Acordamos sem pressa, era uma bela manhã. Eu me espreguicei, saí da cama, me arrumei e arrumei minhas coisas na bolsa de escola que estava comigo. Fui tomar o café da manhã com meu irmão. Austin sentou ao meu lado e beijou minha bochecha, eu corei, meu irmão levantou uma sobrancelha.

Ruby, por favor, vê se controla seu amigo aí.

Eu tive que rir.

-Que foi? - Austin perguntou, sorrindo.

-Nada... É só uma piada que eu lembrei agora. - Olhei pro meu irmão.

Você me deve uma.

Ele rolou os olhos.

-Então, onde estão os outros? - Perguntou Austin, olhando em volta.

-Nico e Annabeth estão vindo logo. - Disse Percy, olhando pro bolo de chocolate a sua frente, sem muita vontade de comer.

-O que aconteceu? - Eu disse olhando pra ele.

-Ah, sei lá. - Ele disse ainda olhando o bolo. Eu dei risada.

-Seu tonto. - Eu não acredito que ele estava mesmo com ciúmes do Austin. Eu e o Austin nem estávamos namorando. Então Nico chegou do meu lado e Percy ficou um pouco mais tenso, mas só eu via isso. Eu ri um pouquinho alto demais. -Percy, pára com isso! Come seu bolo, vamos sair logo. - Eu disse me levantando e andando até o hotel, do outro lado da rua, indo até quarto onde Annabeth estava. Bati na porta.

-Annabeth?

-Pode entrar, Ruby. - Eu entrei no quarto e ela estava colocando as últimas peças de roupa na mala. Quando ela acabou, nós duas saímos e fomos até a lanchonete, na frente do hotel onde os meninos estavam comendo.

-Vamos comer um pouco antes de sairmos. - Eu disse a Annabeth, sentando na mesa, ao lado de Nico, que sorriu pra mim.

-Bom dia, Ruby.

-Bom dia, Nico. - Eu disse sorrindo também. Então olhei pro cardápio e pedi um misto quente e um suco de uva. Annabeth olhou pro cardápio e pediu um sanduíche pequeno e suco de laranja. Meu irmão estava comendo bolo de chocolate e bebendo coca cola. Café da manhã tão nutritivo... Pensei com sarcasmo. Nico estava comendo waffles e tomando um cappuccino. Austin comia ovos com bacon e tomava suco de laranja.

Depois do café da manhã, pegamos nossas malas - no meu caso, minha bolsa de escola gigante - e o pote de... Qual é mesmo o nome? Ah, eu nem me importo com isso.

-Como nós voltaremos pro acampamento? - Disse Annabeth.

-Do mesmo jeito que viemos... Se Nico aguentar, é claro. - Ele assentiu.

-Eu vou chamar a Sra. O'Leary. - Nico pegou um apito de gelo que estava dentro do bolso da sua calça jeans escura, o tal apito de gelo stygiano que meu irmão falou pra mim, eu acho. Ele assoprou o apito que se quebrou e por um momento nada aconteceu. E então, do nada, Sra. O'Leary estava do lado do Nico, pulando e balançando o rabo. Eu dei um pulo e me afastei do cachorro gigantesco.

-Ok, agora vamos. - Disse Annabeth.

-Não vejo a hora de voltar pro acampamento. - Disse Austin, montando no cachorro gigante. Annabeth e Percy também montaram no cachorro, que correu e desapareceu nas sombras. Nico me olhou e eu me aproximei dele.

-Vamos? - Ele disse me pegando em seus braços gentilmente e olhando pra mim.

-Vamos. - Eu assenti. Ele correu e eu abaixei a cabeça e fechei meus olhos com força, esperando que a viagem nas sombras acabasse logo. De fato, acabou. Mas rápido que da primeira vez, eu acho. Logo estávamos no acampamento, Nico estava despencando, mas eu já estava esperando por isso. Pulei rapidamente pra fora dos seus braços e o segurei, levando-o até a sua cabine. Coloquei ele na cama e dei um beijo na testa dele. -Obrigada por tudo e agora descanse. - Ele abriu os olhos, totalmente exausto.

-Obrigado. - Ele deu um sorriso cansado pra mim e fechou os olhos de novo. Eu saí da cabine dele e fechei a porta.

Andei até a casa grande. Austin, Annabeth e meu irmão estavam lá, como eu pensei que estariam. Quíron e Sr.D. estavam lá também.

-Agora vocês têm que ir ao Olimpo levar o pote. - Disse Quíron.

-Ok, eu posso ir, Annabeth, Austin e Ruby não precisam ir, eles podem ficar aqui se quiserem. - Quíron olhou pra mim.

-Não, Percy. A sua irmã tem que ir. Você acompanhá-la, mas ela tem que ir. - Eu estremessi. O que ele quis dizer com tem que ir?

De qualquer forma, não questionamos. A parte, mas difícil da missão já tinha acabado. Era só devolver o estúpido pote pro Olimpo e voltar pro acampamento. Eu não sabia como eu estava errada...

Nós saímos do acampamento e fomos em direção ao Empire State Building. Meu irmão falaria com o porteiro, já que estava acostumado.

-600º andar.

-Garoto. - Disse um homem banquelo, cheio de espinhas no rosto, apesar de já ter passado da adolescência à muito tempo. Seus olhos eram escuros e seu cabelo era castanho claro, liso e ensebado. -Você sabe que não existe 600º andar aqui, não sabe?

-Eu preciso falar com os deuses, é urgente. - O homem ia abrir a boca pra zombar daquela frase, quando meu irmão terminou de dizer. -Meu nome é Percy Jackson.

-E o que você quer? - Agora o homem já sabia que ele não era um humano qualquer. -Tem hora marcada?

-É urgente, tenho que devolver o pote de Verwirrung. - O porteiro o olhava desconfiado agora. Então Percy mostrou o pote pra ele e ele arregalou os olhos, pegou um cartão-chave, e o entregou ao Percy. - Insira na fenda de segurança. Certifique-se de que ninguém mais esteja no elevador com vocês. - Nós entramos no elevador e o Percy inseriu o cartão-chave na tal fenda de segurança. O elevador subiu rápido, tocando uma música bem brega que eu não sei o nome. Quando saí, olhei pra tudo a minha volta. Era tudo lindo, mágico, perfeito, claro... Eu não tinha palavras, fiquei paralisada olhando pra tudo.

-Vamos, Ruby. - Disse Annabeth, me puxando pelo braço gentilmente, tão impressionada quanto eu, apesar de já conhecer o Olimpo. Aposto que esse lugar sempre impressiona, não importa quantas vezes você o visite. Nós andamos e subimos pela estrada principal rumo a um grande palácio. Degraus levavam a um pátio central. Além dele, a sala dos tronos.

Olhei trono por trono, mas não estavam todos sendo ocupados. Claro que cada deus tinha sua própria ocupação, alguns deviam passar a maior parte do tempo fora do Olimpo. Olhei pra um dos tronos, uma linda mulher, em tamanho gigante se sentava ali. Ela sorriu pra mim e piscou pro Percy. Era Afrodite, eu tinha certeza. Olhei pra outro trono, vi uma mulher linda, porém nem tanto quanto Afrodite. Ela me olhava dos pés a cabeça, me estudando, e tinha os olhos cinzas e espertos como os olhos de Annabeth. Aquela era Atena. Eram as únicas deusas que estavam ali, e também tinha uma deusa perto dos tronos, em pé, me olhando fixamente, com um grande sorriso no rosto. Ela tinha os olhos... Que cor eles eram, afinal?! Eles mudavam de cor constantemente e brilhavam muito. Algo em seu olhar me lembrava muito a minha mãe... Muito mesmo. Seu rosto me lembrava minha mãe. Seus cabelos caíam lisos como os cabelos da minha mãe, mas eram loiros.

Olhei pra outro trono. Lá estava Zeus, segurando seu raio. E meu pai estava ao seu lado, me olhando com um brilho preocupado nos olhos, mas ainda assim, sorriu. Olhei pra outro trono e vi um cara de uns 17 anos... Lindo, sorrindo pra mim. E ele piscou pra mim. Ele tinha os cabelos loiros e bagunçados, um sorriso brincalhão e confiante, com um brilho incomum e tinha olhos cor de mel. A-Apolo... Eu quase derreti. Enfim, achei que não era uma boa hora pra ficar babando e olhando pra Apolo.

Percy, entregue o pote pra eles, eu não sei como fazer isso.

Ele sorriu pra mim e assentiu. Ele andou pra frente e se curvou.

-Viemos devolver o pote. - Zeus olhou pra ele.

-Ok, garoto. Atena, você já sabe pra onde levar o pote. - Ela assentiu e se levantou, pegou o pote que parecia ter desaparecido em suas enormes mãos, porque ela estava na forma... "Gigante dos deuses" ou algo assim. Ela se retirou, levando o pote. -Pode se levantar, Percy Jackson. Na verdade, gostaríamos de conversar a sós com sua irmã. - Ele me olhou com os olhos elétricos.

-Hã... - Percy olhou pra mim preocupado e voltou a olhar pra Zeus

-Percy, tudo bem, espere com Annabeth e Austin do lado de fora do palácio, isso não vai demorar. - Meu pai disse, sorrindo pro Percy, que assentiu e saiu, com Annabeth e Austin atrás dele.

-O-O que eu, fiz? - Eu sussurrei assustada. Meu pai riu e olhou pra mim.

-Você não fez nada, minha filha. Não tema. Está tudo bem. Mas... Precisamos conversar...