Dont Stop Believin escrita por Nizz e Cherry


Capítulo 1
Prólogo




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Prólogo

 

— Olhe só, se vocês causarem muitos problemas como costumam causar em casa... – a senhora ruiva e gorducha começou a exclamar. Ela estava acompanhada de quatro garotos igualmente ruivos, vestindo roupas meio esfarrapadas. Os suéteres de frio exibiam uma letra dourada cada.

— Mãe, não se preocupe...

—... Seremos anjinhos. – a mulher cruzou os braços.

— Está na hora, mãe! – o mais velho, Charlie Weasley, que estudava no sétimo ano, exclamou ao olhar para o relógio. Molly, sua mãe, concordou. O rapaz, já acostumado com aquela história de magia, deu um leve aceno e depois empurrou seu carrinho cheio de livros em direção à parede marcando as plataformas 9 e 10. Magicamente, desapareceu ao passar por ali.

— Percy. – Molly virou-se para o outro filho. Ele estava no segundo ano, mas, ao contrário dos outros dois garotos, não estava apreensivo em atravessar a passagem mágica. Ele se despediu com um sorriso e correu pelo mesmo caminho, desaparecendo atrás do irmão.

Por fim, a mulher voltou-se para os dois garotos ansiosos ao seu lado.

— Já sabem, mas é bom lembrar: vou mandar milhões de berradores se não se comportarem.

— Mamãe, nós podemos ir agora? – Fred indagou, cruzando os braços. Molly sorriu orgulhosa. Era a vez dos seus gêmeos ingressarem na Escola de Magia e Bruxaria. Fez um cafuné na cabeça de cada um deles, bagunçando os cabelos ruivos espetados.

— Mãe, assim estraga meu penteado. – George reclamou.

— Andem logo vocês dois. – exclamou, dando espaço.

Fred e George não precisaram ouvir duas vezes. Um de cada vez, atravessaram a parede, dando de cara com a estação 9 ¾. Sorriram maravilhados e se entreolharam. O trem apitou, alertando para que se apressassem.

Já dentro do veículo, procuraram por uma cabine vazia. Acabaram encontrando uma no fim dos vagões. Arrumaram suas malas nos lugares certos e sentaram-se para conversar.

A animação os corroía desde que suas cartas chegaram durante o verão.

Os irmãos sempre falavam muito bem da escola. Primeiro Bill, depois Charlie, e Percy por fim. Eles adoravam comentar sobre as aulas, as casas, os professores, e deixaram os gêmeos com grandes expectativas.

 

O trem estava distante da plataforma quando os gêmeos ouviram passos apressados no corredor. Eles se levantaram para ver no instante em que uma garota tropeçava em frente à cabine, caindo de cara no chão. O barulho foi tanto que a senhora responsável pelo carrinho de doces - ocupada com os muitos pedidos do grupo da cabine ao lado - parou o que estava fazendo para se virar e perguntar:

— Você está bem, menina?

— Vou sobreviver - a voz da garota saiu baixa e abafada de encontro ao chão.

Os gêmeos entreolharam-se em meio ao riso.

Soltando um longo suspiro, a menina finalmente se levantou, fingindo dignidade enquanto arrumava as vestes - e um grunhido lhe escapou ao notar o rasgo na bainha do suéter. Girou nos calcanhares para dar de cara com os irmãos.

— Isso sempre acontece comigo - Ela explicou enquanto voltava para buscar a mala, caída um pouco atrás no corredor. - Eu poderia... Dividir a cabine com vocês? As outras estão cheias. - sorriu timidamente. Os dois entreolharam-se e depois deram de ombros, abrindo espaço para ela entrar. - Ah, a propósito, sou Ágatha Blake.

— Fred...

—...e George Weasley.

— Weasley? Seu pai trabalha no Ministério, não é? Alguma coisa a ver com trouxas... - ela pareceu pensativa, coçando o queixo. Os dois se mostraram surpresos. - É que minha mãe trabalha lá e adooora o emprego dela. Adora falar sobre ele e seus colegas o tempo todo também.

Com a ajuda de George, a garota ergueu e guardou a mala no compartimento, sentando-se em seguida. Eles se encararam longamente, tímidos de repente.

Ágatha tinha olhos verdes muito expressivos. Pele branca e bochechas rosadas. Parecia mais nova que os onze anos que possuía, principalmente por ser tão baixinha.

Seu cabelo louro chegava até um pouco abaixo dos ombros.

 

— Bom... Vocês já viram meu lado desastrado. Querem falar um pouco sobre vocês? - Ágatha indagou curiosa.

— O que quer saber?

— Sei lá. Primeira vez em Hogwarts? - eles assentiram. - E aí, querem entrar em que casa?

— Grifinória. - disseram ao mesmo tempo.

— Primeiro porque nossos irmãos mais velhos são de lá. - Fred explicou.

— E nossa mãe deixou claro que vai nos deserdar se não fizermos o mesmo. - George completou aos risos.

— Minha mãe também! Ela e meu pai foram alunos de lá, os melhores da turma, blá, blá, blá. Expectativas. - ela riu junto aos dois. - A torcida fica para a Grifinória então!

— Falando em torcida. E quanto ao quadribol?

— Eu adoro quadribol! Comprei uma Nimbus 1990 usada no Beco Diagonal pra tentar a sorte no time, qualquer que seja a casa que me escolha.

— Também adoramos. Mamãe deixa que a gente use o pomar de casa pra treinar - George gabou-se.

— Agradeça pela mãe que têm - Ágatha bufou, cruzando os braços. - Minha mãe odeia que eu jogue quadribol. Tem medo que eu me esborrache da vassoura.

— Considerando a cena no corredor... - Fred apontou em brincadeira.

—... Parece precaução da parte dela.

— Como vocês fazem isso?

— O quê?

— Terminam as frases um do outro.

— É coisa de gêmeo. - George sorriu.

 

— Oi, gente. Vão se trocar - uma monitora do sexto ano parou à porta da cabine. - Estamos chegando em Hogwarts.

xXx

— Ágatha Blake. – a loira parou os cochichos com os gêmeos, e engoliu em seco. O Salão Principal estava em silêncio. Todos os olhos voltados para a escolha dos novatos e, agora, era a vez dela. Soltando um longo suspiro e sob os olhares de apoio dos novos amigos ruivos, ela subiu até onde estava o banquinho com o Chapéu Seletor.

Assim que esse foi colocado sobre sua cameça, começou a murmurar:

— Uma mente brilhante. Muito determinada, mas um pouco atrapalhada – Ágatha sorriu sem graça, sentindo as bochechas esquentarem. – Tem grande influência dos pais no seu coração. Só poderia ser... Grifinória!

Soltando um suspiro longo e aliviado, Ágatha sorriu para a professora McGonagall quando ela removeu o Chapéu Seletor. Sob os aplausos dos alunos da Grifinória, a garota saltitou para lá.

Seguiram-se mais algumas escolhas, até que finalmente chegou a vez dos gêmeos.

O primeiro foi Fred. Depois de reclamar em ter que escolher mais um Weasley, o chapéu exclamou sua escolha para a Grifinória. A cara de alívio do garoto fez Ágatha rir, enquanto aplaudia sua chegada até a mesa. Ele foi saudado por outros dois ruivos; aparentemente, seus irmãos. Sentou-se ao lado Ágatha, sorrindo para ela.

— De novo? – todos riram pela indignação do Chapéu quando chegou a vez de George. Claro que não decepcionou o Weasley, e colocou-o na mesma casa que o irmão. – Grifinória! E que seja o último Weasley!

— Ele vai ficar bem irritado quando receber mais dois pra escolher – Fred comentou com Ágatha, para depois saudar o irmão. Ela fez o mesmo, contente por poder dividir a mesma casa com os dois.

xXx

— Droga, droga, droga. – Ágatha exclamou, pulando de dois em dois degraus para chegar ao fim das escadas mais rápido. Topou com os gêmeos, fazendo o mesmo, e quase riu. Mas, infelizmente, sem tempo para risadas.

Primeiro dia de aula, e já estavam atrasados.

— Senhores Weasley. Senhorita Blake – McGonagall rolou os olhos assim que os três apareceram na porta, com seus uniformes bagunçados e os cabelos desalinhados. – Não costumo perdoar atrasos, mas é o primeiro dia dos senhores e da senhorita, então estão salvos. Agora, para os seus lugares!

Os dias ganharam uma rotina a partir dali. Ágatha, temerosa quanto à professora McGonagall, fazia questão de chegar cedo às aulas dela. Aprendeu a gostar de Transfiguração, e mesmo os gêmeos reclamando o tempo todo, encontrou nas lições um passatempo divertido.

Sua matéria preferida de todas, no entanto, era Poções. Mesmo com um professor sombrio como Snape, Ágatha amava o preparo e a pesquisa.

Os gêmeos, surpreendentemente, também gostavam. Claro, faziam algumas brincadeiras de propósito para irritar o professor, aproveitando a deixa de Snape não gostar de grifinórios. Fred e George sabiam que ele ficava irritado quando algo dava errado nas poções, então sempre tramavam para fazer desastres inocentes acontecerem. A ajuda de Ágatha vinha sigilosamente - ela se divertia, mas permanecia no anonimato para fugir das detenções e do rebaixamento da nota.

Defesa Contra a Arte das Trevas era interessante, mas muito mais complicado. O professor, um bruxo caolho vindo da Austrália, era divertido e inovador, mas focava muito na teoria para desgosto do trio.

Por fim, a aula que mais deixava todos eles felizes acontecia fora do castelo; e era a de vôo.

A professora, apesar de severa, dava liberdade aos alunos. Liberdade até demais, o que ajudava Fred e George a pregarem suas peças nos colegas sem a supervisão da professora - até que, um dia, ela os pegou no flagra. Ágatha em conjunto, o que os colocou numa bela detenção.

 

Teriam que limpar armaduras antigas na sala do zelador Filch, até que elas estivessem retinindo de cristalinas. O que seria difícil por dois motivos: elas estavam esquecidas no castelo havia centenas de anos, e os três não podiam usar magia.

Para os gêmeos, no entanto, aquela detenção era só mais uma em sua lista infinita - e eles riam e conversavam como se não pudessem ser castigados por isso também.

— Filch nos mata se vir vocês parados ai! – Ágatha chiou indignada. Os gêmeos estavam sentados próximos de uma armadura, fingindo limpar os pés dela. Só fingindo mesmo.

— Ágatha, fica calma. A gente já tem experiência nesse tipo de coisa. O Filch não mata ninguém não, só finge que é assustador. – Fred piscou um dos olhos em provocação.

— É, gatinha, sossega aí e seja feliz. Para de limpar isso.

— Eu vou ser responsável e continuar com isso aqui. – retrucou, voltando-se para sua armadura. Seu movimento brusco, no entanto, acabou derrubando o objeto sobre a mesa do zelador, o barulho ensurdecedor ecoando por toda sala. O queixo de Ágatha foi junto ao ver todas as peças se espatifando.

— Opa... – Fred parou ao seu lado, examinando a situação.

— Acidente de trabalho, sempre acontece – George brincou.

— Agora sim ele vai me matar!

Os dois entreolharam-se, balançando a cabeça pelo desespero da amiga.

Reparo— Fred murmurou, tirando a varinha do bolso. As peças ergueram-se magicamente, voltando ao lugar em instantes. O ruivo sorriu orgulhoso, e Ágatha virou-se surpresa – O quê? Eu presto atenção nas aulas!

— Aí, gente. O que é isso? – George exclamou de repente, alcançando um pergaminho esfarrapado que caíra de uma das gavetas.

— Um pergaminho vazio. – Fred retrucou, fazendo Ágatha rir. George lançou um olhar emburrado para ele.

— Não é bem um pergaminho vazio... Apareceu uma coisa escrita quando eu toquei.

— Ah, um pergaminho com uma coisa escrita. Até parece magia! – Fred continuou debochando.

— Ah, deixe de ser chato. – Ágatha cutucou. Foi para o lado de George, espiando as palavras: – Os senhores Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas têm o prazer de apresentar aos senhores curiosos um pergaminho muito interessante. Querem saber o que há nele? Boa sorte para descobrir. – ela olhou para os gêmeos, incrédula. – Muito gentil da parte deles...

— Eles têm minha atenção! – George exclamou.

— E curiosidade. - Fred completou.

— Que conversa toda é essa? – os três saltaram de susto, correndo para pegar os panos e voltar a limpar. Ágatha escondeu o pergaminho dentro do casaco, sorrindo sem graça quando o zelador raivoso passou por si. – Quero mais trabalho. Essas armaduras não ficarão polidas sozinhas!

Os três entreolharam-se e riram baixinho, voltando ao trabalho.

Mais tarde, já livres da detenção, eles se sentaram no Salão Comunal da Grifinória. Por estar vazio graças ao horário, aproveitaram para tentar desvendar o que havia naquele pergaminho - mas nada parecia surtir efeito.

— Eu desisto – Ágatha esticou as pernas no chão, recostando-se contra o sofá. Os gêmeos se mostraram chocados. – O quê? Vai dizer que não cansaram? Os caras que criaram isso eram egoístas e chatos.

— Eles eram gênios! Imagine o quanto planejaram pra deixar isso aqui pronto. – Fred comentou ansioso.

— Deve ser uma mina de ouro. – George acrescentou.

— Francamente, vocês são muito teimosos.

Passaram-se mais longos minutos, e nada de desvendar aquilo.

— Olha vocês realmente deviam parar. – Ágatha se levantou e espreguiçou, bocejando longamente. - Eu com certeza vou.

— Pode ir dormir Ágatha.

— Nós vamos ficar aqui...

—... E desvendar esse mistério. – Fred completou.

— Boa sorte. Qualquer novidade me contem em um horário mais aceitável.

Na manhã seguinte, acordou mais cedo do que gostaria. A verdade era que estava se roendo de curiosidade. Olhou pela janela e sorriu para a neve que começava a cair.

— Bom dia, flor do dia! – assim que desceu as escadas, sorriu para os gêmeos, que a esperavam para o café. Eles pareciam cansados, mas igualmente animados.

— Que bom humor é esse já cedo? – ela indagou desconfiada. Foi puxada pelos dois para um canto logo que alcançou o último degrau. – O que eu fiz?

— O que nós fizemos. – George sorriu orgulhoso.

— Ela tem que nos reverenciar, não acha, George? – Fred brincou.

— Espera... Vocês... NÃO?

— Sim.

— De verdade?

— Tão verdadeiro quanto uma azaração bem feita, gatinha.

— Me deixa ver!

— Fred, você não acha que nós merecemos um prêmio? – George virou-se pensativo para o gêmeo.

— Concordo plenamente, George – Fred sorriu. Ágatha deixou o queixo cair.

— Eu ajudei.

— Durante uma hora. Nós ficamos até as quatro da manhã aqui. – George argumentou.

— Se não fosse por mim e aquela armadura, vocês nem teriam achado esse pergaminho. - ela replicou decidida.

— Nisso ela tem razão. - George hesitou.

— Não tem razão não. O destino colocaria essa preciosidade no nosso caminho eventualmente. - Fred retrucou. - Eu acho muito injusto ela ver assim, sem pagar nada.

— E o que vocês querem?

— Uma prova de que você merece ver o que encontramos.

 

— Tudo bem, não me mostrem. Engulam esse pergaminho velho e fedido. Só me digam como entenderam o mistério dele.

— Filch. - George sorriu.

— Filch?

— Exatamente. Filch.

— E o que diabos ele tem a ver com essa droga?

— Ela chamou o mapa de droga – Fred comentou com o irmão, incrédulo, e os dois riram.

— Falem logo - ela parou, confusa. - Espera aí. Mapa?

— Depois de muito tempo usando todos os feitiços possíveis, eu tive a brilhante ideia... - George a interrompeu.

— Eu tive a brilhante ideia. – Fred se indignou.

 

— Ambos dividimos uma brilhante ideia de ir atrás do Filch. Você se lembra que roubamos Veritaserum pra usar em algum dia das nossas vidas? – Ela assentiu.

— Então, foi bem útil com ele – George sorriu vitorioso.

— Usaram a poção da verdade no zelador?! – ela chiou abismada. Sua boca foi tapada pelas mãos dos dois.

— E não queremos que o Ministério da Magia ouça você falando sobre isso. - George reclamou.

— Ai, depois que ele nos contou como mostrar o que o pergaminho guardava, nós lançamos um feitiço de memória nele, e ele esqueceu que nos viu lá – Fred terminou com um sorriso animado.

— Dói em mim admitir isso, mas foi brilhante. Realmente brilhante. - Ágatha fez uma careta de dor, ganhando risos dos gêmeos. - Agora me mostrem a porcaria do mapa!

— Mais respeito.

— Me deixem ver a glória absoluta desse mapa, por favor.

 

 

— Ok. Mas você tem que jurar que isso fica só entre nós três. – Fred esticou a mão direita. George colocou a sua ali, e depois Ágatha os imitou.

— Juro por todos os sapinhos de chocolate do mundo.

Olhando em volta para constatar que não havia mais ninguém ali, Fred tirou o pergaminho do bolso.

George e ele colocaram as varinhas sobre o papel, e murmuraram juntos:

— Eu juro solenemente não vou fazer nada de bom.

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Nota da Autora: Reviews né amores?
Xoxo.
Nizz :P



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