Clara pediu pra Nico se ele podia ajudar ela com os poderes de filha de Hades. Como ela estava no submundo, talvez fosse mais fácil treinar ali.

Eu sorri pra ele e disse que eu ficaria bem, que eu esperaria no quarto. Eu entrei no castelo de novo e subi as escadas que pareciam bem maiores agora que eu estava subindo sozinha. Fui até o quarto e me deitei na minha cama, liguei meu iPod e fiquei ouvindo música. Então eu olhei o guarda-roupa perto da minha cama. Eu fui até lá e o abri. Tinha roupas bem legais, estilo submundo mesmo. Então eu vi um papel ali. Eu o peguei e li.

"Ruby, pode usar essas roupas enquanto estiver aqui. Eram minhas, mas eu nem as uso mais. Vi que você não trouxe muitas roupas. Enfim, espero que goste. Ass: Perséfone."

Olhei todas as roupas. De um lado, estavam as mais escuras, vestidos, calças, blusas, camisas. Do outro, roupas coloridas. O problema é que as roupas dela, todas eram muito... Sexy pra mim. Mas eu queria muito vestir aquelas roupas...

Então eu peguei uma calça de couro preta que era super agarrada e vesti. Peguei uma camiseta super apertada que parecia muito um espartilho. Era preta, com uma fita roxa de cetim que trançava como em um cadarço na parte da frente, mantendo a camiseta - ou espartilho, como preferir - fechado. Lá tinha umas botas que eram de salto alto, mas de cano baixo, pretas de couro. Eu tive que calçá-las. Então eu passei lápis de olho e delineador preto, passei brilho labial. Aquelas roupas de Perséfone eram irresistíveis, se você as visse, você ia querer vesti-las também, acredite. Meu cabelo estava arrumado aquele dia. Tinha uma presilha que eu achei perto do bilhete que ela me deixou. A presilha era escura como meu cabelo, mas tinha uma rosa vinho enfeitando. A rosa não era grande, era uma presilha bonita. Eu me olhei no espelho e Perséfone apareceu atrás de mim.

-Gostou das roupas?

-M-muito... - A imagem no espelho... Eu não acreditava que aquela era eu. Amei aquelas roupas, me dava um estilo que eu sempre quis ter, mas nunca tive. Eu tirei os olhos da imagem do espelho e olhei pra Perséfone e ela sorriu.

-Você está linda, garota. E o almoço já saiu, venha.

Então eu acompanhei Perséfone. Eles almoçavam na parte de fora do castelo, no jardim de Perséfone que era escuro com flores que não existiam no mundo fora daqui. Nico estava sentado à mesa e me viu vestindo aquelas roupas e ficou me encarando, me olhando dos pés à cabeça. Hades estava sentado, entediado, na ponta da mesa. Deméter estava sentada a mesa também. Clara estava mexendo no celular, bem entretida. Eu sentei do lado do Nico na mesa. Ele ainda me olhava. Ele beijou meu pescoço e sussurrou no meu ouvido:

-Você está linda. - Eu nem preciso dizer que eu corei. Perséfone se sentou ao lado de Hades, que a beijou e sorriu pra ela. Eu pensei que nunca veria Hades sorrindo, aquilo era tão estranho. Se você estivesse ali, talvez se sentisse parte da família Adams. Eu gostava de estar ali, pelo menos sentia como se fosse parte da família. Não tinha carne. Como Perséfone disse, grãos e cereais. Eu estava morta de fome, comeria qualquer coisa. Eu e Nico conversávamos e comíamos. Deméter falava algo como "Olha essa menina, como está magrinha! Está como Nico quando veio aqui da primeira vez. Hades, você é um péssimo pai. Essa garota precisa de mais cereais." E Perséfone tentava mudar de assunto. Hades estava com cara de "Essa mulher vem até o MEU reino, me fazeu comer essas comidas estranhas e ainda quer me dizer como criar meus filhos? Legal isso." Clara não falou uma palavra, apenas olhava pra baixo, pro prato, e comia.

O almoço acabou. Clara pediu permissão pra Hades pra dar uma volta por aí, na superfície, disse que voltava pro jantar. Hades mandou uma benevolente pra cuidar dela. Hades, Deméter e Perséfone saíram, eles disseram que tinham assuntos a tratar e eu realmente não queria saber o que eles iam fazer.

Eu subi pro quarto, sem muita idéia do que fazer.

Então senti um vento gelado vindo atrás de mim e sorri. Era Nico.

-Ruby... - Ele disse andando até mim. Eu sorri e me virei, olhando pra ele.

-Sim?

-Você quer me matar, não? - Ele disse rindo.

-Hã... Não, mas porque a pergunta?

-Com essas roupas... Você quer me matar com essas roupas. - Ele disse corando e eu ri.

-As roupas? Não gostou delas?

-Gostei, claro que gostei.

-Ah... - Eu deu um sorriso malicioso e cheguei mais perto dele, enconstei meus lábios no dele, mas não o beijei. -Gostou mesmo? - Eu sussurrei contra os gélidos lábios dele. Ele assentiu e me beijou intensamente. Eu correspondi o beijo e ele passou a mão pela fita que prendia o espartilho, tirando a fita rapidamente. Eu tirei a camisa dele e nós nos deitamos na cama mais próxima, que era a dele. Ele escorregou a mão devagar pela minha barriga e minha cintura, então tirou a minha calça de couro. Ele ainda me beijava intensamente e eu passei a mão pelo seu tanquinho, tirei as calças dele também. Eu sabia que estávamos no palácio de Hades, mas eu não dava a mínima agora. A Clara que tinha mania de irromper pela porta nas horas impróprias. De repente eu esqueci até quem era Clara.

E então, foi assim que eu passei a minha primeira tarde no submundo. Não podia ter sido melhor. Eu ainda agradeceria a Perséfone por aquelas roupas.

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Ficamos conversando por um tempo, ali, juntinhos. Eu amava aquela sensação se estar nos braços dele, amava a sensação de estar sozinha com ele. Já estava quase de noite, e o jardim imaginário de primavera que Perséfone tinha feito na janela do quarto, estava iluminado pela luz de uma falsa lua cheia. A luz da falsa lua, entrava pelo quarto e iluminava o lindo rosto do Nico. Ele estava falando sobre como foi o tempo que ele passou com Clara, o que ele já sabia da irmã. Eu olhava os lábios dele se movendo.

-Aí ela virou pra mim e disse "Rosa ia ficar bem... - Então eu o beijei e ele sorriu.

-Eu te amo, sabia? - Eu disse sorrindo e olhando pra ele, com os meus lábios ainda encostados nos dele.

-Eu também te amo. Muito. - Então ele me beijou com paixão e ouvimos os grandes portões do castelo se abrindo.

-Ok, vamos nos vestir. E rápido, antes que Clara chegue ao quarto. - Disse ele rindo e se levantando, pegando suas roupas pelo chão e se vestindo rapidamente, eu me levantei e fiz o mesmo. Arrumei o cabelo rápido e corri pra minha cama. Ainda bem que a escada era beeeem grande. Me sentei na minha cama e coloquei os fones de ouvido, como se eu estivesse ouvindo música, entediada no meu iPod. Nico fingiu estar lendo um livro.

Clara entrou pela porta e levantou uma sobrancelha, olhando pra gente. Aposto que ela estava pensando "Como assim, eles não estão se pegando nem nada?"

Mas, graças aos deuses, ela não fez nenhum comentário. Estava chegando a hora do jantar e eu espero que eu e Nico possamos comer sem dar risadinhas demais, pra ninguém desconfiar.