Mais dez segundos ali e eu realmente iria dar um round-house-kick nele.

Suspirei.

Bom eu não ter esquecido da técnica do copo na parede...Deu pra ouvir tudo!

Esperei um certo tempo até voltar para a sala.

Eu não sabia que o Uruha podia ser tão...Estranho.

Ele não amava o próprio namorado, porra! Que tipo de pessoa ele é?

-Copo na parede? Eu usava isso pra ouvir a discussão dos meus pais. – ouvi essas palavras seguidas de uma risada quase infantil.

Saltei da pia, quase me estabacando no chão e largando o copo, o qual foi ao chão e se espatifou.

-Desculpa, chibi! N-não resisti! – disse nervoso, juntando os cacos de vidro no chão.

-Não se desculpe, Rei-chan, eu faria o mesmo no seu lugar... – ele sorriu, se abaixando e juntando os cacos junto comigo.

-Cuidado, vai se cort...AI MEU DEDO, PORRA! – gritei alto, levando automaticamente o dedo cortado à boca, chupando o sangue dali.

Ele deu uma gargalhada gostosa.

Então ele é do tipo que se diverte com a desgraça alheia?

-Deixa...Eu ver isso, Reitaa!! – ele disse entre risos, puxando meu dedo e dando uma olhada, apertando de leve.

-Tá doendoo! – fiz voz manhosa. Aquilo realmente doía.

Ele riu mais um pouco e deu um beijo no meu dedo.

-Quando casar, sara. – ele sorriu divertido.

Minha vó sempre me falava isso.

Eu retrucava algo como “Me casar pra quê? O corte que se cure sozinho”.

Sempre fui mau humorado, principalmente com coisas como casamento.

-Quer se casar comigo, chibi? – fiz bico.

Ele riu mais.

E como eu adorava ouvir aquele riso.

Era gostoso de se ouvir...Era espontâneo...Não era uma coisa forçada, entende?

Me levantei sorrindo sem jeito, após jogar os cacos de vidro no lixo.

Fui até o banheiro, sendo seguido pelo Taka, para procurar meus band-aids¹.

Ele achou primeiro que eu e pôs no meu dedo, sorrindo.

Voltamos para a sala e ficamos em silêncio durante um tempo.

Já eram duas e meia da matina.

Nem sinal de sono pra mim, mas talvez o chibi estivesse com sono.

-Ru-chan, vou arrumar o quarto pra ti...Já é tarde... – sorri, me levantando do sofá.

-Ah...Tudo bem, vou te ajudar, então. –ele se levantou em seguida, sorrindo.

-Não, não...Enquanto arrumo teu quarto, assista algo na tv...Não se preocupe.

-Faço questão! – ele pulou em mim, mordendo minha bochecha.

Soltei um gemido de dor.

Sim, aquilo havia doído.

Ele riu e foi pra o quarto primeiro.

-What the fuck?! Vou dormir com um… - ouvi um miado e um gato saiu desesperado do quarto, sendo seguido por um rato.

Até eu tomei um susto.

-Há quantos séculos tu não abre essa porta, Reita?! – ele fez uma cara assustada enquanto eu corria atrás do rato para tira-lo da casa.

Peguei o rato.

Bah, ele era fofo! Branquinho, cheio de manchinhas pretas no corpo e era pequenininho.

O coloquei numa caixa de sapato, afinal o bicho já tava criado mesmo.

Ruki riu.

-Cara, eu não lembrava que ele tava assim!

-Ah, tudo bem, a gente dá um jeito... – sorriu, pegando o pobre do gato que escapou de lá e acariciando o bichano. – É teu ou entrou pela janela?!

-Eu pensei que ele tivesse fugido! Faz uma semana que eu tava procurando ele. – ri bobo. Eu realmente achei que o Neko-chan tivesse fugido.

Ele caiu sentado de tanto rir.

Meu gato me olhava nervoso.

Eu tava ficando com medo.

Ele foi entrando no quarto, meio receoso.

-Hey! Peraí, chibi. Não entra, não!

-E onde eu durmo? – ele franziu o cenho.

-No meu quarto, ué!

-Contigo?! – ele me olhou meio assustado.

Fiquei sem jeito.

-N-não, eu durmo na sala, relaxa...

-Não! Eu vou me sentir mal se tu dormir lá! – ele pegou na minha mão, fazendo uma cara manhosa. – Faz assim...A gente usa...Travesseiros pra dividir a cama, aí não tem o perigo d’eu te chutar no meio da noite! – ele riu.

Corei.

Cocei a cabeça por alguns instantes e concordei.

Acho que usamos todos os travesseiros e almofadas da casa.

Ainda sim ficamos nos olhando antes de dormir até umas quatro da manhã.

Acordei com os dedos de sua mão entrelaçados com os meus.