"Naquela tarde chuvosa
Cuja temperatura descia vagarosa
Minha atenção foi tomada
Por um grande guarda-chuva cor-de-rosa"

- Porque talvez essa rima possa definir melhor.

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Era uma tarde chuvosa e fria quando eu a encontrei.
Ruas encharcadas, não estavam movimentadas.
Eu seguia meu caminho sozinho, olhando sempre em frente.
Mas minha atenção foi roubada por um objeto peculiar de cor chamativa no meio daquele cinza, girando alegremente com o vento.
Um guarda-chuva, um simples guarda-chuva com o tom da inocência.

Logo, um grito solitário e o som de um carro fugindo rapidamente surgiram.
Olhei para baixo, lá estava a dona do guarda-chuva.
Uma pequena dama estirada no chão.
Seu sangue chamativo e com um certo brilho metálico era bem recebido pelas gotas da chuva, que juntos escorriam pelo asfalto.

Me aproximei, parecia uma obra de arte viva.
Sua pele, aos poucos, perdia a cor, fazendo um belo contraste com seu vestido rosa. Inocente como o guarda-chuva.
Seus cabelos dourados, manchados de vermelho, faziam uma bela moldura para seu rosto ferido, mas angelical.
Eu precisava ver seus olhos, para completar aquela beleza única.

Encostei em sua mão gelada, sabia que ela ainda estava viva.
Ela movimentou as pálpebras e deixou que dois pedaços do céu azul encarassem a minha face.
Aquele azul do céu... aposto que o céu nublado estava com inveja, naquele momento.
Sua face agonizante demonstrava um medo intenso.
Me abaixei, dando um leve beijo em seus macios lábios parcialmente rubros.
''Não tema. Você será uma obra de arte para sempre, pequeno anjo.''

Antes de perceber a alma da pequena deixar a porcelana ensanguentada,
Creio que pude ver um leve brilho em seu olhar, um agradecimento confuso, talvez.
Posso parecer um psicótico, mas pelo menos não a deixei morrer sozinha.
O vento cessou por um instante, o guarda-chuva parou de dançar.
O anjo encontrou seu caminho, e eu seguirei o meu.

Olhei para cima, procurando a marca de inocência.
O seu guarda-chuva voava, dançando com as lágrimas do céu.
Talvez sua alma já estivesse lá, dançando com ele.
Você se livrou da dor, do peso de viver neste mundo.
Ah, o guarda-chuva... Queria pegá-lo para mim, mas acho que será melhor que o vento o leve para um lugar distante.


Essa chuva não irá passar agora mesmo.