O Novo Mundo Perdido:2094 escrita por Ravenheart


Capítulo 2
Identificação




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            -...dinossauro!

Instintivamente apontei a arma para a criatura a minha frente e disparei seguidas vezes. O animal cambaleou em minha direção com o intuito de ferir-me antes de morrer. Eu era um alvo fácil caído daquele jeito, então rapidamente rolei o mais longe que pude para tentar me defender e contra-atacar. Só que o dinossauro era muito mais rápido do que eu, mesmo estando ferido. Quando ele estava prestes a me atingir ouvi um tiro bem perto de mim, e vi a criatura ser lançada a alguns metros de distância. O estranho homem que tinha me ajudado acabara de alvejar meu oponente, salvando-me.

            - Eu avisei que eles eram rápidos. Você está bem? – e ofereceu novamente a mão estendida para ajudar-me a me recompor – Sua mira é boa, mas sua velocidade deixa a desejar...

            De pé, pude observar o resultado da batalha. À nossa volta estavam estirados no chão cinco cadáveres das criaturas que tinham nos atacado. Todos tinham um grande rombo perto do pescoço. Um pouco mais afastado estava o sexto, o meu ‘oponente’. Além do rombo, este apresentava nítidas marcas de bala no pescoço e na cabeça.

            - Agora tenho certeza de que sei usar isso – disse olhando para a pistola em minhas mãos, uma velha .45 com marcas de ferrugem.

            - Percebi... Bem, não tenho muita escolha agora, então vou ter de confiar em você para tentarmos chegar até a fronteira. É melhor não ficarmos parados aqui por muito tempo: logo os carniceiros virão. E mais: é melhor seguirmos em silêncio.

            Consenti com a cabeça. Afinal, seria suicídio me separar dele com essas criaturas à solta. ‘Até eu entender o que está acontecendo aqui, vou ter de cooperar...’

           

            Após algum tempo andando na selva, eu já estava me cansando, afinal meu corpo estava todo dolorido. Mas meu ‘parceiro’ parecia não se importar muito comigo: andava rápido por entre a vegetação e as árvores, muitas vezes distanciando-se de mim. Em certo ponto, parei e disse, ofegante:

            - Espere, espere. Não podemos descansar um pouco? Já faz umas duas horas que estamos andando sem parar.

            O estranho parou por um tempo, pensativo.

            - Está bem, temos uns quinze minutos de vantagem. Descanse um pouco.

            - Vantagem de que? – perguntei, curioso – estamos fugindo de algo?

            - Sim. Estamos sendo caçados – ele fez uma cara sinistra ao dizer isso...

            Olhei para a cara dele com um misto de surpresa e curiosidade. Percebendo meu espanto, o homem sentou-se e explicou:

            - Aqueles que matamos eram apenas batedores, estavam reconhecendo o terreno e a presa, que no caso, somos nós. O ‘contingente’ principal já está no nosso rastro. Em pouco tempo eles chegam...

            - Como você sabe de tudo isso? Como tem certeza?

            - He he... Anos de prática, amigo. A selva é meu lar. É meu dever como guardião conhecer esta área como a palma de minha mão.

            - Guardião?

            - De que caverna você veio? Nunca ouviu falar dos guardiões que protegem as zonas habitadas?

            - Amnésia, lembra? – bati meu punho de leve na minha cabeça – Não me lembro de absolutamente nada. Tudo o que sei é que estou perdido numa selva estranha habitada por bichos esquisitos sendo levado sei lá pra onde por alguém que nunca vi na vida!

            - Sinceramente amigo, você ta ferrado! – ao dizer isso, o homem deu uma grande gargalhada. Estendeu a mão para mim e se apresentou:

            - Meu nome é Jon. Sou o Guardião da zona 43.

            - Espere... – de repente, uma idéia surgiu em minha cabeça: talvez alguma coisa que eu carregasse poderia me ajudar nessa situação incômoda. Procurei bolsos pela minha roupa, mas não encontrei nada. A roupa parecia um tipo de traje militar, grossa e resistente, de cor acinzentada. Procurei em volta do pescoço e, finalmente, achei o que queria: uma pequena corrente. Puxei-a para cima e lá estava, em sua ponta, reluzente, um ‘dogtag’ de identificação militar. Rapidamente li o que estava escrito na pequena chapinha de metal:

            “ Derek  52S ID075547 ITT-PROTOTYPE”

            A única coisa que entendi era o meu nome: Derek. O resto não passava de um amontoado de números e letras sem sentido algum. A palavra ‘prototype’ não me dava uma sensação muito boa...

            - Ao que parece, meu nome é Derek...

            - Bem, Derek, acabou o recreio. É melhor recomeçarmos a andar antes que as coisas fiquem muito perigosas por aqui.

            Não relutei nenhum pouco: já estava anoitecendo, e estávamos parados ali por quase dez minutos. Levantei-me sem ajuda (apesar da intensa dor que eu ainda sentia nas costas e que agora se espalhava pelos flancos de meu corpo) e o segui.

            Durante algumas horas, andamos em ritmo acelerado por entre as árvores e moitas daquele lugar.O estranho era que, mesmo com a noite se aproximando e a visibilidade caindo à zero, Jon parecia saber exatamente aonde pisar e quais os lugares a evitar naquela imensa área de floresta. Eu simplesmente o seguia, afinal, não tinha nada a perder...Até que, de repente, ele parou. Fez um sinal com a mão pedindo silêncio. Eu não ouvia nada além de chuva que, aliás, tornava-se cada vez mais forte. Olhei para trás para tentar enxergar alguma coisa, mas a escuridão era total. Ao me virar novamente para frente, Jon havia sumido! Atordoado, olhei para todos os lados, mas a cena era sempre a mesma: escuridão e mais escuridão...

            - Hey, Jon... – eu falava baixo, caso ele estivesse perto. Nenhuma resposta. Aumentei o tom de voz:

            - Jon, onde você está?

            Nada. Só chuva. Comecei a andar devagar para a direção em que estávamos indo. Pisei em vários galhos, fazendo um pouco de barulho. Era sinal de que eu estava saindo da trilha. Parei por alguns minutos, apoiado em uma árvore. Ao longe, escutei os mesmos guinchos e sons de antes, o que não era boa coisa... Até que, não sei de onde, Jon apareceu:

            - Derek, me escute com atenção: você terá de seguir em frente sozinho, enquanto eu fico aqui para atrasá-los. É muito arriscado para você combate-los à noite, não está acostumado e... Enfim, simplesmente siga para lá – ele me apontou com o braço a direção certa – e, caso esbarre em alguma coisa, preste muita atenção ao contorná-la para não se perder.

            Balancei a cabeça, afirmativamente. Ao me virar, Jon me segurou pelo ombro e disse – Espere. Me esqueci do mais importante... – olhei para ele e ele gritou:

            - CORRE!


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