Meu Eu em Você. escrita por Thatah


Capítulo 8
Capítulo 9 - Lendas. Realidade...


Notas iniciais do capítulo

Capítulo tenso. Vai ser difícil, mas espero que vocês gostem

Comentem, please!

Beijos meninas!



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"É rápido como uma sombra, curto com um sonho
Breve como um relâmpago na noite fria
Que com melancolia revela tanto o céu quanto a terra
E antes que o homem consiga dizer "Veja!"
Os dentes da noite o devoram.
E assim, depressa, tudo o que é luminoso
Desaparece em meio à perplexidade."

William Shakespeare

A casa estava toda iluminada, a mesa da casa dos Black tinha sido colocada na varanda e a fogueira já estava acesa na lateral da casa, a nossa espera.

Emily e Paul me parabenizaram... Emily me deu um abraço apertado e me puxou para que eu fosse sentar logo ao seu lado; Jake assumiu sua posição logo ao meu lado e assim foram fazendo cada um à medida que iam chegando... Em instantes a roda estava completa.

Billy assumiu a posição de sempre e como de costume nos fascinou com mais uma das lendas quileutes. A lenda de hoje não foi nenhuma novidade, pois já havia sido contada antes... A lenda de como surgiram os lobisomens.

Ele dificilmente repetia as lendas, só fazia isso quando tínhamos expectadores novos... foi quando percebi que havia um rosto novo na roda; uma garota sentada ao lado de Sue e Seth Clearwater, e que olhava Emily de um jeito muito sinistro.

- Jake?! – sussurrei para que somente ele fosse capaz de ouvir- Quem è aquela ao lado de Seth? – Tentei disfarçar o olhar.

Ele estava se preparando para atacar o pedaço de carne que Paul tinha na mão, mas sem querer acabei atrapalhando. Paul sorriu vitorioso enquanto Jacob me olhou torcendo os lábios.

- È Leah Clearwater. Já te contei sobre ela e o Sam... Lembra? Ela è prima da Emmy...


Leah era linda, de uma maneira exótica – pele cor de cobre perfeita, cabelos pretos brilhantes, cílios grandes como espanadores de pó. Seu olhar, porém escondia uma profunda mágoa.

Procurei não encará-la, desviei o olhar para a fogueira onde o fogo estalava, afundando-se mais na areia. Centelhas subiam em forma de uma repentina nuvem de laranja vivo contra o céu escuro.

Bella, vamos?! Amanhã è o grande dia. – Charlie me chamou visivelmente cansado.

- Ah sim. Que horas são? Nossa! Já ia me esquecendo, Ângela ira dormir lá em casa hoje. – Afastei-me brevemente do peito de Jacob onde meu rosto estava perfeitamente aninhado e procurei meu celular.

Como não sou muito boa com toda essa coisa de mulher; cabelo, maquiagem, roupas... Ângela se encarregou de ajudar a Emily nos preparativos com a noiva.

- Não se preocupe Bella, eu já deixei tudo encaminhado. Ângela ligou a 10 minutos atrás, mas como você estava entretida com as lendas acabou não percebendo. Já avisei que estaríamos a caminho. – Emmy disse me devolvendo o celular. – Não se preocupe Bella, o “sim” será a única coisa que precisara dizer. Essa será a sua única e árdua tarefa. - Emily riu, com certeza estava debochando de Jake.

Jake deu um sorriso tímido em resposta à provocação de Emmy e depois segurou minha mão acariciando com a ponta dos dedos a aliança. Meu rosto estava afundado em seu peito.

- Descanse bem. Amanha será o nosso dia. – Jacob acariciou meu rosto com a ponto dos dedos, pousando-os em meu queixo. Delicadamente seus lábios macios e quentes tocaram os meus inundando-me com seu hálito doce.

Fomos interrompidos com o leve vibrar do meu celular. Era Ângela novamente, para avisar que já estava a caminho de casa.

No caminho para casa, Charlie conversava com Emily sobre a lenda Quileute que acabara de ouvir. Charlie mal fazia idéia do quanto àquela lenda era real, sua mente provavelmente não seria capaz de imaginar a metade de tudo o que de fato nos cercava. Emily e eu nos olhamos como se os nossos pensamentos tivessem sido conectados.

Charlie pareceu não perceber, estava muito entretido com seus pensamentos. Olhei para a floresta a nossa volta, sempre majestosa, escura e misteriosa. Com exceção dos outros animais, os lobos que por ali andavam, não eram nada tradicionais não havia nada de convencional em sua existência; aquela floresta era palco de grandes mistérios, escondia perigos ignorados pelos céticos e fatidicamente ameaçadores para aqueles que se atrevessem a burlar esta linha divisória entre o real e surreal.

Meus olhos captaram um movimento estranho entre as árvores, tentei obter uma visão mais nítida, mas como sempre meus olhos me traíram. Minha reação foi de reconhecimento. Não havia possibilidade de aqueles movimentos serem apenas obra da minha imaginação. Procurei manter a calma, mas minha respiração me entregou.
Charlie estava com os olhos atentos na estrada, mas percebeu a irregularidade na minha respiração.

- Esta tudo bem, Bella?

Emily aproximou-se do meu banco tentando entender o porquê daquela pergunta.

- Acho que é a pressão. Sabe como é, não é?! Noiva... Casamento... Acho que só agora a ficha caiu.

Tentei fazer com que as palavras saíssem o mais natural possível a ponto de transmitir verdade, embora esse não fosse o motivo real.

- Talvez você devesse esperar um pouco mais. Quem sabe até você terminar a faculdade...

- Pai, eu sei o que eu quero. Já conversamos sobre isso antes. Mas casamento, ainda que seja com a pessoa que se ama, assusta um pouco. O senhor deve compreender bem, casou-se ainda muito novo.

Ganhei mais segurança e consegui sustentar a desculpa. Desculpa que agora me deixava mais ciente do que estava prestes a fazer. Meus estomago foi invadido por um frio desconfortante. Meu Deus! Eu estava noiva, e o casamento era amanhã.

Emily apenas observou nossas expressões enquanto tínhamos esta breve conversa, no fim exprimiu apenas um sorriso e então relaxou no banco de trás novamente virando-se para a janela.

Já estávamos dobrando a esquina de casa, quando avistei o carro de Ângela. Charlie estacionou o carro no lugar de sempre.

As luzes do carro estavam apagadas e parecia que não havia ninguém dentro dele, me aproximei para olhar melhor o seu interior. Neste momento o vento soprou forte e um aroma peculiar alcançou meu olfato. Embora tivesse sido fraco, foi o suficiente para que minha mente o reconhecesse e mandasse o sinal de alerta.

Olhei ao redor em busca do dono daquele cheiro, os batimentos do meu coração aceleraram como as batidas do som de um rock sinistro. Os galhos de uma árvore agitaram-se de uma forma irregular, diferente dos demais.

Uns gritos agudos seguido de uma batida estridente ecoaram da varanda, me sobressaltando. Forcei uma reação dos meus pés, mas não tive sucesso. Eu estava paralisada, meus olhos estavam arregalados e o barulho dos meus batimentos cardíacos estava ficando ensurdecedor, uma grande carga elétrica passeou desconfortavelmente pelo meu corpo. Senti a respiração falhar...

O meu estado era de pânico, não conseguia pensar em nada, minha mente estava concentrada em meus batimentos e lá no fundo algo me induzia a orar.

Os gritos que ouvi, logo foram substituídos por risos. Levei um tempo para perceber a quem eles pertenciam. O pânico que antes me paralisara estava partindo, e minha respiração foi voltando ao normal.

- Hey, Bella. O que esta esperando?... Vamos entre, Ângela esta aqui. - Charlie tentava controlar o riso.

Sai daquele estado repentino de choque e fui em direção a casa, mas algo me fez parar novamente. Tive a sensação de estar sendo observada. Era como se olhos raivosos estivessem monitorando cada passo que eu dava. A sensação era que estes olhos estavam penetrando em minha pele. Firmei os passos e evitei olhar para trás. O vento tocou minha nuca, como se alguém a estivesse soprando... fazendo meu corpo todo se arrepiar de pavor.

- Esta tudo bem Bella?- Emily gritou da varanda de casa.

- Arh.. esta! – Eu acho...

Até porque se fosse o que eu estava pensando, já teria dado o ar de sua “desgraça”, Não é?! Completei em meu pensamento.

Quando entrei em casa, os três ainda riam.

- O que foi aquilo?


- Há..Há... é que nós nos espantamos com o grito de Ângela que se assustou com a nossa chegada e acabou caindo da cadeira. – Emily começou a rir novamente.

- Hum... e o que você estava fazendo aqui na varanda?

- Ai... – Ângela massageava suas costas- Ah, achei que talvez fosse melhor esperá-los na varanda. Mas quando sentei acabei pegando no sono...

Minha mente trouxe de volta a sensação que tive poucos minutos atrás. Pensei em Ângela sozinha, desprotegida. Uma presa fácil! Mas se meus instintos estavam realmente certos, porque Ângela ainda estava viva? E porque não fomos atacados?


Talvez meus instintos tivessem falhado. O desejo que ardia dentro de mim é que realmente fosse só loucura da minha cabeça, obra da minha imaginação fértil. Os vampiros tinham deixado Forks, desde que a família Cullen partiu nenhum de sua espécie aparecia por lá... Lembrei do que Jacob me disse essa manhã. “ Embry e Quill descobriram uma nova trilha essa madrugada. Parece que algum vampiro esteve na área.”


- Bella? –Emily me chacoalhava tentando me trazer de volta dos meus pensamentos.


A fitei, meio sem graça por ter “apagado” de novo, mas Emily pareceu reconhecer algo em meu olhar.


- Bella? Você viu alguma coisa? Há algo que queira compartilhar?- Emily insistiu em um sussurro, tentando evitar que alguém além de mim escutasse.


- Só... Tive uma sensação estranha, como se estivesse sendo observada.


Não tinha motivo para mentir para Emmy, além do mais não era nada. Tudo não passou de uma falha em meus instintos, provocada pelos gritos de “pavor” vindos da varanda.

Emmy não me respondeu nada fitou o chão por um longo momento até que Charlie a chamou. Deixei meu pai conversando com Ângela e Emily e fui para a cozinha tomar um pouco de água, minha garganta estava seca. Depois subi para ajeitar o meu quarto.

A porta do meu quarto estava entre aberta, e quando a abri senti uma rajada de vento entrar sinuosamente pela janela. Não me lembro de tê-la deixada aberta. Meus olhos percorreram o quarto em busca de algo que estivesse fora do seu lugar. Eu poderia até não ser muito preocupada com arrumação, mas saberia se algo estivesse faltando.

Caminhei em direção a janela para fechá-la, o vento que passava por ela era muito frio e isto estava me dando arrepios. Foi então que eu o vi. Sentado, imóvel na cadeira próximo a mesinha do computador.

Fiquei plantada ali, imitando sua expressão, completamente imóvel! Meu coração acelerou, minha respiração o acompanhou ficando cada vez mais irregular, minhas mãos estavam suando e minhas pernas estavam ficando vulneráveis. O QUE ELE ESTAVA FAZENDO AQUI? Depois de todo esse tempo sem notícias... Na véspera do meu casamento. O QUE ELE QUER? Uma onda de questionamentos invadiu minha mente. Eu estava atordoada.

Ele continuou imóvel por mais alguns segundos, sempre com o olhar fixo em mim. Fechei os olhos com força esperando que tudo não passasse de pura imaginação... Um cheiro doce e maravilhoso me inundou, senti algo frio me tocando e então tive certeza de que não era imaginação. Era ele. Era EDWARD!

Abri os olhos e o fitei, uma onda de emoções tomou conta de mim.

- E...Edwa...Edward!- Sussurrei com dificuldade o seu nome ainda inerte.

- Bella!

Edward aproximou um pouco mais e sua mão agora passeava pelo meu rosto, senti a ponta dos seus dedos encontrarem caminho até a raiz do meu cabelo, ele inclinou o rosto e nossos lábios foram se aproximando... Não conseguia acreditar, era Edward o meu vampiro havia voltado e embora uma parte de mim estivesse feliz, a outra não tinha certeza de que queria beijá-lo.

Edward encostou seus lábios nos meus e lentamente os abriu, pude sentir seu hálito doce. Aqueles lábios eram inesquecíveis, mas ainda assim não foram suficientes para obter uma resposta dos meus.

De todos os sentimentos que me cercavam naquele momento a incerteza era a mais latente. Eu não sabia o que pensar, não sabia o que dizer. Quando dei por mim estava correspondendo seu beijo. Nosso beijo foi o de sempre, calmo e muito cuidadoso. Edward havia voltado! Era como se ele nunca tivesse partido.

Tive a ligeira sensação de que não estávamos a sós. Havia mais alguém no quarto!
Os lábios de Edward se afastaram dos meus e seu corpo se retraiu, suas mãos deixaram o meu rosto e pousaram ao seu lado em forma de punhos cerrado, e um leve rosnado saiu por entre seus dentes. Eu ainda estava inebriada com tudo o que acabará de acontecera.

Virei na direção em que seus olhos fitavam raivosos, foi quando percebi quem estava lá. Jacob! Ele viu tudo. Viu sua noiva beijando outro na véspera do seu casamento.

Para piorar a situação era o meu ex, que partirá a muito tempo me deixando em farrapos.

O corpo de Jacob tremia como se tivesse tendo espasmos, seus olhos irradiavam raiva, decepção e muita tristeza. Uma lágrima escorreu solitária pelo seu rosto, deixando marcas pelo caminho.

Tentei alcançá-lo, mas os braços de Edward estavam ao redor da minha cintura, impedindo que eu me aproximasse dele. Tentei protestar, mas Edward era muito forte.

- Jacob, eu...- Uma dor tremenda me invadiu me deixando aos prantos.

- Não precisa dizer nada, já entendi tudo!

- Jacob... não.. Desculpa Jake.

- Pelo que? Por me magoar mais uma vez? Por escolher novamente a pessoa errada e fazer questão de me esfregar na cara?

Jacob estava quase gritando seus dentes e suas mãos estavam cerradas, e seu rosto visivelmente torturado. Quando sua dor estava chegando ao limite, Jacob virou-se para a janela sem dizer mais nada.

Tentei mais uma vez ir em sua direção, mas Edward continuava impedindo minha passagem, apertei as mãos em seu braço com o máximo de força que consegui, e então cravei as unhas tentando tirá-lo da minha frente, mas acabei me provocando muita dor... Edward olhou em minha direção e eu pude sentir o cheiro de sangue. Minhas unhas tinham sido quebradas e estavam em carne viva.

Edward saiu do meu caminho e eu consegui ao menos segurar no braço de Jacob.

- Jacob, espere!

- Não da mais, já vi o bastante... vá cuidar do seu machucado.

Jacob nem olhou em minha direção, apenas puxou o braço e saiu...

Meu coração deu duas longas e fortes palpitadas como se tivesse pegando impulso para abrir passagem e sair de dentro do meu peito. Tentei pular a janela e ir atrás dele, mas Edward me puxou pela cintura.

- Me solta Edw...

Nossos corpos se chocaram contra o chão tentei levantar e me soltar de seus braços, mas percebi que não havia nada em volta de mim, nada de quem eu precisasse me afastar... Edward não estava mais lá.

Continuei jogada no chão me contorcendo de dor... Sem entender o que realmente estava acontecendo... Edward... Jacob... Os dois haviam partido.

- Bella?... Esta tudo bem? Bella?!

Pude ouvir uma voz abafada me chamando e senti mãos delicadas percorrendo meu rosto.


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