Eu, Ele e o Bebê - Rumo Argentina escrita por Camila_santos


Capítulo 7
Um príncipe em um cavalo branco?




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-Ótimo! Hora perfeita para isso acontecer! –Falei nervosa.

-Por acaso está me culpando?

-Não! Estou culpando esse seu carro. Isso é hora de dá bizil?

-Posso fazer nada! Deve ter sido você que fez isso! –Acusou ele.

-Eu? Felipe você esqueceu-se de tomar o remedinho hoje foi? Só pode ter esquecido, pra falar uns absurdos desses.

-Engraçadinha você, hein?

-Eu estava dormindo feliz, e de repente quase bato o rosto no para brisa. –Falei irritada.

-E pra que existe cinto de segurança? –Ironizou.

-Eu não estava com cinto! –Falei sem graça.

-Viu o erro! E que irresponsabilidade em? Logo você que se acha à certinha.

-Não amola! Levanta e tenta arrumar isso! –Ordenei.

-Ordens? Madame? –Perguntou sínico. –Demos sorte que consegui ao menos colocar o carro no acostamento.

-Anda! Arruma isso logo! –Falei seca. –Que coisa! Eu estava tranqüila dormindo...

-Você pelo menos pode dormir né? –Me interrompeu ele. –E eu? A madame dorme e seu empregado dirige feito louco, para chegar até São Paulo antes das 22:30! –Ele falou sério, me encarando. Com aqueles olhinhos verdes brilhando. UI! Não apaixone! Não apaixone! Tão pouco tempo perto dele, mas já me sentia meio mexida, de um jeito ou de outro ele mexia comigo. Não posso apaixonar, não posso!

Depois de me olhar ele suspirou. Meu estomago reclamou, dando um ronco. Eu rir, e a linha reta que estava nos lábios dele deu passagem a um lindo sorriso.

-Esta com fome, garota?

-Tem como negar? –Ironizei.

-Vamos comer alguma coisa, e eu tento arrumar isso quando voltarmos. –Ele convidou amigo. Olhei ao redor e um pouco a frente na estrada escura se via uma espécie de restaurante para caminhoneiros, de onde saia um som chato. Eu não tinha coragem de ir lá sozinha de jeito nenhum, mas tinha medo que o lanche e o concerto do carro demorassem e atrasasse a viagem.

Felipe trancou o carro, e fomos andando. Era 21h00min e o vento já batia frio. E a burra aqui (leia-se eu) Tinha deixado a jaqueta no carro, lá estava quentinho, então imaginei que do lado de fora estivesse do mesmo jeito. Felipe me viu batendo os dentes e me ofereceu a jaqueta dele, bancando o herói. Eu não peguei é claro, não sou ruim ao ponto de deixá-lo com frio também.

Andamos em silêncio. Apesar de ser o que eu menos queria. Eu queria mesmo era fazer 1.001 perguntas.

Por fim chegamos ao tal restaurante. E garanto que aquilo não era um lugar nada familiar, e muito menos um lugar se desejasse comer.

Tocava varias musicas sertanejas, daquelas bem chorosas. Enquanto alguns cachaceiros de plantão derramavam as lagrimas. Pensei de onde vinha aquela gente se a estrada era tão longe de casas? Eles não pareciam ser caminhoneiros, não bebendo daquele jeito.

-Oh delicinha! –Um homem alto e moreno disse me analisando. Fingi não ouvir.

-Olha, que bundinha! –Outro falou me analisando. E caramba estão falando na minha cara do meu bumbum? Que tarado!

-O Zé não fala assim não! Oh o namora-di-nho dela ai! –Um cara tonto feito uma jumenta falou. E o tonto está mais esperto que os sãos. Se o Felipe fosse mesmo meu namorado? Ele bateria neles, e apanharia também é claro.

-Não é não! Se fosse não ia trazer uma gracinha dessas para cá! –O outro cuspiu as palavras.

Tinha outros caras numa rodinha de truco. E uns que nem conseguiam falar de tão tontos. Os caminhoneiros se serviam do mexidão, que cá entre nós tinha comida de tudo quanto é jeito, misturada.

-Vem aqui Jaqueline. Senão tu não volta viva! –Alertou Felipe me puxando para perto do balcão. Onde estavam alguns refrigerantes e em cima do balcão uma vasilha coberta. Felipe se virou para uma senhora, que fumava um cigarro e perguntou. –O que tem para comer?

-Isso aqui. –Ela murmurou desanimada, enquanto levantava o pano da vasilha. Coitada, imagino que triste era trabalhar ali, então nem liguei com o tom de voz dela.

Quando ela levantou o pano, e eu vi aquelas coxinhas gordurosas. JESUS! Morri de vontade de comer! Mentiraaaaa! Eu quase coloquei para fora a reserva de comida que meu estomago ainda tinha. Virei o rosto rápido, tentando apagar da minha mente aquilo. Mas o cheiro vinha no meu nariz e me provocava ainda mais enjoou.

-Você está bem Jack? –Felipe perguntou. Jack? Intimo em! Ele pareceu perceber minha cara de enjoou e tentou arrumar uma desculpa para sair dali. –Acho que está na hora do remédio dela.

-Está sim. –Ajudei na mentirinha. –Vamos?

-Vamos. –Ele sorriu, e nós saímos de perto sem olhar para a vasilha. –Obrigado! –Ele agradeceu a dona.

-Essa foi por pouco! –Murmurei baixinho quando saímos de perto da mulher.

-Fraquinha! Seu estomago é muito fraco! –Acusou.

-O seu é muito forte, não é? –Indaguei. –Volta então e come! –Desafiei.

Ele ia para responder quando um atrevido meteu a mão cheia de dedo dele no meu bumbum.

-Ei! Minha bunda não é corrimão não! –Falei brava. Quem ele pensa que é?

-Corrimão não é não! Mais que é b...

-Não ouse a terminar! –Falou bravo Felipe. Oh céus ele está me defendendo? Só espero que não briguem. Odeio briga!

-Quem é você para me dizer o que fazer? –Gritou o cara bravinho.

-Sou o namorado dela, portanto fique longe! –Ele gritou. E eu abri a boca num O.

-Ae? Seu doido! Namorada fica em casa! Isso não é ambiente para ela! –Ele mudou o tom de voz.

-Namorado nada! Ele nem de mão dada chegou. –Um bêbado falou. Bêbado filho da mãe!

Felipe me olhou sem saber o que dizer. Enquanto um dos caminhoneiros que estava na porta se aproximava, pedindo meu celular. E outro perguntava se eu queria dar uma voltinha com ele.

Felipe ficou vermelho, e pegou minha mão. E num impulso só ele me puxou. Para perto, bem perto. Encarou-me e quando eu assustei já estávamos nos beijando intensamente. O que podia ter sido só um selinho para despistar os caras do bar, foi um beijão que nem eu nem ele queríamos que acabasse.

Quando encerramos o nosso beijo, ele estava encarado em mim, e eu o olhava com os olhos bem fixos. Minha visão não queria desgrudar daqueles olhos, daquele rosto.

-É cara! Tu tens sorte! –Berrou um caminhoneiro que estava na porta.

-Oxi! Tu tens uma sorte danada!

-Felipe, é... –Comecei a dizer sem graça. –Aqueles carinhas lá atrás não viram o beijo!

-É eu sei. Seria melhor se déssemos outro né? –Perguntou safado.

-Pela minha segurança. Vai que ele cisma de me tarar.

-Urum. –Ele murmurou já pedindo passagem. E lá se foi outro beijo. E como era bom... Eu poderia beijar ele o dia todo e ainda não estaria com vontade de parar.

-Ei Jack. Aqueles dois ali chegaram agora, eles têm que ver! –Ele disse depois que encerramos o segundo beijo.

E assim foi o terceiro, quarto, quinto... E o melhor de tudo é que toda hora tinha mais gente no bar, então mais gente para a gente mostrar o beijo.

-Já chega né? –Um homem gritou. Estávamos ocupados demais para responder. –Estou com enjoou já!

-Jaqueline, vamos! –Ele me perguntou todo doce.

-Com você vou a todos os lugares. –Falei baixinho. Estou no êxtase do amor.

-O que? –Ele perguntou.

-Pensando alto.

Ele me deu a mão e fomos. Isso mesmo ele me deu a mão! Só que como eu sou uma moça responsável, nem conheço ele e não quero me expor a riscos, ou melhor, porque sou idiota mesmo falei:

-Pode soltar agora. Agora estou segura. –Que burra. Ele me olhou com os olhinhos de cachorro sem dono e soltou devagar. Tadinho! Com eu sou mal e burra, burra, burra, burra!

-Achei que você estava gostando. –Ele falou sem graça, recompondo a cara brava dele.

-Foi só pela minha segurança nada mais! Acho até que nem precisava ter beijado. Era só pegar na mão e pronto! –Falei indiferente.

-Você bem que gostou! Até queria mais. –Acusou.

-Não, não! –Falei confusa.

-Sei. –Falou irônico.

-Nem te conheço.

Chegamos onde o carro estava. Ele o abriu e disse que eu podia entrar se quisesse, eu disse que não, vai que dava uma explosão lá e tals (pensamento fútil). Ele ia arrumar o carro. Ele pegou as ferramentas, e tirou a camisa. Repito: ELE TIROU A CAMISA! Aquele tanquinho exposto. UI! Muita informação para meu pobre coração!

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-Vai entrar mosquito! –Ele riu da minha cara.

-Que? –Perguntei confusa. Da licença? Estou em outro mundo meu bem.

-Fecha a boquinha, fofa. Vai babar! –Ele falou sínico.

-Cachorro! –Xinguei.

-Está com frio mais não? –Perguntou.

-Passou. –Falei voada. Não aterricei completamente ainda.

-Espantei seu frio da melhor maneira. –Ele riu sínico.

-Você pelo visto também não está com frio! –Acusei.

-Até que estou! –Ele falou seco.

-Porque tirou a blusa então? –Falei dando uma de esperta, ele revirou os olhos e disse baixinho:

-Para não sujar minha camisa, é claro.

-Quantas horas? –Perguntei lembrando que já estava tarde. Ele olhou e fez uma careta. –Fala!

-22h15min.

-Meu Deus! Corre, arruma isso logo! –Falei desesperando.

-Não vai dá. Ainda falta muito para chegar a São Paulo.

-Você é mesmo muito mole! Incompetente! –Falei indignada.

-A é D. Perfeição? –Ironizou.\t\t\t\t\t\t\t\t\t\t\t\t    

-Isso tudo, por causa do tempo que você nós fez perder, me beijando. –Acusei.

-HAHAHA. –Ele riu alto. –Vem dizer que não gostou.

-Não, não gostei! –Falei falsa.

Entrei no carro de cara fechada enquanto ele ainda arrumava. Lá de dentro eu pude ver bem aquela barriguinha definida, UI.

-Jaqueline, vamos ter que dormir aqui. E amanhã arrumamos um mecânico. –Disse Felipe, enquanto guardava as ferramentas.

-Não conseguiu arrumar o carro? –Perguntei chateada.

-Não. –Ele falou entrando no carro.

-Incompetente mesmo! –Falei e ele só suspirou.

Já que eu já tinha perdido o ônibus mesmo, fiquei por ali. Mas quem disse que eu conseguia dormir? Mexia-me de um lado e outro. O que eu faria agora? O jeito seria eu voltar para casa, e pedir perdão como o filho pródigo.

Não pude evitar algumas lagrimas que quiseram cair. Um dos meus sonhos se desmoronando e eu nada podia fazer. Eu estava virada para a janela, quando senti uma mão no meu rosto. Virei-me e lá estava Felipe murmurando “Não chore!” Como ele quer que eu não chore? Como?

-Felipe, você foi muito gentil comigo mas... –Ele me interrompeu.

-Não precisa falar nada! –Ele colocou um dedo nos meus lábios, me silenciando e me beijou em seguida. E ele vai acabar comigo fazendo isso. Não posso me apaixonar, não posso me apaixonar.

-Felipe, não! Pare por favor. –Murmurei tentando escapar dele. Por fim ele viu meu esforço de desprender daqueles seus fortes braços e soltou.

-O que foi? –Ele me olhou, e começou a mexer nos meus cabelos.

-Eu nem sei quem você é.

-Começou de novo! –Murmurou. –Quer ver minha ficha? Quer ver se eu já roubei? Quer ver se eu já matei alguém? –Perguntou achando que eu desconfiava dele.

-Não! Quero só saber quem você é.

-Felipe. Prazer em conhecê-la. –Brincou.

-Vamos começar de novo então. –Tentei negociar. –Onde mora Felipe?

-Pra que isso?

-Custa dizer? –Indaguei. –Sabe, eu tenho a impressão que você é sei lá um...

-Um príncipe em um cavalo branco? –Interrompeu.

-Não seu bobo! Que você é um...

-Um dos sete anões que veio te ajudar a fugir da bruxa? –Interrompeu de novo e eu não agüentei, comecei a rir. Ele se aproveitou da minha fraqueza e me beijou de novo.

Eu já não tinha forças mais de resistir, e talvez eu nem quisesse mesmo resistir. Meu celular tocou, e agradeci mentalmente a intervenção divina!

Era Pedro conversei animada com ele, apesar de triste. Depois de um tempo não agüentei mais e desabei contando tudo.

Eu olhava a expressão de Felipe ele parecia cuspir marimbondo. Por fim ele saiu do carro. E ficou andando de um lado para o outro.

Encerrei minha conversa com Pedro e fui ver o que ele tinha.

-O que é Felipe? –Perguntei enquanto ele continuava andando de um lado ao outro. Eu já estava zonza de o ver assim.

-Nada Jaqueline, nada! –Falou nervoso.

-Nada, não faz isso com uma pessoa! –Retruquei.

-Quem é aquele cara?

-Que cara, Felipe?

-O do telefone! É seu namorado? –Ele falou nervoso, ciumento! Ciumento que fofo. Com ciúme de mim é, amor?

-O que você disse das perguntas mesmo? –Provoquei.

-Esqueça isso! Ele é ou não seu namorado? –Perguntou curioso.

-Não. –Falei por fim. –Por quê?

-Nada. –Ele falou aliviado. –Você tem namorado? –Ele perguntou assustado de novo.

-Não! Agora vem, entra pro carro! É perigoso ficar na estrada a essa hora, sabia? –Falei o puxando. –Seu ciumento.

-Que? Ciumento? –Ele perguntou sem jeito, sem saber o que dizer. –Não, não! É medo! Sabe ele pode me arrebentar se souber que te beijei.

-Sei. –Fingi acreditar. –E isso assusta você? Logo você que banca o machão?

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E aquela discussãozinha rendeu, como sempre. Assim que entramos peguei os biscoitos que tinha trago de casa e começamos a comer, já que não lanchamos desde que saímos. Aqueles biscoitos foram poucos. Felipe come demais. Meu estomago agradeceu feliz, o pobre estomago estava horas sem se alimentar.


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Notas finais do capítulo

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