Ela abriu um pouco a cortina e pequenos raios do sol saindo pela janela. Mas as luzes não a alcançavam. Annabeth estava num canto escuro, talvez até demais. Mil coisas se passando em sua mente, afinal faria a coisa certa? Mudaria tudo? Vai se tornar uma pessoa melhor? E Percy? Ah, será que ele estaria sempre ali? Será que a aceitaria?

O mundo é tão... Injusto. E ainda existem aqueles que acreditam no equilíbrio. Como se pudesse existir equilíbrio. Não, com certeza não. Pelo menos é isso que pensava Annabeth. Existem pessoas que nasceram para ser felizes e outras que as essas usam para chegar à felicidade. Talvez fosse uma opinião medíocre e muito pessimista, contudo a loira só sentiu-se fracassada a vida toda. O que mais ela poderia pensar?

Voltando ao agora e deixando devaneios de lado, lá estava ela. Um olhar um pouco perdido afastada do sol. Nesse caso o sol representava o mundo e olhar não era a única coisa perdida. No quarto onde estava às lembranças eram tantas da época em que ela morava em Nova York que às vezes parecia que ela nunca tinha ido embora. Mas ela tinha e nada continuava o mesmo.

Naquela semana que estava ali conseguiu incrivelmente não vomitar nenhuma vez. Bem que tentou, mas sempre parava antes, pois não ia conseguir falar com Percy se fizesse isso. Porem, ele nem ia saber não era? Pelo menos era isso que a fazia tentar. A culpa, porem, a corroía em todas tentativas.

Annabeth fechou os olhos e respirou fundo. Tentou ver o que tinha dentro de si e tudo que podia sentir era uma completa solidão. A falta de algo. Abriu os olhos, se alguém tivesse ali com ela naquele momento teria a certeza que não era a mesma pessoa. Era como se algo a possuísse. Pegou um pequeno objeto metálico e passou suavemente pelo braço. O sangue começou a escorrer suavemente. A menina respirou profundamente, o corte não fora fundo não havia riscos de deixar uma marca perceptível por muito tempo.

As pessoas nunca entenderiam o motivo de ela ter feito isso, afinal tudo parecia se ajeitar exato? Não. Pelo menos não se conseguia adquirir isso aos seus sentimentos.  Por ser fraca, ela tinha que se livrar de toda frustação. Não era algo de que se orgulhava, mas era tudo o que conhecia. Ela pensou na consequência dos seus atos e depois se lembrou de Thalia e Percy e prometeu a si mesma que tudo ficaria bem.

Dizem que o pior mentiroso é aquele que acredita na própria mentira. Pois naquele momento acreditou em sua promessa. Mas no fundo sabia que não passava disso. No final as promessas são feitas para melhorar as coisas por um instante e destruir para a vida toda.

Num outro espaço do mapa, tinha carro dirigindo em alta velocidade. Rachel repetia baixinho que nada de ruim ia acontecer. Outra mentirosa. Ela sabia os perigos daquela estrada à noite, principalmente durante um temporal como estava tendo. Isso sem contar no estado do seu pai.

Estavam quase chegando e finalmente a ruiva teve um pingo de esperança. Contundo, existem coisas que não se podem mudar. Foram predestinadas e a única coisa a fazer é rezar para que as coisas aconteçam com o mínimo de dano possível. Será a extinção da família Dare?