Chocolate escrita por Nina_Waka


Capítulo 5
4. OLHAR MAGNÉTICO




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Meus dois melhores amigos estavam dançando com seus pares: Erick e a ruiva Violet e Jessye com o seu zagueiro Lucas. Eles estavam se divertindo enquanto eu estava aqui, parada e mofando com as pedras.

Comecei a observar as pessoas da festa. Meu olhar ia e vinha, passava por muitas pessoas, uma mais diferente do que a outra. E imediatamente, eu os vi.

Eram os dois garotos mais lindos que já tinha visto nessa cidade.

Em uma olhada rápida eles pareciam ser gêmeos, porém, eu os olhei com mais cuidado e vi que eram extremamente parecidos; havia um que aparentava ter uns dezoito anos – no máximo dezenove. – o outro aparentava ter apenas dezesseis anos. Os dois eram super-loiros, – tão loiros, que quando a luz batia em seus cabelos, eles ficavam completamente brancos. – Seus olhos eram o mais negro que já tinha visto. – Era de um preto sobrenatural. – As roupas do mais velho eram mais sombrias. Vestia um casaco preto que batia na altura do seu joelho, com uma calça preta e a camisa em um tom preto desbotado. – Diferente do resto da roupa que parecia ter saído de uma loja há poucos minutos, a camisa era velha, aparentando ter uns cinco anos de uso.

O mais novo vestia uma calça jeans preta, com uma camiseta branca, uma jaqueta preta de couro, e usando um all star cano médio. – Pude perceber, pois uma das barras da calça estava dentro do tênis, no entanto, colocada ali por distração com certeza.

Havia algo neles que me chamava muita atenção, e com um olhar mais demorado, consegui ver que o mais velho tinha as feições do rosto mais dura e séria. O mais novo possuía o rosto doce e inocente. Seus cabelos quase brancos tinham quase o mesmo penteado, ambos eram até o pescoço, só que o do mais velho era todo desfiado, enquanto o corte do mais novo era certo e mais reto.

Cada um deles olhava para um lado. O mais estranho é que as bocas deles não se mexiam, entretanto, nas poucas vezes que se olhavam era como se estivessem conversando.

Quando a música mudou, o mais novo fechou as mãos aparentando estar na frente de uma bateria e começou a tocar de acordo com o ritmo. O que eu achava que era seu irmão – porque eram muito parecidos. – o olhou dando um sorriso e seus olhos vieram aparentemente na minha direção.

Por um momento senti meus ossos gelarem, pois poderia jurar que ele olhava-me. Mas, assim que acompanhei o seu olhar, notei que olhava para outro garoto que ria também. Eles pareciam ser do mesmo grupo, porém, não da mesma família, pois esse outro garoto era oriental.

Ele não era tão pálido como os irmãos, tinha o cabelo um pouco mais comprido e em um tom totalmente negro, um pouco bagunçado atrás. Seus olhos também eram de um preto sobrenatural e sua roupa, digamos, um pouco mais sexy. Ele usava uma calça justa preta, a camisa colada no peito – demonstrando que seu corpo era forte e definido. – e um casaco longo. Com certeza, tinha dezoito anos e talvez um e oitenta e dois de altura. Os loiros eu não conseguiria dizer a altura, pois estavam longe de mim.

Eles não estavam bebendo e nem dançando. Não eram acompanhados por nenhuma garota. – E não era por falta de garotas, podia notar que não era a única que estava olhando para esses três. – Aparentemente estavam ali só para ouvir música e ver a movimentação.

Os três pareciam estar conversando apenas com a troca de olhar.

Quando olhei para os irmãos pude sentir um olhar em mim, não era de nenhum dos garotos que eu olhava. Sentia esse olhar em cada parte do meu ser. Era como o fogo, que aos poucos tomava conta de uma floresta.

Procurei o dono em vão, havia muitas pessoas ali. Só que finalmente eu o achei.

Ele era absurdamente lindo, de uma beleza totalmente selvagem.

Sua pele era clara, seus cabelos um pouco abaixo do pescoço. O rosto era como de um anjo selvagem, sua boca era perfeita. – Nem grande e nem pequena. – Seu corpo era forte e definido; suas roupas eram marcantes de um jeito simples, ele estava de jeans e com uma camisa preta e justa. – Aonde mostrava seu peito musculoso.

Mas o que mais me encantou foi seu olhar, seus olhos eram também de um preto sobrenatural que acompanhava o tom de seu cabelo.

De repente senti-me corando, eu não era acostumada a ser olhada tão profundamente por um garoto. Contudo, o olhar dele era profundo e magnético como se estivesse vendo a minha alma.

Nós dois estávamos totalmente imóveis, apenas nos olhando. Havia algo nele, algo diferente, que o tornava único.

Meu coração disparou, quando eu o vi levantar da pedra e começar a andar até mim. Ele deu dois passos e eu recuei um, um sorriso muito malicioso surgiu em seus lábios e eu corei de novo.

Novamente, ele começou a dar alguns passos e parou. Ficou olhando-me para ver se eu recuava de novo. Mas eu estava do outro lado, de frente para ele congelada. O vento frio soprava no meu pescoço e isso me fazia arrepiar. Eu o notava rindo cada vez que isso acontecia.

Meu coração batia cada vez mais acelerado, principalmente quando ele dava um passo em minha direção. De vez em quando, entre alguns passos, seu sorriso surgia. Era como se isso fosse um jogo. E eu facilitava ficando congelada. Porém, o que eu poderia fazer? Ele conseguiu me prender com um simples olhar.

E quando estava bem perto de mim, ouvi uma voz gritando.

Selina, vamos embora!

O que, embora? Não. Ele estava perto demais para eu ir embora. E não me interessava quem me chamava, não iria olhar. Eu o queria, queria que ele viesse até mim.

Selina Jones, não me faça ir buscar você. – Gritou uma garota brava.

Ao olhar, vi Nick de braços cruzados e batendo um pé no chão. Meus olhos a deixaram de lado, para irem de encontro com aquele ser sublime, no entanto, para a minha total decepção, ele não estava mais lá.

Não. – A decepção tomou conta de mim.

Busquei os três garotos, e apenas o loiro mais novo estava lá. Olhando-me, ele deu um sorriso tímido e saiu pela entrada da colina.

Selina! – Nick gritou super-brava.

Eu estava furiosa por ter que olhá-la, pisando duro e com um bico enorme caminhei até ao seu lado.

O que foi? – perguntou-me inocente.

Nada. – Respondi grossa e com a voz dura.

Você está brava?

Eu brava, imagina. – Sorri sinicamente e coloquei as mãos na cintura. – Estou furiosa!

Por quê? – ela havia ficado surpresa com toda a minha raiva.

Você não o viu? – perguntei ainda zangada. Suas feições continuavam a mesma. – O garoto. – Coloquei as mãos na cabeça.

Entendi o garoto. – Falou-me irônica. – Pode esquecê-lo.

Por quê? – agora era eu que estava surpresa.

Ele é muito velho para você. – Nick apontou um dedo pra mim. – E você viu como ele te olhou? – ela ergueu uma mão para cima. – Aff, quantos anos ele pensa que você tem. – Isso não era uma pergunta.

Mas... – tentei.

Mas nada. Vamos para casa, mamãe e papai já devem estar chegando.

Naquele momento sabia que não daria para argumentar com a Nick, ela ganharia com certeza. – Era muito boa para ganhar discussões.

Nós já estávamos na entrada quando ela segurou-me pelo braço e me puxou.

Ái! – falei alto demais. – Porque tanta pressa?

Por nada. Só não gostei da sua atitude, – nós duas estávamos na frente do carro da Lila, a amiga dela. – foi muito irresponsável.

Não foi não. – Rebati.

Claro que foi. Você realmente ficou lá, na frente dele parada. – As amigas delas estavam do nosso lado. – Você viu como ele te olhava, viu o jeito dele? Ele pode ser de uma gangue.

É verdade Selina. – As amigas concordaram com a minha irmã.

Mas ele não é! – falei com toda certeza.

Você não sabe. Ninguém aqui o viu, e muito menos os amigos dele.

Já chega Nick! – a encarei séria. – Não quero falar mais nisso.

Ótimo. Você fica bem longe dele e daqueles garotos, e não falaremos mais nisso. – Ela cruzou os braços esperando minha resposta.

Está bem. – Concordei emburrada.

Promete? – ela ergueu uma sobrancelha.

Prometo. – Ergui uma mão e com a outra para trás, cruzei os dedos.

Ótimo, vamos para casa agora. – Lila falou enquanto entrava no carro.

Quem ela achava que era?Ta legal, ela era minha irmã, mas e daí.  Eu tinha certeza que ele não era de gangue.

    Lila dirigiu rápido até em casa. – Por medo de ter uma briga no carro. – Assim que parou, desci e bati a porta bem na hora em que a Nick iria descer. Eu sabia que ela estava fuzilando-me com os olhos.

Infelizmente a chave estava com ela, então tive que ficar parada na varanda esperando. Quando Nick desceu, ficou conversando com as amigas. – Aquilo me deixava ainda mais irritada. – Antes ela estava com tanta pressa de voltar para casa.

Vai demorar quantos anos para vim abrir a porta? – gritei brava, ela tinha que saber que eu estava furiosa.

Olhou-me com uma grande raiva dentro de seus olhos, deu um beijo no rosto da Lila e saiu correndo para a varanda.

Depois de dois anos... – o olhar dela dizia para eu parar com toda essa birra. Nick abriu a porta e fui direto para a cozinha. Tirei meu colete e o coloquei em cima da mesa e abri a geladeira para pegar suco.

Minha irmã encostou-se à entrada da cozinha e ficou olhando-me. – Seu vestido curto e preto estava um pouco amassado na frente. – Suas mãos passaram por seus cabelos, enquanto soltava um suspiro.

Pensei que tínhamos resolvido tudo.

E resolvemos. – Falei com um copo de suco na mão. – Só quero que você saiba que ainda estou brava. – Dei um sorrisinho falso pra ela.

E vai ficar assim até quando? – ela cruzou os braços.

Não sei. – Minha voz saiu em tom de dúvida.

Coloquei o copo vazio dentro da pia, peguei meu colete em cima da mesa e comecei a subir as escadas para o meu quarto. Parei bem no meio dos degraus.

Vou fazer o dever de casa. – Falei antes de ela perguntar.

Nick bufou e subiu um degrau.

Sexta, praticamente de madruga? – não sabia que horas eram, mas para ela falar isso deveria ser muito tarde.

Não quero dormir, e posso adiantar um pouco. – Continuava de costas para ela.

Ta bom então, – sua voz voltou ao normal. – qualquer coisa estou aqui em baixo.

Quando ela terminou de falar, recomecei a subir as escadas.

Assim que entrei no quarto, joguei o colete em cima da cama e minhas sapatilhas em um canto qualquer. Tranquei a porta, – não queria ser incomodada agora. – liguei o meu velho computador e fui para o rádio, ao ligá-lo tocava uma música deprimente que eu não conhecia, estava com preguiça de mudar de estação, então ficou lá mesmo.

Não me importava o que tocava, só não queria ficar no silêncio. Puxei a cadeira do computador e o coloquei para conectar. Estava abafado no meu quarto então fui abrir a janela, e agora que começara a chover forte seria melhor ainda, um pouco de ar úmido é bom. Tive que fazer força para abrir-la.

Voltei para o computador e para a minha felicidade a internet conectou, mas em uma velocidade mais lerda que uma lesma. Ótimo, agora demoraria um século. Porém, o que eu queria? Um computador velho, no meio do mato e ainda com uma chuva dessas.

Iria usar assim mesmo, evitava ver a hora, no entanto, foi impossível com o relógio do computador na minha frente. Era uma e cinqüenta.

Digitei ‘‘lobos’’ no Google, contudo, não era o que eu procurava. Então escrevi a palavra completa ‘‘lobisomens’’ – não sei o porquê esse assunto estava tão na moda. – Vieram muitas coisa, mas a preguiça de ler era grande, então salvei tudo e deitei na cama. O sono chegou forte, e tornou-se difícil manter os olhos abertos.

Ainda vestia o vestido vermelho – e isso me atrapalharia a dormir. – mas não ligava. Quando já estava deitada, notei que havia deixado a janela aberta. Faltava-me força pra sair da cama. Bom, era alto e com certeza não dava para nada entrar. Pensando nisso, enrolei-me nas cobertas e fechei os olhos.

     


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