All I Want Is You escrita por CrazyCullen


Capítulo 2
Outtake 1: Lift me up


Notas iniciais do capítulo

Este aqui retrata um pouquinho do relacionamento da Bella e do Edward, da gravidez, nascimento e morte da Nessie. Espero que vocês gostem!



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Trilha: Lift me up – Christina Aguilera

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O som da chave na fechadura era o indicativo de que ele estava chegando depois de mais um dia no hospital. Aquele simples som foi o suficiente para fazer o meu coração disparar. Apesar de saber que Edward ficaria exultante com a notícia, eu não podia conter minha apreensão.

"Bella, amor, o que você está fazendo aqui, no quarto de hóspedes?" – Edward perguntou, apoiado no alizar da porta, com um leve toque de nervosismo em sua voz.

"O que você acha Edward... será que verde ficaria bom? Eu gosto de amarelo também, mas tenho medo que seja uma cor fria demais. Rosa e azul estão fora de cogitação. Vamos ter que desfazer dessa cama também já que..."

"Bella, meu amor, respira! Do que você está falando?"

Eu o encarei por alguns breves segundos antes de abaixar meus olhos, levando minhas mãos até minha barriga ainda inexistente.

"Oh! meu Deus, Bella, você está tentando me dizer que..."

Seus olhos continham um misto de incredulidade e exultação e foi impossível não sorrir diante de tanta beleza.

"Sim, meu amor. Nós estamos grávidos. Parabéns papai!"

Edward permaneceu parado, apenas sua boca, abrindo e fechando como se estivesse lutando com as palavras. Nem piscar ele piscava, parecendo em um transe completo.

"Q... que... quer dizer que os enjoos, as dores de cabeça... eram sintomas da gravidez e não uma desculpa para se afastar de mim?" – ele perguntou entre lágrimas e risos.

"Desculpa para me afastar de você? Por que diabos eu ia querer me afastar de você, seu bobo?" – perguntei sem acreditar que ele pudesse ter pensado em algo tão sem sentido quanto aquilo.

Sem me responder, Edward se pôs de joelhos entre as minhas pernas, me abraçando e encostando o ouvido em minha barriga.

"Sabe, o médico aqui é você, mas eu acho que ainda vai demorar alguns meses até que você consiga ouvir ou sentir alguma coisa." – eu disse com um sorriso no rosto, passando minhas mãos pelo seu cabelo que parecia atrair minhas mãos como um imã.

"Oi bebê..." – Edward começou a dizer de repente, ainda abraçado à minha barriga e eu pude sentir meus olhos se encherem de lágrimas. – "Sabe, sua mamãe não cansa de me surpreender. No dia em que eu a conheci, naquela estrada deserta – não se preocupe, um dia te contaremos essa história, pode ter certeza – eu achei que tinha tirado a sorte grande, eu não poderia ser mais sortudo. Mas aí, quatro anos depois ela aceitou meu pedido de casamento e eu achei que fosse explodir de tanta felicidade; eu me sentia o homem mais realizado da face da terra. Mas nada poderia ter me preparado para o momento em que ela surgiu, deslumbrante, de braço dado com o seu avô, caminhando em minha direção pelo corredor da igreja. Por um momento eu achei que tinha morrido e estava vendo um anjo divino. E então, quando eu achava que minha vida já estava perfeita, que eu já era o homem mais feliz do planeta, ela me dá a notícia de que você está aí dentro, neném. Um fruto do amor meu e da sua mãe! E você não imagina o quanto eu amo essa mulher. Eu já vou te avisando, ela tem algo que conquista a todos e eu sei que você também vai ser louco... ou louca, por ela. Ela é tão linda, carinhosa... tão altruísta. Você não poderia ter uma mãe melhor. E ainda tem a sua avó Esme, o amor em forma de gente, sua tia Alice que vai surtar ao saber dessa gravidez. Oh bebê, você vai ser tão amado, tão paparicado...

"Edward..." – eu disse, sentindo as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

"Eu te amo Bella." – ele disse erguendo os olhos e me encarando.

"Eu também te..." – mas fui impossibilitada de completar minha declaração por sua boca sedenta tomando a minha, me beijando com um misto de amor e devoção.

Antes que eu pudesse me dar conta, Edward me pegou no colo, caminhando a passos rápidos até nosso quarto e num piscar de olhos nossas roupas não passavam de um amontoado de peças no chão. Ele beijou cada centímetro da minha barriga antes de me penetrar, olhos conectados aos meus durante todo o tempo. Nos amamos até nossos corpos não terem mais forças para nos obedecer e, nos sentindo esgotados, mas completos, adormecemos nos braços um do outro, quando os primeiros raios de sol começavam a surgir no céu de Seattle.

Edward esteve presente em cada momento da gravidez: segurando meu cabelo e passando toalha fria pela minha testa e pescoço durante as crises de enjoos matinais dos primeiros três meses; em cada consulta médica, ultra-som... no primeiro, inclusive, quando a médica ligou o sistema de som e o bater do coração de nosso bebê pode ser escutado ecoando pelo quarto, ele apertou forte a minha mão e bastou um olhar rápido para o seu rosto para ver que ele estava tão emocionado quanto eu; nas decisões para a decoração do quarto; na compra do enxoval, para completo desespero de Alice que teve que disputar com o irmão o posto de mais exagerado e descontrolado na hora das compras; massageando meus pés todos os dias quando chegava em casa, após o trabalho, para que eles desinchassem. E claro, na hora do parto.

Nossa pequena Vanessa, ou Nessie como logo foi apelidada por Emmett, chegou ao mundo no dia 20 de outubro de 2006, com 3,5 kg e 51 cm depois de 10 horas de parto. Sim, 10 horas contando do início das contrações até o estourar da bolsa e o nascimento. Edward foi exatamente o que eu precisei em cada momento. Ele se manteve ao meu lado me dizendo palavras de incentivo, ou apenas apertando minha mão e limpando o suor em minha testa quando sabia que palavra alguma iria adiantar diante de tanta dor. Dor que, rapidamente, foi apagada de minha mente ao ouvir o primeiro choro de meu bebê. Edward cortou o cordão umbilical e voltou para o meu lado com o maior sorriso que eu já havia visto em seu rosto e lágrimas escorrendo olhos abaixo. Ele se abaixou, colando nossas testas e sussurrando sobre os meus lábios.

"Obrigada amor, por mais uma vez me fazer o homem mais feliz do mundo."

E nós ficamos ali, apenas nos fitando até que a médica trouxe nossa filha até nós, ajeitando-a em meus braços e me dando as orientações para a primeira amamentação. Não existem palavras capazes de exprimir a sensação de carregar um filho pela primeira vez nos braços ou de alimentá-lo pela primeira vez. É como se você nunca tivesse se dado conta de que estava incompleto antes, mas ali, naquele momento percebesse que só agora sua vida estava completa, que havia um sentido maior para tudo aquilo. Eu não conseguia tirar meus olhos do pequeno ser, aparentemente tão indefeso, ali nos meus braços e, pelo jeito, Edward também não.

"Ela é perfeita." – ele disse, passando a ponta dos dedos pela bochecha dela, enquanto sua outra mão se mantinha firme em minha cintura.

Sem parar de sugar meu seio, ela mexeu os olhinhos, como que buscando o que a tocava ou de onde vinha aquele som, o som da voz que tanto conversara com ela durante os nove meses em que ela esteve na minha barriga, e eu cheguei a ofegar quando os olhos dos dois se encontraram, tamanha a intensidade do momento.

Nessie crescia uma verdadeira mistura entre eu e Edward... os cabelos castanhos como os meus e os olhos verdes-esmeralda como os dele, além da pele branquinha como leite. Uma verdadeira bonequinha que, como havia sido previsto por ele naquela noite em que soube que eu estava grávida, era paparicada por todos.

Aos oito meses ela começou a engatinhar, nos pegando a todos de surpresa e aos nove ela falou sua primeira palavra: papá, o que levou Edward às lágrimas e o deixou um pai ainda mais babão.

Mas, eu devia ter desconfiado, estava tudo indo bem demais na minha vida há muito tempo e isso não era normal. Não para mim. Era agosto de 2007 e Edward e eu estávamos fazendo três anos de casados. Ele tinha me convencido a deixar Nessie na casa de Esme e Carlisle aquela noite para que pudéssemos comemorar a data como sempre fazíamos. Ele havia feito reserva no nosso restaurante predileto e eu sabia que havia algo mais, mas que ele apenas me dizia que era surpresa, sorrindo maliciosamente quando eu perguntava do que se tratava.

"Se eu contar deixa de ser surpresa."

"Edward será que ela vai ficar bem? Ela não passou o dia muito bem, esteve irritadinha o dia todo, vomitou tanto o leite quanto a papinha que eu dei... talvez devêssemos ficar em casa e..."

"Bella, amor, se acalme. Isso com certeza é uma virose qualquer ou os primeiros molares nascendo. Além do mais, não é como se estivéssemos abandonando nossa filha com algum desconhecido. Ela vai estar com os meus pais, Alice com certeza vai estar lá também. Qualquer coisa eles saberão o que fazer ou ligarão para a gente e a gente volta correndo pra casa, eu te prometo. Mas, por favor, vamos aproveitar nosso aniversário, como sempre fizemos. Eu planejei tanto esta noite."

Apesar de três anos de casados, fora os quatro de namoro, era incrível como Edward ainda conseguia qualquer coisa que quisesse de mim, bastando para isso me olhar com aqueles olhos de cachorro pidão e fazer aquele biquinho, exatamente como fazia agora. Ele me tinha totalmente nas mãos.

Tentando me convencer de que precisava relaxar e que estava preocupada à toa, me despedi de Nessie com um beijo, dando umas instruções rápidas para Esme, me sentindo uma boba já que ela havia criado três filhos e fui tratar de aproveitar a noite com meu marido.

Depois do jantar, Edward me levou para dançar, coisa que eu simplesmente amava e que não fazíamos desde os tempos da faculdade e, por fim, ele havia feito reserva em uma pousada super charmosa nos arredores da cidade. Teria sido a noite perfeita com o homem perfeito se às cinco da manhã o celular de Edward não tivesse nos acordado.

Do outro lado da linha, um Carlisle extremamente nervoso balbuciava palavras como piora, pronto socorro, mas eu só conseguia prestar atenção no choro angustiante de Nessie ao fundo. Algo estava errado, muito errado.

Pela primeira vez desde que começara a me relacionar com Edward eu não reclamei da velocidade excessiva com que ele dirigia. Pelo contrário, por mim ele podia acelerar mais. O silêncio e a tensão eram palpáveis no interior do carro. A cada minuto que se passava eu sentia meu coração se apertar mais, como se ele tentasse me preparar para o pior.

Chegamos ao hospital e toda a família estava na sala de espera, menos Jasper, que segundo Alice estava na sala de exames junto com o pediatra. Edward me deu um longo beijo na testa, apertando firme minha mão antes de seguir para o local que Alice havia indicado, me deixando ali, me sentindo ainda mais desamparada.

48 horas foi o tempo necessário para que a minha vida desmoronasse. Quando Edward veio andando em nossa direção, com a cabeça baixa e se ajoelhou à minha frente, segurando minhas mãos, eu não precisei de nenhuma palavra, nenhuma confirmação. Meu coração sentia aquilo que meu cérebro se recusava a aceitar. Minha filhinha, meu bebê se fora. Nós permanecemos ali, abraçados, chorando por não sei quanto tempo. Eu sabia que os outros ainda estavam ali, à nossa volta, querendo nos confortar de alguma maneira. Mas eu não queria o conforto de mais ninguém. Nada que me dissessem seria capaz de abrandar a dor, o buraco que se abrira em meu peito e no do homem ajoelhado, e chorando como uma criança em meu colo. Eu só conseguia focar na nossa perda e em como faríamos para recomeçar.

"Não era a porra de uma virose, nem molar algum Bella. Era meningite... meningite. Como eu pude ser tão cego? Que tipo de médico incompetente eu sou para não perceber que a sua própria filha está com algo grave?" – ele começou a murmurar com a cabeça em meu colo.

"Edward..."

"Eu fui tão egoísta, tão mesquinho, pensando no quanto eu queria te levar para jantar, dançar e comemorar nosso aniversário que não prestei atenção na nossa própria filha. Isso poderia ter sido evitado se eu tivesse olhado para além do meu umbigo. Se eu..."

"Edward para." – eu gritei, sacudindo-o pelos ombros. "Para, pelo amor de Deus. Já está doendo o suficiente e eu não preciso de mais dor, de mais sofrimento, de culpa. Será que você não percebe que está doendo em mim também? Que a perda não é só sua? Eu perdi minha filha Edward, minha filha, que eu passei nove meses carregando aqui dentro." – gritei antes de empurrá-lo e sair correndo. Eu não sabia pra onde ir, mas eu precisava sair dali.

Alice me alcançou alguns minutos depois, desacelerando o carro ao meu lado na estrada e abrindo a porta do lado do passageiro para que eu entrasse.

"Como ele está?" – perguntei assim que me sentei ao seu lado. Eu sabia que havia sido injusta com ele.

"Ele vai ficar bem. Vocês dois irão." – ela respondeu me dando um abraço apertado antes de seguir em frente. Acabamos em minha casa, ela sentada apoiada na cômoda do quarto de Nessie e eu deitada no chão, com a cabeça em seu colo, chorando.

"Por que Alice, por que o meu bebê?"

"Eu não sei Bella, mas você e o Edward precisarão ser fortes e vocês só conseguirão passar por isso juntos. Vocês se amam tanto... eu sei que vocês darão um jeito. Mas pra isso vocês precisam conversar.

"Acho que a Alice tem razão." – a voz rouca ecoou pelo quarto, me sobressaltando. Eu não precisava olhar para ele para saber que ele estava tão devastado quanto eu, o tom de sua voz era uma indicação clara disso.

"Bem, eu vou deixar vocês conversarem. Eu dou uma passada por aqui mais tarde, okay?" – Alice disse, me ajudando a sentar e me dando um beijo no topo da cabeça antes de passar pela porta, apertando a mão do irmão e murmurando algo para ele.

Sem me encarar nos olhos, Edward se sentou em frente a mim, pegando minha mão, brincando com ela como se pensasse no que dizer.

"Por que não eu, Bella?"

"Shhh, por favor, não diz isso."

"Mas é verdade. É a ordem natural das coisas, os pais deveriam morrer antes dos filhos."

"Então por que não eu?" – perguntei, exasperada. Eu podia sentir a raiva começando a me dominar. Raiva do mundo por ter tirado a minha filha de mim, raiva deste homem lindo à minha frente, que não me permitia "curtir" a minha dor, tamanha era a sua.

"A dor não seria diferente. Eu estaria destruído do mesmo jeito."

"Eu me sentiria da mesma forma se fosse você. É o tipo de discussão que não vai nos levar a lugar algum Edward."- 'Por favor, entenda isso e apenas me abraça e me diz que vai ficar tudo bem' , completei mentalmente.

"Eu não me conformo, eu deveria ter percebido os sintomas."

"Edward, olha pra mim." – eu pedi, segurando seu rosto entre minhas mãos. - "Não há culpados, Edward. É uma doença traiçoeira, não há nem tempo dos sintomas aparecerem direito."

"Jasper disse a mesma coisa, mas ainda assim..."

Ele pareceu pensar por alguns minutos. E então se jogou nos meus braços, como uma criança desamparada, precisando de colo.

"Você jura que vai ficar tudo bem?" – ele perguntou depois de muito tempo, ainda na mesma posição, com a cabeça apoiada na curva do meu pescoço.

"Se você estiver ao meu lado, sim."

"Eu sempre estarei ao seu lado. Sempre."

E aquilo era tudo o que eu precisava ouvir. A dor não passaria. A dor não passa, quando muito se aprende a viver com ela e, aos poucos, ela se transforma em saudade, mas com um dando suporte para o outro, eu podia ter esperanças de que no futuro, a gente voltasse a estar inteiro novamente.


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Notas finais do capítulo

Er... volta sorrateiramente tentando escapar da ira das leitoras. Todo mundo bem por aqui? Sim gente, triste eu sei, mas eu realmente não sei explicar o poder que essa one exerce sobre mim. Têm horas que eu sinto como se fosse tomada por uma força... sei lá... Mas, apesar de triste, espero que vocês tenham gostado.



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