Final Fantasy Ix-2: Twilight Of Gaia escrita por Irwin


Capítulo 11
Raphael




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Lindblum, Theater District, cinco anos atrás...

Quatro jovens conversavam animadamente na torre do relógio em Lindblum: dois deles contavam piadas um pro outro; um, mais velho que os outros, lustrava vários bonecos de Action Figure (inclusive um da princesa Garnet, mas mais parecia ter sido feito à mão por ele próprio, pois não tinha a perfeição dos demais) e o outro estava deitado no beliche, dormindo.

-...e aí eu falei pra ele, " e daí? Aquela garota fala mais alto que uma mandrágora"

-HAHAHAHAHA, bem feito, bro.

-...meu bebê...você está linda hoje...o tio Cinna vai te deixar aqui junto com os outros...

-Aposto 20 Gil como o Zidane não fica mais que duas semanas com a Helga...-disse Blank

-Tá apostado-concordou Marcus

-Ar, vocês aí, querem calar a boca, não dá nem pra dormir sossegado, droga...-disse o que estava no beliche,usava uma camisa verde e parecia zangado.

-Ah Raphael, e isso lá é hora pra dormir?-protestou Marcus

-A hora de dormir é a hora que dá sono-disse Raphael

-Só tá irritado pelo fracasso da noite passada...-disse Blank

-O QUE VOCÊ DISSE?-perguntou Raphael- Olha aqui, Blank, eu já to é cansado dessa sua arrogância.

-Então empatou, eu também já to cansado de você achando que manda em alguma coisa aqui.
Se os outros dois não tivessem se intrometido, Raphael e Blank teriam brigado mais uma vez; Raphael quase sempre implicava com seus colegas, e por isso quase sempre era repreendido por Baku, e, às vezes, até mesmo castigado.

-Aonde você vai?-perguntou Marcus

-Pra qualquer lugar-respondeu Raphael, saindo da torre

"Um dia não precisarei mais andar com idiotas como vocês, serei reconhecido por meu próprio potencial"
Tantalus estava no seu auge, tanto no aspecto cênico, quanto em suas atividades externas como um infame grupo de bandidos, mas Raphael estava chateado consigo mesmo, por ter fracassado na noite anterior, quando tentou se apoderar da coleção de armas do guerreiro Ivan, ali mesmo, em Lindblum.

Não sabia direito o que fazer, mas foi seguindo rumo à estação.Ali, Raphael sentia-se cada vez mais e mais vazio; havia crianças por todos os lados, brincando juntas e às vezes acompanhadas dos pais, algumas jogavam sementes para os pássaros.Uma garotinha esbarrou nele.
-Desculpa...ah, mamãe!!!-disse ela, correndo em direção a uma mulher que vinha do outro lado, ambas se abraçaram, sob o olhar de Raphael.
Pessoas iam e vinham conversando sobre assuntos diversos, e alguns colocavam a mão sobre os olhos para conseguirem enxergar o Hilda Garde 2, no alto da torre da oficina de Cid; a ousadia de tentar criar uma nave que voe sem névoa deu-lhe a posição de mero enfeite da cidade.Já estava com vontade de sair dali, quando:

-Rapha!-alguém gritou

-Ah, você...-falou virando-se para Zidane, que estava sentado próximo à estação

-Também está inquieto hoje...-disse Zidane

-O que faz aí?-perguntou Raphael- Pensei que estivesse desfilando com a sua garota desse mês

-Hehe...não, na verdade, só estava pensando...

-Pensando em quê?-perguntou o outro.

Zidane olhou fixamente para seu amigo.

-Rapha...acho que você deve pensar o mesmo que eu quando vem aqui e vê essas crianças...nunca sentiu vontade de ser uma delas?-perguntou.

-Não sei do que está falando...

-Não?...Bem, é uma pena, porque eu já.

-Zidane, não me diga que você vai, outra vez...

-Talvez Rapha, talvez hoje mesmo.

-Ficou louco-perguntou Raphael, assustado-O Baku vai te matar quando você voltar...

-Quem disse que dessa vez eu vou voltar?-perguntou Zidane, se levantando.

-Mas...o que você vai fazer...ainda aquela história da luz?

-É...hoje eu sonhei de novo...talvez se eu procurar com mais calma e paciência...você não vai contar pra ninguém, né?

-Zidane...você é o único deles com quem me dou bem, não vou fazer nada, mas ainda acho que é precipitado-disse

-Precipitado?-disse Zidane, indo embora-Talvez você também queira fazer o mesmo, e quem sabe ainda mais do que eu...

"...é, talvez", pensou Raphael, entrando na estação. Uma das regras impostas por Baku aos jovens que trabalhavam com ele era a de que eles tinham total liberdade para sair do bando quando quisessem, contudo, para isso deveriam enfrentá-lo numa luta primeiro.Zidane, inclusive, já conhecia essa regra muito bem, pois já deixou e voltou para o grupo em inúmeras ocasiões; mas claro que essa regra não preocupava Raphael, afinal, ele nunca se considerou verdadeiramente um membro de Tantalus, logo, sabia que o melhor seria simplesmente fugir e ignorar Baku, além disso estava certo de que jamais voltaria a vê-los caso o fizesse.Já estava a bordo do air cab rumo ao Business District quando pensava isto.

"Hmm...independente do que fizer, preciso consertar a falha de ontem, ficarei em frente à casa do idiota do Ivan até o momento oportuno", pensou.

Ao descer no outro bairro, Raphael logo chegou à residência de Ivan, onde havia tentado entrar na noite passada; ficava ao lado da casa de Gon, o maníaco por Tetra Masters e ao lado de uma casa que funcionava como refinaria de Oglop Oil.Não ficou muito tempo por ali porque o cheiro da refinaria misturado aos dos pickles da barraca da vovó Pickle tornava o ar quase que insuportável, mas mesmo a distância ficou a pensar numa forma de entrar.Lembrou-se de que a loja de brinquedos de Polom possuía um pequeno galpão lateral que dava na ruela da igreja, poderia pular dali para a casa vizinha à refinaria e então chegar à sacada de Ivan.
No instante seguinte, Ivan saiu de sua casa e foi na direção da praça da fonte; Raphael o seguiu e, mesmo no meio da multidão ao redor da praça, pôde vê-lo entrar na loja de itens, logo após comprar umas flores com a garota que as vendia ali.

"Hehe, perfeito, ele foi paquerar Alice mais uma vez...e sempre fica horas por lá; é agora que recuperarei minha glória e calarei a boca daqueles bastardos", pensou Raphael.

-Bom dia, Polom-disse o jovem de roupas verdes que acabava de entrar

-Olá garoto, posso ajudar em alguma coisa?-perguntou o vendedor

Fiquei sabendo que você construiu uma mini-Treno, poderia me mostrar?Eu já vi a mini-Burmecia e achei o máximo...

-Claro que sim, só um minuto que vou buscar
Mas Raphael não era do tipo que gostava de perder tempo, nem que fosse um minuto, e, assim que o homem saiu, dirigiu-se para o galpão.Realmente, era possível passar para a outra casa por ele, e foi o que fez; depois pulou novamente para a casa de Ivan, sempre tomando cuidado para que não o vissem.

-Consegui!!!Agora levarei de uma vez por todas aquelas armas-comemorou ao entrar na casa.
Enquanto isso, Zidane estava realmente decidido a abandonar o bando novamente, e foi o que fez.Contudo, desta vez alguma coisa o incomodava, ele sentia necessidade de sair imediatamente à procura daquilo que via em seus sonhos e, por causa da ansiedade, acabou esquecendo de avisar a Baku.

Ele contou apenas para Raphael que pretendia fugir, fez isso porque achava que Raphael era o único do grupo que, assim como ele, sentia necessidade de sair dali, embora tenham motivos diferentes.Zidane não pretendia fazer isso por liberdade ou algo assim, ele apenas queria ir atrás do seu verdadeiro lugar, o seu lar, aquilo que só via em seus sonhos representado por uma misteriosa luz azul.
Já estava anoitecendo e logo Baku notou a ausência dos dois; isso o deixou preocupado pois Zidane já estava agindo de forma estranha há alguns dias e Raphael não costumava ficar fora de casa por tanto tempo.

-Não sei onde estão-disse para os outros- Mas algo me inquieta...vous air para procurá-los.

-Que houve com eles dois?-perguntou Ruby

-O Zidane sumiu desde cedo e o Raphael ficou nervosinho hoje a tarde e saiu sem dizer nada também-respondeu Blank

-Ai, essa não...justo os dois mais cabeças foram sumir...-lamentou a garota

-Como é?-perguntou Marcus

-Nada...só espero que nada de ruim tenha acontecido com eles-disse Ruby

Entretanto, naquele dia, antes de ir procurar pelos garotos, Baku foi se encontrar com uma pessoa que havia marcado com ele na taverna.Ainda pretendia procurar por eles, por isso não queria demorar muito ali.
Entrando na taverna, mesmo com o movimento comum aquela hora do dia, logo encontrou o outro à sua espera, na última mesa:

-Algum problema, Baku? Você demorou...-perguntou o estranho

-Problemas com um de meus garotos que fugiu de novo...-respondeu

-Não está falando do...

-Não, não, foi o Zidane-disse Baku

-Hmm...é que ao que parece você está tendo muitos problemas, por isso vim pedir que...

-Sim, que continue tudo como está...olhe, diga a ele que não se preocupe, por mais problemático que aquele menino possa ser, eu cuidarei dele-prometeu Baku

-Na verdade, amigo...ele me pediu para que você não interceda mais caso o garoto queira deixar Tantalus- informou-o o estranho mensageiro.

-O que!? Mas por que? Não compreendo...-Baku parecia confuso

-Simples-disse o homem após tomar um gole de Gysahl Liqueur- Todos sabem que aquele jovem traz muitos problemas a você, por isso ele me mandou avisá-lo que se você quiser, pode, ou melhor, deve expulsá-lo e deixar que viva como quiser

-...acho que entendi...então, por favor, diga logo a ele que Raphael parece ter abandonado o grupo hoje-disse Baku

-Como?-perguntou o outro

-Eu estava indo atrás dele, mas se as ordens mudaram...acho que não devo mais me precipitar...-concluiu Baku

-...er...sim mas...não tem idéia de onde ele possa estar?

-Acalme-se, talvez ele ainda volte, só estava chateado por causa de ontem...ele é bem temperamental e detesta fracassar...hehe, igualzinho ao...

-Baku!!!-disse o outro, bruscamente

-Ah, perdão...-disse Baku quando notou que estavam cercados de gente

-Bem, se ocorrer algum problema me avise, agora devo ir-despediu-se o outro

-Até a próxima...

Baku ainda não podia acreditar que não queriam mais que cuidasse de Raphael, contudo, não era hora para refletir sobre isso, pois ele e Zidane continuavam desaparecidos.

"-Haha, mamãe, vamos dar só mais uma volta no castelo?-pedia um garotinho que passava correndo pelo porto do castelo de Lindblum.

-Mas filho...-tentou dizer a mulher logo atrás dele

-Só mais uma vez, vai, por favor...

-...está bem-concordou.

-EEEEEEE, obrigado mamãe, eu amo você."

"-Papai, não é perigoso viajar de barco com a neblina?-perguntou uma menina

-Querida, não consegu vir antes num airship, mas estava morrendo de saudades de você e dos seus irmãos, tinha que vir de qualquer maneira-respondeu o homem."

"-Ellen, Marcy, vamos pra casa, já chega de passear-gritou uma mulher para duas meninas que brincavam ali perto."

-Todos eles...tiveram a sorte de já nascer com o que estou procurando...-disse Zidane, que estava por ali, observando as pessoas.

Zidane estava decidido a encontrar o seu verdadeiro lugar, aquilo que ele só via em seus sonhos sob a forma de uma luz azul...o que poderia ser? O céu? O oceano? Ele não sabia, mas estava determinado a descobrir.
Então, ele percorreu vários e vários lugares, procurando algo que nem sabia exatamente o que era...ou se existia.Mas o que o impulsionava era justamente essa vontade de desvendar seu passado misterioso, descobrir de onde ele veio, o que fazia antes de ser resgatado por Baku.Mas naquela ocasião ainda seria impossível para ele esclarecer esse fato; isso só aconteceria três anos no futuro, onde descobriria que a luz azul de seus sonhos aguardava pacientemente o dia em que se tornaria vermelha, para então conquistar o mundo de Gaia.

Desanimado, decidiu voltar para a única casa que ainda tinha, mesmo sabendo que não seria muito bem-vindo.

-MISERÁVEL!-gritou Baku após chutar Zidane contra uma mesa

-Chefe, espere...-disseram os outros

-Calem-se-ordenou.

-Então agora você quer voltar, não é?-prosseguiu Baku-Já estou cansado de você e Raphael sempre me dando trabalho, mas aceitarei você de volta, já que ao menos do Raphael já posso me livrar...

-O que...está dizendo?-perguntou Zidane, tentando se levantar.

-É simples-prosseguiu o líder- Já estou cansado dos problemas que Raphael me dá, assim que voltar, direi a ele que está fora do grupo...isso se voltar, é claro...

-Mas você nunca expulsou ele antes, mesmo apesar de tudo que ele fazia, por que agora?...-perguntou Cinna, confuso.

-Por que sim e pronto! Não quero ninguém questionando minhas decisões-disse Baku- Quanto a você fujão, como disse, te aceitarei de volta mais uma vez, mas não se acostume demais com isso.Agora chega, se Raphael voltar direi a ele, se não voltar...melhor, me poupa o trabalho, GWAHAHAHAHAHA!

-Ora, ora...então é isso-disse alguém, entrando naquele exato instante

-Raphael...-disse Blank

"Zidane...eu disse que não devia ter feito isso..."...bem-disse Raphael- Que bela coincidência, pois hoje realmente acordei com vontade de tomar um rumo e nunca mais olhar para a cara de nenhum de vocês...
-Ah seu...-interviu Marcus.

-Fiquem com isto, uma lembrança de despedida-e jogou um saco que trazia para Baku.

-Mas isto é...-disse Baku, surpreso

-...as armas da coleção de Ivan-completou Raphael- Isso é para aqueles que duvidavam de mim vejam de que sou capaz...bem, creio que nada mais temos a falar...

Assim sendo, Raphael pegou alguns objetos que estavam sobre sua cama e preparou-se para ir embora.

-Até algum dia, seus idiotas-disse ele, ao sair animadamente

"Raphael...estou certo de que ele dará um jeito de saber de seus passos...", pensava Baku.
Antes de entrar na estação, contudo, Raphael foi abordado por Zidane, que havia chamado por ele.

-Rapha...não sei para onde vai mas boa sorte...

-Obrigado...não devia ter voltado Zidane, estaria melhor em qualquer outro lugar-disse o outro.

-Tantalus ainda é minha casa...e espero que você também encontra a sua...

-Está certo- e olhou para cima, para a torre mais alta do castelo de Lindblum-Hilda Garde 2...pena que não posso viajar num belo airship como esse...adeus, Zidane-despediu-se e entrou na estação.

A partir de então, o jovem Raphael passou a viver como mercenário; muitas vezes trabalhando até mesmo para nobres e burgueses que lhe confiavam missões de busca a tesouros em lugares perigosos, mas sempre serviços relacionados a roubos.Em certa ocasião, estava em Treno, onde agora residia, quando outro jovem, pouco mais velho que ele, veio ao seu encontro, ambos estavam próximos do estádio de Tetra Master.

-Você é Raphael, não é?-perguntou o outro olhando para os lados, parecia apressado.

-Sou...por que?-perguntou Raphael, intrigado

-Tenho um serviço para você...

-Olhe...já vou avisando que não costumo cobrar barato para essas coisas-disse Raphael.

-É, eu sei...vou direto ao assunto-prosseguiu o outro- Pago 20.000 Gil para que descubra a verdadeira identidade de King, o nobre mais poderoso desta cidade

-O que?...E como posso saber que não está me enganando?-perguntou Raphael.

-...fique com isto...-e lhe deu um pequeno baú-Aqui tem 10.000...o restante darei depois que obter esta informação...acho que uma semana será suficiente, voltarei a procurá-lo para saber se já conseguiu...

Neste momento, um homem carregando uma lança apareceu do outro lado da rua.

"Ah, lá está ele..." pensou o outro jovem.

-Bem , tenho que ir, não vá me falhar, Raphael...-após dizer isso desapareceu pelo outro lado.
Ainda estava desconfiado, mas Raphael decidiu fazer como ele havia pedido e, naquela mesma noite, tratou de procurar uma maneira de passar pelos guardas do castelo de King.A oferta era boa e, além disso, logo chegou à conclusão de que não era nada tão misterioso, pois a identidade de King é algo que muitos desejavam saber há tempos.

Seria impossível entrar pela porta da frente, pois os guardas não saíam dali e além disso era um local de pouco espaço; a melhor solução parecia entrar pela casa de leilão, propriedade de King, que ficava logo ao lado. Aproximou-se de lá junto a uma pequena criatura que o acompanhava.

-Ouça bem, seu inútil, acho bom fazer direito sua parte, desta vez- disse Raphael, olhando severamente para o pequeno chocobo ao seu lado.

-Kwehh...

Por sorte, estava muito cheia de gente aquela noite, de forma que o jovem quase que passou despercebido.
Entretanto, logo ao entrar, o leiloeiro havia anunciado o último iten da noite, isso significava que teria que agir depressa.
Raphael já conhecia o caminho, pois em outra ocasião fora contratado para se apoderar de um dos tesouros reais que seria leiloado no dia seguinte; é claro que isso causou um grande alvoroço, principalmente ao sr.Calweel, já que sempre tinha planos de ficar com o iten mais raro da noite.
Abaixo do galpão da direita havia uma pequena porta que só era utilizada pelos guardas e funcionários e, do outro lado dela, podia-se chegar a um depósito onde os itens eram armazenados.Como o último item estava para ser vendido, nenhum guarda estava protegendo o local, ao menos era isso que pensava, pois até então não notou que alguém o estava observando.Dentro do galpão havia vários uniformes dos guardas, num armário no canto, logo, não demorou a pôr um plano em prática.

-Roxo...fazer o que...-queixava-se depois de ter se vestido com um dos uniformes-Agora posso andar pelo palácio com liberdade, King deve estar lá em algum lugar.
Então deu a volta pelo leilão e entrou normalmente pela porta da frente; uma sombra que o seguia tomou o mesmo rumo.

Durante todo o perímetro da casa de leilão só o que havia era um estreito corredor com vários quadros, cuja imagem só podia ser vista graças à tênue luz dos castiçais prateados espalhados pela parede e, mais além, ao final do corredor, podia-se ver
uma imensa sala decorada com estátuas de sentidos opostos:um anjo na parede esquerda entrava em conflito com um demônio na direita; dois livros estavam sobre uma pequena mesa, pelas laterais era possível ler seus nomes: "I Want To Be Your Canary" e "Aria Di Mezzo Carattere", mas não eram os únicos, visto que a maioria dos livros das prateleiras eram sobre peças teatrais.Próximo à lareira, alguém conversava com o leiloeiro, que acabara de encerrar as atividades daquela noite.
Fingindo estar fazendo ronda, Raphael posicionou-se no corredor próximo à sala, de onde era possível ouvir a conversa; talvez o nome de King viesse à tona a qualquer hora.

-Alexandria?!-perguntava o homem, assustado, que acabou de chegar

-Sim-respondeu o outro-De um dos lados, essa balança tinha que ceder, e foi do lado de Brahne, mas,  convenhamos, qualquer balança cederia com aquela coisa em cima dela hehe...

-Mas o que quer dizer?

-Ela se interessou pelos Black Mages, acho que será uma boa cliente...-disse o outro

-Não será arriscado pra você?-perguntou o leiloeiro

-Sempre foi arriscado, mas acho que não preciso temer nada, tudo se encaixa perfeitamente...

"Hmm...isso não me parece uma discussão de como instigar as pessoas a ofertarem mais no leilão...", pensava Raphael que, desta vez, tentava visualizar os dois; posicionou-se de forma que podia, sem ser notado, ver os dois homens que conversavam.
    
-Os fracos perdem sua liberdade para os fortes,e a própria natureza cuida para que apenas os fortes sobrevivam... é nisso que aquela mente gananciosa deve estar pensando-afirmou um deles, estava sentado do lado oposto a Raphael, mas este pôde ver que se tratava de alguém com cabelos e roupas brancas.

"Mas do que estão falando, afinal?", pensou sem notar que alguém se aproximava dele pelo corredor.

-Você, caia fora daqui já-disse um homem alto e ruivo, que surgiu logo atrás de Raphael

-O que??-disse Raphael, que mal podia conter a surpresa-"Maldito chocobo imprestável!!!"

-Qualquer um o teria notado...-disse o outro

-Como? Está dizendo que eu sou um incompetente?

-Entenda como quiser...

-Acho que não sabe quem eu sou-disse Raphael

-No mínimo um trombadinha e no máximo algum pivete de Tantalus; e é você que não sabe quem eu sou...-respondeu o homem, que nesse momento já o arrastava à força para fora do palácio.

-Solte-me, idiota, ninguém pode falar assim comigo!

-Cale-se, já perdi tempo demais por sua causa-disse o outro, já do lado de fora.

"Quem é esse cara?", perguntava-se Raphael

-Você não vai levar nada, lamento, agora dê o fora-ordenou o outro

-Já disse pra não falar assim, eu sou o maior mercenário do mundo-disse Raphael

-Sério? Bom, isso só seria possível se você fosse Flaming Amarant, mas como esse já sou eu, então não creio que seja o maior mercenário do mundo...-disse

-AMARANT!?-surpreendeu-se Raphael-Mas o que faz trabalhando aqui?

-Não tenho que dizer nada a alguém como você, vai sair por bem ou não?

-Ora...então se acha melhor que eu, o grande Raphael...

-Bem, de quem é esta adaga mesmo?-perguntou Amarant, mostrando uma Gladius que tinha na mão.

-M-mas como?!-exclamou Raphael, notando que aquela era sua adaga

-Tirei de você sem que notasse...você deixa a desejar, "grande Raphael"...-disse amarant-Tome, não fico com pertences que não me dão desafio.

-...

-Vamos, pegue-a-insistiu Amarant, estendendo-lhe a adaga

Mas quando Raphael fez um movimento para pegá-la, Amarant a deixou cair no chão:

-Abaixe-se...só então pegue, e caia fora daqui.

"Desgraçado...ninguém faz isso comigo e fica por isso mesmo...você me paga, eu juro!!!", pensou enquanto recolhia sua arma e lentamente se afastava dali junto a seu chocobo, que temia mais do que tudo o olhar frio de seu dono. Ainda pôde ouvir uma pequena risada debochada de Amarant.

"É como se eu ainda pudesse ver aquele miserável logo ali como naquela vez", pensou Raphael, cinco anos depois, naquele mesmo lugar.

Caminhando pelas ruas de Treno, ele estava a reviver algumas de suas lembranças.

"Mas, a partir de agora, provarei a todos do que eu sou capaz...não, Zidane, eu não sou como aquelas crianças que ficávamos a observar em Lindblum, ao menos não mais, tudo que passei foi um castigo por ser tão fraco, mas o novo Raphael é muito diferente..."

Entrou numa casa depois de dar uma volta longa e desnecessária, contudo, novamente, não percebeu que estava sendo seguido pela mesma pessoa de anos atrás, no palácio de King:

-Achei você, paspalho...-disse Amarant, observando-o de um telhado próximo



***IX***

No próximo capítulo: Vivi continua passando por uma grande provação...estará sua inevitável morte próxima?


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