A Nova Vida de Ruby Menninger escrita por Between the moon and the sun


Capítulo 32
Eu revi minha mãe/irmã morta




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Hades ainda devia estar conversando com a Clara, pois ela não tinha subido. Eu estava conversando com o Nico, ele ainda estava sentado na cama dele e eu estava com a cabeça deitada no colo dele. Estávamos conversando sobre um passado beeeem distante. Eu falava sobre a minha "família" mortal, lá do Brasil.

-Então, deixa eu ver se eu entendi... - Disse Nico, olhando pra mim e traçando uma linha levemente pelo meu rosto com a ponta dos dedos. -A sua irmã por parte de Íris, que você pensava que era sua mãe, tinha dois filhos gêmeos com o seu suposto padrasto que eram seus supostos irmãos? Sua família é um pouco complicada... - Ele disse rindo.

-Não, Kayla e Marcus eram filhos do meu padrasto, quer dizer... Cunhado... Ah, cara, que confusão! - Eu disse rindo. -Até eu me perdi agora. - Eu estava olhando pra cima, vendo o rosto de Nico e suspirei. Eu sempre ficava olhando detalhe por detalhe do rosto dele, ainda assim, eu sempre suspirava quando via seus olhos e seu sorriso.

-O que foi? - Ele disse me olhando confuso. Deve ter pensado que eu suspirei de tristeza por lembrar da minha velha família que não era minha família.

-O que foi é que você é muito lindo. - Eu disse rindo e corando. Então ele se curvou e beijou meus lábios.

Então ouvimos a porta do quarto se abrir e ambos quase pulamos da cama correndo. Eu me sentei ao lado dele, por reflexo. Ambos olhávamos pra porta, tentando não parecermos impressionados. Era Clara que nos olhou e deu risada.

-Olha a cara de vocês! Caramba, já é a segunda vez que eu abro uma porta e vejo vocês se pegando. Por favor, controlem os hormônios. - Eu olhei pra ela e corei como um tomate. Então ela olhou pra decoração do quarto. Aí ela fez algo estranho... A Clara normal, começaria a gritar como uma doida e se jogaria na cama rosa, tagarelando. Eu mal a conhecia e já sabia disso.

Mas ela simplesmente jogou a mala do lado da minha bolsa de escola, que eu tinha deixado cair perto da porta, hipnotizada com a decoração, eu acho. E então ela andou devagar até uma das camas com lençol azul claro, que não estavam decoradas com muitas cores nem flores, nem nada disso. Eu e Nico estávamos ali, sentados na cama com a decoração preta, olhando impressionados pra Clara. Então ela se jogou na cama azul, sem decoração, e ficou olhando pro teto.

-Clara, como foi a conversa com seu pai? - Eu perguntei.

-Nada demais... Ele me fez algumas perguntas pra me conhecer melhor e foi só isso.

-O que você achou dele?

-Normal. - Ela disse, dando de ombros. Ela realmente não gostava nada do pai, mas eu sabia que ela não iria me falar muito sobre a conversa. Então decidi mudar de assunto.

-Ah, eu já te expliquei porque eu não sou uma deusa?

-Você É uma deusa. Filha de dois deuses é uma deusa. - Eu rolei os olhos. Que garota teimosa.

-Não, eu não sou. Eu recusei a imortalidade e não sou deusa de nada.

-Bom... Você é minha deusa agora. Você é a única razão pra eu ainda gostar dos deuses.

-Mas você não conhece os outros deuses.

-Conheço sim.

-Daonde?

-Dos meus sonhos, eles sempre aparecem lá.

-E porque não gosta deles?

-Eu simplesmente não gosto. Mas aí você é deusa e não é má, não joga seus filhos por aí, nem filhos você tem. E você recusou a imortalidade pelas pessoas que você ama. Isso me faz te admirar. Você podia ser a deusa da realidade porque os outros não parecem viver muito na realidade humana.

-Você devia dar uma chance ao seu pai.

-Hades não me deu uma chance.

-Como quiser... - Eu disse, olhando pra Nico agora. Ele suspirou, pensando em como a irmã dele estava certa e errada ao mesmo tempo, provavelmente. Não sobre eu ser uma deusa, sobre a história dos deuses serem meio desligados da humanidade às vezes e não darem chances aos filhos. -Então Nico, que horas sai o almoço?

-Hm... Meio dia.

-Isso eu imaginei, mas... Que horas são aqui no submundo? - Ele olhou pra um relógio que estava em seu pulso.

-Dez e meia da manhã ainda. - Clara virou o rosto e parecia que ela ia tirar uma soneca. Eu olhei pro Nico e ambos estávamos preocupados com Clara. Eu sussurrei pra ele "O que poderíamos fazer pra ela se sentir melhor?" Ele deu de ombros. "Ela precisa de tempo pra pensar, vamos fazer alguma coisa." Ele disse, se levantando e segurando uma das minhas mãos. Eu me levantei e nós saímos do quarto.

-Nico...

-Sim? - Quando eu o chamei, ele parou de andar pelo corredor e olhou pra mim.

-Você disse que pode chamar espíritos e tudo mais, certo? - Ele assentiu. -Eu estava pensando... Será que você não podia chamar o espírito da minha irmã que eu achava que era minha mãe? Eu realmente gostaria de falar com ela...

-Eu posso tentar.

-Ok... Então, como você chama os espíritos?

-Tem dois jeitos. Como eu estou no submundo, eu posso usar o mais fácil, simplesmente "chamar" a sua mãe. Mas não aqui dentro do castelo. Vamos pro jardim de Perséfone.

Então eu e Nico seguimos descendo por aquela escadaria gigantesca que não tinha fim de novo, mas dessa vez, ao invéz de passarmos em frente aos tronos, Nico deu a volta por trás, me levando com ele e saímos do castelo.

Chegamos ao... Quintal do castelo, se é que podemos chamar assim. E então andamos até o jardim de Perséfone. Nico perguntou o nome da minha mãe/irmã e eu falei. Então ele falou o nome dela com mais algumas palavras gregas e de repente, o ar tremeu e eu vi a figura da minha mãe, quer dizer, irmã aparecer. Ela sorria pra mim.

-Mãe! Quer dizer, Sophia! - Eu tentei abraçá-la, mas ela era só um espírito, então não deu certo. Ela estava com o cabelo liso e o rosto angelical e sorridente.

-Vejo que descobriu a verdade, Ruby. Me desculpe por... Mentir pra você durante anos. Você não podia saber toda a verdade...

-Tudo bem, eu entendo. Então, você está mesmo no Elísio? - Ela assentiu. -E como é lá?

-Lindo, perfeito, maravilhoso. Eu sou muito feliz lá. Mas eu senti muito sua falta... Sem tirar que eu odiava te ver triste por mim. Bom, eu não tenho muito tempo... Eu só queria te dizer que não foi sua culpa, nada foi sua culpa. E dizer que eu estou bem e feliz. - Havia tanto que eu queria dizer, tanta coisa que eu queria mostrar... Mas era tanta coisa, que eu não sabia por onde começar, não sabia o que falar. -Querida, tenho que ir... Irmã. Espero que seja feliz. Eu te amo, nunca se esqueça disso.

-Eu também te amo. - Eu disse isso com lágrimas de felicidade e saudades nos olhos. Então o ar tremeu de novo e ela se foi. Nico me abraçou e eu o abracei com força, sorrindo e ao mesmo tempo chorando.

-Shhh, vai ficar tudo bem. - Ele disse pra mim.

-Nico, ela está feliz e... Eu senti tanta saudade dela, sabe? Eu... Eu estou feliz, muito feliz por ela, mas eu ainda queria falar tanta coisa... Não sei explicar.

-Eu sei como você se sente. Eu falo com a minha irmã às vezes, quando venho aqui. Eu me sinto bem melhor, mas ao mesmo tempo me bate saudades de quando ela estava viva.

-Obrigada. - Eu disse sorrindo e olhando pro Nico. Então eu senti um vento gelado passando por nós. O ar tremeu de novo, e eu olhei. Aquela era... A Clara? Não, Clara não tinha roupas tão discretas assim. Então Nico soltou-me do seu abraço devagar e olhou pra menina, sorrindo.

-Oi Nico! - Disse ela e olhou pra mim. -Você é a irmã do Percy, certo? Prazer, eu sou Bianca Di Angelo.

-Meus deuses, você é a cara da... - Então eu ouvi alguém chamando o Nico e correndo pra mais perto.

-Nico, eu preciso de ajuda com... - Aquela sim era Clara. Então ela parou e ficou olhando de olhos arregalados pra Bianca. Bianca também a olhava impressionada.

-Bianca, essa é a Clara, ela é nossa irmã. Clara, essa é Bianca. - Disse Nico, olhando pras duas.

-Caramba... Agora eu sei por que me chamam de Bianca. Menina, você é muito linda, me lembra alguém que eu conheço. - Disse Clara, rindo.

-Hã... - Bianca não sabia o que dizer.

-Não pergunte pra mim, eu não faço idéia. - Disse Nico em resposta pro "Hã" da Bianca. Eu e Clara não entendemos muito bem isso.

-Bom... Nico, você sabe que eu não posso ficar muito tempo aqui. Isso drena tanto a minha energia quanto a sua. Então... Foi um prazer conhecer vocês, Ruby e Clara. - Disse ela sorrindo e desaparecendo.

Então ficou aquele clima chato no ar de silêncio, um olhando pra cara do outro, até que Clara finalmente falou.

-Ok, isso foi bem estranho.


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