Bem antes

Uma semana antes do acontecido que revirou a vida de Annabeth, era seu aniversário, oito anos. Mas ao contrario de todos os outros aniversariantes ela não ria, pelo contrário, chorava. Pois não tinha ganhado o presente que queria. Você pode pensar que ela era fútil por chorar por coisas desse tipo, mas essa não era a verdade. Seus pais já eram separados, seu pai lhe entregou o presente mais não ficou muito tempo na festa. Naquele tempo ele ainda era seu pai, o que sempre parecia lhe amar mais e mais. Contudo a cada dia ele se afastava um pouco como um estranho. Isso afetava imensamente a menina

Outro motivo para garota chorar era que sua mãe não respeitará nem ao menos seu aniversario e havia bebido. Será que ela não percebia o quanto fazia Annabeth sofrer? Que apesar de não ser tola ela ainda era uma garotinha?

Estava chorando quando sua melhor amiga entrou no quarto e lhe estendeu um embrulho. Tinha uma corrente com um pingente de menininha, e atrás estava escrito “amigas”.

- Eu também tenho um – ela falou mostrando o colar que pendia em seu pescoço- só que no meu esta escrito “sempre”, e no seu “amigas”. Estaremos sempre juntas.

Annabeth soube naquele momento que Thalia era seu ponto estável, nunca sabia o que esperar de seus pais, mas a morena sempre seria a mesma com ela. Uma semana depois descobriria estar errada.

- Tata – chamou pelo seu apelido que havia criado quando se conheceram, ela a olhou – promete que vai estar sempre estar me fazendo sorrir? – perguntou insegura.

- Prometo Nanie- chamou a amiga pelo apelido que tinha o costume de chamar e a abraçou de novo.

Antes

Ela andava pelos corredores indo em direção ao lugar indicado, caminhava devagar e olhava para todas as salas. Quem a observasse de longe acharia que ela estava perdida, muito pelo contrário, ela só queria se atrasar.  O pequeno papel pesava em seu bolso, embora já tivesse indo a esse lugar milhares de vezes por causa desse mesmo pedido naquele dia era diferente. Algo estava errado e ela sentia isso.

Subiu as escadas com cuidado temendo fazer qualquer tipo de barulho. A sala que ia era escura que ficava no fim do corredor, ninguém a usava mais por isso ela e sua amiga se apoderaram dela, lá era o esconderijo secreto delas, um lugar de refúgio.

A garota era muito nova para se seguir sua intuição, mas se soubesse do que sabia hoje nunca teria ido lá.  Quando finalmente entrou na sala soube que estava certa o tempo todo, tudo tinha mudado.

Logo que chegou, duas meninas lhe seguraram.   No cento estava Thalia, sua melhor amiga, e Sarah, uma garota que não a suportava desde pequena. Thalia estava com uma cara má que daria para matar qualquer um de medo, mas não Annabeth.  Assim que Thalia se aproximou reparou que a garota estava com uma tesoura nas mãos. O primeiro pensamento de Annabeth foi seu cabelo, mas o que iria cortar? Naquele tempo seu cabelo era curto só se fosse para deixa - lá careca.

Mas ao contrario, Thalia aproximou a tesoura da menina e fez um corte no seu braço, não foi grande coisa, mas o suficiente para começar a sangrar. Com a loira descobriria que em outra época bem depois que essa, cortes não teriam a mesma dor.  Thalia se impressionou quando reparou que a amiga – ou seria ex-amiga- não chorou mesmo tendo a fama de chorona. É talvez nem ela a conhecesse.

-Pra mim, promessa é divida – disse Annabeth ao notar que a morena não usava seu colar. Realmente tudo havia mudado

Ainda sendo segurada Annabeth não tentou se soltar apenas olhou o corte e levantou a cabeça. Não ia chorar, já havia chorado demais naquele dia.  Logo em seguida um soco lhe atingiu.  E foi ai que reparou que estava prestando tanta atenção a Thalia que tinha esquecido que Sarah estava lá [...]

Você pode me perguntar o porquê de ter parado por aqui. É que nossa pequena – ou nem tanto- protagonista resolveu se esquecer do resto, apagá-lo de sua memória e embora não tenha realmente conseguido isso ainda não esta pronta para dividir o resto com o mundo. Quem sabe um dia eu não possa terminar de contar essa parte para vocês? Depois disso ela apenas foi para casa, curou suas feridas externas e nunca mais pisou naquela escola.

Existem coisas que são assim, você guarda sozinho. Nem sempre é porque não temos com quem dividir nosso sofrimento. É que quando a dor é muito grande o melhor a se fazer é guarda - lá para si, pois mesmo que as pessoas tentem ente der nunca chegaram perto se saber a verdadeira magnitude disso.

Agora

-Oi Thalia. Posso falar com você?

A morena apenas confirmou com a cabeça e deu espaço para amiga entrar. Subiram em silencio até o quarto.

-O que aconteceu? Você parece estranha? – disse Thalia com preocupação

-Eu vim pedir desculpas – falou a loira olhando para o chão, se sentiu mal por ser tão covarde ao ponto de não olhar para a amiga

-Você não fez nada...

-Fiz sim – cortou olhando nos olhos azuis dela – eu julguei você por todos esses anos. Nunca tive coragem de lhe perguntar o motivo de você ter feito aquilo

-Pensei que nós tivéssemos chegado a um acordo sobre isso

-Eu sei, mas eu não me sinto bem com nado. Quando eu fecho os olhos vejo tudo de novo de todos os ângulos e é como se sentisse a mesma dor. Mas quando olho ao redor e analiso os últimos anos percebo que talvez ir embora tenha sido a pior coisa que já fiz.

Annabeth não percebeu que estava chorando ate que Thalia secou suas lagrimas com a mão

-Não chora, por favor. O que aconteceu? Agora fale a verdade? E não estou falado de agora, estou falando de lá

Annabeth avaliou bem a situação. E soube que era à hora. Apenas levantou a blusa com cuidado. Thalia olhou espantada, nunca tinha imaginado a amiga fazendo isso. Tocou as marcar, estranhamente todas eram antigas como se estivesse tentando parar, mas ao mesmo tempo a maioria estava meio tocada como se alguém tivesse coçando-as.

-Meu Deus, eu não posso acreditar – a morena começou a chorar e foi ai que Annabeth achou ter cometido um erro. Raramente a amiga mostrava fraqueza.  –Por que você fez isso?

-Você não sabe como é lá, eu não tenho amigos, ou talvez tenha um agora, mas essa não é a questão. Eu precisava de alguma coisa para parar de doer.

-E isso ajuda? – gritou Thalia

-Muito mais do que você imagina. – a morena a olhou com ódio assim que terminou de pronunciar as palavras – Não quero sua pena, ou sua culpa, ou qualquer outra coisa. Não preciso de apoio, pois mesmo que acabe tudo isso na escola nada vai parar. E mesmo que tudo mude dificilmente vou mudar, porque isso faz parte de mim

-Essa é a coisa mais doentia que já ouvi. Você está se escutando. Você está tentando se matar. E nem me diga que não. Por mais que a maioria seja superficial ou em lugares que não matem existe uma parte bem profunda praticamente cortando todas suas veias. Veias.

Elas se olharam por mais alguns instantes, cada uma com a sua dor. Não demorou muito e já estavam abraçadas, chorando, tentando esquecer o passado, odiando o presente e esperando o futuro.

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O mundo dá voltas tão profundas que às vezes não sabemos onde nos segurar. Quando isso acontece encontramos formas estranhas de nos livrar do medo e das inseguranças. Nem sempre as pessoas ao redor entendem, mas as que nos amam não apenas nos entendem como nos ajudam a manter a força de novo e ter auto-segurança. E é isso que me muda todo o rumo das coisas. Vocês mudaram o meu rumo, talvez eu tenha uns tropeços, mas mesmo assim a maioria continua aqui. Isso que importa para mim. Quero agradecer a todos os reviews que andei relendo ultimamente. A todas as indicações e principalmente a todas as amizades.