Toujours escrita por carolima


Capítulo 4
O encontro


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo eu demorei especialmente para escrever porque estou em semana de provas. E eu quis mostrar mais ou menos como é a vida na casa da Ali e tal. Espero que gostem.



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- Mãe, cheguei!


Alicia jogou suas chaves em cima da mesa.


- Ora, olá Ali - sua mãe abriu os braços, convidando-a para um abraço.


Alicia foi ao seu encontro.


Um forte cheiro de álcool. Olhou, cansada, para a sua mãe.


- Em que posso ajudá-la, querida? - ela disse, com descaso. Tomou um gole de seu café.

- Mãe, faça-me o favor! - Ali disse, tirando a caneca das mãos de sua mãe e levando-a ao nariz.


Ah, aí está a fonte do cheiro.


Ali jogou o conteúdo na pia. Sua mãe deu de ombros.


- Então, diga-me Ali, meu anjo. Como foi seu primeiro dia de aula?


- Onde está papai?


- Sabrina está ótima, imagino.


- Onde está o papai?
- Muitos alunos novos? Espero que tenha feito novas amizades, querida.


- ONDE ESTÁ MEU PAI?


- Bem, suponho que ele não está em casa, não é mesmo sua tolinha? - ela disse, rindo levemente. Suas pálpebras estavam pesadas e a fala arrastada.


Bêbada.


De novo.


- Vou para o meu quarto, sim?


- Claro querida, já vou me deitar também. Apenas tomarei mais uma xícara de café.

Ali suspirou.


- Ok, mãezinha. Você que sabe - Ali deu-lhe um beijo na testa - Amo você.


- Também amo você, anjo. Eu te amo mais que o céu, o mar...


- ... e todas as estrelas juntas.


Alicia entrou em seu quarto e deitou na cama. Adormeceu rapidamente.

O alarme começa a tocar.


- Mas o que...? - ela abre os olhos apertados. 18:50h. - QUE MERDA.


Ela se levantou e correu para o banheiro. Ela havia esquecido completamente do encontro. Porque aquela cama tinha de ser tão macia?


Olhou-se no espelho rapidamente. Fez uma careta para seu reflexo.


É... melhor que isso duvido que possa ficar, pensou sarcástica.


Penteou os cabelos ruivos e trocou o short jeans por uma calça. Eles nem se quer haviam marcado um lugar.  Afinal, como poderiam? Se o cara é novo na cidade.


18h57.


Desespero começou a invadi-la.


É, acho que não vai rolar dessa vez.


Ela sentou na cama e olhou pela janela. Um olhar vazio.


18h59.


Deitou novamente. Como eles podiam ser tão burros a ponto de nem se quer marcar um local? Se ela disse isso pra sua mãe, ela provavelmente ia rir e balbuciar alguma coisa sobre como as coisas funcionavam no tempo dela.


Sempre tão previsível...


Seu celular toca, fazendo-a volta do mar de seus pensamentos. Olhou no visor o número.


Não era de alguém conhecido, já que o nome não estava salvo na agenda do celular. Ela olhou o relógio da cabeceira da cama. 19h00.


Será possível?


- Hey, Ali - aquela voz há pouco tempo conhecida invadiu sua audição.


- Olá, Jack - ela sorriu para o telefone.


- Você já pode descer agora.


- Descer...?


- Estou aqui embaixo. Ah, e por sinal... sua mãe é adorável.


- Meu Deus. Não acredito que você tem uma vespa!


Alicia ficou parada na calçada, completamente abobada.


- Pode me chamar de antiquado - Jack deu de ombros - Mas gosto de sentir o vento.


- Posso te chamar de clássico?


Ele sorriu.


- Posso pensar se vou deixar - ele se sentou e colocou um capacete.

Pegou o outro e deu para Alicia - Então senhorita, pra onde iremos hoje a noite?


- Bom, meu caro - Ali disse, colocando o capacete e sentando-se atrás de Jack - O parque da cidade é realmente adorável.


- Eu dei uma estudada em um mapa da cidade hoje. Acho que sei chegar lá. Caso contrário, espero que tenha o telefone de algum táxi.

Ali riu.

- Claro, claro. O que é essa cesta? - ela apontou pra uma cesta de palha que estava presa na traseira da vespa.


- Você verá. Segure-se bem.


Ali passou as mãos pela cintura de Jack e segurou-se bem. Então eles sairam.


Enquanto o vento brincava nos corpos de ambos, Ali se sentiu incrivelmente bem.


Uma sensação completamente nova.


O cheiro de Jack era insano. Um cheiro, ela julgaria, familiar. Mas sabia que era apenas aquele momento. Ah, aquele cheiro parecia uma brisa marítma...


Ela encostou sua cabeça no ombro de Jack. Sabia que estava abusando da intimidade, mas realmente não se importava com isso.


Aquele momento parecia perfeito, e eles estavam apenas andando de vespa.


- Bom, acho que acertei - ele disse, enquanto sua vespa ia perdendo a velocidade até que parou de vez.


Ali ficou um pouco desapontada pelo momento ter acabado. Tirou o  capacete e olhou em volta.


- Nossa, homem - disse, descendo da vespa - Parabéns, de primeira você achou o parque - ela fez uma reverência.


- É isso. Já me decidi. Se nada na minha vida der certo, irei ser taxista.

Ali riu.


- Sabe, sua risada é tão... aconchegante.


Ali franziu o cenho.


- Aconchegante?


- Eu me sinto bem quando escuto. É isso.


Ali corou.


- Ninguém nunca havia caracterizado minha risada assim. Obrigada.


Jack tirou a cesta da vespa.


- Agora você pode me dizer o que é isso? Não é onde você vai colocar meus restos depois de me matar, é? - brincou.


- Não mesmo. Seus restos serão queimados, para não haver evidências.

Eles riram. Ali notou que ele não havia respondido ainda.


O parque da cidade, que geralmente era lotado, estava quase vazio.


Apenas alguns casais aqui e ali, e alguns amigos olhando as estrelas.


- Vamos sentar na grama? A noite está realmente bonita -  Ali disse, enquanto caminhava pra debaixo de uma árvore.


- Ótimo, porque estou com fome.


- Fome?


- É.


- Bom, Jack. Sinto muito te decepcionar, mas aqui não tem comida. O pipoqueiro vai embora a tarde, mas se você quiser podemos ir a algum McDonald's ou qualquer coisa assim...


- Ainda bem que eu vi preparado então - ele apontou pra cesta e sentou

- Que tal um piquinique?


- Um piquinique? - Ali não pode deixar de rir - É, você é realmente antiquado.

- Bom, ou é isso ou o McDonald's, e acredite, não aguento mais aquele hambúrguer.

Ela o ajudou a tirar as coisas da cesta e dispor sobre o gramado. Na verdade, não tinha tanta coisa assim. Ele colocou apenas uma garrafa de chocolate quente e algumas torradas.

- Jack, e se nós tivessemos ido para algum restaurante? O que você faria com a cesta?

- Se você falasse restaurante, eu sugeriria a praia - ele disse, colocando uma torrada inteira na boca - Sabe, isso deu trabalho de planejar. Tive que comprar o chocolate quente e tudo.

Ali riu e pegou um copo de chocolate quente.


- Então, me fale sobre você - Ali pegou-se de repente realmente curiosa pra saber sobre a vida de Jack. Ele era tão diferente de qualquer um que ela conhecia.


- Na verdade, não tem muito o que saber - ele disse, deitando-se sobre seus braços - Amo desenhar, e pretendo viver disso um dia. Minha família não é exatamente rica, então eu tenho que me esforçar de verdade pra conseguir o que eu quero. Meus pais são separados, e minha mãe deixou a mim e meu pai praticamente na miséria. Mas papai está dando duro pra nos manter.


- Sinto muito - Ali disse, mas na verdade ela não sabia muito bem como reagir a tal conversa.


- Ah, por favor, não sinta. Sou perfeitamente feliz desse jeito.


- Imaginei.


- E você?


- Se sou feliz?


- Não, me fale sobre você - ele disse, colocando outra torrada na boca.


- Bom, não tem muito o que saber sobre mim. Morei aqui minha vida toda. Estudo na mesma escola desde que nasci. Sou filha única. Sempre tirei notas boas e fazia ballet. Viajo muito, mas me divirto pouco. Minha melhor amiga é a Sabrina. E acho que é isso. Minha vida não exatamente algo emocionan...


- Porque você parou?


- Parei o que?


- O ballet.


- Eu nunca disse que havia parado.


- Você disse que fazia ballet. Então significa que você parou.
Ali deitou-se também.


- Sabe, nunca ninguém me perguntou isso. Quero dizer, quando contei pra Bri ela apenas deu de ombros e continuou falando sobre algo irrelevante.


Eles ficaram alguns segundos em silêncio, ambos olhando o céu.

- Acho que depois de um tempo, decidi que não fazia mais sentido eu continuar no ballet. Mesmo que, modesta a parte, eu seja realmente boa.

- É, na verdade, acho que tem mais coisas sobre você Ali, coisas que duvido que você mesma saiba.

- Ah claro, por exemplo?

- Você não me falou absolutamente nada sobre seus pais.

- Não há muito o que falar.

- Mesmo? Achei sua mãe tão interessante.

- Interessante?

- No mínimo curiosa.

Ali virou sua cabeça para encará-lo.

- Ela não estava, er... alegre demais, estava?

- Para mim ela estava adorável.

- É, você disse. Ei! Você tem que me dizer como conseguiu meu celular.

- Sua mãe me disse.

- Ah, é. Tá, como diabos você achou minha casa?

- Eu poderia até te contar. Mas teria que te matar.

- Não era pra isso que servia a cesta?

Eles passaram horas conversando. Sobre seus sonhos, esperanças, decepções, relacionamentos.

Entre conversas, Jack mexia no cabelo de Ali. Isso fazia sua espinha gelar.

- CA-RAM-BA! JÁ SÃO DUAS E MEIA DA MANHÃ JACK! - Ali praticamente berrou - AMANHÃ TEM AULA! O SEGUNDO DIA DE AULA!

- Calma Ali, a gente chega em casa em 10 minutos - ele sorriu, despreocupado - Mas antes de irmos embora, quero fazer uma brncadeira com você.

- Uma brincadeira? Uma brincadeira as duas horas da manhã?

- Bom, é. Deixe de ser neurótica e levante-se.

Ora, do que ele a havia chamado?

- Agora, essa brincadeira é extremamente divertida. Mas devo te avisar logo que ninguém ganha de mim.

- Olha, Jack. Eu devo te avisar logo que eu nunca perco nada.

- É o que veremos - ele abriu um meio sorriso - Agora, junte toda a saliva da sua boca e cuspa o mais longe que conseguir - ele pigarreou e cuspiu.

Realmente longe.

- Mas que... nojo.

- Deixa de ser fresca. Quer ver você conseguir.

- Não vou fazer isso, é nojento.

- Sabe que vai perder não é?

Ali ergueu uma sobrancelha.

- Vai sonhando.

Ela prendeu o cabelo em um rabo de cavalo e pigarreou o máximo que conseguiu. Puxou todo o ar que conseguiu e cuspiu.

Foi tão ruim que quase caiu em seu pé.

Jack riu.

- Muito bem Alicia, continue assim e você vai conseguir vencer qualquer bebê.

- Muito engraçado. Agora me diga Jack, esse seu senso cómico é da nascença, ou foi algum curso que você fez?

A volta para casa foi exatamente do mesmo jeito. O cheiro de Jack. Alicia queria simplesmente guardar aquela noite. Tinha sido uma das melhores noites de sua vida. Ela sai com o cara perfeito e tem a noite perfeita. Tão clichê.

Quando foram se aproximando, o coração de Ali acelerou.

Será que ele vai tentar me beijar? Por favor, sim. Por favor, sim.

Chegaram.

Ali tirou o capacete e entregou a Jack.

- Bom, obrigada Jack. Me diverti muito.

Jack tirou o capacete e virou para Ali.

- Eu também.

Será que o halito de Ali estava bom? Por que, se ele a beijasse e tivesse gosto de torradas, não seria uma boa primeira experiência.

O seu cabelo devia estar enorme por causa do vento. E como ela estava sem maquiagem, não podia estar muito melhor que uma múmia.

- Então, boa noite Ali.

Ela ergueu as sobrancelhas ligeiramente, surpresa. Mas logo tratou de se recompor.

- Boa noite.

Ela desceu da vespa e foi andando em direção a porta de sua casa.

- ALI! - Jack gritou de longe.

O coração de Ali disparou novamente.

- NÃO SE ESQUEÇA DE SONHAR COMIGO!- ele gritou, ligando a vespa e partindo.


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Notas finais do capítulo

N.A ENTÃÃO PESSOAL? Esse capítulo ficou especialmete grande. Mas é issae. Ali não contou toda a história dela pra Jack. Vocês ainda vão conhecer mais a família dela. Espero que tenham gostado do encontro. E acreditem, terão mais.