Prólogo

            As pessoas dizem que o homem teme a morte assim como a criança teme ir ao escuro, eu penso exatamente ao contrario. Quanto mais no escuro, melhor as coisas estão.

            Na vida, você nasce, é cuidada pelos seus pais, mais pra frente o que você mais busca é independência para viver do jeito que você acha melhor, depois você chega ao auge da sua vida e ai você faz, ou pelo menos tenta fazer, tudo aquilo que você quer, mas e depois? Depois, você simplesmente morre com a pele enrugada e cheia de problemas de saúde como se tudo aquilo que você viveu não significasse nada.

            Pensando nisso eu olhei a paisagem a minha volta, o que o mundo tem de realmente interessante para as pessoas quererem ficar aqui até o ultimo momento possível?

            Decidida, olhei uma ultima vez para ele e ele estava olhando pra mim com um lindo sorriso torto no rosto, desviei o olhar para os outros que estavam no barco, todos estavam se divertindo. Desamarrei o meu diário que estava preso no meu pulso e deixei ali, empurrei a ancora para fora do barco e permiti que a corda enrolasse no meu pé, depois disso tudo aconteceu muito rápido, logo eu estava nas águas profundas e eu senti minha cabeça batendo em algo, um ultimo pensamento passou pela minha cabeça: se for pra morrer eu prefiro morrer no auge. E tudo ficou escuro.