The Reason escrita por Princess


Capítulo 26
Game of broken heart II




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Luke Knight




Quando a aula terminou, Lilly tentou falar comigo novamente, mas ignorei ela. Fui até Melanie e saímos para nossa próxima aula. Durante as trocas de aulas eu andava sempre de mãos dadas com ela, o que provocou profundamente Lillían. Eu podia perceber por sua expressão de ódio ao nos ver juntos.

Pode parecer egoísta, rude, o que for, mas... Eu estava gostando de vê-la naquele estado. E não me importava com as consequências.

Durante uma das aulas que não teria com Melanie, encontrei com Daniel e Noah no corredor. Cumprimentei eles e corri para minha próxima aula. Poções. Infelizmente era mais uma das aulas que eu teria que fazer com Lillían. Enquanto corria na direção das masmorras, cruzei com Cassie no caminho. Não queria parar, pois sabia que ela diria algo sobre minha pequena “brincadeira” com Lillían.

– Você é um idiota. – minha irmã disse me olhando feio e saindo de perto de mim.

Sem sermão? Ela deve estar mesmo chateada comigo, pensei enquanto voltava a correr até as masmorras.

Se eu parasse para pensar teria desistido dessa palhaçada. Era infantil e só mostrava o quando Lillían me afetava. Mas eu não queria parar. Vê-la sofrendo, experimentando um pouco da dor que eu senti era muito bom. Por isso não pensei no assunto enquanto entrava nas masmorras. A professora ainda não estava na sala, mas chegaria logo. Me acomodei em uma das mesas com os alunos da sonserina. Eles sorriram me cumprimentando. Não pareciam com os outros alunos de minha casa, que ficavam me olhando torto. Conversei com eles por alguns minutos, até a professora Morgana entrar na sala.

Ela era uma mulher realmente bonita. Cabelos loiros e encaracolados, olhos castanhos claros e uma expressão severa no rosto. Muitos dos alunos de Hogwarts a consideravam a professora mais bonita de todas. Não podia discordar, mas ainda assim, ela me assustava.

Mandou que nós pegássemos nossos livros e procurássemos uma poção na página 122. Depois deveríamos estuda-la e entende-la, pois iriamos tentar fazê-la na próxima aula. Depois de ler umas três vezes o que ela pediu, tirar algumas dúvidas e anotar algumas coisas, fiquei sem nada para fazer e era isso o que eu não queria. Tentei ler novamente, mas eu sempre me pegava pensando em uma certa pessoa. Instantaneamente meus olhos procuraram por ela na sala de aula. Vi duas cabeças ruivas e desviei meus olhos para outra coisa. Havia me esquecido que Hugo Weasley também frequentava essa aula comigo.

Suspirei. Não tinha nada para fazer.

Olhei para a professora e ela tirava algumas duvidas de outros alunos. Eu iria pedir para poder sair, não havia mais nada para fazer ali. Olhei para o relógio em meu pulso e faltavam só alguns minutos para a próxima aula. Decidi esperar e quando o sinal tocou, fui o primeiro a me levantar. Saí das masmorras e fui para minha próxima aula.

E minha manhã continuou assim. Ir para as aulas, prestar atenção nos professores, fugir de Lillían.

Eu estava em um dos horários vagos. Estava perto do pátio da escola, em um dos gramados. Melanie estava comigo e conversávamos sobre quadribol e outros coisas. Ela era uma pessoa divertida, apesar de ser grifinória. Gostava da companhia dela, mas ainda não era a que eu realmente queria.

– Você está diferente. – ela comentou me olhando.

– É impressão sua. – eu disse sorrindo.

– Não... Você está sim. Não sei, parece mais focado. – disse se cruzando as pernas – Deve ter sido difícil lá na floresta.

– Foi sim, mas não quero falar sobre isso agora. – disse à ela.

Ainda me sentia um pouco traumatizado. Tantas coisas aconteceram lá.

– Tudo bem, vamos mudar de assunto. – Melanie disse voltando a sorrir – Lillían estava lá com você também, não é? Ela foi muito insuportável?

– Ela sempre é. – eu respondi olhando fixamente para a grama debaixo de mim.

– O que ela te fez Luke? – Melanie perguntou – Eu vejo que você está triste e que evita falar com ela. Na verdade, você nem a olha!

– É complicado. – eu disse puxando alguns pedaços de grama com as mãos.

– Me conte e talvez eu possa concordar com você. – ela disse com a voz mais suave.

Eu não queria que ninguém soubesse o quando eu sou fraco. Era uma das coisas que levaria comigo – e só comigo – pra sempre. Mas... A vontade de contar a alguém era enorme. Se eu fizesse isso, contasse a Melanie, eu me convence-se de que esse sentimento era uma grande ilusão minha. Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, o sinal tocou. Era hora do almoço.

– Depois conversamos sobre isso. – eu disse me levantando e a ajudando a levantar.

Ela não disse mais nada sobre isso enquanto caminhávamos para o Grande Salão. Quando chegamos, me despedi dela com um beijo no rosto e fui para a mesa da Sonserina. Me sentei com meus amigos e conversei pouco.

Daniel tentava se aproximar de Rayra e Améllia, mas as duas faziam de tudo para ignorá-lo. Quando Daniel implorou que elas falassem com ele, dei um pequeno sorriso. Era engraçado vê-lo implorando pelo perdão da irmã.

Depois de almoçar, aproveitei meu outro horário vago e passei em meu dormitório pra tomar um banho. Coloquei o uniforme novamente, peguei minha mochila e saí do quarto. Andei pela escola até parar em frente à sala da próxima aula. Eu estava esperando o próximo sinal, para poder entrar na sala. Brincava com um origami de papel quando ouvi passos vindos do corredor. Não me virei para ver quem era. Estava feliz brincando com meu origami. A pessoa parou. Seus passos não ecoavam pelos corredores.

Observei meu origami ir junto com uma brisa na direção da pessoa que havia se aproximado.

Desejei profundamente não ter virado meu rosto. Aqueles olhos... Os olhos de Lillían Potter.

Toda vez que olho para eles é como se eu estivesse... Não sei como explicar. Meus punhos se fecham, mas é porque meus dedos começam a tremer.

O origami pousa na mão dela. Lilly sorri e devolve a mim, soprando o origami em minha direção. Não foi só o origami que voltou até mim. As sensações que senti quando ela me beijou... Todas elas voltaram até mim. Me peguei preso aquela lembrança. Queria poder beijá-la novamente.

Abri meus olhos. Agora Lillían estava sentada ao meu lado. Aquele perfume que eu odiava tanto enxia os meus pulmões. Virei meu rosto. Não queria ter que olhar para ela.

Ela suspirou.

– Um dia Luke, você vai ter que olhar para mim. E nesse dia, seus olhos vão te entregar. – Lilly disse passando um de seus dedos pelo meu pescoço – Eles vão mostrar tudo o que você esconde de mim.

Continue com essa ilusão, pensei me levantando. Me sentei em outro lugar, ainda perto da sala de aula. De lá eu pude observar Lillían escrever algo em um pedaço de papel e o transformar em um pássaro de papel, bem parecido com o que eu brincava. Ela rabiscou mais algumas coisas no pedaço de papel que sobrou, depois dobrou e guardou no bolso da mochila.

Eu fiquei com uma vontade imensa de poder pegar aquele bendito papel.

Quando o sinal tocou, me levantei e caminhei na direção da sala de aula. Melanie saia de lá, acompanhada de algumas amigas. Lillían ainda estava sentada onde antes eu me divertia com meu origami.

Ela parecia mais linda do que minutos atrás, quando eu há observava um pouco afastado. Lembrar que ela preferia aquele idiota do namorado dela a mim, me dava enjoos.

Naqueles segundos em que eu caminhava na direção de Melanie para cumprimenta-la foram a minha maior condenação. Eu queria fazer Lillían sofrer, certo? Eu sabia como. Mas aquilo me faria bem? Eu me sentiria melhor? O que ela sentiria? O que ela sentia quando beijou Sam bem na minha frente? Eu me senti humilhado. Poderia humilhá-la um pouquinho...

Quando alcancei Melanie, passei uma de minhas mãos por sua cintura. Normal, eu poderia estar prestes a beijar seu rosto ou abraça-la. Mas não fiz isso. Puxei seu rosto com a outra mão livre e toquei seus lábios com os meus. Eu sabia que Lillían iria ver, então fechei meus olhos. Era para ser convincente. Melanie relutou um pouco em me beijar, mas não foi grossa e ninguém pode perceber. Exceto por mim.

Me afastei dela e beijei seus lábios uma ultima vez. Ela sorriu, mas não era como os outros sorrisos que ela deva. Aquele parecia um sorriso de compreensão. Suas amigas soltaram risadinhas nervosas, o que me fez olhar ao redor. Alguns alunos sem o que fazer ficavam nos olhando.

– Podemos conversar depois? – perguntei à Melanie, colocando atrás de sua orelha uma mexa loira de seu cabelo.

– Tudo bem. – ela disse com aquele sorriso ainda no rosto.

Sorri e beijei seu rosto, indo para a sala. Antes de entrar, olhei para onde Lillían estaria. Senti uma pontada no estomago ao perceber que estava vazio. Talvez tivesse entrado para a sala, mas não estava em nenhuma das carteiras. Me sentei no lugar de sempre e fiquei esperando que ela entrasse na sala, mas também não entrou.

Suspirei.

Eu consegui. Me vinguei dela. Fiz Lillían Potter saber o que é ser humilhada. Mostrei como é ter seus sentimentos pisados, o coração partido em milhares de pequenos pedaços e não poder fazer nada. Mas... Eu me sentia péssimo por ela. Não queria que ela sofresse. Esse desejo morreu no mesmo instante em que ela me beijou.

Tentei prestar atenção na aula, mas meus olhos sempre se viravam na direção da carteira vazia. Não era só ela, eu também. Eu me sentia vazio. Como se a última coisa boa que existisse em mim tivesse desaparecido ao fazer aquilo com Lillían.

Pensei nisso durante toda a aula. E na seguinte. E na outra. A única conclusão na qual eu cheguei era que eu precisava conversar com alguém. Normalmente eu me abria com Louise, mas eu não poderia sair da escola. Cassie seria minha escolha.

Quando as aulas acabaram, me dirigi para a biblioteca. Deveríamos continuar com minha primeira detenção. Agora seria mais fácil, já que teríamos mais ajuda. Ao chegar lá, vi o zelador pedindo para alguns alunos que estavam lá não atrapalharem o trabalho de ninguém, ou seriam expulsos da biblioteca. Deixei minha mochila em cima de uma mesa e comecei a organizar a seção que havíamos limpado da última vez.

Eu estava com a cabeça em Louise e em como ela estaria e acabei não percebendo que Daniel e Noah já estavam ao meu lado. Não me lembrava de ouvi-los me cumprimentando, mas não dei importância a isso. Logo Bianca, Tiago e Alvo chegaram. Os Potter disseram que Lilly não viria, pois estava se sentindo mal. Tinha comido algo estragado no almoço.

– Mas ela terá que compensar o tempo perdido. – Bianca disse fazendo uma pilha de livros levitarem de volta para seus lugares.

– Nós sabemos disso. – Alvo disse.

Me senti feliz por saber que havia conseguido abalar a grande Lillían Potter. Ela estava ao chão, em pedaços. Assim como eu estava. Mas depois me senti como um canalha. Onde estava a educação que minha mãe me deu, ao fazer aquilo com uma garota? E ainda havia Melanie... Era óbvio que ela sentia algo por mim – assim como era óbvio que Lillían também sentia.

O que Melanie pensaria? Que eu também gostava dela? Que ficaríamos juntos? Não queria perder sua amizade, mas também não queria nada sério com ela. Me lembrei do sorriso que vi em seu rosto mais cedo. Um sorriso de alguém que diz: “Vai ficar tudo bem”.

Não percebi quando meu primo chegou, muito menos quando Sam Kingsley apareceu. Ele teria que pagar pela surra que eu levei, certo?

Senti ódio ao me lembrar daquele episodio. Eu ainda tinha marcas por todo o meu corpo.

Quando vieram nos avisar que já era quase hora do jantar, estávamos quase terminando toda uma seção. Bianca sugeriu que alguns ficassem para terminar, e da próxima vez os que foram, ficariam. Concordamos com ela e eu disse que não havia problema algum para mim em ficar ali. Daniel e Tiago fizeram o mesmo.

Estávamos só os três na biblioteca e faltavam só uns dez livros para voltar as prateleiras quando Cassie apareceu. Suspirei. Ela deveria ter “visto” que eu precisava conversar. Tiago fez os últimos livros subirem para seus lugares e se despediu.

– Vocês têm noticias da sua irmã? – Tiago perguntou antes de ir.

– Ela já vai estar aqui amanhã no final da tarde. – Cassandra respondeu sorrindo.

– Obrigado. – o grifinório disse um pouco envergonhado.

– Qual é a dele com a irmã de vocês? – Danny perguntou se aproximando de nós.

– Ele está preocupado, Daniel. – Cassandra disse – Era ele quem estava com ela, se lembra?

– E como você sabe disso? – ele perguntou à minha irmã.

– Todos sabem. – ela simplesmente respondeu.

Andamos até o Grande Salão com Danny perguntando à Cassie se sua irmã e namorada ainda queria mata-lo. Cassandra soltou uma adorável gargalhada. Daniel perguntou o que havia de engraçado, e ela apenas riu ainda mais. Nos sentamos perto de Noah e Scorpius para podermos jantar. Me servi e comecei a comer lentamente, enquanto meus olhos vasculhavam o lugar. Cassandra conversava com Hugo Weasley sobre algo realmente engraçado, pois ria o tempo todo. Melanie estava um pouco mais longe, com suas amigas.

Eu precisava conversar com ela.

Quando terminei de jantar, quase não havia mais pessoas no Salão. Me levantei e procurei por Melanie. Ela não estava mais ali. Fui até Cassandra. Ela ainda conversava com o garoto Weasley.

– Cassie, você viu Melanie? Aquela minha amiga? – eu perguntei à ela, chamando a atenção de alguns alunos.

– Você diz a loira de olhos claros que você estava beijando hoje mais cedo? – minha irmã perguntou com certo veneno na voz.

Ela só falava assim comigo quando queria jogar algo na minha cara. E eu já sabia o que era.

– Essa mesma. – respondi sem emoção.

– Ela saiu daqui tem pouco tempo, se você for rápido dá pra alcançar. – Hugo Weasley disse.

Me surpreendi com ele me ajudando.

– Valeu cara. – eu disse sorrindo pra ele.

– Não era pra você ter dito! – Cassandra disse batendo no braço dele.

– Isso dói, sua violenta! – o ruivo reclamou.

Ri dos dois. Saí do Salão com um pouco de pressa. Quando alcancei alguns alunos da Grifinória, já perto da torre, procurei por Melanie. Vi algumas de suas amigas e fui até elas. Quando perguntei por Melanie, elas soltaram alguns risinhos e me disseram que ela estava perto da Torre de Astronomia, pois havia ido levar um trabalho para a professora de Adivinhação. Agradeci à elas e corri na direção da outra Torre.

Eu já estava sem ar e todo suado quando a encontrei. Ela parecia distraída olhando para as paredes.

– Hey! – eu disse fazendo-a parar.

– Luke... – disse um pouco surpresa, mas ainda assim sorrido.

– Queria conversar com você. – eu disse colocando as mãos nos bolsos da calça.

– Eu também. – ela disse corando um pouco – Vamos caminhando, então? – Melanie disse me dando seu braço.

– Claro. – eu disse passando o meu pelo dela.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, apenas caminhando. Eu sentia a brisa gelado bater em meu rosto quente pela corrida e era uma coisa boa. Melanie parecia distraída, com os pensamentos em algum lugar distante.

– Uma moeda pelos seus pensamentos. – eu disse cutucando-a na cintura.

Ela riu por alguns segundos, mas seu sorriso foi se desmanchando aos poucos.

– Estava pensando em Lillían... – ela disse.

– Porque você não gosta dela? – perguntei olhando para meus sapatos. Eu precisava limpa-los.

– Sabia que eu e Sam Kingsley namorávamos? – Melanie disse sorrindo novamente.

Aquilo me deixou um pouco desconfortável. Nunca imaginaria Melanie e Sam juntos. Ela era boa demais para ele. Assim como eu.

– Não. – respondi.

Ela sorriu e passou a mão livre pelos cabelos.

– Estávamos juntos há três anos quando ele e Lillían começaram a se falar. Parece que foi há tanto tempo! – ela disse com a voz um pouco chorosa, eu pude notar isso – Eu o amava Luke. Acho que ainda amo. – completou com a voz mais baixa.

– E o que aconteceu?

– Ele terminou comigo. – ela disse dando de ombros – Não implorei que ele ficasse comigo, eu o deixei ri. Você sabe o que dizem... “Se ama alguém verdadeiramente, deixe que parta. Se voltar é seu, se não voltar...”

“... É porque jamais seria.” – completei.

– Quando o ano começou, ele passava todo o tempo com ela e então começaram a namorar. – Melanie continuou – Eu fiquei com raiva. Muita raiva. Mas não adiantava fazer nada, afinal era Lilly Potter.

– Você ainda gosta dele, né? – perguntei olhando para sua expressão de sofrimento.

– Sim, muito. – disse deixando uma lagrima descer por seu rosto – Não vou mentir, Luke. Eu senti algo por você. Mas quando você me beijou hoje, tudo clareou na minha mente. Somos amigos. Só isso.

– Eu também sinto isso, Honey*. – eu disse sorrindo.

– Você gosta da Lilly, não é? Eu vejo isso em você. Esse sentimento... – ela disse me olhando nos olhos.

Os olhos verdes dela eram do tipo que te prendem e te obrigam a dizer a verdade.

– Não vai ter como esconder pra sempre, alguém acabaria descobrindo. – eu disse dando de ombros.

– Eu admiro isso em você, sabia? – Melanie disse sorrindo – Ela te fez tanto mau, mas ainda assim não conseguiu matar esse sentimento.

– Eu chamaria de burrice. – eu disse arrancando uma risada alta dela.

Ficamos em silêncio, apenas escutando o som de nossos sapatos ecoarem pelo corredor.

– Você acha que... – Melanie disse, mas parou.

– Diga, Honey.

– Você acha Luke, que Sam ainda pode me amar? – ela disse olhando para o chão.

– Se eu continuo gostando da Lilly apesar de tudo, porque ela ainda não te amaria? – eu disse dando de ombros.

– Hoje ele veio falar comigo. – Mel disse apertando um pouco me braço.

Senti a raiva tomar conta do meu corpo novamente. Apesar de estar namorando com Lillían, ele ainda procurava a ex. Idiota, pensei, não merece nenhuma das duas.

– Ele queria saber se poderia ir à festa de aniversário da minha mãe. Meus pais gostam muito dele. – Melanie explicou ao ver meu estado.

– E o que você disse? – perguntei.

– Disse para ele perguntar diretamente aos meus pais. Ai ele disse... – ela fez uma pausa e suspirou – Que estava com saudade da minha voz. E então saiu tão rápido quanto Severo Snape quando via xampu.

Não pude deixar de rir. Era mais uma das piadas que um dos Weasley contaram quando foram visitar Rose na enfermaria. Não pude deixar de escutar. Muito menos de achar engraçado. Melanie deveria ter ouvido também.

– Não sei exatamente o que ele quis dizer com aquilo, mas mexeu comigo entende? – fiz que sim com a cabeça – Depois eu fiquei lembrando da época em que estávamos juntos... E fiquei com saudade.

– Eu te entendo. – eu disse sorrindo para ela.

Já estávamos perto da escada que levava à Torre da Grifinória. Era hora de me despedir, afinal aquele era o território do “leão”.

– Então... Amigos? – ela disse sorrindo.

– Só amigos. – eu disse a abraçando.

Sorrimos um para o outro e nos viramos, cada um indo para um direção diferente quando me lembrei de algo.

– Mel? – a chamei.

Ela se virou e sorriu, um sinal para que eu continuasse.

– Podemos fazer a atividade de Herbologia juntos? – perguntei.

– Claro! – ela respondeu sorrindo.

– Boa noite. – eu disse.

– Boa noite! – ela disse já subindo as escadas.

Eu estava voltando para as masmorras – seria um longo caminho – quando notei alguém vindo em minha direção. Deveria ser o zelador ou algum dos monitores. Já estava no limite do horário, com certeza levaria uma bronca, quando encontrei um corredor com algumas estátuas. Me escondi atrás da primeira que alcancei e esperei que os passos se afastassem. Depois de quase dez minutos, saí de trás da estátua. Eu já iria retomar meu antigo caminho quando vi algo que me chamou a atenção. Era um tênis. Com toda a certeza era um tênis.

Quando parei em frente ao dono do pé, senti vontade de me bater. Era Lillían novamente.

Ela ainda estava com o uniforme da escola, sentada no chão. Seu rosto estava um pouco manchado por lágrimas. Ela balançava um pouco o pé e brincava com um anel que havia em seu dedo anelar.

– Você deveria ir para o seu dormitório. – eu disse cruzando os braços – É meio perigoso ficar aqui nesse horário. Principalmente sozinha. – completei olhando ao redor.

Já havia passado do horário que podíamos ficar fora das Salas Comunais.

– Quero ficar sozinha. – ela disse olhando para o anel em seu dedo.

Suspirei. Era mesmo uma louca idiota.

– Será que vou ter que chamar seu namorado pra te rebocar daqui? – perguntei me irritando com a sua teimosia.

– Eu terminei com Sam. – ela disse firme.

Aquilo me surpreendeu um pouco.

– Espero que não tenha feito isso por mim. – eu disse sem emoção alguma.

Quando ela poderia me ter, não quis. Agora eu não a quero mais.

Lillían me olhou incrédula e foi se levantando.

– Como é? – ela diz se aproximando – Eu digo que terminei com meu namorado por sua causa e é isso o que eu recebo?

– Foi assim que você me tratou Lillían! – eu disse não aguentando ficar só escutando suas ladainhas – Isso que você está sentido agora, foi o que eu senti quando você preferiu ele a mim, mesmo depois de eu ter te salvo um monte de vezes naquela maldita floresta!

– Pensei que você gostasse de mim, Luke... – ela disse com lágrimas prontas para descerem por seus olhos.

– Disse certo: pensou. Porque eu não preferiria me matar do que sentir algo por você. – eu disse com a minha voz cheia de escárnio.

Não era a verdade, mas eu também não iria dizer o que sentia por ela. Estava com raiva, magoado e cansado de ser tratado como capacho.

– Na floresta, você disse... – Lillían disse já chorando.

– Tudo mentira. – eu disse rindo dela.

Seu rosto ficou vermelho e vi a fúria em seus olhos claros. Com um movimento rápido, ela acertou um tapa em meu rosto. Mas não qualquer tapa. Ela usou a mão que estava com o anel, com o pingente voltado para a palma, o que fez ele passar pelo meu rosto. Senti onde sua mão passou arder com intensidade e quando toquei, percebi uma fina camada de sangue.

– É isso que você faz com as pessoas, Lillían. Você as machuca! Não merece ninguém! – eu gritei a assustando, o que a fez dar alguns passos para trás – Perdeu Sam e nunca me terá! Vai ficar sem nenhum dos dois para aprender a valorizar as coisas que tem!

Queria dizer mais algumas coisas, mas o corte estava ardendo e eu já havia me arriscado demais. Então me virei e saí dali. Enquanto caminhava para longe, senti um tremendo orgulho de mim mesmo.

Meu lado malvado estava adormecido dentro de mim desde que sai da minha antiga escola. Era bom saber que ele só estava adormecido. Mas me sentia com um pouco de remorso. Nunca tratei nenhuma garota daquela maneira. Já havia dito coisas piores, mas nunca vi nenhuma delas assustada ou com medo. Eu me sentia um monstro.

Parei de andar e me sentei no chão do corredor. Eu não me arrependia de nenhuma das palavras que disse à ela, mas me sentia desconfortável por tratar assim uma garota. Principalmente a que mexia com meus sentimentos.

Eu me levantei e dei o primeiro passo quando escutei meu nome ser chamado. Não me virei. Sabia que era Lillían e não queria mais saber dela. Era tarde demais.

– Luke! – ela me chamou novamente.

Tive uma sensação estranha. Como quando eu estava na floresta e fomos abordados por aquele animago. Mesmo de longe, eu senti que havia algo errado. Sentia a mesma coisa agora.

– Por favor, Luke! – Lilly me chamou novamente.

Parei de andar. A voz de Lillían se misturava à outras. Eram altas, grossas e estavam alteradas. Engoli meu orgulho e dei meia volta.

– Me solta! – escutei ela dizer.

Quando alcancei o corredor novamente, haviam três garotos junto de Lillían. Um deles segurava com força em seu punho. Senti muita raiva ao ver aquilo.

– Hey! Tira suas patas de cima dela! – eu disse andando a passos largos até onde ele estava.

– Calma, cara! – ele disse visivelmente bêbado.

– Nós só estávamos levando Lilly para o dormitório. – um outro que estava mais atrás disse.

Olhei para seus uniformes. Eram todos da grifinória.

– Sam não vai gostar de vê-la aqui com ele. – o garoto que ainda a segurava pelo pulso disse.

– Não tenho mais nada com Sam! – Lillían gritou e logo depois pisou em seu pé.

– Isso dói, sua vaca! – o grifinório disse prestes a bater em Lilly.

Terminei de dar os passos que me separavam dele e o soltei de Lillían. O empurrei no chão e tirei minha varinha do bolso.

– Não Luke... – a garota disse abaixando minha varinha – Só deixaria você com mais problemas.

– Eles tentaram te atacar, Lillían! Não vou deixa-los inteiros... – eu disse olhando para os outros dois que se afastavam com medo.

– Você não se importa comigo, se esqueceu? – a ruiva disse cheia de sarcasmo.

– E eu sei mentir, se esqueceu? – eu disse com tanto sarcasmo quanto ela.

– E-e-eu juro que vou embora! E nun-nunca mais chego perto da Lilly! - o covarde disse tentando fugir.

Suspirei. Ela estava certa. Eu já estava encrencado o suficiente.

– Saia daqui, seu covarde! – eu disse virando as costas pra ele.

Eu já estava bem longe quando senti uma mão me puxar para trás. Eu desejava de todo o coração que não fosse Lilly, mas aparentemente meus pedidos não são escutados.

– O que eu fiz de errado Luke? – ela disse chorando – Me diz, por favor! Eu... Eu gosto de você, de verdade! Eu te disse isso! Porque você continua me tratando desse jeito? Você não tem coração?!

– Coração? – perguntei incrédulo – A garota que mandou o namorado me espancar até quase a morte vem me falar do que é ter um coração? Francamente, Lillían...

– Mas eu estou aqui, agora, me humilhando para você! Te implorando por perdão! Será que é difícil pra você notar que eu estou apaixonada por você? Que eu abriria mão de tudo pra ficar com você?! – ela continuou a dizer com lagrimas nos olhos.

Eu quase acreditei no que ela me disse. Quase. Estava faltando alguma coisa ali. Lillían não era dessa maneira. Ela não chorava. Nem dizia que estava apaixonada por mim. Não fui capaz de dizer nada. Eu não sabia o que fazer! Então ela veio até mim, e me abraçou. Não tive muita reação. Ela estava com frio, eu sentia todo o seu corpo tremer. Não era para menos, já estava tarde e ela estava de uniforme. Aquela saia indecente não é muito boa para aquecer.

Depois de alguns segundos, passei meus braços ao redor dela.

– Vai ficar tudo bem, Lilly. – eu disse beijando seus cabelos.




Honey* quer dizer mel em inglês. Faz referencia ao apelido dela.


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Notas finais do capítulo

Eu disse que postava até segunda, e hoje é segundaa! :D
Só não postei ontem por que estava um pouco insegura com o final :s Mas espero que vocês tenham gostado ^^
A música no link é a que me inspirou para escrever esse capítulo, então se vocês puderem escutar ela eu fico feliz ^^
O próximo capítulo será Rose/Scorp totaaaaaaaaaaaaal! Você neeem fazem idéia do que vai aconteceeer! HAHAHAHA! Querem umaaaa dicaa? Não vou contaaar! HUAHSU, eu sou malvadaa! >.
Mas se vocês fizerem como a mrsvaldez que me add no MSN, vocês descobreem ;D
E por falar nela, mrsvaldez, obrigada por me ajudar com o capítulo! Sim, ela me ajudouuu! *--*
Deixem reviews e recomendações genteee! Plisss >_
ScorpBeijos ;*