Epílogo – Uma nova vida

POV Edward

Não existia meio de eu me sentir menos feliz que agora. Afinal que pai não se sentiria o maior dos bobos em quanto segura sua filha recém nascida no colo? Eu tinha medo de apertá-la de mais, ela é tão pequenina, tão delicada e tão linda.

Seus cabelinhos tinham o mesmo tom que o meu, e seus olhos eram acinzentados, ao que tudo indica ficariam verdes, exatamente como os meus eram quando humano. Seu rosto tinha o formato do rosto de Bella assim como o formato dos olhos.

Sem dúvidas ela ficaria muito mais linda do que qualquer vampira existente. É uma mistura perfeita entre eu e Bella.

Decidimos chamá-la de Vanessa, mas Bella só a chamava de Nessie, mesmo quando ainda não sabíamos o sexo do bebê ela acariciava a barriga e a chamava de sua menininha.

Bella me contou que descobrira que não era uma bruxa e sim uma feiticeira... Eu sempre achei que era a mesma coisa, mas ela me explicou que não e ainda sabendo disso ela conseguiu solucionar muitos mistérios sobre ela mesma. Porém eu não consigo chamá-la de minha feiticeirinha... Então ela continua sendo a minha bruxinha.

Ela nunca me explicou o que ocorrera com ela naquele eterno minuto em que esteve morta, mas tenho certeza que algo aconteceu, pois ela mudara quase que drasticamente. Ok, a quem eu quero enganar? Ela continuava a mesma arrogante de sempre, mas o que eu posso fazer se eu amo exatamente como ela é? Além do mais eu não sou o tipo de homem que se possa chamar de humilde.

O fato é que Bella está mais carinhosa, acho que a maternidade ajudou nessa parte.

A conversa que tivemos quando ela me perdoou não foi a ultima sobre o assunto, mas ela nunca me jogou na cara a merda que eu tinha feito. Disse-me que se havia me perdoado não iria ficar me recriminando, mas se eu fizesse de novo a vingança seria muito pior. Bem... Eu sabia o quão Bella era perigosa, então concordei e nunca mais tocamos no assunto.

A gravidez de minha bruxinha foi acompanhada de perto por toda a família, eles estavam amando o fato de logo ter uma criança correndo pela casa. Essa menininha seria muito amada por todos nós.

Bella agora estava descansando no quarto. Carlisle teve que fazer uma cesariana já que pude escutar nos pensamentos de Vanessa que ela estava ficando sem espaço e que não queria machucar sua mãe.

- Ela dormiu novamente? – perguntou Alice com um bico gigantesco.

Eu ri levemente de minha irmã. Ela estava louca para brincar com a sobrinha.

- Ela ainda é muito pequena Alice, terá que esperar alguns meses até que ela brinque da maneira que você quer. – explicou Esme sorrindo levemente em quanto dobrava as roupas que acabara de recolher do varal.

- Vem cá Lice. – chamei.

Minha irmã correu saltitante até a minha frente. Ela ainda não havia pego Vanessa no colo. Achava-a tão pequeninha, morria de medo de apertá-la forte de mais.

Sentei-me no sofá e indiquei para ela sentar ao meu lado. Devagar fui passando-a para o colo de minha irmã.

- Não! – ela me olhou apavorada.

- Fica calma maninha, você não vai machucá-la. – disse sorrindo em quanto ela olhava admirada para o bebezinho em seu colo.

Pouco a pouco Alice foi se sentindo a vontade e passou a ponta do dedo na bochecha de Vanessa.

- Veja só isso Lice. – disse puxando a mãozinha de minha filha e a coloquei no rosto de minha irmã.

O rosto de Alice se iluminou ainda mais.

Nessie tinha o dom de passar imagens tocando com sua mão o rosto das pessoas. E nesse momento inconscientemente ela passava as imagens de seus sonhos.

- Ela está sonhando comigo! – exclamou minha irmã sorrindo largamente.

- Ela te ama baixinha. – disse rindo. – Alice, você pode ficar com ela? Vou ver se Bella já acordou.

- Claro. – murmurou.

Eu ri da cara de abobada de minha irmã e então subi as escadas até meu quarto e de Bella.

- Bruxinha? Acordou? – perguntei em um sussurro em quanto entrava. – Bella?

Olhei assustado para a cama vazia e então comecei a procurá-la pelo quarto, banheiro... Nada.

Agucei minha audição e então percebi que o único coração que batia era o da minha filha. Corri desesperado por todos os lados, mas não a encontrei. Minha família também não a encontrou em lugar nenhum da casa ou dos jardins.

- Eu não consigo vê-la Edward. Ela ainda não tomou nenhuma decisão... Oh!

- O que foi?! – perguntei desesperado.

Alice ainda com minha filha no colo apontou para a porta de entrada.

Nós olhamos apreensivos para o lugar e então logo eu escutei batidas de coração e uma respiração ofegante.

A porta se abriu e lá estava minha bruxinha. Meus olhos se arregalaram assustados.

Bella tinha as roupas sujas e rasgadas. Sua face molhada por lágrimas que não paravam de escorrer. E entre seus braços um pequeno embrulho. O embrulho se mexeu e só então eu percebi mais um coração batendo e mais uma respiração soando. Era uma criança, tinha pouco menos de um ano.

- O que aconteceu? – perguntei correndo até minha bruxinha e a apoiando para entrar.

Ela fungou e sussurrou.

- Esse é meu afilhado.

Com suas palavras nós entendemos tudo. Os Potter estavam mortos.

[...]

- Quer dizer que esse menininho derrotou Voldemort?! – perguntou espantada Esme que alimentava o pequeno Harry.

Bella nos contara o que acontecera.

Ela havia pressentido que algo terrível estava prestes a acontecer com Thiago e Lilian, então correu para o lugar em que estavam escondidos.

Nesses últimos meses as coisas estavam mais tensas para os lados dos bruxos, um verdadeiro caus. Voldemort e seus comparsas estavam caçando bruxos do bem, exterminando tudo e a todos. Bella queria lutar, proteger seus amigos, mas ela não podia, não quando estava carregando um bebê em seu útero.

Escondemos-nos também, ao que tudo indicava Bella estava morta. Poucos sabiam que ela havia voltado da morte. E os mesmos juraram não contar a ninguém. Os bruxos estavam se escondendo, ainda não tinham poder para derrotar Voldemort. E agora minha bruxinha chega dizendo que seu afilhado que mal completara um ano derrotara um bruxo extremamente poderoso e saíra da luta com apenas uma cicatriz na testa.

- Líli me pediu para ensiná-la um feitiço para proteger seu filho, mas o feitiço exigia muito poder, eu ainda não sabia que eu era uma feiticeira e que alguns feitiços bruxos não poderiam executar com perfeição... Ensinei algo que protegeria não somente Harry, mas também ela e Thiago... Mas minha amiga não teve força suficiente e conseguiu salvar apenas seu filho. Eu não consegui chegar a tempo de evitar a morte de meus amigos, mas cheguei a tempo de ver Voldemort sumir após tentar matar o pequenino... Eu não podia deixar meu afilhado sozinho então eu o tirei de lá.

[...]

POV Bella

Eu estava completamente preocupada. Já fazia dois meses que Voldemort fora derrotado e dois meses que eu não conseguia falar com Sirius.

Ele estava escondido em outro lugar, pois estava constantemente lutando. Ele concordara com Edward que era melhor que eu me escondesse até minha filha nascer para só então entrar na luta.

Mas eu não conseguia entrar em contato e isso estava realmente me preocupando.

Terminei meu banho e fui para a sala. Gargalhei ao ver Emmett e Rose brincando com Harry e sorri para Jasper que embalava Nessie em seus braços.

Hoje era domingo e Carlisle estava em casa, ele lia um de seus livros de medicina e sorria ao escutar o riso de criança de Harry. Esme e Edward estavam na cozinha, o cheiro do almoço estava maravilhoso.

Vi Alice paralisada, provavelmente tendo uma visão. Ela voltou seu olhar para a porta com uma expressão triste.

A campainha tocou.

Fui até a porta e a abri. Tive que erguer a cabeça para conseguir fitar Hagrid. Sorri largamente e pulei o abraçando.

- Hagrid! – ele retornou o abraço me tirando quase um metro e meio do chão. 

- Olá minha menina! – disse ele sorrindo, mas percebi tristeza em seus olhos.

Hagrid era um homem muito alto quase um gigante. Sempre me protegeu na escola, já que quando eu era menor vivia metida em encrencas e sempre fugia pra o guardador de monstros.

- Entre! – disse o puxando.

Apresentei-o rapidamente para todos. Emmett ficou assustado por encontrar alguém maior que ele.

Esme o convidou para almoçar. Comemos entre risos e memórias.

- Oh! Pare de contar os meus podres! – reclamei rindo.

O riso foi acabando quando ele olhou para o pequeno Harry que cochilava no colchão que colocamos no chão da sala. Nessie estava deitadinha ao seu lado mordendo um de seus brinquedinhos.

- Não veio aqui para reviver o passado? – não soou como uma pergunta.

Ele suspirou.

- Sirius está em Askaban.

- O QUE?! – meus olhos arregalaram assustada. – Por que?

- Ele foi acusado de ter entregado a você-sabe-quem o esconderijo dos Potter. – explicou-me receoso.

- Não! Ele nunca faria isso! – dizia entre lágrimas. – Por que ninguém me avisou disso?!

- Todos acham que você está morta... E mesmo que você fosse até lá sua palavra não seria válida... Envolveu-se com um vampiro um inimigo natural, eles não confiariam mais em você.

- Você também acha que ele os traiu não é? – murmurei.

Sua expressão se tornou torturada.

- Desculpe.

- O que mais veio fazer aqui? – perguntei seca.

- Bella não leve para o lado pessoal...

- O que Hagrid?

- Eu vim levar o Harry.

- Por quê?! Ele está vivendo bem aqui, é meu afilhado, deve ficar comigo!

- O ministério pensa que ele está sob cuidados de Dumbledore e decidiu que ele deve ficar com os tios trouxas.

- Isso é ridículo! Eu tenho muito mais condições de criar Harry, além do mais todos nós já nos afeiçoamos de mais a ele.

Eu não fui a única a gralhar, mas no fim Hagrid conseguiu convencer a todos nós de que o melhor era que Harry tivesse uma vida normal com os tios.

Após a choradeira de despedida eu ainda me sentia péssima. Por Deus Sirius não poderia estar preso! Ele nunca seria capaz de traição!

- Bella? – chamou Ed com cautela.

- Eu vou tirar meu filho de Askaban. – disse decidida. – Não sei quando vou conseguir, mas eu farei de tudo para tirá-lo de lá.

Edward suspirou.

- Eu vou ajudar você. – disse ele.

Sorri entre lágrimas e afundei meu rosto em seu peito.

- Obrigada.

- Faço qualquer coisa para te ver sorrindo meu amor. – murmurou ele me afastando e olhando em meus olhos. – Eu amo você.

- Eu também meu vampiro. – disse contra seus lábios.

Meu coração se encheu de esperança, eu iria tirar meu filho daquele lugar horrível, custe o que custar!

Nada na vida acontece de graça. Eu precisei me apaixonar e ser traída para que minha profecia se concretizasse. Voltando da morte eu voltei mudada, voltei mais poderosa, forte. Tanto fisicamente quanto mentalmente. Mas somente por causa dessa mudança é que eu serei capaz de enfrentar as coisas que estão por vir. Somente com esse poder descoberto dentro de mim é que conseguirei seguir. Talvez houvesse um outro caminho mais fácil, menos sofrido. Porém as escolhas que fiz, os caminhos que tomei trouxeram as conseqüências pelas quais passei, nas quais aprendi. Por que nada, nada é por acaso.

FIM.