Chegara a Quinta-feira e toda vez que eu ia falar com ele, meu estômago produzia um ruído estranho e eu saía correndo.

Sentei-me no mesmo lugar de sempre na grama, observando Kouyou como sempre que dessa vez estava com fones.

Devia ter ganhado um iPod dos pais pelas boas notas.

Saquei meu belo e suculento sanduíche e contei até 10 para que o idiota do Tora aparecesse de novo.

E não é que ele apareceu?

Odeio minha boca de praga.

Dessa vez fui valente!

Defendi meu pedaço de pão até as últimas!

Digo...

Defendi meu pedaço de pão até levar um soco na cara e um chute na boca do estômago.

Céus!

Então aquilo era ficar sem ar a ponto se sentir seus pulmões gritando?

Senti lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

Eu realmente era um veadinho, puta que pariu.

Mas..

Eu não contava com aquilo.

-Hey! O que cês tão fazendo? – vi pés andarem decididos em minha direção e uma voz...Hm...Máscula.. Soando alto.

-Não te mete, Takashima! –Tora bradou.

Ah..Então aqueles eram os pés e aquela era a fabulosa voz do Kouyou?

...

Será que eu realmente fiquei sem ar, morri e fui pro céu?

Ah, Deus, saiba que de hoje em diante, tu ganharas um servo.

-Deu agora de bater em gente menor que você, idiota? – Kou-chan disse em tom de deboche.

Depois não vi mais nada...

Só ouvi.

Um grito e depois o barulho de um soco na cara de alguém.

Ou foi primeiro o soco e depois o grito?

Ah, foda-se.

Só sei que o valentão e os amiguinhos foram embora.

-Hey...Ce ta legal, pequeno? – abri os olhos e vi ele se sentar ao meu lado.

Juro que se fosse outro, eu dava uma voadora por ter me chamado de pequeno.

Não consegui responder, só gemi.

Ainda estava com seqüelas do chute na barriga.

Ele se abaixou e me ajudou a me sentar.

Escondi o rosto nas mãos.

Não queria que no meu primeiro contato com ele, eu estivesse todo vermelho e com o rosto inchado de chorar.

Ou inchado por causa do soco, claro.

-Ruki, nee? – ele disse.

Como assim ele sabia meu apelido?

-Uhum..

-Sempre vejo as garotas comentarem de um baixinho bonitinho da sala, agora sei quem é.. – ele riu.

Cara..

Tava começando a reconsiderar a hipótese de dar uma voadora na cara dele.

-Eu não sou baixinho. – esfreguei os olhos e o fitei, emburrado.

Ele riu.

Viado.

A voadora ia ser bem na boca mesmo.