A Nova Vida de Ruby Menninger escrita por Between the moon and the sun


Capítulo 9
Decisões




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Eu já não pensava mais na minha mãe com tanta frequência. Pelo menos, não com tanta tristeza e saudade. As lembranças vinham me perturbar á noite. Porém eu raramente chorava, eu sabia que minha mãe não gostaria de me ver chorar por ela.

Certa noite, eu estava me sentindo muito sozinha e senti como se algo estivesse me chamando na praia. Eu saí do quarto em silêncio para que meu irmão não acordasse. A esmeralda do meu colar, brilhava um pouco mais intensamente do que de costume. Fui escondida até a praia, me escondendo das Harpias. Cheguei lá e me sentei na areia, olhando pro mar e alguém se sentou ao meu lado, mas de alguma forma, não me assustei com isso. Era como se eu já esperasse por isso. Eu olhei pro lado.

-Ruby, eu disse que seu pedido ia se realizar. Eu andei meio ocupado, me desculpe pela demora... - Disse um homem sentado ao meu lado, com os olhos verdes como os meus e cabelos escuros como os meus. Ele se vestia como um pescador, um homem simples. Bermuda, sandálias e camisa havaina. Ele estava sorrindo com um brilho nos olhos, o brilho do mar e eu olhei pra ele impressionada, com lágrimas nos olhos, estava emocionada por tê-lo ali.

-P-pai?

-Quem mais seria? - Ele disse sorrindo. - Sabia que você é minha primeira filha? Os outros eram todos homens. Até nisso sua mãe tinha que me surpreender, uma menina... - Ele disse rindo gentilmente. -Você parece sua mãe só que com olhos verdes e cabelo escuro. - Eu não sabia o que dizer.

-Pai você veio mesmo!

-Claro, eu disse que viria. - Ele continuava sorrindo pra mim. Eu me levantei da areia meio desastrada, e ele se levantou também.

-Tipo... Hm... Er... Eu passei tanto tempo pensando no que te dizer se um dia eu te visse e agora eu simplesmente não sei o que dizer... Mas... Ai pai, Obrigada por ter vindo. - Eu abracei ele sem jeito e ele me abraçou de volta. Ele tinha cheiro de brisa do mar. Eu estava tão emocionada e... Eu vi água vindo na nossa direção.

-Pare. - Ele disse pra água. -Filha, você tem que tomar cuidado com suas emoções, elas afetam a água, não sei como. - Ele beijou meus cabelos e me soltou do seu abraço.

-Desculpa...

-Desculpa? Pelo quê? Isso é legal, você só precisa aprender a controlar. Ah, eu vim te dizer uma coisa...

-O que?

-Sua mãe, era maravilhosa, uma humana muito legal. E ela não me contou sobre você porque achou que me traria problemas, mas ela não se perguntou o que eu acharia disso. E eu amo a idéia de ter uma filha. Ela se sacrificou pelo bem dos outros, ela sempre foi assim, nunca pensava em si mesma. E... Filha, eu sei que você acha que seu padrasto pode ter problemas por saber de tudo isso, mas você devia pensar se realmente não vale a pena correr os riscos. Eu sei como você se sente mal por não poder falar com ele e ele está muito preocupado com você. Olha... - Ele mexeu a mão e uma imagem se formou na água. Era o meu padrasto, perto dos filhos dele e de um policial americano.

-Eu lamento, senhor. Ela provavelmente está...

-Não fale isso! Vocês tem que achá-la!

-Sinto muito, já procuramos ela em todos os lugares que eram possíveis pro nosso alcance. Não há nada que possamos fazer agora... - O policial voltou pra viatura e foi embora, deixando o meu padrasto com Kayla e Marcus sozinhos. Meu padrasto estava cansado, acabado. Ele tirou uma foto da minha mãe da carteira.

-Me perdoe, eu disse que cuidaria dela e não consegui... - Ele começou a chorar e Kayla o abraçou, Marcus ficou olhando pra eles, tentando não chorar também.

-Vamos embora, pai. Você precisa descançar, vai ficar tudo bem. - Meu pai mexeu a mão de novo e a imagem se foi. Eu estava provocando toda aquela dor, culpa, tristeza... Tudo isso.

-Filha, espero que faça a escolhar certa, eu não posso escolher por você. Tenho que ir agora. E não se preocupe com as harpias, já cuidei delas, elas não vão te encomodar. - Ele deu um beijo na minha testa e eu estava congelada, parada como uma estátua. Ele se foi e deixou o cheiro de brisa do mar ali. Ele simplesmente se foi, desapareceu. Eu sentei de novo, olhando o mar. O sol já estava quase saindo e eu estava pensando em tudo isso. Eu senti uma mão no meu ombro e dei um pulo, segurei meu colar e tirei ele rapidamente, apertando a esmeralda, vendo o colar se transformar em uma espada. Nico deu um pulo pra trás com os olhos arregalados.

-Me desculpe, Nico. Eu só... - Eu me sentei de novo, suspirei, me sentindo frustrada. Apertei a esmeralda novamente e vi meu colar reaparecer, coloquei ele de volta no meu pescoço.

-Tudo bem. - Ele disse e se sentou ao meu lado. -Dia difícil? - Ele olhou pra mim. Eu devia estar horrível de tanto chorar. Contei pra ele tudo o que aconteceu com o meu pai.

-Talvez ele tenha razão... Talvez o certo nesse caso seja falar com seu padrasto.

-Eu não sei... Não posso arriscar a vida dele desse jeito.

-Eu espero que você faça a escolha certa. - Ele disse olhando pro mar com o olhar duro e triste. Acho que eu trouxe algumas memórias pra ele. Olhei pro anel dele, de caveira com olhos de rubi.

-Presente do seu pai?

-Hm... Mais ou menos.

-E o que ele faz? - Eu disse passando o dedo levemente pelo anel. Ele olhou pro meu dedo enquanto eu fazia isso.

-Vira uma espada de ferro stygiano. - Eu olhei pra ele confusa.

-E isso é legal? - Ele riu levemente.

-É sim. - O sol já estava nascendo.

-Por que você não está dormindo?

-Eu não dormi essa noite, aí eu estava andando e te vi aqui e vim pra cá. Por que se as Harpias tentarem te comer, eu posso te ajudar a lutar contra elas ou ser comido junto com você, apoio moral. - Eu ri.

-Seu bobo... - Eu bati meu ombro no dele gentilmente. -Meu pai disse que cuidou das Harpias, disse que elas não me comeriam. Pelo menos, não hoje.

-Ah...

-É mesmo uma pena que elas não me comam, não é mesmo? - Eu disse rindo e passando meus dedos pela areia da praia.

-Não foi isso que eu quis dizer com o "ah" - Ele riu também.

-Mas é melhor eu ir pro meu chalé antes do Percy acordar... Te vejo mais tarde. - Eu disse me levantando e correndo em direção as 12 cabines principais.

-Ok... Até mais. - Ele disse acenando pra mim enquanto eu corria. Entrei na minha cabine em silêncio, Percy ainda estava dormindo, que alívio. Eu subi na parte de cima do beliche e quando eu deitei...

-Aonde você estava? As harpias podiam ter te comido! - Droga, pensei. Mas esqueci de bloquear meus pensamentos, de tão cansada que eu estava. -Droga nada, é sério, Ruby. É perigoso lá fora.

-Me explico no café da manhã, você vai entender porque eu tive que sair, tenho certeza disso.

-Ok. Espero que tenha mesmo sido importante. Agora durma, temos que acordar em uma hora e alguns minutos.

-Tá... - Eu me virei e dormi rapidamente, estava mesmo morta de cansaço. Amanhã seria um longo dia. Nem tinha começado e eu não via a hora de chegar a noite, só pra dormir.


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