– O nome verdadeiro da Hana é Sakura e...

– A Tia Sakura? Não acredito que você já namorou ela papai! Vocês são como dois irmãos!

– Foi por esse motivo que eu não senti nada quando a beijei. Eu a amo como se ela fosse realmente minha irmã, mas na época eu era jovem e confundi esse sentimento.

– Tá, e finalmente, quem é a Yumi?

– Hinata.

– N-Nani? A Hyuuga Hinata? Aquela do cabelão azul?

– Sim, ela mesma. Agora que a história acabou e você já sabe quem é quem na verdade, vá se arrumar. O dia já nasceu e hoje você vai ficar com a sua mãe.

– Papai! - Naruto já estava próximo a porta do quarto quando a filha o chamou. - Eu duvido que a Hinata tenha traído você! Eu a vi poucas vezes, sei pouco sobre ela, mas não consigo imaginá-la fazendo algo desse tipo. Ainda mais depois daquelas coisas que ela escreveu pensando em você.

Naruto permaneceu estático por um momento, totalmente perdido em seus pensamentos.
Aos poucos ele foi saindo do quarto. Antes de fechar a porta, olhou para a filha que estava sentada na cama o observando e disse:

– Já disse, vá se arrumar Tenshi.

[...]

Naruto e a filha caminhavam rumo a praça de Konoha onde a mãe da garota estaria esperando por ela.
Tenshi já não aguentando mais aquele silêncio chato entre ela e o pai, resolveu dizer algo.

– Papai? - Caminhavam de mãos dadas. Ela ergueu a cabeça para poder visualizar o rosto dele.

– O que foi? - Ele por sua vez, olhou para baixo.

– Me desculpe pelas coisas que eu disse. Sinto que você ficou com raiva de mim. Mas... Eu só disse aquilo porque quero a sua felicidade, papai. Afinal, a história que você me contou, não teve um final feliz.

Naruto não teve tempo para dizer algo a Tenshi, pois uma loira vinha em direção aos dois gritando.

– Por quanto tempo vocês iriam me fazer ficar plantada naquela praça, heim? Aposto que isso é tudo culpa sua Naruto! - Disse Ino revirando os olhos. - Vamos Tenshi, mamãe está com pressa.

– Olá Ino, está tudo bem comigo também. Obrigado por perguntar! - Falou Naruto ironicamente agachando-se para abraçar a filha. - Até mais princesa, cuide-se direitinho! - Levantou-se olhando para a ex-mulher. - Até mais Ino.

– Até! - Ela segurou a filha pela mão e ambas saíram andando. Tenshi matinha sua cabeça virada para trás, não conseguia parar de olhar para o pai.

– Tenshi, venha cá! - Naruto gritou, fazendo a menina soltar-se imediatamente da mãe e ir de encontro a ele. Deixando uma loira muito nervosa parada os observando.

– O que foi?

– Eu me esqueci de te contar o final feliz, mas você o conhece bem!

– E qual é?

– Você!

Tenshi não conseguiu segurar as lágrimas e as deixou cair enquanto abraçava o pai mais uma vez, bem forte. Separou-se do abraço encarando-o nos olhos.

– Para mim essa história só terá um final feliz, quando você estiver ao lado da mulher que realmente ama papai. Por favor, não perca mais tempo, vá atrás da Hinata e tente descobrir a verdade sobre aquele dia. Eu te amo! - Deu-lhe um beijo no rosto e finalmente foi para junto da mãe que já não aguentava mais esperar por ela.

Naruto ficou parado por um tempo refletindo sobre o que a filha lhe dissera. E, após pensar um pouco, ele começou a caminhar decidido do que iria fazer.
Foi até onde Hinata morava já há alguns anos. Ela não morava mais com a família desde a época do namoro dos dois, quando havia abandonado tudo e todos que nunca lhe deram o verdadeiro valor que ela merecia receber. Tempos atrás ela tinha saído da Vila, e quando voltou, comprou uma casa e nessa morava até hoje, pelo que ele sabia.
Por fim havia chegado. Estava receoso em bater na porta. Respirou fundo, tentando encher-se de coragem para fazer aquilo. Agora não era hora para desistir ou voltar atrás, tinha ido até ali com um propósito e não iria embora sem realizá-lo. Convicto disso, finalmente bateu na porta.

– Já vou! - Gritou Hinata do lado de dentro. Há quanto tempo ele não escutava aquela voz tão delicada? Depois do acontecido, todas as vezes que eles se encontravam, Naruto evitava encará-la ou dirigir-lhe a palavra. Em missões onde ela seria necessária, Shizune era quem conversava com ela.

A porta se abriu e os olhos perolados se encontraram com os azuis de Naruto. A morena sentia que seu coração, a qualquer momento, iria parar de bater. O que ele estaria fazendo ali?

– N-Naruto... O que você...

– Eu posso entrar?

– Hã? Ah, claro! Entre! – Ela abriu passagem para que ele passasse. Após ele entrar, ela fez o mesmo fechando a porta. – Sente-se, eu vou até a cozinha e já volto. – Naruto assentiu com a cabeça.

Quando estava indo em direção ao sofá, as fotos em cima da estante chamaram-lhe a atenção. Na maioria delas, Hinata estava séria e ao lado do pai e da irmã. Em apenas uma foto ela estava sorrindo, na foto em que eles estavam juntos. Tomou o porta retrato em suas mãos. Olhava para aquela imagem, lembrando-se daquele dia e de como eles estavam alegres e apaixonados.

– Naruto?

Hinata havia voltado a sala e estava se aproximando dele, sem ele ao menos perceber. Estava tão perdido em suas lembranças, que a voz de Hinata o assustou, Naruto voltou-se para ela imediatamente e, sem querer, acabou deixando o porta retrato cair no chão.

– Eu sou mesmo um desastrado, me desculpe. Deixe que eu limpo isso.

Ele já estava agachado, recolhendo caco por caco de vidro, quando Hinata também se agachou, mas diferente dele, ela não começou a recolher os cacos de vidro, preocupou-se mais com a imagem entre eles.
Naruto olhou-a e viu como ela, assim como ele, se perderá nos pensamentos ao observar aquela imagem.

– Que diabos eu estou fazendo? – Naruto colocou os cacos que havia recolhido de volta no chão. – Eu não vim aqui pra ficar catando cacos de vidro, vim para conversar com você, Hinata. Eu quero saber a verdade!

– Verdade? Que verdade? – Ela deixou de olhar a foto para encará-lo.

– Me diga Hinata, o que o Kiba estava fazendo na sua casa aquele dia sem camiseta?

– Você finalmente vai me dar ouvidos? Porque naquele dia você não se importou em me escutar. Agrediu a mim e ao meu amigo sem motivo algum! Mas já que você finalmente se interessou por isso, eu vou te contar. Ele estava me ajudando na mudança. E, devido ao calor daquele dia, ele tirou a blusa. Mais alguma coisa?

– Mudança? Por que você iria querer se mudar?

– Você realmente não sabe Naruto? Não passa pela sua cabeça?

– Sinceramente, não.

– Humm... E eu é que fiquei com fama de traidora sem nunca ter te traído, já você, fez o que fez e já até se esqueceu!

– Eu? O que eu fiz?

– Você partiu meu coração Naruto, me causou uma dor tão forte que por um bom tempo questionei a mim mesma como era possível alguém viver suportando tanta dor dentro de si todos os dias. Foi apenas isso o que você fez. Agora, vá embora, por favor. Não sei nem o porquê de ter te deixado entrar. - Cansada daquela conversa, ela deu-lhe as costas.

– Não! Eu não vou embora daqui sem resolver isso! Você pode ao menos dizer o que eu fiz para lhe causar tanta dor? – Ele segurou-a pelo pulso, puxando-a, fazendo com que ela voltasse encará-lo.

– Eu vi você beijando a Sakura naquele dia Naruto, foi aquela maldita cena que partiu meu coração. Foi por ver aquilo, que eu tomei a decisão de sair da Vila por uns tempos. Eu esperei por tanto tempo para poder estar ao seu lado e quando pensei finalmente ter conquistado o seu coração, vejo você aos beijos com outra e justamente ela. - Os olhos dela estavam carregados ao recorda-se daquilo. Ela começaria a chorar a qualquer momento, mas não queria fazê-lo na frente dele. - Agora você poderia ir embora, por favor?

– Hinata, me escute, eu não beijei a Sakura naquele dia!

– Não beijou? – Sua voz agora estava alterada. - E aquilo que vocês estavam fazendo era o que então?

– Dá para você me escutar? Foi ela quem me beijou e a força! Para que eu iria querer beijá-la se era tinha em minha vida a dona única boca que despertou um sentimento diferente dentro de mim? – Aproximou uma mão do rosto dela, passeando pela boca de Hinata com um dedo, contornando-a, sentindo a textura daqueles lábios. Como tinha saudade deles. Ela fechou os olhos por um momento e, quando os abriu, visualizou o rosto de Naruto aproximando-se. – Tudo isso não passou de um engano. De um maldito engano que fez com que nós nos separássemos. Mas, eu acho que ainda podemos ser felizes, e você?

Hinata não conseguiu responder com palavras, pois essas haviam desaparecido de sua boca naquele instante, a única coisa que conseguiu fazer foi gesticular com a cabeça que sim enquanto lágrimas deliciosas de alegria escorriam por seu rosto.
Naruto depositou vários selinhos naqueles pequenos lábios que ele tanto sentirá falta e tentará não admitir, sorrindo entre eles para depois beijá-la. Como no primeiro beijo, aquele era calmo, sem pressa, com movimentos lentos, porém dessa vez mais experientes. Contendo agora excesso de amor e necessidade. Ficaram naquele beijo apaixonado por longos minutos, vivendo intensamente aquele momento único pelo qual ambos ansiavam, porém não esperavam que realmente viesse a acontecer. Apenas quando estavam assim, desfrutando dos sentimentos mútuos, deliciando-se um do outro, é que conseguiam se esquecer de tudo e todos totalmente. Quando se separaram, abraçaram-se fortemente, e ficaram daquela maneira por um bom tempo trocando juras de amor.

Alguns meses depois...

– Venha Tenshi, já vão bater a foto!

A menina olhou para o pai que estava a chamando. Deixou o pedaço de bolo que estava comendo na mão da mãe e correu para onde ele estava.

– Prontinho, já estou aqui! Espera! – Ela gritou fazendo um sinal com a mão para que Lee não batesse a foto ainda. Passou pelo pai, e quando ficou entre ele e Hinata, segurou a mão de ambos. – Agora pode!

Assim que Lee bateu a foto, Tenshi puxou a mão do pai e olhou para ele. Naruto, entendendo o recado, agachou-se para escutar o que a filha queria dizer.

– Agora sim a história teve um final feliz! – Falou ela sorridente, fazendo o pai sorrir da mesma maneira.

Fim.