O Novo Mundo Perdido:2094 escrita por Ravenheart


Capítulo 1
Renascimento




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Estática. Era tudo o que eu via no visor de meu capacete.E ouvia pelo fone embutido. Minhas costas ardiam dolorosamente. Deitado, a dor era quase insuportável. Através da grossa camada de roupa que me cobria, eu conseguia sentir a lama pegajosa me engolindo. Estava afundando.

            - O que... aconteceu? – murmurei para mim mesmo, pois tinha certeza de que estava sozinho. Tateei pela base do capacete, tentando achar alguma presilha ou coisa parecida. Demorei quase cinco minutos, mas finalmente consegui me livrar do maldito capacete. Respirei profundamente aquele ar úmido e agradável. Uma chuva fina e incessante caía, molhando meu rosto. Olhei para os lados, procurando algo para me segurar e sair daquele lamaçal. Nada. Estranhos sons emanavam da floresta a minha volta, como se me avisassem para sair logo dali. Tentei rolar, minhas costas reclamaram.

            - Ora, vamos lá...

            Nova tentativa, mais dor, mas agora tinha conseguido me mover. ‘Mais um pouco e alcanço aquela árvore...’. Tomei impulso e rolei para fora da lama, chocando-me com a tal árvore.

            -Ufff... – sentado, encostado na árvore, comecei a estudar o ambiente à minha volta. Na minha frente, uma grande poça de lama estendia-se por mais de cem metros selva adentro. ‘Areia movediça. Sorte minha que eu estava na borda’. Examino minha roupa, aparentemente nenhum dano. Descansei por quase dez minutos ali, sentado, sozinho e confuso.

- Que lugar é esse? – Não conseguia me lembrar de absolutamente nada. ‘Devo estar perdido ou coisa parecida’. Olhei para cima, tentando enxergar algo mais além das copas das árvores, mas não vi nada. ‘A dor diminuiu um pouco, vou tentar levantar’. Minhas pernas a princípio tremeram, mas, com dificuldade, consigo me levantar. Apoiado na árvore, olho em volta novamente. O capacete sumira – ‘Afundou, na certa.’ – e a chuva aumentara. Ouço estranhos cantos de pássaros ao longe. Piados, gritos, sussurros... Não conseguia identificar de onde vinham, parecia vir de todos os lados...

            - E agora, pra que lado? Se ao menos eu pudesse ver o sol...

            No exato instante em que me viro, recebo uma pancada no rosto, e desmaio de vez...

            Abri os olhos. A primeira coisa que vi foi o cano de uma escopeta apontado para meu rosto. Este, aliás, doía muito. A segunda coisa que vi foi um homem parado na minha frente, apontando a arma. Um cara musculoso, cheio de cicatrizes pelos braços.

- Quem é você? – o dono da arma me questionou - O que faz aqui, tão longe da 3ª cerca? Não entendi suas perguntas, então o máximo que disse foi...

            - Cerca?

            O estranho parecia intrigado com minha presença naquela selva.

- Você é da zona 43? – novamente o respondi com outra pergunta:

            - Zona o quê? Não sei do que você está falando...

            O homem abaixou a arma, mas sem tirar os olhos de mim.

- Qual é o seu nome? De onde você é? – perguntou a mim enquanto oferecia a mão estendida para me ajudar a levantar. Mas só então me dei conta de uma coisa: eu não me lembrava de absolutamente nada sobre mim mesmo! Nem meu nome, sobrenome, local de origem... Nada!

            - Eu não sei... Acho que bati com a cabeça ou algo parecido.

            O estranho, desconfiado, apenas murmurou “sei”. Examinou-me de alto a baixo com os olhos, e pensou por algum tempo em silêncio. De repente, alguma coisa chamou sua atenção no meio da selva, talvez um ruído ou coisa parecida. Percebi, pois ele levantou a cabeça e deu uma rápida olhada para o lado esquerdo. O homem deu alguns passos para trás e me disse:

- Olha, não tem como eu confiar em você por enquanto. Mas se ficarmos parados aqui por muito tempo, certamente seremos mortos. Você vai à frente, eu indico o caminho. E não tente nenhuma gracinha. Ele abaixou a arma e me disse “- Por ali”, apontando uma direção. Como eu não tinha escolha, comecei a andar. Ele parecia preocupado com alguma coisa a nossa volta.

            - Afinal de contas, o que está acon...

            - Shhh. Droga, eles sabem que estamos aqui.

            O homem tirou uma pistola da cintura e me entregou.

- Sabe usar isso?

            Respondi que sim, instintivamente. Ele me entregou um pente de munição e completou:

- Use com cautela. É o último. E cuidado: os bastardos são bem rápidos...

            Não deu nem tempo de eu perguntar ‘o que?’. Fui jogado no chão de novo por uma forte pancada nas costas. Ouvi tiros e guinchos á minha volta. Olhei para cima e não acreditei no que vi...

            - Não pode ser! É um...


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