Durante minha vida eu freqüentei várias escolas.  

Acho que nunca passei mais de dois anos estudando na mesma, já que meus pais insistiam sempre em experimentar uma nova. “Talvez aquela seja melhor para nossa filha”, diziam. Já senti várias e várias vezes aquele medo do 1º dia de aula; aquele friozinho na barriga. Sempre tive medo de não fazer amigos. Mas, depois que se muda de escola tantas vezes, conseguimos certa prática para nos enturmar. Pode parecer algo mesquinho para alguns que estão lendo isso, mas eu tentava me aproximar da pessoa que parecia ser a popular, pois sabia que ela poderia me apresentar a varias outras. E também para me tornar popular. Eu pensava assim, já que na minha antiga escola tudo girava em torno disso. Eu era uma falsa. Eu não falava o que pensava e me deixava ser guiada pelos outros. Eu não ligava para os “não-populares”, apenas os esnobava. Eu não era eu mesma.

        Lá, nessa outra escola, eu estava cada hora com um grupo. Eu sabia que elas – minhas antigas amigas - falavam mal de todos, não só de mim como dos outros. Mas eu não ligava. Seguia elas mesmo assim. Confesso que eu mesma falava mal das pessoas e depois fingia ser amiga.
           
E aí minha mãe resolveu me mudar de escola. De novo.
           
Quando contei para minhas “amigas” e lhes disse o nome da escola, elas começaram a rir.

“Aquele lugar é cheio de metidos”, elas falavam. “Mais do que aqui?”, pensei. Mas tive que ir, de qualquer jeito.

Mas eu não sabia o que aquela escola causaria.