Love, Fate And Books escrita por Suh


Capítulo 3
Ficha 2


Notas iniciais do capítulo

Noodle *O* muuuito obrigada pela recomendação!! Adorei! ♥
Espero que gostem deste capitulo^^
Boa leitura!



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Eu aprendi uma lição na minha infância: não adianta tentar evitar o inevitável. Não adianta chorar de manhã, você vai ter de ir à escola. Não importa o quanto você não goste do remédio, eles vão te fazer engolir. Não adianta teimar com os pais quando eles dizem ‘não’, no máximo você pode levar uma pisa.

            Era assim comigo.

            Com o tempo, mudou um pouco as situações, mas ainda acho o mesmo. Quer dizer, não adianta ficar ansioso, o tempo não vai passar mais rápido. Mas esta lição não se aplicou naquele dia.    

            Esperar que algo aconteça parece uma tortura. Você olha para o relógio a cada cinco segundos, esquece de algumas coisas que deveria fazer e fica mais desastrado do que de costume. Bom, pelo menos é o que acontece comigo.

            E foi exatamente o que aconteceu naquele dia. Eu tentei relaxar, sabe? Tentei pensar “calma Roy, ninguém vai ver seu bilhete idiota”. Quer dizer, e daí se alguém lesse? O que mudaria na minha vida? Era isso que eu pensava.

            Mas isso não me deixava menos ansioso. Infelizmente.

            Quando acabou o expediente, corri para o ponto de ônibus e peguei o primeiro que passava na faculdade, não importando o quão lotado ele estava. A verdade é que eu odeio ônibus lotado, eu fico cercado de gente feia, alguns que não tomam banho e algumas mulheres que deixam o cabelo solto cheio de produtos que eu nem imagino pra que seja, mas que deixam o cabelo fedido. Eu fico sem ar e imprensado. É quase tão horrível quanto estar ansioso.

            Assim que cheguei na faculdade, corri para a biblioteca. Faltavam 5 minutos para a aula começar.

- Oi Lie.

- Boa noite, Roy.

           

            Peguei novamente o livro no mesmo lugar de antes. No balcão, Hellen fez o mesmo de antes, mas dessa vez, não perguntou meu nome. Peguei a fichinha, sentei (também no mesmo lugar do dia anterior) e esperei meu coração desacelerar.

            Por dois segundos, eu não tinha muito tempo.

           

            Abri o livro.

            A minha ficha estava lá. A ficha da moça (ou moço) também estava lá. Mas, para a minha alegria e para o meu coração voltar a bater forte, havia outra ficha além das duas. Riscada no mesmo lugar à caneta e com a mesma letra de antes:

                        Você acredita em destino?

            Fiquei um pouco desapontado com o pouco de palavras que essa pessoa gosta de escrever. Achei ela até um tanto misteriosa, mas isso que me deixava mais excitado com tudo aquilo.

            Estava na hora da aula, coloquei a ficha de hoje e a minha no bolso, deixei o livro no balcão e fui para a aula.

            É claro que eu não prestava o mínimo de atenção na aula. Só conseguia pensar na ficha e no que eu responderia. Coloquei as duas fichas em cima do caderno.

            Se eu acredito em destino? Eu não sabia responder essa... Quer dizer, acho que nunca havia pensado nisso. Olhei ao redor por um momento. Tentei imaginar que o destino de cada uma daquelas pessoas era estar ali, naquele momento... assistindo aula. Imaginei que alguma delas poderia ter escapado da morte por pouco.

            “É desse tipo de destino que estamos falando?”, eu pensei, olhando para a ficha imóvel e riscada.

            Será que seria o meu destino ter entrado na biblioteca ontem e encontrado o livro e aquela ficha? Mas, talvez eu não a tivesse encontrado. Talvez, eu pensei, eu não tivesse ido à biblioteca ontem... quer dizer, se eu preferisse ir para a sala e esperar a aula começar, desenhando alguma coisa? Será que eu teria encontrado o livro mesmo assim, algum dia? Porque... porque este era o meu destino?

            Fiquei um bom tempo tentando escolher uma boa resposta para aquela pergunta. Eu realmente não sabia se acreditava ou não em destino. Eu sabia que aquilo parecia loucura. E só isso eu sabia, pelo menos naquele momento.

            Passei as mãos pelos cabelos e apoiei a cabeça com as mãos olhando para as fichas.

            - Você aí.

                       

            Eu escutei, mas não pensei que fosse comigo. Continuei pensando na resposta que daria...

            - Você, o desastrado que caiu na aula de ontem. – Todos riram, e aí eu percebi que era comigo mesmo.

            Levantei a cabeça.

            - Qual o seu nome?

            - Roy.

            - Roy, pode me dizer se o costume revoga a lei?

                        “que ótimo”, eu pensei. “mas espera, ele já disse algo assim em alguma aula...” eu geralmente presto atenção, juro. “Está no meu caderno... lembrei!”

            - Não senhor, somente a lei revoga a lei.

            - Muito bem, Roy. Mas poderia prestar atenção?

            - Desculpe, senhor... – Eu sei, parece que estou num quartel. Mas chamo meus professores de senhor(a), tenho educação, apesar de desimportante.

            Olhei para ele. E realmente tentei prestar atenção. Mas não consegui tirar a palavra “destino” da minha mente.

           

            No intervalo fui para a biblioteca.

            - Lie, você acredita em destino?

            - Eu? Bem, eu prefiro acreditar no livre-arbítrio.

            - Hm. Acho que é uma boa resposta...

            - Por que, Roy?

            - Só estou pensando.

           

            - Você acredita?

            - Ainda não sei.

            - Olhe bem, - era Gabriel, intrometendo-se na conversa – você vai tomar um banho pela manhã. Quente ou frio? Quem decide, é você ou o destino?

            - pois eu bem que acredito. – disse Hellen – acho que o livre-arbítrio humano tem suas limitações.

            - Essa também pode ser uma boa resposta.

            - Acho que você devia tomar sua própria decisão, Roy.

            - Verdade, obrigado Lie.

                        Sentei na mesa e escrevi:

                        O destino pode ou não existir.

                        Cabe a cada um escolher se acredita.

                        Se você acredita, ele existe. Para você.

                        Se não, continue confiando em seu livre-arbítrio.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler. ♥ não esqueça de comentar!