The Reason escrita por Princess


Capítulo 27
Finally




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Scorpius Malfoy

Sabe quando você está realmente ansioso com alguma coisa? Como na manhã de Natal, e você quer muito abrir seus presentes? Eu me senti assim naquele dia. Eu estava esperando por ela. Durante o café da manhã, durante as aulas, os intervalos das aulas, no almoço, durante nosso castigo e até no jantar, mas ela não veio. Não desejo que ninguém jamais sinta isso, esse desespero. Era como abrir seu presente de Natal e descobrir que aquela sua tia chata não te mandou o presente que você queria. Na verdade, ela não te mandou presente nenhum. Eu pensei em ir até a enfermaria, saber se ela estava lá, mas quando cheguei a três metros de distancia, desisti.

Afinal, o que eu iria dizer? “Oi Rose, tudo bem? Só passei pra dizer que eu estou apaixonado por você. Tchau!” Seria estupido dizer isso, principalmente depois de ela ter salvo a minha vida. Aquele feitiço... Ele era poderoso. Poderia ter causado sérios danos em mim, mas ela se preocupou comigo.

Suspirei. Eu precisava falar com ela, dizer o que eu sentia. Mas como? Como eu iria fazer isso sem ser fraco? Porque  é tudo tão difícil quando o assunto é Rose Weasley? Fiquei pensando  e me revirando na cama por não sei quanto tempo, até que meus olhos começaram a pesar e eu dormir. Quando acordei, não havia muito sol. Me levantei e olhei para as camas ao meu lado. Daniel roncava alto e Luke dormia com seu uniforme. Ele deveria me explicar o motivo de ter chegado tarde, afinal eu sou monitor da Sonserina.

Peguei minha toalha e fui para o banheiro. Não havia ninguém acordado ainda, o que achei uma maravilha. Sonserinos são barulhos de manhã. Estão sempre discutindo sobre porque não são os primeiros a usar o banheiro. Simples: acordem mais cedo e o banheiro será todo de vocês, preguiçosos.

Depois de tomar banho e escovar meus dentes, voltei para o quarto. Daniel ainda roncava e Luke começava a acordar. Troquei de roupa e me sentei na cama para colocar meus sapatos.

- Que dia da semana é hoje? – Luke perguntou com a voz rouca.

- Quinta. – respondi rindo da cara dele. Parecia que ela não dormia há um ano.

Luke suspirou e deitou na cama.

- Graças à Merlin! – ele disse.

Depois de colocar o tênis, procurei por minha varinha e comecei a arrumar meus materiais.

- Que horas você chegou ontem? – perguntei assim que Luke se levantou da cama, indo para o banheiro.

Ele franziu as sobrancelhas e gaguejou algumas palavras.

- Será que posso te dizer depois? – perguntou totalmente constrangido.

- Vou te esperar na Sala Comunal com uma boa explicação. – eu disse pegando minha mochila.

- Tudo bem. – Luke disse suspirando e saindo do quarto.

Me virei para a cama de Daniel e o chamei. Ele resmungou algumas coisas e depois voltou a roncar. Chamei ele novamente, dessa vez usando um feitiço que ampliava a voz. Danny levantou assustado.

- Seu idiota, eu pensei que era alguma coisa importante! – ele disse jogando um travesseiro na minha direção.

- A sua educação é importante, idiota. – eu disse saindo do quarto que dividíamos.

Desci para a Sala Comunal e me sentei em uma das poltronas. Aproveitei o tempo para verificar se não havia alguma atividade para hoje. Eu teria apenas que ler alguns capítulos do livro de Herbologia e não me atrasar para as aulas. Depois de guardar meus materiais na mochila novamente, puxei minha varinha do bolso e fiquei brincando com alguns objetos da mesinha onde meus pés estavam.

Depois de algum tempo, um aluno ou outro passava e me cumprimentava. Olhei para o meu relógio e ainda era realmente muito cedo. O Grande Salão nem deveria estar aberto ainda e eu precisava conversar com Luke sobre o horário de recolher. Não é porque ele é meu primo que vai poder chegar na hora que quiser. Cinco minutos se passaram e então Luke se sentou no sofá ao meu lado. Ele suspirou e largou a mochila no chão.

- E então...? – perguntei.

- Eu poderia inventar milhões de desculpas, você sabe que eu sou bom em mentir. – Luke começou olhando para suas mãos enquanto falava – Mas eu prefiro dizer a verdade porque não foi uma coisa muito legal.

- O que aconteceu? – perguntei começando a me preocupar.

- Bom, você percebeu lá na floresta que eu e a Lillían... Meio que temos uma coisa, né? – ele perguntou corando.

- É, ficou bem claro pra mim. – eu disse rindo.

- Ontem eu estive evitando ela, já que ela estava namorando o Sam. – ele disse estava? – Depois do jantar, eu fui procurar a Melanie para conversarmos e acabei perdendo o horário. Quando eu estava voltando, encontrei com Lillían em um corredor e...

- Não vai me dizer...

- Não! – ele disse com os olhos arregalados – Nós discutimos, cara. Não aconteceu nada demais.

- Sei... – eu disse sorrindo – Continue.

- Ela já estava me tirando do sério, então eu larguei ela lá e comecei a vir na direção das masmorras quando ela me chamou. Eu pensei que ela queria conversar de novo, então não dei atenção, mas ela me chamou de novo e haviam outras vozes misturadas com a dela. Eu sei lá o que me deu, então eu voltei pra ver o que era.

Ele fez uma pausa, olhou ao redor e continuou dizendo, só que com a voz mais baixa.

- Uns alunos da Grifinória estavam tentando levar ela a força para a torre. Só que... Eles estavam bêbados, cara. Totalmente bêbados!

- Grifinórios bêbados? – eu perguntei não acreditando.

- É! Eu sei que parece ser impossível, mas pergunte à Lillían se você quiser. Ela sabe quem são eles. – Luke disse nervoso.

- E depois? O que você fez? – perguntei.

- Eu iria tortura-los, mas a insuportável da Potter não deixou. – respondeu emburrado.

- Ela estava certa, você se meteria em mais problemas se fizesse isso. – eu disse suspirando – O que você fez depois?

- Eu deixei eles irem. – respondeu olhando para os lados.

- Só? – perguntei desconfiado – Você deixou eles iriam, largou Lillían lá e voltou até o dormitório?

- Não... – disse mais vermelho do que já estava – Conversei com ela e depois a deixei perto da torre.

- E então você veio para o dormitório? – eu disse tentando não rir dele. Em vão.

- Você quer parar com isso? – Luke disse mais nervoso e vermelho que antes.

- Ah, me diz Luke! Vocês estão juntos? – perguntei rindo dele.

- Não é da sua conta. – ele disse tentando parecer certo, mas estava com vergonha demais para isso.

- Hey, eu sou seu primo, mentor, monitor da sua casa e seu primo. É meu direito saber, tá legal? – eu disse pegando minha mochila.

- Você disse primo duas vezes. – Luke disse olhando para os lados, totalmente envergonhado.

- Pra dar ênfase. – eu disse rindo dele.

Ele se levantou junto comigo e pegou sua mochila no chão.

- Vai me dizer, ou não? – eu perguntei quando chegamos ao final dos corredores que ligavam as masmorras ao resto do castelo.

- Dizer o que? – ele disse tentando fugir do assunto.

- Pelo amor de Merlin, Luke! Desembuche logo! – eu disse o sacudindo.

- Você parece uma garota de quinze anos fofoqueira, sabia? – meu primo disse.

- Se você não me contar, eu pergunto à Cassie. – eu disse dando de ombros.

- Tá, tá, tá, tá! – Luke disse perdendo a pouca paciência que tinha – Nós não falamos nada sobre compromisso, ou qualquer coisa do gênero, mas concordados que não diremos a ninguém.

- Ou seja, vou ter que manter minha boca fechada. – eu disse um pouco decepcionado.

- Isso mesmo. – Luke confirmou me dando tapinhas nas costas.

- Você é um chato insuportável! – eu disse cruzando os braços.

Ele revirou os olhos e começou a se afastar, indo pelo corredor oposto ao meu.

- Aonde você vai? – perguntei.

- Ao corujal. – ele respondeu já se afastando.

- Ao corujal ou a Torre da Grifinória? – eu disse piscando pra ele.

- Cale essa maldita boca... – Luke disse olhando ao redor.

- As pessoas não podem saber que você está todo apaixonadinho? – eu disse, ou melhor, gritei na medida em que me afastava dele.

Ele lançou um feitiço em minha direção, mas me desviei e comecei a correr. Quando parei, bem longe de Luke, não pude evitar as risadas que saíram de minha boca. Quando comecei a me controlar, percebi que o corredor onde eu estava não me levaria até o Grande Salão. Bom, chegar lá eu chegaria, mas demoraria um pouco mais. Não fazia diferença, eu não estava atrasado. Ajeitei a mochila nas costas e coloquei as mãos nos bolsos da calça.

Minha mente vagava para o que os pais de Luke diriam quando soubessem que ele estava tendo um namorico com Lillían Potter. Tia Dafne provavelmente desmaiaria e depois começaria um sermão sobre como ele era novo demais para namorar. Ri desse pensamento. Minha tia era realmente muito super protetora. Mesmo Louise não sendo sua filha, ela havia ficado quase louca quando viu o estado da enteada.

Cassandra... Bem, ela era a princesa da família. Todos nós fazíamos tudo por ela. Senti um arrepio ao me lembrar da história dos pais dela.

Por instinto olhei ao redor e fiquei realmente surpreso por estar na porta da enfermaria.

Como eu havia parado aqui? Justamente aqui?

Minhas mãos tremiam como duas varas verdes e meu coração estava tão acelerado que alguém em Hogsmeade poderia escutá-lo. Não queria estar ali, tão próximo dela. Eu poderia entrar ali facilmente, acorda-la com um beijo e despejar todos os sentimentos confusos que me assombravam. Será que era isso que eu deveria fazer? Foi o destino que me trouxe até ela? Me trouxe até aqui para poder dizer o que eu estava sentido?

Minha mente queria desesperadamente cruzar as portas da enfermaria, mas meu corpo repelia todas as tentativas de seguir em frente.

Eu deveria deixar de ser tão covarde. Eu devia ir até lá e conversar com ela. Essa é a atitude certa. Mas porque minhas pernas simplesmente não entendem isso?!

Tomado por um impulso que surgiu de não sei onde, entrei na enfermaria. De repente eu estava cheio de coragem e determinação, mas elas evaporaram do meu corpo assim que me aproximei de onde ela deveria estar. Parei me sentindo um completo idiota e comecei a voltar, mas acabei tropeçando em meus próprios pés, o que provocou um barulho relativamente alto para o ambiente silencioso.

- Quem está ai? – escutei Rose perguntar.

Tentei sair o mais silenciosamente possível da enfermaria, mas não consegui. Antes que eu pudesse chegar à porta, Rose soltou uma pequena exclamação e disse: “É só você.”

Que garota petulante!

- O que quer? – ela disse passando as mãos pela saia do uniforme.

Fiz minha mente trabalhar desesperadamente em busca de uma resposta que não envolvesse meus sentimentos por ela e acabei contando o que Luke me disse - ocultando alguns detalhes, é claro. Ela escutou tudo pacientemente e não disse nada, apenas fez uma careta engraçada quando terminei.

- Eu vim falar com você já que é a monitora da Grifinória e prima de Lillían também. – eu disse ponde uma das mãos na nuca.

- Obrigada por me avisar. – Rose disse sorrindo.

Ah, aquela droga de sorriso! Ela sempre me vencia com aquele maldito sorriso.

- Mais alguma coisa Scorpius? – ela disse piscando seus lindos azuis.

Como eu odeio quando ela faz isso, minhas pernas começam a tremer... Droga!

- Não... Quer dizer sim... – eu disse totalmente confuso e constrangido.

- Então diga. – aquilo nos olhos dela é expectativa?

Fiquei sem fala ou ver que ela esperava que eu dissesse alguma coisa. Eu sabia que deveria dizer algo. Minha boca se abriu várias vezes, mas em todas elas saia apenas algumas coisas gaguejadas. Ela abriu um pequeno sorriso - que parecia debochado em minha opinião. Senti certa raiva, mas ela fez algo me surpreendeu. Rose passou uma de suas mãos por meu rosto, sorrindo de maneira gentil.

- Fique calmo. – ela disse me fazendo acompanhar o movimento de seus lábios.

Fechei meus olhos e respirei fundo. Senti Rose puxar sua mão de meu rosto, mas a mantive ali, segurando sua mão com as minhas. Sua pele macia parecia como um cobertor pra mim - me aquecia. Quando abri meus olhos, encontrei os seus com mais expectativa.

- Obrigada. – eu disse beijando a palma de sua mão – Pelo o que fez por mim.

- Devemos proteger quem amamos, não é? – ela disse de forma tranquila enquanto afastava um fio de cabelo de meus olhos.

Meu coração estava tão acelerado que parecia querer sair de dentro de mim; minha boca estava totalmente seca; e eu tinha absoluta certeza de que alguma coisa iria explodir dentro do meu estômago. O que ela queria dizer com aquilo?

- Rose? – alguém chamou atrás de mim.

Vi uma luz vermelha brilhar no fundo dos olhos dela antes que ela soltasse sua mão de mim e respondesse a pessoa que a chamava.

- Sim? – minha ruiva disse sorrindo.

- Vim trazer seu material, e te acompanhar até o Grande Salão. – era Alvo Potter.

Ele estava parado na porta, com duas mochilas; uma em sua mão esquerda e a outra no ombro direito. O garoto parecia constrangido e raivoso ao mesmo tempo. Talvez não gostasse dessa aproximação entre sua prima e eu.

- Você vem conosco, Scorpius? – Rose perguntou corando um pouco.

Eu poderia aceitar, mas poderia negar também. Eu estava muito confuso, então apenas dei de ombros. Ela sorriu e andou até o primo lentamente. Ele passou um dos braços pelo ombro da prima, e então saiu da enfermaria sem me esperar. Suspirei.

Porque as coisas tem que piorar logo que começam a ficar boas?

Segui os dois de uma distancia confortável para mim e para Alvo – talvez para Rose também – até o Grande Salão. Durante todo o caminho, os dois conversaram e ficaram rindo. Hora ou outra Rose olhava para mim e sorria também. Era o suficiente para me manter ali, tão perto deles. O sorriso dela sempre me motivava. Assim que passamos pelas portas do Salão, eles foram para a mesa da tão amada Grifinória, enquanto eu me dirigia a mesa da Sonserina. Não havia ninguém – ninguém mesmo – na mesa de minha casa.  Como não tinha ninguém para conversar ou algo do gênero, meus olhos estavam sempre fixos na mesa dos grifinórios.

Eu me sentia um grande lixo. Um grande lixo raivoso. Um grande lixo raivoso com sede. Um grande lixo raivoso com sede de sangue. Sangue de Alvo Potter.

Ele conseguiu atrapalhar o momento de maior coragem de toda  minha vida!

Depois de um longo tempo, Luke apareceu. E então Daniel, Bianca, Rayra, Améllia e Noah, mas ele não sentou conosco. Apenas nos cumprimentou e se acomodou um pouco afastado – e sozinho.

- Vocês brigaram? – perguntei a Bianca.

Ela fez que não com a cabeça. Deixei isso um pouco de lado e tomei meu café da manhã. Saí um pouco cedo demais do salão. Eu estava começando a me incomodar com os olhares que eu recebia de certos grifinórios.

As aulas passaram de maneira rápida, mas sabe o que foi mais incrível? Em nenhuma das aulas que eu fazia com Rose, pude conversar com ela. Por quê? Seus cães de guarda não deixavam. Era incrível como sempre havia um primo ou amigo para puxa-la justamente no momento em que eu me aproximava para conversar com ela.

Merlin deve estar rindo da minha cara agora...

No almoço tentei falar com ela, mas a diretora apareceu. Ela e Rose saíram caminhando pelos corredores, me deixando totalmente frustrado. Saí andando pelo castelo com a raiva emanando do meu corpo. Se eu não precisasse de uma boa nota em poções, não iria aquela maldita aula. Eu queria era socar alguma coisa! Quando cheguei às masmorras me acalmei um pouco. Aquele ambiente úmido parecia me tranquilizar. Depois de me sentar, peguei o livro que a professora Morgana havia distribuído pelas mesas e li o capítulo indicado no quadro.

Às vezes ela me olhava de sua mesa, com a expressão intrigada. Eu não era de chegar cedo e lugar algum. Depois de uns dez minutos, eu acho, suspirei e fechei o livro. Não havia ninguém na sala ainda.

- Seu ódio é tanto que eu poderia moldar um boneco de neve com ele. – a professora de Poções disse um pouco debochada.

Queria poder respondê-la, mas era verdade. Meu ódio poderia derrubar um trasgo se ele chegasse perto demais.

- Tem haver com uma garota, certo? – a professora perguntou sorrindo de lado.

- É. – eu disse olhando para a mesa.

A professora Morgana é legal. Uma das poucas pessoas em Hogwarts com quem você pode conversar sem levar uma bronca. Quando duelei com um pirralho e a diretora McGonagall proibiu duelos porque eu “fui violento demais”, Morgana Adams foi a única que não me viu como o errado da história. Ela sabia que era um acidente. Depois disso sempre que precisava de algum conselho pedia a ela. Tudo bem que recorria aos meus pais, mas quando eles não podiam me ajudar era ela quem me aconselhava. Dentro ou fora da escola.

- Escute Malfoy, - ela disse fechando o livro em suas mãos – sabe por que os grifinórios e sonserinos não se dão muito bem?

Não sabia o que responder, então dei de ombros.

- Grifinórios são corajosos, pois seguem seu coração. Os alunos de nossa casa são estrategistas, seguimos nosso raciocínio, o que nossa mente acha que é certo. – ela fez uma pausa, me olhando com seriedade – Deixe de ser tão covarde e tente deixar seu coração te guiar. Até o homem mais frio do mundo sucumbe ao amor, Scorpius. Veja seu pai, é a prova viva disso.

Meu pai... Ele e minha mãe realmente se amam. Eles são como duas peças de xadrez, só que de lados opostos. Meu pai é frio, minha mãe é doce; ele odeia a primavera, minha mãe ama; ele adora guloseimas, ela detesta... O que um gosta, o outro abomina. Chega a ser engraçado quando eles começam a discutir, porque eles sempre acabam rindo um do outro. As diferenças entre eles os completam.

Será que poderia acontecer o mesmo comigo e Rose? Apesar de sermos tão diferentes, será que poderíamos nos dar bem?

A aula passou devagar, como se o tempo estivesse se arrastando. Eu estava nervoso e com raiva. Precisava de um pouco de ar fresco para poder pensar direito. Quando a aula acabou e a professora nos dispensou, saí o mais rápido que pude. Quando alcancei os jardins, suspirei aliviado. Eu precisava pensar.

Fui até a beira do lago e me sentei. É estupidez um aluno ir para o lago, mas eu gostava daquele lugar. Era divertido ver a lula-gigante pulando quando estava agitada. Suspirei mais uma vez. Eu ainda tinha mais umas três aulas... Ignorei isso. Não queria ir para uma sala de aula, a liberdade que eu estava sentido ali não existia em outro lugar.

Fiquei ali o resto da tarde, pensando enquanto jogava pedras no lago. Minha única companhia era a Lula, que nadava no lago, provocando algumas oscilações na superfície. Às vezes eu tinha a impressão que ela olhava para mim. Por algum motivo idiota, senti como se fossemos amigos há décadas.  Sorri ao imaginar eu e uma lula gigante contando casos de infância na ceia de Natal. Seria uma coisa bem interessante...

Fiquei ali até o sol se por. Foi uma coisa linda. Os últimos raios de luz refletiam no lago, enquanto minha velha amiga lula mexia-se fazendo gotas de agua voarem em todas as direções. Apesar da agitação dela, não deixou de ser um belo contraste com a paisagem.

Joguei uma última pedra no lago e me levantei. Graças a Merlin nenhum aluno ou professor procurou por mim. Eu sei... É irresponsabilidade de um monitor fazer o que eu fiz, mas mesmo assim... Eu precisava de um tempo só pra mim.

Andei um pouco apresado pelos corredores, eu ainda tinha detenção, não podia me atrasar.

Quando cheguei à biblioteca, toda a paz que eu reuni durante a tarde sumiu. Bianca gritava coisas incompreensíveis para Noah enquanto Daniel a segurava. Os outros ao invés de separa-los, gritavam uns com os outros. Senti que uma veia de meu rosto estava prestes a se romper. Andei até eles. Eu tinha absoluta certeza que eu parecia com meu pai quando estava nervoso.

- Qual o problema de vocês?! – gritei quando os alcancei.

Ao se virarem pra mim e verem meu rosto completamente encoberto pela raiva que eu sentia, ficaram em silencio.

- Será que vocês não podem fingir que são pessoas civilizadas pelo menos enquanto temos que cumprir essa droga de detenção?! – gritei novamente – Vocês são bruxos, não um bando de trouxas selvagens! Comportem-se de maneira correta, ou eu juro que vocês vão conhecer o meu verdadeiro lado Malfoy... – eu disse abaixando o tom de voz para um mais assustador.

Percebi que a ameaça havia funcionado, pois Daniel soltou Bianca, que arrumou a saia do uniforme e pediu desculpas a Noah. Os Potter olharam nervosos para a prima e saíram de cabeça baixa. Luke puxou Noah e Danny para onde os grifinórios haviam ido e Bianca os seguiu, envergonhada. Alguns alunos que observavam o pequeno show me olhavam com os olhos arregalados.

- Porque não vão estudar? Não é pra isso que vieram aqui? – eu disse ainda com raiva.

Eles viraram o rosto com medo, talvez. Me dirigi até onde meus “amiguinhos” estariam e os vi arrumando tudo  em silencio. Larguei minha mochila em um canto qualquer  e comei a ajuda-los. Era incrível como todo momento agradável do meu dia estava terminando rápido.

Merlin realmente tirou o dia para rir de mim...

Por mais inacreditável que fosse, terminamos o trabalho em silencio. Apenas uma ou outra palavra, mas só. Aos poucos todos foram deixando a biblioteca. Estávamos apenas Luke, Lillían, Tiago, Rose, Bianca e eu.

- Hãm... Eu já vou. – Luke disse colocando uma das mãos na nuca enquanto sorria amarelo.

Balancei a cabeça concordando, e então ele saiu. Depois de alguns minutos, Lillían também saiu.

- Até amanhã. – ela disse enquanto pegava sua mochila no chão.

Interessante... Luke saiu e então Lillían também... Ri dos meus próprios pensamentos.

- Scorp... – Bianca me chamou totalmente envergonhada – Me desculpe pela confusão. Eu estou um pouco sensível nos últimos dias e acabei me irritando á toa.

- Tudo bem. – eu disse sorrindo de lado – Só tente pegar leve com o Noah, Ok? Os pais dele estão botando muita pressão nele e as provas começando também... Tente não ser tão dura com ele.

- Eu vou tentar. – ela disse sorrindo. Beijou meu rosto e saiu também.

Suspirei e peguei minha mochila.

- Vocês vão ficar? – perguntei a Tiago e Rose.

- Preciso procurar um livro para um trabalho. Vou daqui a pouco. – ele disse enquanto pegava sua mochila. Se despediu da prima e saiu pela biblioteca.

Olhei para Rose e notei que ela estava muito vermelha. Ela olhava para suas mãos e mexia o pé de um jeito nervoso.

- Você vem Rose? – perguntei achando um pouco de graça no jeito dela.

- Cl-Claro. – ela disse gaguejando.

Me segurei para não rir. Ela estava engraçada desse jeito. Rose pegou a mochila e  se aproximou. Sorri para ela e comecei a caminhar. Ela andava a uma boa distancia de mim, olhando para os pés o tempo todo. Sorri ao imaginar que ela se envergonhava por estar perto de mim.

Estávamos em um dos corredores onde sempre brigávamos. Eu sempre me lembraria desse corredor... Foi aqui que ela me azarou pela primeira vez. Balancei a cabeça ao me lembrar disso. Naquele dia eu tinha falado mal das trancinhas que ela usava.

Eu ia falar com ela, sobre minha súbita lembrança quando vi algo que fez meus pés travarem.

Meus punhos se fecharam instantaneamente. Minha cara malada havia voltado para meu rosto, eu tinha certeza disso. Senti uma das mãos de Rose em meu braço; ela dizia alguma coisa, mas suas palavras não chegavam aos meus ouvidos. A raiva as mantinha longe.

O motivo da minha raiva? Há cerca de dez metros de mim, Hugo Weasley beijava minha prima.

Eu sentia uma vontade imensa de arrancar a cabeça daquele pirralho fora. Cassie é só um bebê, não tem idade para ficar aos beijos por ai! Eu já estava avançando para cima do garoto, mas Rose me puxou. Ela me arrastou até outro corredor, onde me soltou.

- O que deu em você? – perguntou.

- O seu irmãozinho estava beijando minha prima! Você não viu os dois...? – eu disse fazendo uma espécie de mimica com as mãos, onde duas pessoas se beijavam.

- E o que tem de errado nisso? – Rose perguntou rindo.

- Cassandra é um só uma garotinha! Seu irmão esta desvirtuando ela! – eu disse totalmente vermelho.

- Por favor, Scorpius... Eles têm a mesma idade. – ela disse revirando os olhos azuis.

- Mas são duas crianças! – eu disse puxando meu cabelo.

- Você está tão nervoso agora, mas tenho certeza que não ficou quando beijou uma garota pela primeira vez. – a ruiva disse arrumando meus cabelos.

- E não fiquei. – eu disse cruzando os braços.

- Tem certeza? – perguntou debochada.

- Tenho! – eu disse parecendo uma criança pirracenta – Só fiquei nervoso quando beijei você... – completei sem perceber.

Depois que as palavras já haviam saído de minha boca foi que percebi o que havia dito. Olhei para ela. Rose estava mais vermelha que antes. Olhava para os lados, tentando evitar olhar para mim.

- Rose... – eu chamei.

Ela olhou rapidamente pra mim, arrumando a mochila no ombro.

- E-eu... Eu vou-u... – ela gaguejou algumas palavras enquanto tentava se afastar.

Sorri me aproximando dela. A cada passo que eu dava em sua direção, ela recuava um. Estava totalmente nervosa com a minha aproximação.

- Hey... – eu disse segurando seu rosto entre minhas mãos quando finalmente a alcancei – Porque está fugindo de mim?

- Eu estou com medo. – ela disse olhando para mim.

Seus olhos azuis eram tão puros que me mostravam a sinceridade em suas palavras. Suspirei e soltei seu rosto.

- Sempre consigo te machucar, não é? – eu disse olhando para o chão.

- Não, Scorpius...

- É a verdade. – eu disse colocando as mãos no bolso – Eu sempre fui um idiota que ficava te irritando. Se eu não tivesse sido tão chato com você na primeira vez que nos vimos, poderíamos ter sido amigos... – suspirei e olhei para ela – Sempre fiz de tudo para me aproximar de você, sabia? As provocações... Eram só uma tentativa frustrada de demonstrar o meu respeito, mas nunca dava certo. – ri ao me lembrar de quando joguei tinta nela sem querer – Todas as vezes que você aprendia um feitiço novo e “testava” em mim, eu me empenhava em aprender mais... De certa maneira, você me ajudou a evoluir. Toda vez que você melhorava, eu me obrigava a melhorar. Eu tinha que ser melhor que você.

Rose me olhava de um jeito estranho. Suas sobrancelhas estavam juntas e mordia o lábio inferior. Balancei a cabeça tentando me concentrar. Eu havia começado, não poderia parar agora.

- Nunca consegui isso. Me tornar melhor do que você. – sorri de um jeito amargo – Eu sou egoísta, nunca pensei nos seus sentimentos; no que você sentia quando eu te tratava com arrogância. Era engraçado como eu te odiava por me fazer querer me aproximar de você.

- Odiava? – Rose perguntou voltando a morder a boca.

- Não tem como te odiar pra sempre, sabia? – eu disse – Você é linda, inteligente e me odeia. É perfeita.

- Você já disse isso. No trem, quando estávamos indo para casa no Natal. – Rose disse corando.

- Você tem boa memoria. – eu disse sorrindo.

- Não... Eu só me lembro das coisas que envolvam você. – disse perdendo um pouco da vergonha.

Sorri ao ouvir aquilo e voltei a segurar seu rosto.

- Isso é bom sabia? – ela disse sorrindo – Sentir o seu toque.

 – Eu te amo. -  eu disse colocando uma mexa do cabelo dela atrás de sua orelha

- Eu também te amo. – ela disse com os olhos brilhando.

Eu me sentia um sonserino idiota. Sempre senti medo disso, de dizer a ela o que eu sentia. Eu tinha medo de ser rejeitado, de Rose rir de mim, de não acreditar em meus sentimentos. Mas ali estava ela, dizendo que me amava também. Agora a única coisa que eu queria fazer era abraça-la e nunca a soltar. Se dependesse de mim ela nunca se afastaria de mim. Eu iria enfrentar toda a sua família se fosse preciso para que nós pudéssemos ficar juntos. Vê-la sorrindo me dava força, me motivava.

Eu poderia dizer que esse foi o momento mais feliz de toda a minha vida. Poderia.

- Mas... – Rose disse empurrando meu peito.

Mas... Essa maldita palavra! Sempre existia um mas, e ali estava o meu.

- Mas o que? – eu perguntei um pouco rude demais.

- Isso! – ela disse me empurrando para longe – Em um momento você me trata bem e diz que me ama, e no outro é grosso comigo!

Fechei meus olhos. Ela estava certa, eu devia ser bipolar.

- Me desculpe por isso, Ok? É que você me pegou desprevenido. Você disse que me amava também e então vem com esse “mas”... Eu me descontrolei, desculpe. – eu disse suspirando.

- Me prove. – Rose disse de repente.

- O que? – eu disse um pouco cansado.

- Me prove que você realmente me ama. – ela disse piscando os lindos olhos.

- Odeio quando você faz isso. – eu disse fechando os olhos.

- Isso o que? – a ruiva perguntou rindo em seguida.

- Me manipula. Eu sou o sonserino malvado, não você. – eu disse cruzando os braços.

- Nunca contei isso a ninguém, mas... Eu pedi para não entrar na Sonserina. – ela disse um pouco envergonhada.

- Como é?! -  exclamei totalmente surpreso.

- O Chapéu Seletor... Ele estava falando algumas coisas dentro da minha cabeça. Sobre como minha personalidade era diferente... Como eu me daria bem na Sonserina. – a Weasley disse olhando ao seu redor – Mas eu implorei para ele. Meus pais se envergonhariam, minha família ficaria decepcionada... Eu precisava ser grifinória. Alvo havia me dito no trem algo que tio Harry havia contado a ele. Que o Chapéu Seletor leva em consideração o que você quer. Me agarrei a isso com todas as minhas forças.

Aquilo me impressionou um pouco. Se ela fosse da mesma casa que eu, talvez...

- Por favor, Scorpius... – ela disse puxando-me para longe de meus pensamentos – Me prove que você me ama. Meu coração precisa disso.

- Você sabe que eu nunca negaria um pedido seu. – eu disse completamente derrotado.

Ela sempre me vencia, sempre.


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Notas finais do capítulo

Galera, esse capítulo foi o que menos me agradou. ;/ Ficou um grande PUM. Mas vocês entenderam o motivo no próximo capítulo que é um AVISO. Repito: O PRÓXIMO CAPÍTULO É UM AVISO.
Deixem a opinião de vocês sobre o capítulo, por favor gente!
Obrigada a mrsvaldez por me aturar (ela é muito corajosa por fazer isso) e a Mandy Santos, que me fez ter coragem para terminar esse capítulos. E um super muito obrigada À TODOS QUE ACOMPANHAM A FIC. Sem vocês ela não iria pra frente.
ScorpBeijos ;*
P.S: Viram a capa nova? Não tá muito linda? *-*



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