Oito

Quando entrei não dei muita atenção ao local, nunca mudava, não mudou desde a ultima vez que estive aqui. Sentei sem esperar que ela pedisse e Lissa fez o mesmo depois de um aceno de Kirova para que sentasse. Ela começou a falar, mas foi interrompida por uma voz.

“Lissa...” me virei e dei de cara com Victor Dashkov. Meu Deus, ele estava pior... Quando nós fugimos ele estava mal, mas agora ele está péssimo! Victor é o príncipe da família Dashkov, a pessoa mais velha da família assume o cargo de príncipe ou princesa. E Lissa coitada tem esse titulo por que é a ultima Dragomir, mesmo que ela não queira. Ele era considerado como um tio pra ela, por ter sido muito amigo do pai de Lissa, Eric Dragomir.

“Tio...” Lissa correu e lhe deu um abraço cuidadoso.

“Estou muito feliz por te ver segura, Vasilisa... Você também Rose!” Ele me disse, levantei e fui cumprimentá-lo com um beijo e um abraço, depois voltei-me a sentar na cadeira. Senti falta dele também. Kirova foi a te Lissa e a trouxe de volta pra cadeira. Quando ela começou a falar foi como se o mundo tivesse sumido, eu só pensava no que eu tinha passado aqui, nas lembranças boas e ruins, nas festas, nas encrencas que me meti, nos amassos e nas ressacas... quando eu estava começando a pensar no tempo em que estive fora o discurso de Kirova foi dirigido para mim...

“Você, senhorita Hathaway, quebrou uma das maiores promessas entre sua raça: a de proteger e guardar os morois.” Ela me disse.

“Eu a protegi...! Ela está bem, não esta? Nem vocês foram capazes de protegê-la, então eu o fiz...” disse.

“O que você quer dizer com isso? Vocês estão nos escondendo algo, Hathaway?” eu fiquei calada esperando que ela tirasse suas próprias conclusões. Ela tirou a pior conclusão possível: a de que eu estava mentindo. “Então, sendo assim, vejo que não tenho outra solução, o que torna minha decisão muito mais fácil. A Princesa tem que ficar na academia por que ela é uma moroi e precisa de proteção, mas você senhorita Hathaway vai ser mandada embora assim que puder.” disse como se esse assunto não pudesse ser discutido, como se não tivesse mais nenhuma opção.

“Você não pode fazer isso!” disse Lissa.

“Não só posso como vou, senhorita Dragomir...” ela nem terminou de concluir a frase porque foi interrompida por uma Lissa desesperada.

“Mas meus pais queriam...”

“Eu sei o que seus pais desejavam princesa... Que Deus os tenha, mas Hathaway está completamente desqualificada para ser uma guardiã, portanto ela vai pra fora assim que possível.” concluiu. Lissa se sentou derrotada. Pelo menos agora eu poderia discutir isso por conta própria, sem ter que ser intercedida por Lissa.

“E para onde você vai me mandar, ãnh? Para Janine, no Nepal?” ri sem nenhum humor. “ Ou você vai me mandar pro meu pai? Que é um moroi tanto quanto você? E você sabe como são os morois, não é? Eles só ligam para os filhos que são da realeza ou que são morois... ou você vai me jogar numa aldeia vampírica para que eu vire uma prostituta de sangue? Tente qualquer uma dessas coisas e já teremos ido embora antes do final do dia!” disse com raiva.

“Você está passando dos limites, senhorita Hathaway.” Disse

“Elas têm uma ligação.” disse Dimitri. Eu tinha me esquecido que ele estava na sala. Nem me virei para olhá-lo. Eu estava em choque, como ele sabia disso???

“Isso é um milagre” disse Victor. Eu queria ver ele com esse tipo de milagre...!

“Isso é impossível...” disse Kirova.

“Notei assim que comecei a observá-las. Os melhores guardiões tinham esse dom... nas historias.” disse Dimitri.

“Historias com séculos de idade, guardião Belikov... o que quer que façamos? Que a deixemos fica?” perguntou Kirova incrédula.

“É uma opção, melhor do que mandá-la embora. O numero de guardiãs dhampirs é muito pequeno, para que se desperdicem mais uma.”

“O Belikov tem razão, Kirova.” Declarou Victor.

“E então o que, a deixamos sem punição?”

“Arranje outra forma de puni-la.” disse Dimitri. “Ela pode ser um pouco mau educada e desrespeitosa, mas...”

“Mau educada e desrespeitosa?” perguntei retoricamente. “Mau educada e desrespeitosa é a sua...” não deu pra terminar de concluir a frase, isso já estava me irritando.

“Esta vendo? Completamente mau educada e desrespeitosa, você quer dizer! Nem toda a punição e educação vai ajudar... Ela vai sempre ficar atrás.” disse Kirova.

“Então arrume um jeito de deixá-la sempre a frente. Imponha educação.” disse Dimitri.

“E quem vai impor essa educação, Belikov?” perguntou Kirova. “Não temos tempo nem motivação para mexer com um caso perdido. Então me diz, quem vai impor isso a ela? Você?” perguntou Kirova.

Caiu um silencio profundo na sala. Ninguém disse mais nada por dois minutos. Eu olhava para Lissa, que olhava para Kirova , que olhava para Dimitri, Yuri que estava apresente na sala alternava o olhar entre todos presentes: Alberta, Victor, Lissa, Kirova, Dimitri e eu.

“Sim, eu posso impor isso, e posso ainda por cima colocá-la no nível dos outros alunos.” disse. Eu não acredito nisso, ele desafiou ela na frente de todo mundo... eu estava me acabando de rir por dentro. Todo mundo estava em silencio mais uma vez, mais por espanto.

“Está bem, se a Hathaway ficar vai ser assim: você vai ajudá-la e colocá-la no nível dos outros alunos, guardião Belikov. E você, Hathaway, vai comparecer a todas as aulas e vai fazer tudo o que o guardião Belikov mandar, além disso, ficara fora das horas associáveis, tirando, é claro, a hora da alimentação.” Concluiu. Eu ri.

“O que foi? Fora das horas associáveis? Está com medo de que fujamos?”

“Só estou tomando precauções, e tenho certeza de que se lembra de não ter sido devidamente punida pelo seu ultimo ato de destruição de propriedade escolar, não é?!?!! Então se sair da linha uma vez, será mandada embora, sem discução.” disse isso olhando para Dimitri. “Está sendo lhe dada uma generosa proposta, acho melhor aceitar” disse.

“Generosa?” perguntei incrédula e Lissa me deu um chute na canela. Eu olhei para ela depois para Dimitri. Ele não tinha motivos para ter tentado me tirar dessa confusão, eu só tirei onda com a cara dele desde que o conheci. E mesmo assim ele me ajudou, se ofereceu para me ajudar quando ninguém mais queria. Eu ficaria por Lissa, isso já era um bom motivo, mas isso também começou a ser. Ser defendida por alguém que não me conhecia, era deferente pra mim. Desviei meu olhar do seu e olhei para Kirova. “Está bem, eu aceito...” disse e Lissa pulou em meus braços. Eu ri e olhei para Yuri, que estava apertando os lábios para não cair na risada.

“Yuri, Dimitri, levem Hathaway pra a coordenação, para arrumar seu novo horário. Alberta leve a princesa para suas atuais aulas, já que ela, tenho certeza, não precisara de um novo horário, deixe que escolha umas das salas para ficar.” disse encerrando o assunto. Saímos da sala e quando a porta se fechou Lissa começou a gritar.

“Ai, eu não acredito que você vai ficar...” disse pulando no meu pescoço.

“Que diferença faria? Eu não te deixaria aqui sozinha, você sabe!” disse e ela riu.

“É muito bom te-la de volta, Rose.” disse Alberta. Eu lhe dei um abraço, por incrível que pareça eu me dava bem com todos nessa escola, nunca tinha me acontecido o que aconteceu com Dimitri, de não ir com a cara de alguém assim a primeira vista, não sendo um guardião, por que com os alunos eu me estranhava, toda hora...

“Estou feliz por estar de volta também, Alberta.” disse.

“Então vamos, não é? Por que vocês tem muito o que recuperar...” disse Yuri.

“Concerteza. Então dona Rose, você, por favor, escute o Dimitri e obedeça.” disse Alberta, apertando minha bochecha. Eu e Lissa rimos.

“Pode deixar comigo, Al. Eu dou conta do recado, lembra? Eu não mudei nada. Pode ficar tranqüila, por que quanto a minha vontade e esforço para virar guardiã de Lissa ainda existem, mais fortes do que antes. Alem do que eu adorava lutar, vamos ver se meu conceito vai mudar tão fácil...” disse e todos riram.

“Fico mais tranqüila ouvindo isso, senhorita Rose. E Dimitri, se precisar de ajuda com essa pequena, pode me chamar ou então pode chamar o Yuri.” Dimitri só acenou um sim com a cabeça. “Então pronto, vamos Lissa?” perguntou Alberta.

“Claro, Alberta. Tchau amiga, boa sorte com as suas aulas...” disse Lissa me abraçando.

“Obrigada, amiga, pra você também e se precisar já sabe, né?!!?!” disse e ela riu acenado que sabia. Ela virou com Alberta que nos deu um até mais e seguiram. Ficamos lá ate elas virarem em direção a primeira futura sala de Lissa.

“Vamos?” perguntou Yuri.

“Vamos...” eu disse.

Caminhamos em silencio até a coordenação. Um antigo professor, que na minha opinião deveria ter se aposentado a muito tempo, mexeu em alguns papeis, me fez algumas perguntas e me entregou um novo horário. Nos agradecemos e fomos embora para minha primeira aula, depois de tanto tempo fora: aula pratica de luta.