O Passado de Um Uchiha escrita por lekation


Capítulo 10
Capítulo 10 - Mistérios e milagres: Acorde Akemi!




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"Aqui, em todas as letras, eu dedico todo o meu amor ao herdeiro Uchiha..."

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O Sol já havia se posto no horizonte, entre as montanhas no país do Trovão, deixando que o céu escurecesse e as estrelas tomassem conta da beleza noturna com os seus rajados de luzes cintilantes.

Todos os aldeões passaram a se recolher para as suas respectivas casas, cansados do trabalho e sedentos pela comida de suas esposas/mães/parentes e suas confortáveis camas aquecidas; era a hora que deveriam repousar, hora de voltar para os seus aposentos e descansar para o dia seguinte. As luzes das casas iluminavam os arredores dos vilarejos, as ruas começavam a ficar desertas ao mesmo tempo em que o comércio cessava com a agitação rotineira de sempre.

A noite estava calma, deixando as ruas vagas e monótonas, desertadas pelas pessoas dos vilarejos; poucos estabelecimentos permaneciam abertos em razão do entardecer do dia. Enfim, o dia chegara ao fim e a noite predominava no País do Trovão.

A falta de luz impossibilitava a percepção do decurso do tempo a quem estivesse no esconderijo de Akemi e Kaid, já que o lugar situava em uma depressão de uma caverna sem acesso a nenhuma passagem externa ao não ser por cima. Logo, ambos desconheciam o que se passava na aldeia da Nuvem enquanto estavam enfurnados naquele casebre precoce, muito embora o fator da segurança preponderasse sobre a curiosidade em relação ao céu estrelado ou ensolarado.

No interior da casa, Akemi ainda permanecia imóvel, sentada em cima daquela cama feita de palha, - que mais parecia uma esteira indígena coberta por um lençol branco - esperando Kaid retornar ao cômodo para resolverem o problema trágico que a afligia. A kunoichi sentia um aperto no peito quando vislumbrava um futuro sem nenhuma expectativa da qual sempre sonhou ou da qual nasceu para desempenhar e alcançar. A idéia de uma vida sem o privilégio de ver o mundo como já vira antes, e tantas desventuras que aparataram repentinamente, desmoronava com suas ambições e a levavam a crer que todo o sacrifício de Kaid e de sua família foi em vão. Uma previsão de seu fracasso como ninja, a impossibilidade de cumprir a missão que a aguardou durante tanto tempo até o seu nascimento, e todas as esperanças que as pessoas ao seu redor alimentavam sobre a jovem, direcionavam a mente dela a uma pessoa em especial: Sasuke. Por mais que ela quisesse sentir alguma coisa quando o rosto do garoto aparecia na sua mente, Akemi não conseguia cogitar a sentir qualquer tipo de afeto. Ela simplesmente sentia um vazio no seu coração, algo que jamais acontecera e algo muito diferente do que sempre fora.

Ela podia se lembrar perfeitamente dos momentos quando via Sasuke, de como seu coração ameaçava saltar pela boca, palpitando no seu peito desesperadamente, provocando um nó na garganta e um aperto no estômago. Era um sentimento muito especial que deixava saudades, embora Akemi desconfiasse que nem isso conseguia sentir por ele. Pelo menos, não mais.

Inazuma cumpriu a sua parte quando se comprometeu a conceder o desejo de Akemi e realizar o que ela havia decidido para sua vida. Não poderia culpá-lo pelo vazio, mas não pouparia em acusá-lo da escuridão dos seus olhos. Aliás, como se não bastasse, já tinha uma escuridão que assombrava sua alma... por que mais uma?

Ela tinha conhecimento da verdadeira razão de estar cega e considerava um exagero da parte do espírito do dragão, mas o que mais a preocupava era a forma de reverter a situação para que os fantasmas da idéia de um futuro nada próspero parassem de assombrar seus pensamentos.

Enquanto Kaid não retornava ao recinto, Akemi o aguardava com ansiedade e isso concorria demasiadamente para que seus pensamentos se desenrolassem a mil.

Os dias de seu treinamento, sua infância, os momentos junto ao Sasuke, os encontros com Inazuma, a vida com os Uchiha e o encontro com Itachi passavam como um filme na mente da jovem ninja. Algumas recordações eram de momentos felizes e outras não, principalmente, a última com Itachi.

[Flashback: o encontro com Itachi/ Local: País do Trovão, fora do esconderijo de Akemi e Kaid. Três dias atrás]:

O sensei da herdeira do Clã Matsuyama estava treinando com a sua pupila a arte do taijutsu, sobre o lago do vale dos aldeões das proximidades da Aldeia da Nuvem, como sempre faziam em todas as manhãs.

A jovem não demonstrava qualquer dificuldade em permanecer com os pés sobre a água, ao mesmo tempo em que lutava com Kaid, corpo a corpo, sem qualquer desequilíbrio ou deslize. Um hipotético espectador poderia afirmar com total convicção de que a destreza da kunoichi era inegavelmente absoluta para com a manipulação de seu chakra. Akemi, apesar de jovem, era muito habilidosa e sempre fazia questão de não deixar dúvidas de que o sangue Matsuyama corria pelas suas veias.

No mesmo ritmo, Kaid revidava os ataques de Akemi, e voltava a atacar ferozmente. Ele não poupava esforços para tentar atingir sua aluna em pontos vitais, ao passo que ela despendia energia para ser veloz suficiente para se defender ou se esquivar.

[Kaid] – Você está hesitando! Pare de ficar na defensiva e ataque! Você acha que o seu inimigo irá entregar a ti alguma oportunidade para atacá-lo? Revide, Akemi!

O ex-membro da ANBU mostrava-se um sensei exigente e rigoroso. Akemi não desistia e tentava alcançá-lo com a mesma velocidade, mas a arena era muito diferente e isso exigia muita atenção da garota. Os ninjas não estavam em terra firme e sim sobre a água, e, por isso, Akemi tinha que concentrar seu chakra o tempo todo para os seus pés, pois do contrário, seu corpo afundaria no lago e Kaid a castigaria severamente.

[Kaid] – Se você não revidar na próxima, pode esquecer a aula do doujutsu que eu prometi que iria lhe ensinar ainda hoje. E se é que vou ensinar! Como pretende alcançar a perfeição do estilo da sua família se nem mesmo consegue me arranhar?

Uma ameaça ou um incentivo, a mensagem produzira o efeito pretendido: Akemi franziu a testa e cerrou os punhos, demonstrando que entendera o que aquilo significava e por isso, se apressou a acelerar o seu raciocínio para bolar algum plano que funcionasse para deixar Kaid surpreso o bastante para considerar que ela merecia aprender o tal jutsu novo. Com muita atenção nos movimentos e mantendo o controle de chakra, Akemi observou os arredores rapidamente e finalmente, conseguiu pensar em uma maneira única e inteligente de derrotar Kaid naquele combate.

[Kaid] – Mantenha a sua visão no oponente!

Kaid saltou para o alto e retornava para baixo com um chute potente, concentrando chakra em toda a perna que estava esticada e apontada para Akemi. Aquele golpe era direto, eficaz e veloz, mas devido a tanta velocidade do retorno de seu sensei, Akemi supôs que seria pouco provável que ele conseguisse brecar a tempo. Ela conseguiu verificar que em um ataque como esses é bem difícil manter a guarda para um contra-ataque também direto, veloz e com mais potência. Sendo assim, Akemi concentrou ainda mais chakra nos seus pés, pegando impulso dos calcanhares, e saltou para o alto na direção de Kaid. Em seguida, ela girou o tronco e desferiu um chute giratório, mirado na costela do shinobi, porém, ele foi muito mais rápido. Kaid conseguiu repelir o ataque, provando que sua defesa poderia ser intransponível até mesmo em um golpe como aquele. Ele segurou a perna de sua pupila e arremessou o corpo dela contra a água com toda a sua força bruta.

Aparentemente, a intenção de Akemi era essa; com um sorriso de soslaio na face, ela voltou a sua posição estanque, em pleno ar, mesmo que seu corpo decolava em direção a água, e aguardou o perímetro certo. Kaid ainda estava mais acima, o que significava que a kunoichi seria a primeira a chegar à água. O ex-membro da ANBU estava pronto para começar um longo sermão e dizer o quanto sua aluna era fraca e previsível, mas em um movimento surpreendente, Akemi concentrou seu chakra na palma das mãos, e prontamente, impediu a colisão do seu corpo contra a água. Ela reuniu uma boa quantidade de força, concentrando seu chakra nas suas pernas e nos braços, permaneceu em posição vertical (de ponta-cabeça), ainda mantendo-se com as mãos sobre a água, pegou impulso pelos cotovelos e usou seus membros superiores para girar o seu corpo como um carrossel, produzindo um movimento rotatório. Dentro de mínimos segundos, o movimento tomou uma velocidade extraordinária, espalhando água para todos os lados, o que deixou Kaid espantado com a evolução de sua aluna quanto ao condicionamento físico. Enquanto o corpo da jovem Matsuyama girava em seu próprio eixo, cada vez mais aumentando a velocidade, Kaid percebeu que as mãos de Akemi não estavam mais tocando a superfície da água e que o vulto daquele "tornado humano" aumentara de tamanho.

Akemi usara seu chakra para movimentar seu corpo com bastante impulso e ao fazer com que atingisse uma velocidade suficiente para mantê-la suspensa em pleno ar, ela aplicou o seu taijutsu especial: o chute de pássaros giratórios. O vulto se expandira porque Akemi havia aberto suas pernas, como em uma espacate, e as utilizava para avançar contra o seu sensei.

[Akemi] – Kaiten-tori Kyakushuu! (Créditos: Spinning bird Kick, Chun Li).

O golpe do taijutsu de Akemi disparou como um raio certeiro sobre Kaid. Este não conseguiu se defender diante da celeridade do ataque e foi obrigado a ceder as leis da física da inércia, sendo arremessado para o outro lado do lago. Quando cessou a rotação, Akemi deu uma cambalhota no ar e pousou em uma pedra próxima da margem do lago para tomar um pouco de fôlego. O treino daquele dia começara de madrugada e já estava se estendendo até o meio-dia, portanto, há de compreender que ela chegara a uma exaustão física e espiritual, pois, afinal o controle de chakra em um lago com fortes correntezas exigia muita concentração e acabava causando muito desgaste mental.

A respiração de Akemi estava acelerada, o suor de seu rosto se misturava com as gotas de água do lago, algumas das suas madeixas azuis estavam grudadas na sua pele vez que o treino também se tornara uma forma desagradável de se banhar com a água do lago. A kunoichi se apresentava fisicamente muito cansada, ofegante e acima de tudo ensopada.

Passado alguns minutos, Kaid ainda não havia retornado ao local do treino ou sinalizou algum sinal de vida, o que começou a preocupar a jovem ninja que mal conseguia se levantar por causa do peso do kimono encharcado, juntamente com os pesos das cargas nas polainas dedicados para treinamento.

É bem verdade que a garota não aceitava que o seu corpo não aguentasse mais algumas horas de treino, mas, independente de ser orgulhosa ou não, ela sabia que suas energias iriam se esgotar dentro de pouquíssimo tempo. Akemi desconfiava que Kaid retornasse com um ataque poderoso e se ficasse ali parada, cedendo ao cansaço, teria que sofrer as consequências que mais detestava: sem comida e nada de ensinamento sobre novos jutsus.

[Akemi] – Esse kimono está pesando que nem um chumbo. Ah, ele é bonito, mas eu preciso me mexer.

Em meio de cambaleios e passos oscilantes, Akemi se escorou na árvore mais próxima, despiu seu kimono lilás, - mantendo apenas a roupa que vestia por baixo, nos casos em que a luta exigia mais do seu desempenho físico – relaxou os músculos e demorou-se em um longo inspiro de ar puro para que deixasse de ofegar como antes e controlasse a sua respiração. Assim que se sentiu mais disposta e que seu corpo estava mais descansado, Akemi se colocou de pé corretamente, produzindo uma silhueta em frente ao Sol radiante do meio-dia cuja iluminação possibilitou uma percepção nítida sobre cada detalhe da jovem: os cabelos azuis escuros, depois de livres e desprotegidos pelo bun cover, mostraram-se longos e lisos; os olhos cor de âmbar cintilavam conforme o brilho dos raios solares; a pele clara e úmida se avermelhava paulatinamente com o calor do ambiente; seu corpo já exibia curvas sinuosas e até voluptuosas, apesar da pouca idade. Aparentemente, a fase da puberdade já estava próxima e algumas privilegiadas protuberâncias se acentuavam quando não cobertas pelo kimono estampado por ilustrações de flores de ameixas-brancas. Aquela vestimenta era uma peça inteiriça de tecido flexível, justo ao corpo – o que possibilitaria aos hipotéticos homens expectadores uma visão ímpar – cuja cor negra do vestuário contrastava com o cintilar metálico da cor azul de sua armadura shinobi (proteção do tórax, caneleiras, cotoveleiras e ombreiras). Evidentemente, o vestuário não era para exibicionismo de desenvolvimento repentino de pré-adolescente, e sim para melhor locomoção, agilidade e flexibilidade nas batalhas. Todavia, essa roupa deveria permanecer escondida por outra, visto que se isso não fosse feito, qualquer pessoa poderia notar que Akemi era uma ninja e isso causaria muitos problemas.

De fato, qualquer vacilo poderia acabar com todos os seus planos e as conseqüências disso seriam incontrolavelmente devastadoras para a kunoichi. Por isso, ela não se via em outra opção senão de acatar as orientações de Kaid e confiar, parcialmente, nas informações que ele revelava. Entretanto, Akemi não podia deixar de sentir suspeitas em relação a seu sensei embora não soubesse explicar alguma razão em especial, mas tinha absoluta certeza de que Kaid escondia algum segredo sujo. Talvez, a razão em especial fosse por causa da falta de afinidade ou das primeiras impressões que não causaram bons efeitos. Quaisquer que fossem os motivos, nenhum deles poderia justificar aquela desconfiança sombria, ou até mudá-la e quiçá debelá-la.

Já se passara alguns minutos e o retorno de Kaid ainda não ocorrera, preocupando ainda mais a jovem ninja.

[Akemi] – Eu não usei muita força no taijutsu para deixá-lo inconsciente, mas é melhor ir averiguar...

Antes que pudesse tocar no seu kimono para vesti-lo novamente e ir procurar por seu sensei, Akemi escutou um choro de uma criança que vinha no interior da floresta que sucedia o lago. Ela voltou o seu olhar para a direção onde Kaid fora arremessado e tornou a mirar a floresta, tentando se decidir o que deveria fazer: ir atrás do seu sensei ou verificar o que estava acontecendo dentro da floresta.

O choro da criança era persistente e parecia ser resultante de algum acontecimento triste ou grave. A lamúria daquela criança estava partindo o coração da jovem kunoichi, além de estimular a sua curiosidade petulante.

Akemi concluiu que Kaid já era bem velho para precisar de qualquer ajuda e que poderia se cuidar sozinho. Sendo assim, ela deixou o seu "disfarce" para trás, pois presumiu que uma criança não iria denunciá-la e também só apareceria em "público" se fosse realmente necessário, afinal, como uma kunoichi bem treinada, deveria aproximar-se do local sem que sua presença fosse notada e permaneceria escondida até que não houvesse nenhum sinal de perigo. E assim foi feito. Akemi adentrou na floresta, preservando a sutileza e tomando muita cautela para não ser notada, e logo que chegou ao lugar onde a criança estava e chorava, a jovem se escondeu embaixo de um arbusto e analisou atentamente os arredores para certificar se era seguro arriscar a sua aparição à criança.

O treinamento de Kaid deveria ser parabenizado, pois Akemi conseguiu perceber que aquilo era um genjutsu, o que significava que era uma emboscada de algum inimigo.

Prontamente, ela realizou os selos de libertação do genjutsu e voltou a observar os arredores para identificar onde estava o ninja que conjurou o genjutsu, mas não havia ninguém.

[Akemi] – Se não vai aparecer, vou fazer com que desapareça de uma vez por todas.

Antes que ela pudesse alcançar o seu pergaminho de invocação de Gyakuu, o tigre branco devastador que poderia perseguir o autor do genjutsu, o seu punho foi impedido por uma mão pertencente a um sujeito que aparecera às suas costas, sem que ela sequer notasse a aproximação.

" - Eu não faria isso se estivesse no estado que você está agora, Akemi."

Aquela voz soou nos ouvidos de Akemi como um ruído de uma assombração. A feição de pavor estampada na sua face e, as gotas de suor que escorreu pela sua têmpora, indicavam que a voz vinha de alguém conhecido e que, certamente, causava temor na kunoichi. Os seus olhos estavam arregalados e sua boca permanecia entreaberta sem emitir qualquer som, demonstrando que ela ainda permanecia em estado de choque.

A voz era masculina e muito familiar a jovem Matsuyama. Na realidade, ela reconheceu rapidamente de quem pertencia àquela voz sombria e temperada de frieza e desprezo.

[Akemi] – Itachi?

Vagarosamente, ela virou o rosto levemente para trás e seus olhos se depararam com quem temia que pertencesse a voz. Suas mãos tremiam assim como todo o resto do seu corpo, fazendo com que a mão de Itachi Uchiha seguisse o mesmo movimento de trepidação.

[Itachi] – Há quanto tempo, Akemi.

Akemi não conseguia acreditar que estava diante de Itachi e como tudo aquilo era possível. Ela tentava e relutava para não tremer mais, porém, a idéia de que a distância entre ela e o assassino, de um dos clãs mais poderosos, era a de um centímetro de proximidade, não colaborava muito com a palavra coragem.

[Itachi] – Não precisa ficar com medo. Não vim até aqui para matá-la.

No mesmo instante, o corpo de Akemi respondeu ao seu desejo e cessou com o tremor, automaticamente, como se as palavras de Itachi fossem mágicas. Akemi franziu a testa, comprimiu os olhos e desvencilhou seu punho das mãos do suposto primo e hesitou na bainha de sua kunai.

[Akemi] – Não brinque comigo, Itachi!

Ela estava pronta para desembainhar uma kunai, quando os olhos de sharingan de Itachi entraram em contato com os de Akemi, impedindo de prosseguir com o ataque em questões de milésimos de segundos.

[Itachi] – Mangekyou Sharingan!

A mente da jovem fora golpeada pelo genjutsu Tsukuyomi de Itachi, da mesma forma como aconteceu com Sasuke na noite em que o clã Uchiha fora dizimado. Itachi mostrou à Akemi as mesmas cenas que mostrara ao seu irmão caçula, com enfoque no momento em que os pais adotivos de Akemi foram assassinados. Aquele genjutsu era cruel e causava efeitos devastadores à vítima.

Kaid já havia alertado sua pupila que este genjutsu era fatal e poderia ser irreversível mas, além disso, era um golpe inevitável e sem defesa para quem não detinha o kekkei genkai dos Uchiha.

Para seu azar, Akemi não pertence a tal família e por esta razão, não conseguiu se defender do genjutsu ou se quer libertar-se do mesmo. Ela se viu presa naquela dimensão do sharingan, sendo obrigada a presenciar a morte de cada membro de sua família adotiva e ter que suportar uma dor profunda e cruciante.

As cenas eram pavorosas e, se tornaram impossíveis de assistir quando Itachi mostrou o momento em que contara a Sasuke toda a verdade e este clamava por piedade ao seu onii-san. O sofrimento de seu querido "primo" provocou a queda de inúmeras lágrimas no rosto de Akemi, fazendo com que ela se sentisse péssima ao ver o desespero de Sasuke diante daquele massacre. O pior dos sentimentos que ela suportava em seu coração era de não estar lá, ao lado de quem amara um dia, para consolar ou ao menos, servir de companhia.

Ódio, remorso, tristeza, aflição, agonia ou qualquer que fosse o sentimento que despertara Akemi do Tsukuyomi, provou que era mais forte do que a potência do sharingan evoluído de Itachi. Mas por outro lado, ele não pareceu muito surpreso quando sua suposta prima conseguira se libertar do genjutsu que aplicara contra ela.

[Itachi] – Você resistiu bem ao meu Tsukuyomi, embora eu não tenha levado a sério. Mas os efeitos colaterais não podem ser evitados e eles continuam terríveis, independente da intensidade que o ninja despende no ataque.

Por mais que reunisse todas as suas forças, Akemi não conseguia movimentar um músculo por um milímetro sequer. Seus pensamentos estavam embaraçados, o que causava vertigem e enjôo, além também do fato de sentir um desfalque de sua energia vital, bem como um desgaste mental que parecia ser irreversível.

[Itachi] – Não se preocupe com isso, garota tola. Nenhum desses efeitos é irreversível, apesar de demorar a passar.

[Akemi] – O que você quer, seu...

Itachi se adiantou à conclusão da frase de Akemi e lançou um chute no tórax dela, arremessando-a para fora do arbusto e para outra extremidade da área da floresta.

[Itachi] – Eu estou falando. Não me interrompa.

Com o corpo totalmente reclinado ao chão, Akemi percebeu que não poderia se mexer por mais que tentasse ou relutasse. Ela tinha que assumir a superioridade de Itachi quanto à força e perícia em jutsus. Ainda assim, a dor oriunda daquele chute pareceu contribuir com as chances de impossibilitar os seus movimentos.

[Itachi] – Eu não estou aqui para lutar e sim para conversar.

[Akemi] – Que bela maneira de começar um diálogo!

[Itachi] – Foi o único jeito de fazê-la me ouvir e ficar quieta. Nunca passou pela minha cabeça que você iria cooperar, ficar parada e escutar o que tenho a dizer.

As imagens de seus pais adotivos sendo assassinados cruelmente ainda assombravam a mente da jovem e a dor ainda a impedia de revidar na mesma moeda a Itachi, porém, a revelação de que ele não queria travar uma luta surpreendeu Akemi de tal forma que a fizera se esquecer das razões que a imobilizavam.

Por um breve momento, Akemi pensou que era um blefe de Itachi, pois sempre foi convicta de que um dia ele a procuraria para matá-la como já fizera com o todo o resto do clã, exceto Sasuke.

[Itachi] – Vou direto ao assunto: eu sei que você não é uma Uchiha legítima e que é a única sobrevivente do Clã Matsuyama.

O conhecimento sobre o segredo de Akemi era restrito a poucas pessoas, e a inclusão de Itachi dentro da lista causara espanto a ela. Não havia possibilidades de ter descoberto sozinho ou por qualquer outra fonte que ele tenha buscado, pois a única fonte que ele poderia ter acesso era por Fugaku.

[Akemi] – Do que está falando?

[Itachi] – Eu sempre soube. Qualquer Uchiha legítimo que tivesse a sua força e quantidade de chakra desproporcional para tal idade, já teria desenvolvido um sharingan. No seu caso, eu nunca percebi nada e sempre suspeitei que houvesse algo de errado, além do fato de suas características físicas serem completamente incompatíveis com a do clã.

[Akemi] – Ora, e isso me torna uma Matsuyama por que...?

[Itachi] – Não insista nessa idiotice de tentar me fazer acreditar que não sabe do que estamos falando. Não sou estúpido como o Raikage.

[Akemi] – Ou fará o quê? Eu não tenho nada a perder, Itachi!

[Itachi] – Continuando...

[Akemi] – Não se atreva! Vá embora! Eu não tenho nada para falar com você!

[Itachi] – Você continua a mesma garota tola e hiperativa de sempre. Além, é claro, da petulância inquestionavelmente irritante.

[Akemi] – Até parece que você sabe alguma coisa sobre mim. Estava ocupado demais, planejando a morte da própria família.

[Itachi] – Sasuke ainda está vivo. Não fique tão nervosa.

[Akemi] – Não se atreva a falar o nome...

[Itachi] – Aquela shuriken foi a chave para tudo.

[Akemi] – O quê?

[Itachi] – Você não sabe, porque foi logo depois que abandonou Konoha, mas Sasuke correu para casa e me pediu para usar o sharingan e ver o que tinha na shuriken. Chuva de íons que se materializam com o oxigênio em volta do ferro da shuriken e podem formar palavras em torno de uma fumaça. Um jutsu amador, mas até que inteligente: alguém com um sharingan seria capaz de acompanhar os movimentos dos íons que formavam a frase. Muito engenhoso. Foi então que eu me dei conta de que somente um ninja detentor de um kekkei genkai que domina o elemento do trovão poderia ter feito um jutsu como aquele. E até condicioná-lo para o talento do Sharingan.

[Akemi] – E é por isso que você presumiu que eu fosse do clã Matsuyama? Isso não quer dizer nada. Muitos outros ninjas possuem kekkei genkai relacionado com o elemento trovão.

[Itachi] – Até quando você vai continuar com esse teatrinho ridículo orientado pela escória que Kaid provém?

[Akemi] – Acha que eu caio nessa? Que você veio conversar e não me matar? O que você quer, Itachi?

[Itachi] – Por mais que você me implorasse por sua morte, eu jamais faria a sua vontade.

[Akemi] – Além de velho regrediu para estado Neandertal? Jamais pediria clemência a você!

[Itachi] – Você não aprende...

Seguidamente, Itachi desferiu outro golpe no tórax de Akemi, provocando ainda mais dor na mesma e continuou com o diálogo. Ou deveríamos dizer monólogo?

[Itachi] – Como eu ia dizendo, quando eu percebi o que estava por trás daquele jutsu, fiz uma rápida pesquisa no acervo de informações do nosso clã e reduzi essa sua estatística de "muitos outros ninjas" para duas famílias conhecidas. As características físicas não me enganaram e indicaram que você era adotada e que sua família biológica era os Matsuyama. Mas como eu já disse, sempre tive minhas suspeitas. O seu jutsu ou o acervo de informações só foram meras suspeitas. Só pude confirmá-las através do meu próprio pai.

[Akemi] – Fu-Fugaku? Do que está falando?

[Itachi] – Certa vez, quando eu estava retornando da academia de uma missão, o meu pai e o meu tio, seu pai adotivo, conversando a seu respeito. Eu ouvi do meu próprio pai que você não é uma Uchiha e que foi adotada porque seu pai e todos do seu clã foram mortos.

[Akemi] – O que você está dizendo?

[Itachi] – Poupe energia e escute: na verdade, o meu tio estava reclamando de que você causaria problemas e que como não era da família, o clã não deveria se arriscar a tal ponto. O meu pai estava tentando contornar a situação e dizendo que você poderia favorecê-los futuramente...

[Akemi] – Então, por isso você foi atrás do meu passado? Hahahaha. Verificando arquivos mortos na sala de reunião do templo Uchiha? Não tinha mais nada de interessante a fazer ao não ser esquematizar uma maneira de exterminar o próprio clã?

[Itachi] – Como eu imaginei, você é muito imatura.

[Akemi] – O problema é que eu não quero ouvir nada do que você tenha a me dizer!

[Itachi] – Será mesmo?

[Akemi] – O que poderia me interessar?

[Itachi] – Absolutamente nada. O que uma mente vazia como a sua pode prosperar de útil?

[Akemi] – O que disse?

[Itachi] – Não sei como pode herdar os poderes do dragão.

[Akemi] – Os poderes do dragão? Como você...?

[Itachi] – Eu sei que carrega um espírito dentro de si também através da conversa do meu pai e também por causa das informações do acervo.

[Akemi] – Você está blefando...

[Itachi] – Eu sei que é verdade e sei também que esse espírito lhe dá um poder que até já foi nominado pelo seu clã: Seishingan-Ryuu.

[Akemi] - ...

[Itachi] – Esse poder ficou conhecido por uma teoria mentirosa e que não é do mesmo modo como eu, você, meu pai, o Hokage de Konoha e o Raikage, além do patético Kaid que você denomina como sensei, sabemos do que verdadeiramente se trata. A verdadeira teoria sempre foi omitida pelo seu clã, mas para justificar tamanhos poderes, eles disseram que era um kekkei genkai. O seu clã presumiu que a verdadeira versão abalaria o mundo inteiro e então inventou um boato: disseram que o kekkei genkai do Clã Matsuyama tratava-se de um poder nato dos membros da família, um poder advindo de uma outra fonte de energia diversa do chakra ou da stamina, e que abrigava uma força descomunal como a de um dragão mitológico. E ainda, mentiram que em uma luta contra um ninja do clã Hyuuga, este não conseguiu enxergar com o Byakugan de onde vinha toda aquela força e chakra ou aonde era a tal fonte. Então, já que a fonte era "invisível", deram esse nome: O Poder da Alma do Dragão.

[Akemi] – Você colocou a sua mente aguçada para pensar, mas chegou à conclusão errada.

[Itachi] – Heh. Esse seu teatrinho foi muito bem ensaiado.

[Akemi] – Se está te irritando, eu sugiro que você faça logo o que veio fazer e acabe com essa conversa sem sentido!

[Itachi] – Por que eu a mataria?

[Akemi] – Pelo mesmo motivo que matou o seu clã! Medir suas habilidades...

[Itachi] – Mesmo que fosse essa a razão, você não tem nenhuma habilidade que mereça ser comparada a minha. Seria perda de tempo.

[Akemi] – Como é?

[Itachi] - Se eu sei qual é a verdadeira força por trás do seu clã, é óbvio que também sei que tipo de adversária você pode se tornar.

[Akemi] – Não me provoque, Itachi!

[Itachi] - Igualmente ao Sasuke, eu a poupei para testar as minhas habilidades quando ambos forem páreos para mim. Fora isso, sua vida ou a de Sasuke não tem nenhuma serventia ou sequer me interessa.

[Akemi] – Não tem nada a ver com não ser uma Uchiha?

[Itachi] – A convivência com Kaid está deteriorando o seu cérebro. Não vim aqui para me justificar. Em breve, você sairá dos efeitos do Tsukuyomi e não tenho tempo para brincar com você, prima tola. Eu vim também para conversar com você a respeito de Kaid.

[Akemi] – Conta outra...

[Itachi] – Você não precisa mais dele, aliás, nunca precisou. O tipo de treinamento que ele pode lhe oferecer é no mínimo amador. Você precisa encontrar alguém que saiba sobre sua família e a liberte dessa prisão.

[Akemi] – Prisão?

[Itachi] – Claro...durante o sono nada é percebido.

[Akemi] – Por que está sussurrando?

[Itachi] – Não tenho mais tempo e vou ser breve: se afaste de Kaid e não vá com ele na missão sobre a chave do templo dos sacerdotes.

[Akemi] – Como você sabe dessa missão?

[Itachi] – Não importa. Apenas faça o que eu disse ou acabará morta.

[Akemi] – O que te faz pensar que vou aceitar qualquer ordem sua? Por que se importa se eu morrer?

[Itachi] – Não me importo com a sua vida, garota tola. Eu defendo os meus interesses e o espírito que você aloja é o que me interessa.

[Akemi] – Acha que pode controlá-lo? Não me faça rir, Itachi!

[Itachi] – Eu disse que queria controlá-lo?

[Akemi] – Ahn?

[Itachi] – Em todo caso, não se arrisque na missão e se afaste de Kaid. Você não precisa da chave para conseguir o quer e o que os ninjas querem.

[Akemi] – O que te faz pensar que confio em você?

[Itachi] – Absolutamente nada. Porém, veja a sua situação: um marasmo, seguindo ordens de um ninja que mal sabe quem é e de onde veio. E é exatamente isso que a preocupa.

[Akemi] – Que história é essa?

[Itachi] – É inútil...

[Akemi] – O que você está me escondendo, Itachi? Pára de brincar comigo!

[Itachi] – Depois que se afastar de Kaid, procure pelo dojô Haimai.

[Akemi] – Haimai? Esse é o nome do sensei de Kaid!

[Itachi] – Vá até esse dojô. Lá, eles já saberão quem você é e porque está lá.

[Akemi] – O que você está...?

[Itachi] – É uma pena que você pense assim. Você deve tirar Kaid do seu caminho o quanto antes e utilizar o seu jutsu mais potente para despistá-lo. Ele é um palhaço exonerado, traidor e mero peãozinho de um feudal corrupto.

[Akemi] – Você não sabe nada da vida dele. Está blefando!

[Itachi] – Hm. Os meus olhos já previam isso.

[Akemi] – Então, os seus olhos sharingan podem prever o futuro?

[Itachi] – Só percebeu isso agora?

[Akemi] – Se você prevê o futuro, sabe que eu vou atrás de você e irei matá-lo! Não deixarei que corrompa Sasuke e que acabe com a vida dele por causa do ódio que sente por você, Itachi! Pode escrever isso! Eu não vou permitir! Eu vou matar você! Eu não pouparei chakra para derrotá-lo! Você não vai destruir a vida do Sasuke! Eu não vou permitir, Itachi! Você vai pagar pelo sofrimento de todas as pessoas que ainda padecem pelo massacre do clã Uchiha!

Os olhos sharingan de Itachi cintilaram e crisparam como se tivessem visto algo intrigante. Itachi permaneceu com a feição serena que expele sua frieza perturbadora, porém, os traços faciais não negavam que o shinobi sentira uma sensação semelhante a alívio, vez que seus olhos cerraram rapidamente e os músculos dos maxilares relaxaram instantaneamente.

[Itachi] – Acho que já chega.

[Akemi] – Muito engraçado. Uma consulta ao futuro como escusa para que eu faça o que você quer? Quanta originalidade, Itachi.

Aos poucos, a dor na região torácica cessava e Akemi já poderia sentir que seus movimentos começavam a reagir. Itachi, em contra partida, avançou sorrateiramente na direção da jovem que ainda persistia com o corpo imóvel e estirado no chão, e ao tomar pouca distância, se agachou e deixou ao seu lado um pergaminho lacrado. Ele encarou Akemi com um olhar fixo e profundo como jamais fizera em todos os anos que partilharam uma vida como uma família e virou as costas para tomar o seu rumo.

[Itachi] – O dojô Haimai fica no final da fronteira, ao Norte. Você pode escolher dois caminhos: siga pela estrada após o templo dos sacerdotes ou por essa floresta. Depois que estiver pronta, poderá ler o conteúdo do pergaminho.

[Akemi] – Itachi...

Akemi conseguira se levantar, parcialmente, com muito esforço, mas ainda relutava contra o efeito da imobilização resultante dos golpes de Itachi. A kunoichi ainda se sentia trêmula e fraca para revidar ou se erguer completamente, mas conseguiu reunir forças o bastante para levantar seu rosto e encarar o assassino do próprio clã.

[Akemi] – Por que está fazendo isso? Se isso irá me ajudar, por que você, justo você, que me quer morta?

[Itachi] – Eu já expliquei que a sua vida e a de Sasuke, por ora, não me interessam.

[Akemi] – Ahn?

[Itachi] – Futuramente, eu quero testar as minhas habilidades com você e Sasuke, mas até lá...

[Akemi] – Até lá o quê?

[Itachi] –Tente acordar a sua alma e jamais ceda à escuridão. Siga o que estou dizendo e nos encontraremos dentro de alguns anos.

[Akemi] – O que você está dizendo?

[Itachi] – Mantenha aquele escroque fora da sua vida o quanto antes.

[Akemi] – Espere aí, Itachi!

A paralisia repentina impedira que a jovem conseguisse deter Itachi de partir, mas mesmo que ela pretendesse isso, o shinobi desaparecera de seu campo de visão, deixando para trás uma velha conhecida de infância cuja cabeça estava sobrecarregada de dúvidas e perguntas.

[Fim do Flashback]

Perdida nos seus devaneios, Akemi não percebeu que Kaid já havia retornado ao cômodo com todos os instrumentos necessários para fazer a análise dos seus olhos e da sua costela que ainda ardia em brasa cuja responsabilidade ainda era desconhecida.

Logo que o som do folhear das páginas dos livros de Kaid invadiu o sistema auditivo de Akemi, os seus devaneios se esvaíram e sua mente despertara para a realidade.

[Kaid] – Estava dormindo?

[Akemi] – Não. E então? Descobriu alguma coisa?

[Kaid] – Sim, mas muito pouco.

[Akemi] – Diga.

[Kaid] – Aparentemente, os seus olhos estão em ablepsia permanente. É como se a cegueira existisse desde o seu nascimento.

[Akemi] – Isso eu já desconfiava, mas você descobriu como isso pode ter ocorrido?

[Kaid] – Eu já descartei a possibilidade de ser por causa de um jutsu ou qualquer golpe. Também descartei veneno, fumaça ou qualquer contato com agentes externos.

[Akemi] – Não pode ter sido algum gás venenoso?

[Kaid] – Do modo como você fala, até parece que eu não a fiz estudar sobre química e biologia.

[Akemi] – É lógico! Eu não tenho como ver o meu reflexo e verificar se as veias oculares estão avermelhadas ou se meus olhos estão inchados!

[Kaid] – Descartou o ardor?

[Akemi] – A fumaça do cobre em combustão pode causar cegueira e não causa ardor nenhum. Não são todos os gases que produzem esse efeito colateral.

[Kaid] – Sim, mas os seus olhos estão normais.

[Akemi] – Normais?

[Kaid] – Você me entendeu!

[Akemi] – Hunf

[Kaid] – Não desconte sua raiva em mim com sarcasmo, sua insolente! Se tivesse seguido minhas ordens...

[Akemi] – Aconteceria do mesmo jeito! Pare de me tratar como se fosse uma criança!

[Kaid] – Então, não aja feito uma!

[Akemi] – Grr! Já chega! Você descobriu ou não?

[Kaid] – Eu suspeito que a cegueira seja oriunda do rompimento de alguns nervos do seu sistema nervoso.

[Akemi] – O que?

[Kaid] – Você estava sentindo dores agudas na cabeça no momento da luta com o jounin da aldeia da Nuvem, não é?

[Akemi] – As dores de cabeça são comuns. Não é impossível sentir dores agudas quando está em treinamento pesado desde madrugada até à tarde, sem nenhuma refeição e ainda utilizar jutsus que exigem muito chakra.

[Kaid] – Eu discordo. O seu encontro com Itachi...

[Akemi] – E lá vamos nós.

[Kaid] – Comporte-se! Como eu ia dizendo: no encontro, ele usou algum genjutsu?

[Akemi] – Posso estar enganada, mas acho que foi o Tsukuyomi. Itachi já atingiu o nível do Mangekyou Sharingan.

[Kaid] – Entendo. Bem, se ele usou um genjutsu tão poderoso contra você é bem capaz que isso tenha acarretado a cegueira.

[Akemi] – Como? O genjutsu Tsukuyomi tem efeitos colaterais bem mais fortes e eu consegui me libertar dele. E deveria ser instantâneo.

[Kaid] – É por isso que eu disse que era uma mera suposição minha. Para falar a verdade, eu não sei o que aconteceu para que perdesse a visão.

[Akemi] – O Tsukuyomi pode causar desgaste mental. Acha que é por isso que eu estava sentindo tanta dor na cabeça?

[Kaid] – É possível. Um genjutsu como esse pode ser catastrófico para o sistema nervoso, pois a mente fica completamente debilitada e deficiente. Talvez, creio eu, o rompimento de algum nervo em virtude do genjutsu provocou a sua cegueira.

Evidentemente, Akemi sabia que a autoria da sua cegueira não pertencia ao genjutsu de Itachi e sim a fúria de Inazuma, porém, ela supôs que era melhor transparecer de desentendida no assunto do que correr o risco de dizer a verdade e sofrer mais consequências.

[Akemi] – E a dor nas minhas costelas? O que descobriu?

[Kaid] – Eu não sei como dizer isso...

[Akemi] – Só diga logo! O que tem nas minhas costelas?

[Kaid] – Na sua pele, na região da costela, onde você disse que sentia dor, há um selo desenhado.

[Akemi] – É um jutsu de selamento?

[Kaid] – Eu não sei. Eu nunca vi esse tipo de selo, mas é um pouco parecido com os selos de invocação. Eu notei essa semelhança graças aos selos que estão desenhados nas ataduras dos seus punhos.

[Akemi] – Selos de invocação? É impossível. Eu não fiz contrato de sangue.

[Kaid] – Há casos raros em que não precisa do contrato de sangue, até mesmo porque este é um meio fraco para certa invocação.

[Akemi] – Como assim?

[Kaid] – Algumas invocações são de feras muito mais poderosas, muito mais do que se pode imaginar, e por isso, um simples contrato de sangue não é suficiente.

[Akemi] – Então, o que é suficiente?

[Kaid] – A alma.

[Akemi] – Você está querendo dizer que isso pode ser algum selamento de Inazuma?

[Kaid] – É bem possível.

[Akemi] – Os selos costumam causar dor?

[Kaid] – Alguns sim, mas porque estão consumindo o seu chakra. Por isso, eu acho que houve uma grande redução da quantidade que você possui.

[Akemi] – O meu chakra se reduziu pela metade...

[Kaid] – Sim. Eu construí essa linha de raciocínio de uma forma para corresponder fato por fato; a cegueira foi precedida pela dor na costela e simultaneamente, houve a redução de chakra. Acho isso muita coincidência. A razão da sua cegueira é a mesma para esse selo e a redução de chakra. Disso eu não tenho dúvida, mas eu não garanto que a minha teoria seja a correta.

[Akemi] – Certo, mas deixando isso de lado, quero tratar de algo mais importante.

[Kaid] – E o que seria?

[Akemi] – Kaid, você disse que eu teria um novo sensei.

[Kaid] – Sim. Ele poderá te ajudar a lutar no torneio mesmo com a deficiência visual.

[Akemi] – Qual é o nome dele?

[Kaid] – Por que a pergunta?

[Akemi] – Eu tenho o direito de saber, não acha?

[Kaid] – O seu novo sensei seria Fujiita Satoro, o mestre da Espada-Cega.

[Pensamento de Akemi]: "Fujiita Satoro? Espada-Cega? Esse nome não é estranho. Eu já ouvi em algum lugar, mas não me recordo. Só sei que boa coisa não é! Droga! O que eu faço? Espera!".

Naquele instante, Akemi relacionou todas as informações que Itachi dissera no encontro e passou a assimilar as respostas de acordo com a sua intuição e perspicácia.

[Pensamento de Akemi]: "Fujiita era um senhor feudal. Acho que já entendi. As minhas suspeitas que Kaid está escondendo algum podre do seu passado não é mera crise de perseguição e Itachi sabe o que é. Eu não vou conseguir encontrá-lo para que ele me responda, mas se for verdade o que ele disse, nesse dojô Haimai, eu encontrarei as respostas. Deve ser a hora certa de pular fora daqui e correr atrás de uma solução para essa cegueira. Não sei se é uma boa idéia, mas até agora, a previsão do Itachi está correta: a escuridão era a minha cegueira. Como ele sabia disso? Como iria adivinhar que Inazuma me amaldiçoaria? Não. Aqueles olhos, realmente, não mentem em relação ao futuro. E se for mentira e uma emboscada, pelo menos, eu não terei que conviver com a dúvida do que teria acontecido se não tivesse obedecido às orientações de Itachi. E eu sei que não vou morrer agora. Itachi me quer viva até a hora certa. Talvez, não seja uma emboscada, mas como eu irei para o final da fronteira do país no estado em que estou? Nossa, que droga! O que eu faço? Em quem eu devo confiar?".

[Kaid] – Akemi?

[Akemi] – O que?

[Kaid] – Me responda!

[Akemi] – Eu não ouvi a sua pergunta.

[Kaid] – Perguntei a razão da sua curiosidade pelo Satoro.

[Akemi] – Eu só tinha curiosidade de saber quem era. Nada mais.

[Kaid] – É só isso mesmo?

[Akemi] – É. É só isso! Bem, eu não tenho muito tempo e também não vou ficar parada e escondida para sempre! Aonde esse Fujiita Satoro mora?

[Kaid] – Alguns quilômetros depois do templo dos sacerdotes.

[Akemi] – Perto do final da fronteira?

[Kaid] – O que você quer no final da fronteira?

Foi então que Akemi se deu conta de que Itachi deveria ter obstruído uma parte da conversa, pois Kaid parecia surpreso com o termo "final da fronteira". Logo depois que derrotou o jounin da aldeia da Nuvem, Kaid revelou que escutara a conversa entre Akemi e Itachi e que este queria que ele escutasse, mas, aparentemente, não era tudo que o ex-membro da ANBU deveria ouvir. Diante disso, Akemi concluiu que Itachi providenciara algum tipo de jutsu para que Kaid não soubesse sobre algumas partes da conversa e que essas deveriam permanecer entre a "família".

[Akemi] – Eu não quero nada por lá. Só perguntei sobre a proximidade porque gostaria de tentar imaginar a distância que terei que percorrer.

[Kaid] – Você não precisa se dar ao trabalho disso. Eu já arrumei um modo de levá-la até lá sem que precise da visão.

[Akemi] – Como?

[Kaid] – Uma trupe da aldeia da Névoa virá para cá por causa do torneio dos ninjas. Eles virão em uma caravana que partirá da aldeia deles até um vilarejo próximo da casa de Satoro. Ao chegar lá, haverá tropas de ninjas de elite do governo para escoltar a trupe, mas não há como eles desconfiarem de nada porque agora seus olhos estão brancos e todas as suas características irão discrepar com as de uma Matsuyama. É claro que temos que providenciar um disfarce também.

[Akemi] – O que está querendo dizer? Que eu vou me fantasiar para ser escoltada junto com a trupe?

[Kaid] – Não, estou dizendo que usará um disfarce de uma pessoa comum. Depois de conseguir chegar perto do local correto, irá se encontrar com os alunos de Satoro e eles irão levá-la até ele para o início do seu treinamento.

[Akemi] – E quando será isso?

[Kaid] – O quanto antes! Porém, eu acho que devemos esperar algumas semanas até que sua saúde...

[Akemi] – Amanhã de manhã.

[Kaid] – O que? Ficou maluca? Você não está em condições de viajar! Se esse selo ou o que quer que seja o que está na sua costela que provoca essas dores...

[Akemi] – Eu não vou ceder a essa dor. Pode providenciar tudo.


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Notas finais do capítulo

Prezados leitores,Surpreendentemente, eu recebi, logo após a publicação do capítulo anterior, sete mensagens de diferentes pessoas nessa semana. É uma surpresa para mim porque nunca imaginei que haveria tanta gente acompanhando a minha fic e com tanta curiosidade na cabeça! Obrigada pelo carinho, leitores!Não entendam como uma reclamação e sim como um comentário de uma autora muito alegre diante da atenção de todos, pois é muito gratificante saber que o meu trabalho tem alguma valia, não só para mim, mas também para outrem. Eu agradeço imensamente todos os elogios, todo o carinho e atenção dos meus leitores.



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