- Não… - Alice respondeu mecanicamente, e então forçou um sorriso.

– Está tudo bem. Tudo ficará bem!

- Hum… - levantei-me da cama e caminhei em sua direção – Se algo estivesse acontecendo, você me contaria, não é Alice?

- Claro! – Foi tudo o que tive como resposta.

- Ok. Então, nos vemos amanhã! – Disse descendo as escadas.

Quando deixei a casa dos Cullen, me senti estranha. Com o pressentimento de que algo estivesse prestes a acontecer… eu só não sabia dizer se seria bom ou ruim.

Entrei no carro que Edward havia me dado de presente, desejando estar dentro da minha velha picape.

Lembrei-me do dia em que ela “simplesmente parou de funcionar”, convenientemente dois dias depois de ter concordado que Edward poderia me presentear com um carro.

Coloquei a chave na ignição. Iria para casa – como Edward havia pedido – mas a idéia de ter que passar a tarde inteira sozinha, não me animou.

Liguei o carro, e apesar da capacidade de voar com ele, preferi dirigi-lo tranquilamente, de forma a matar a maior parte do tempo que fosse possível, cheguei a cogitar a possibilidade de ir andando, fazer uma caminhada poderia ajudar a passar o tempo… mas então desisti desta idéia.

No caminho para casa, procurei – sem êxito – evitar a fila de cartazes desbotados pela chuva.

Cada um deles, colador nos postes telefônicos e em placas de rua, era como um tapa na cara. Um merecido tapa na cara. Minha mente foi levada de volta ao pensamento que eu interrompera um pouco antes de Rosálie entrar no quarto. Eu não conseguiria evitá-lo naquela estrada. Não com as imagens de meu mecânico preferido passando por mim a intervalos regulares. Meu melhor amigo.

Meu Jacob… Os cartazes de VOCÊ VIU ESSE GAROTO? Não foram idéia de Billy. Foram de Charlie, que os imprimiu e espalhou por toda a cidade. E não só por Forks, mas por Port Angeles, Sequim, Hoquiam, Aberdeen e em cada cidade da península de Olympic.

Ele se certificou de que todas as delegacias no estado de Washington tivessem o mesmo cartaz pendurado na parede. Sua própria delegacia tinha um quadro de cortiça dedicado à procura de Jacob. Um quadro que estava praticamente vazio, para decepção e frustração dele.

Charlie não estava decepcionado só com a falta de resposta.

Estava muito decepcionado com Billy, por ele não estar se envolvendo mais nas buscas por seu filho “foragido” de 16 anos. E mais ainda, porque Billy se recusa a colocar os cartazes em La Push, e por parecer resignado com o desaparecimento do filho, como se não houvesse nada que pudesse fazer. Por ele dizer:

“Agora Jacob é adulto. Se quiser, vai voltar para casa."


 E ele estava frustrado comigo, por ficar ao lado de Billy. Eu também não colocaria aqueles cartazes, porque assim como Billy, eu também tinha certeza de que tinha visto aquele garoto.

Os cartazes me trouxeram o habitual nó à garganta, as habituais lagrimas ardendo em meus olhos, e fiquei feliz por Edward ter saído para caçar naquele sábado. Ver minha reação só serviria para deixá-lo péssimo também.

É claro que havia desvantagens por ser sábado. Enquanto eu entrava devagar e com cuidado na minha rua, pude ver a viatura de meu pai na entrada de casa. Hoje ele não fora pescar de novo. Ainda chateado com o desaparecimento de Jacob, e com meu casamento.

Sua presença significava que eu não conseguiria usar o telefone de casa. E eu precisava telefonar…

Estacionei no meio-fio atrás da escultura do Chevy e peguei no porta luvas o celular que Edward me dera de emergências.

Disquei, mantendo o dedo no botão “End” enquanto o telefone tocava. Só por garantia. Seth Clearwater não atendeu, suspirei e então liguei novamente. Nada! Tentei mais algumas vezes, mas ninguém me atendeu. Coloquei o celular no lugar, desanimada por não conseguir nenhuma notícia.

Já havia se passado uma semana desde a última vez que Seth me dera as últimas notícias de Jacob. Para variar, não sabiam onde ele estava, e muito menos quando ele iria voltar.

“Ele não fala, embora agente saiba que ouve. Está tentando não pensar como humano, sabe como é. Só seguir seus instintos.”

Suspirei ainda lembrando-me da conversa com Seth.

“Ele está em algum lugar no norte do Canadá. Não sei lhe dizer que província. Ele não presta muita atenção nas divisas territoriais.

- Algum indício de que ele…

- Ele não vai voltar, Bella. Desculpe.”

Meu coração se contorceu, ao lembrar da última frase dita por Seth.

“Ele não vai voltar…”

E embora pudesse parecer, um tanto quanto conveniente, eu não conseguia ficar imune ou indiferente a sua ausência.

Pelo menos não o quanto eu gostaria de estar…

Caminhei lentamente pela chuva fina, lembrando-me da ultima vez que vi o rosto tristonho de Jacob…

Minha já estava girando a maçaneta, quando Charlie abriu a porta. - Dei alguns passos para trás – em um solavanco que quase me fez cair.

- Oh, Bella. – Charlie me segurou, antes que eu pudesse encontrar o chão. – Você está bem?

- Estou… - respondi, ajeitando-me novamente e olhando em seu rosto. A expressão de euforia.

- Onde é o incêndio? – Perguntei, avaliando o sorriso em seu rosto. Um sorriso faceiro que a muito tempo não via.

- Tenho boas… não, não… não. – Charlie corrigiu, tirando do bolso as chaves de sua viatura.

– Tenho ótimas notícias! – acrescentou ele.

Fiquei na espera.

- Você não vai acreditar quem voltou…

Suas palavras já não eram mais necessárias, eu sabia exatamente a quem Charlie se referia.

Minhas pernas cambalearam, sentei-me na cadeira ao lado da porta, respirei fundo. Enquanto Charlie sacudia meus ombros, perguntando se estava tudo bem.

Claro que estava. Jacob estava de volta!

Minha respiração tentava acompanhar a batida frenética assumida pelo meu coração.

- Quando? – Consegui dizer, em um sussurro.

- Na verdade, ele já está aqui há uns três dias… - O sorriso de Charlie se desmanchou, deixando no lugar uma leve careta.

Não precisava me olhar no espelho para saber, que minha expressão era a mesma.

– Hoje de manhã, decidi dar uma passada na delegacia, para pegar mais alguns cartazes… e então alguém bateu na porta da minha sala anunciando ter noticias do garoto desaparecido.

Charlie movimentava-se o tempo todo, enquanto me contava.

- Eu nem acreditei quando voltei meus olhos para porta, e vi aquele garoto parado na minha frente.

Minha mente desenhava – enquanto Charlie relatava – a cena em meus pensamentos, como se eu estivesse ali presente.

Senti meus lábios se verterem em um sorriso, aquele que somente Jacob Black conseguia arrancar.

- Bom, estou indo a La Push… Não havia espaço para um convite em sua frase. Jacob deve ter pedido que Charlie não me contasse, ou não me convidasse… Era justo! Mas ainda assim doía.

O sorriso deixou minha face, mas a alegria de saber do seu retorno não me abandonou.

- Tudo bem, tenho que fazer algumas coisinhas… - Disse me levantando. – Diga que eu mandei um “Oi”. Charlie sorriu, e então virou-se em direção a viatura.

Fiquei observando a viatura de Charlie desaparecer, minhas pernas permaneceram fixas, não fui capaz de mover um só músculo. Avaliei mentalmente minhas opções, a vontade louca de vê-lo estava tomando conta de todo e qualquer pensamento racional.

Ver aquele sorriso natural e contagiante, seria suficiente para me trazer de volta a paz. Eu havia pedido um tempo para Edward, isso deveria significar algo além de insegurança…

A data do nosso casamento já havia sido marcada, e seria dentro de alguns dias. Mas ainda havia algo dentro de mim, clamando por algo mais, minha conversa com Jacob dias após a batalha não havia sido o suficiente.

Cada minúscula e “insignificante” célula do meu corpo sinalava isso. Edward estaria fora para se alimentar então não teria como me impedir ou ficar chateado com isso.

Pelo menos não agora! Afastei os pensamentos que ameaçaram impedir de realizar o meu desejo, e então sem olhar para trás corri até o carro. Foi difícil manter a velocidade permitida, meu pé parecia uma pedra pesada em cima do acelerador.

Peguei a estrada em direção a La Push, torcendo para que Alice não visse, e tentasse me impedir… Estacionei a Mercedes Guardian a alguns metros da casa, queria evitar um atrito logo no primeiro olhar.

A velha casa dos Black´s parecia intocável, nada havia mudado. Senti meu peito inflar de felicidade! Tentei me conter “Fique calma Bella, é apenas o Jacob. O seu velho e adorável amigo de sempre…” – mas não era assim tão simples.

Meu corpo rebatia veemente, tudo o que meu cérebro tentava impor-lhe – autocontrole. Paciência…- mesmo que eu tentasse encontrar razões para os batimentos acelerados do meu coração e ainda repreender as sensações - que viam em tsunamis – não consegui ficar indiferente diante deste reencontro.

À medida que meus passos – traiçoeiros e desastrosos de sempre - foram me deixando cada vez mais próxima do meu objetivo, pude captar risos divertidos vindo de dentro da pequena casa vermelha.

Meu coração se alegrou ainda mais ao reconhecer a tão saudosa e sempre contagiante risada de Jacob.

“O meu Sol Particular estava de volta!”.

Reduzi os passos quando percebi não ser capaz de identificar a outra risada, ela era mais fina e não me soava nem um pouco familiar. Uma sensação inquietante se apoderou do meu peito, “neblinando” os batimentos do meu coração.

Era a risada de uma garota. Sim! Era indiscutivelmente uma garota.

Mas quem poderia ser? Eu conhecia a risada de Emily e podia jurar que aquela não era a sua risada, muito menos de Rachel a irmã de Jacob.

A curiosidade estava prestes a me corroer, quando encontrei Billy diante de mim. O olhar incerto e nem um pouco receptivo – pelo menos não tanto quanto costumava ser.

- Olá Billy! Ele não me cumprimentou apenas sinalizou com a cabeça em sinal de “Boas vindas!” que não tinha nada de BOAS!Tive a impressão de que Billy se manteve “cordial”, apenas em respeito à amizade de anos que ele tinha com Charlie…

- Jacob está?– Perguntei, avaliando sua expressão.

Mas ele não precisou responder, a menos de três segundos Jacob apareceu atravessando seu corpo enorme, pela pequena porta branca de sua casa.

Ficamos em silencio, encarando um ao outro. Minha mente catalogando cada mínimo detalhe entalhado em sua face pouco risonha.

Meu coração respondeu aquele reencontro de forma mais intensa do que o imaginado, nem mesmo quando reencontrei Edward, senti algo parecido.

- Oi… - disse tentando encontrar minha voz.

Ele não respondeu, seu olhar me fuzilava como de quem questiona “o por quê de sua presença.”

Fiquei parada, com os pés plantados no chão, a espera de um abraço de um sorriso – ao menos!

Fiquei a espera daquela calorosa recepção que ele sempre fazia questão de me dar.

Nada! Jacob não moveu um só músculo de seu enorme corpo.

Jacob movimentou-se brevemente, meu peito se alegrou, a espera de minha recepção, mas ao contrario do que imaginei Jacob não se moveu para vir ao meu encontro. Apenas afastou um pouco para dar passagem para alguém.

Minha curiosidade ameaçou chegar ao ápice, mas foi novamente “favorecida” com uma resposta antes do tempo.

- Tome sua parte, Billy, antes que o esfomeado do Jacob coma tudo… Com uma tigela nas mãos e sorrindo, Leah passou faceira pela porta, parecendo não me notar. A tigela nem chegou ao seu destino, encontrou um triste fim no percurso.

Ao me ver Leah, bufou de raiva, apertou a tigela com tanta força que foi impossível não esperar que ela a quebrasse.


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