Nada poderia ter preparado Harry para o que encontrou quando as escadas terminaram.

Sentados à mesa da cozinha estavam o Sr. Weasley, Bill, Charlie, Fred, George e Rony. Mais para o canto do lugar encontravam-se Fleur, Srs. Wealey e Hermione. O clima não poderia estar mais tenso.

As feições de todos estavam indecifráveis, não se lia traço de emoção alguma, o que só fizeram as coisas parecerem ainda mais complicadas. Exceto pelos gêmeos, que tinham o sorriso brincalhão no rosto de sempre, como se estivessem adorando a situação. Harry e Ginny se sentaram e esperaram até alguém dizer alguma coisa.

-Olha, eu até poderia te julgar cara – disse George – gritar com você, ou até mesmo te azarar. Mas vou deixar isso com os outros – falou com em um tom sério e furioso, mas deu um sorriso assim que vira o olhar desesperado de Harry – Brincadeira! Mas falando sério, eu confio em você Harry, já nos conhecemos a bastante tempo, sei que Ginny não é mais uma criança e que você não a obrigaria a fazer nada contra a vontade dela. Só não a faça sofrer.

Muito mais aliviado, Harry suspirou e deu uma piscadela para o gêmeo.

- Que se façam minhas as palavras de George – falou Fred – Eu já fiz isso com irmãs de outros caras, seria muita ignorância da minha parte ficar bolado com você por uma coisa dessas,ainda mais quando te conhecemos tão bem.

Ginny sorriu e apertou a mão de Harry por debaixo da mesa. Todos estavam surpresos com a reação dos gêmeos. Tinham agido de maneira madura naquele momento, mais do que em sua vidas inteiras. Harry os agradeceu mentalmente por isso.

- Confesso que não estava gostado da idéia – declarou Bill – e que estava prestes a te dar uma bela de uma lição. Mas depois de levar em conta o que meus irmãos disseram ... Bem vocês já são bem crescidos, tenho certeza que não vão fazer nenhuma besteira.

- Eu não gosto nenhum pouco dessa história, você pode ser amigo dos meus irmãos a bastante tempo, e você pode ser o cara mais educado do planeta. Acontece que ela só tem 16 anos e

- Charlie! Eu NÃO sou mais criança! Não me venha tratar como uma, não sou feita de vidro – revidou Ginny

- Eu ainda não terminei Ginevra! – dise Charlie em um tom duro – Você tem que entender que ele vai nessa tal viagem, fazer sabe lá o que, e pode não voltar! E você? Como fica? É o mesmo que lutar por uma guerra perdida, nunca acaba bem!

- Esta sugerindo que ele vai morrer? – gritou Ginny para o irmão.

- Não, claro que não. A questão é...

Harry entendeu qual era a questão no segundo seguinte. A raiva invadiu seu corpo e não conseguiu se controlar, levantou-se da cadeira de disse:

- Então esta sugerindo que vou me divertir com sua irmã enquanto à tempo, e depois não vou estar nem aí? Que eu vou viajar, fugir e nunca mais voltar? Está sugerindo que estou me aproveitando dela? – disparou Harry, com a voz carregada de raiva.

Charlie olhou para o chão da cozinha envergonhado, assim como todos,e murmurou um quase inaudível pedido de desculpas. Mas Harry continuou olhando para os homens da família, e se virou para o Sr. Weasley, de quem recebeu um sorriso compreensível, um sorriso de pai. Foi tudo o que precisou.

Mas ainda faltava um, a opinião mais importante de todas, a opinião de Rony.

- Harry, eu sei do que se trata a missão quase tão bem quanto você, não vai ser nada fácil. Pode ser perigoso demais... Ela não merece – disse Rony em um tom triste.

- Cara, eu amo sua irmã mais do que tudo no mundo. Sei da dificuldade do que temos de fazer, por isso a motivação tem que ser ainda maior. Pode acreditar, vamos voltar. Vai ficar tudo bem.

Rony balançou a cabeça em concordância e em seguida deram um rápido abraço. Harry não tinha certeza das palavras que acabara de dizer. A única coisa certa era seu amor por Ginny, e isso bastava. Mas tinha de dizer algo para dar esperança a si mesmo, e principalmente aos outros.

No canto da cozinha, Sra.Weasley e Hermione estavam chorando, enquanto Fleur tentava consola-las sem nenhum progresso. Conforme o tempo passou o clima foi voltando ao normal. Depois de algumas horas, ninguém que entrasse na Toca imaginaria o que havia ocorrido.

Harry estava sentado no sofá da sala, com Ginny deitada em seu colo. Ele acariciava seus cabelos, enquanto ela fingia dormir. Depois que todos se retiraram, ela abriu seus incríveis lhos cor de âmbar, que se chocaram imediatamente com os verde esmeralda. Eles sorriram e se beijaram, um beijo terno e lento, muito diferente dos que haviam ocorrido mais cedo no quarto dela. Ginny tinha uma pergunta entalada na garganta dede a pequena “reunião de família”, mas não teve coragem de perguntar na frente de todos. Agora, só com os dois ali, tudo pareceu mais simples, ela tomou fôlego e perguntou:

- Harry, depois de tudo o que disse hoje ... Bem, quer dizer que nós voltamos?

- Se você quiser, minha linda.

- Como assim?

- O que for mais fácil para você. Se quiser ficar desimpedida enquanto eu estiver fora – disse isso com o coração na mão – ou achar que vai levar a situação com mais facilidade,  continuamos como estávamos. Eu vou esperar por você de qualquer maneira. Mas se quiser voltar, vou estar aqui do mesmo jeito, é só você querer.

- E não tem nenhuma possibilidade de ... você sabe, eu ir com vocês?

- Ginny, já conversamos sobre isso no ano passado. É muito perigoso e sua mãe não iria agüentar. Não se preocupe.

Deitados no sofá, os dois adormeceram. Harry teve um sonho.

Estava na plataforma 9 ¾, porém vários anos mais velho. Tinha três crianças em sua volta, dois meninos e uma pequena menina. O do meio era incrivelmente parecido com ele, o mais velho tinha os mesmo cabelos bagunçado e negros como a noite, a menina era ruiva e tinha olhos cor de âmbar. Deduziu que só podiam ser seus filhos.

Olhando para o lado viu ela, Ginny, também envelhecida, porém mais linda do que nunca. Eles deram as mãos, se abraçaram e ficaram observando seus filhos entrarem no trem. Quando o Expresso partiu, e eles acenaram,uma felicidade inexplicável invadiu seu peito e ele acordou.

Assim que abriu os olhos e viu Ginny dormindo em seus braços, soube que aquele sonho era uma pequena e maravilhosa prévia de seu futuro, não sabia como tinha tanta certeza, mas ela estava lá. Soube que tinha feito a escolha certa. Um dia, teria sua família de volta.