Amigos - a Melhor Aliança escrita por camila_guime


Capítulo 41
Concertos,reparos... Tomara que volte ao normal...


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpa pelo atraso!
Mas mantenham a fé, eu nao vou abandonar a história. Falta de recursos, só isso!
Aproveitem!



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Danilo descreu do ônibus e andou ainda uma distância considerável até chegar aos portões da escola. O porteiro o deixou entrar sem muita relutância, já que era notável que o garoto não estava muito bem.

Na verdade, bem era a única coisa que Danilo não estava naquele momento, depois do que viu... Poderia ter acontecido tanta coisa, qualquer outra coisa mais suportável que aquilo, justo quando ele achou que poderia dar tudo certo. Era azar demais! Como se tudo conspirasse pra que eles não se entendessem nem atingissem a mesma frequência nunca! Justo naquele momento! Precisava ser naquele momento? Se pelo menos ele não tivesse visto...

Mas nada adiantava agora ficar pensando, mesmo que aquela cena destroçante de Rachel beijando Alan tão ternamente ficasse assolando no fundo de sua mente. Estava mais que claro, primeiro ele já havia escutado ela dizendo que amava Alan, e sabia que ele sempre fora o melhor amigo dela, com quem mais ela se importava e se condoia. Todos os indícios cansavam de alertá-lo e, justo na hora em que ele arranjara força pra ir contra todo seu receio, as evidências se confirmaram da forma mais cruel!

“Quem eu queria enganar?”.

Não fazia mesmo sentido que, dentre todas as impossibilidades, Rachel fosse realmente se decidir por ficar com ele, enfim. Claro, por que ela já havia dito tantas vezes que nunca se sentiu seduzida por ele, e que ele nunca ia conseguir essa proeza. Ela sempre o vira como o galanteador barato que tem o mundo de garotas que quiser aos seus pés! É engraçado como parece tão claro agora que realmente Rachel nunca se daria a ficar com um cara dessa espécie. Enquanto Alan, por outro lado, sempre era o cara reservado e acolhedor que, mesmo tendo a enganado com um segredo super importante, tinha um bom e nobre motivo por trás disso, e nunca a enganara por vontade própria!

Danilo mal percebeu que chegou até seu dormitório de tão aluado que andava. Sentou de frente para sua escrivaninha e notou seu notbook ligado, e o papel de parede era uma foto de Rachel e Vickie na frente da piscina de sua pousada. Foi engraçado como aquela imagem, normalmente tão comum, o fez ter um surto de lembranças. Parecia até que foi naquele dia, o último de suas férias, que realmente tudo começou a mudar:

— Belo truque, malandrinha! – Berrou do meio da piscina.

— Ah! Você é tão, tão, tão fácil Danizinho... – Rachel cantarolou caindo na gargalhada em seguida.

— Fácil? Eu? Você é quem não resiste ao meu charme! Vive tentando fugir dele!

— HAHA! Até parece! – Desdenhou.

— Ah, você jura que resiste então? Então você não entraria aqui na água se eu te pedisse... Com jeitinho? – Danilo começou a fazer a voz manhosa de novo.

[...]

Rachel se abaixou na borda da piscina e tocou a água com a ponta dos dedos. Seus longos cabelos chegavam a encostar à superfície azul brilhante e se molhavam. Ela olhou para o amigo com o rosto um pouco abaixado, fazendo charminho.

— Eu não entraria aí com você nem que você implorasse, amore mio! – Sorriu de lado salpicando água na direção do rosto de Danilo.

Danilo não pôde deixar de escapar em seu rosto um leve sorriso, mesmo que este fosse sarcástico e sem humor nenhum. “Em pensar que ela sempre havia deixado isso tão claro!” – Pensou ele olhando um pouco mais intensamente a foto. Bons tempos... Como é fácil quando não estamos gostando de ninguém. Não há o medo e a incerteza de não ser correspondido... Por outro lado... É sempre tão confuso...

Rachel delicadamente se sentou na pontinha do divã onde Danilo estava. O garoto a olhou de canto e sorriu.

― Enfim sós? – Propôs sedutoramente se chegando ao lado da amiga, que se espremeu contra o divã.

― Você acha é? – Ela perguntou desinteressada, freando o garoto com as mãos em seus ombros.

Danilo olhou ao redor com cara de desentendido.

― Sim, acho.

[...]

Danilo rapidamente colocou Rachel debaixo de si. A garota riu mesmo sem querer, pois a mão de Danilo esbarrou na altura da cintura dela onde as cócegas são intensas. Claro: ele percebeu.

— Não, não, não... Sério, Dani, não! – Rachel já estava prevendo.

— E por que não?

[...]

Seu amigo estava tão perto que era difícil manter a seriedade, então, fechou os olhos bem apertados. Foi quando sentiu os lábios levemente frios do garoto tocarem sua bochecha, até então inocentemente.

[...]

Beijar a bochecha, o maxilar e o pescoço de Rachel não era bem o que o faria se sentir satisfeito. Porém, quando ia investir no ponto onde, aí sim, o satisfaria, Rachel abriu os olhos bem a tempo de encarar os dele a alguns centímetros dela.

— Não. – Ela disse firmemente. — Nem pense nisso.

E era assim: um passo pra frente, e dois pra trás. Desta vez, haviam sido aparentemente um pra frente e um dez pra trás. Na verdade, era como estar em marcha-ré direto! Ou como se Rachel houvesse arrancado à toda velocidade passando à sua frente, em direção a outro. Alan ganhara a corrida... De novo.

“Mas o que eu poderia querer? Que Rachel se decidisse por se declarar pra mim, um playboy que geralmente não leva declarações e romantismo a sério?” – Danilo pensava fechando o notbook. “Mas também, do que eu posso reclamar? Nunca fiz por onde!”.

Danilo se levantou e foi até a janela do dormitório, de onde podia ver restos do que foi a festa do jogo. Poucos agora restavam naquela parte do jardim, mas ainda riam uns com os outros e glorificavam o time. E isso o fez lembrar de um outro breve momento, que veio com força total, de quando estavam no baile de fim de férias:

— Ahn... Rae? – Danilo chamou cautelosamente.

— Hum? – Ela continuou de olhos fechados.

— Você já... Por acaso... Tipo assim...

— Dani! – Rachel riu da falta de jeito dele.

— É sério, não me interrompa! – Ele ralhou de graça. — Não importa o quanto eu gagueje... – Brincou fazendo Rachel rir mais.

— Ok, então, a pergunta é... Você já se apaixonou? – Ele soltou sentindo todo seu rosto formigar.

— Ué? Por que está me perguntando isso? – Rachel disse encabulada.

Ela sentiu Danilo dar de ombros enquanto seu rosto ainda se acomodava ao lado do pescoço dele. Sentiu que ele riu um pouquinho nervoso.

— Talvez eu esteja... Curioso...

— Que curiosidade mais imprópria...

— E imprópria por quê? Não posso saber se minha melhor amiga já se apaixonou? Os melhores amigos costumam saber isso um do outro... – Ele se desviou fazendo Rachel o olhar de frente.

Ela pareceu incerta, mas sorriu de lado ao responder.

— Eu sou uma alma apaixonada Dani... Constantemente!

[...]

— E você? – Ela indagou.

O sorriso de Danilo vacilou, mas não perdeu o jeito. Aproximou seus lábios dos de Rachel e, ao perceber que ela não desviou, beijou cinicamente o canto de sua boca, a fazendo rir de forma fugaz e voltar a dançar.

“Melhores amigos costumam saber isso um do outro...” – E está aí mais uma prova de que “melhor amigo” não era o que ele representava para Rachel, pensou Danilo. E constantemente apaixonada só se for pelo seu sempre fiel escudeiro, e este não era ele ou Stark... Esse tempo todo... Era mesmo Alan esse tempo todo.

Parece tão significativa agora todas as vezes que, dentre qualquer confusão ou preocupação, a atenção de Rachel estava aguçada e apontada para Alan. Quando estavam brigados, era por ele que ela se lamentava, e quando fizeram as pazes, foi como se a luz da morena se reacendesse. Mas quando foi Danilo que ficou brigado com Alan, era com Danilo que Rachel mais se incomodava... Com o fato de “ele estar discutindo com o outro, aparentemente sem motivo!”.

“— Ah, é? Então por que não diz por que vocês brigaram? Sabe, Dani, eu amo muito meus amigos. Todos eles. Quando estamos juntos é quando eu me sinto mais feliz. Não suportei ficar brava com o Alan, e não quero ficar com você. Mas se vocês dois brigam, do nada, como eu fico?”.

E, no fim das contas, todos os passos incertos dessa relação estranha que eles mantinham um com o outro, os levaram a um ponto crucial que, pensou Danilo, agora parece não ter sido suficientemente esclarecedor. Tornou a confundir os sentimentos de um garoto totalmente difícil, e aparentemente não surtiu o efeito esperado numa garota tão... Tão... Auto-suficiente!

— Eu quero... – Disse Rae. — Quero que você me dê o que você mais quer!

[...]

Danilo ergueu um canto dos lábios, tão natural que nem parecia provocação, como se ele sequer houvesse planejado. Isso fez Rachel suspirar baixinho, e ele sorriu de vez. Os braços de Rachel ficaram levemente arrepiados quando Danilo juntou sua testa na dela e ambos se aproximaram mais.

— Eu sei a resposta... – A voz dele saiu grave. Ele ainda beijou perto da boca dela entes de responder. Rachel já se sentia quase dissolvida em calafrios. — Um beijo seu...

[...]

Danilo sentia as mãos de Rachel segurando-o com força pela nuca e pela cintura, e ele não tinha ideia de que ela poderia querer isso assim... Tanto quanto ele. Talvez só não mais que ele. Ela não tinha ideia do quanto!

E era mesmo assim: Rachel não tinha ideia do quanto! Na verdade, pra ser bem sincero, nem mesmo Danilo tinha noção disso tão claramente. A necessidade de ter Rachel por perto era sempre tão sutil e tão simples que ele mal pensava nisso, até mesmo por que ela sempre esteve por perto. Diferentemente de agora, que parecia que ela estava sendo arrancada dele, quando na verdade, era sua esperança se esvaindo de vez. Esperança do que, exatamente, era até difícil dizer... De ter ela como uma namorada? Será que ele seria capaz de conseguir isso? Será que ele seria capaz de parar de vez todas suas manias de galanteador para ser em função dela? Bem... Só o “talvez” é capaz de responder essas questões.

Mas de fato beijo que eles deram naquela vez foi, realmente, o estopim de toda sua confusão interna. Como Rachel passou a ter um significado mais denso para ele e sua presença passou a ser ainda mais desejada, por um tempo maior que o normal, e com a sensação de que ele daria o que estivesse ao seu alcance para deixá-la feliz, como ele mesmo já disse, tantas vezes: ele daria qualquer coisa.

O que de nada realmente valia agora, já que ela finalmente havia se decidido. “Será que ela contaria a ‘novidade’ quando eles voltassem?” – Pensou Danilo saindo da janela. “Bem, o que realmente não é mais da minha conta!”.

Agora era só erguer a cabeça, ser o mesmo Danilo de sempre. A final, no fim das contas, foi até melhor ele não ter se manifestado, já que a escolha dela ia ser esta. É melhor assim. Deixar a “amizade” deles intacta, e não parecer um idiota, descendo de seu pedestal para uma causa visivelmente perdida. Não. Estava realmente melhor assim, se era pra ser desta forma. A final, ele não chegou a fazer nenhuma idiotice e estava salvo de qualquer exposição... A não ser, claro, de Stark, que esse sim lhe daria muito que falar ainda.

Um pouco estressado e com a cabeça quente de tanto pensar, Danilo decidiu ir tomar um banho frio. Bem frio pra que tudo se acalmasse e ele sucumbisse numa nova realidade.

***

— Obrigada, de toda forma! – Vickie disse depois que Jam a deixou na porta dos dormitórios.

— Por nada. Espero então que seu amigo esteja bem! – Jam disse depois de ouvir os recentes acontecimentos sobre Alan.

— Ah, eu também espero vê-lo por aqui bem, sabe... Alan é um cara bem legal, e eu não sei, mas... Acho que ele sim sobreviveu por um milagre!

— Pelo que você me contou, eu concordo! Bem... Até amanhã, Vi! – Jam se inclinou para ela e deu um sutil beijo em seu rosto.

— Ah, sim, obrigada. Você também!

Vickie viu Jam ir embora com as mãos enfiadas dentro do bolso e seus ombros baixos, sua característica postura meio relaxada, meio despojada. Ela não tinha exatamente certeza do que aconteceu com o que sentia por ele, e nem do que sente agora, mas não queria pensar nisso, por que isso a faria ter de pensar em que relação isso há com Stark. Definitivamente Stark não era o que ela queria debater numa hora dessas!

Stark... Inevitavelmente esse assunto se instalou em sua cabeça. A loira sacudiu a cabeça, mas era inútil, o assunto não queria sair. Se bem que também não havia tanta coisa que pensar sobre aquele loiro desencanado. Ele era legal, e se mostrou ser mais sensível do que ela imaginava... Quer dizer, ela NÃO imaginava que ele tivesse um coração debaixo de seus músculos, mas pelo visto, ela se enganara com ele.

Ah, mas por que ele fazia essas coisas com ela? Como beijá-la assim, do nada, igual na festa depois do jogo... Por que ele tinha que ser assim, tão charmoso e quase irresistível...?

“Não, não, Vickie! Pare com isso!”.

Mas ela não conseguiu parar de pensar... A textura perfeita e a forma certa com a qual os lábios dele se encaixavam, e agiam exatamente da forma que a azia perder a noção durante o momento e era terrivelmente perigoso.

Contudo, o que isso significava? Não que ela realmente desejasse que significasse alguma coisa de fato, mas é um pouco incômodo não saber o que aquela cabeça loira de estrela-do-mar está pensando!

Vendo que estava há alguns minutos sentada na cama, rindo como uma pateta, Vickie se levantou e olhou pela janela o jardim lá em baixo. Seus amigos já deveria ter chegado... E a história de que Danilo havia saído sozinho antes deles? O que significava? O que havia acontecido? Seja lá o que fosse, não era coisa simples para que Stark estivesse com aquele tom incomum: sério e responsável.

— Ah, galera... Onde vocês se meteram? ...

***

— Onde você tinha se metido? – Alanis falou quando chegou à salinha e encontrou uma cabeça de cachos escuros no sofá, assistindo TV.

Jam se virou intrigado para ver se era mesmo com ele. E lá estava a garota com uma cara confusa e uma posição altiva. “Como ela é tão cara-de-pau?”.

— Ah, está falando comigo... – Ele fingiu descaso, o que irritou uma Alanis já não muito contente.

— Sim, estou falando com você! Você não executou o plano... – Ela observou baixando o tom e sendo mais calculista.

— Não. Não o fiz.

— Por quê? A final, você estava falando com ela, a Rachel, de manhã.

— Notou foi?

— Foi. – Alanis soou ríspida, indo até o sofá e sentando de frente para o francês. — Então? Por que não fez o que você disse que ia fazer?

— Por que você não foi direita, Alanis, e eu não tinha por que ser como você!

Jam se levantou e já ia seguindo para a saída quando Alanis o cortou:

— O que você quer dizer com isso?

O francês ia se virando de volta quando alguém abriu com força a porta da salinha, fazendo os dois ali pararem. Uma ruiva tensa e esquisita entrou, estancando ao dar de cara com seus “coleguinhas” ali.

— Ótimo! – Jam foi o primeiro a falar. — Já que a Lú já chegou, acho que ela pode explicar tudo o que você quiser, Alanis... A final vai ser bom pra ela testar o que aprendeu! – Jam soou seco e imparcial.

Luana entendeu o que ele quis dizer, lembrando de sua frase: “... Cada um é dono de si! Talvez você devesse ensinar isso à sua amiga. Na verdade, muita gente aqui poderia aprender isso!”.

Assim, Jam sorriu um sorriso um pouco frio e ao mesmo tempo bravo para Luana, e saiu por trás dela, que continuou, por um tempo, ainda parada na frente da porta.

— Ahn... Então ele tem a ver com esse seu estado? – Alanis questionou tentando soar fria, mas quase não obteve sucesso.

— Não, Alanis. VOCÊ tem a ver com meu estado!

A ruiva tinha uma voz seca e áspera, ao mesmo tempo em que seu rosto estava meio inchado, quase como o de alguém que chorou recentemente. Quase por que Luana não gostava de deixar lágrimas escorrerem, e isso congestionava ainda mais sua face. Pois, de alguma forma, toda a lição de moral de Jam havia feito nela um estrago pequeno, mas suficientemente grande para alguém que não costumava a ser afrontada, como ela.

— Eu te fiz alguma coisa? Desculpa, mas... Não fui eu quem não executou os planos por aqui...

— Não é disso que eu estou falando! – Luana cortara Alanis alterando o tom de voz. — Eu estou pouco me lixando se seu plano foi ou não executado, até por que foi graças a mim que Jam não o fez!

— Como? – Alanis também se exaltara.

— Exatamente! Eu interferi para que ele visse a grande idiotice que estava preste a fazer. Idiotice que ele mesmo já havia percebido, mas só precisava de uma força para voltar atrás.

— Ah, e você foi essa força? – Alanis soou irônica e sarcástica.

— Chame do que quiser: traidora, piranha, duas caras... Mas quer saber Alanis, eu também vi o tipo de cobra que é você!

— Cobra? Você que...

— Cobra venenosa, egoísta e traiçoeira! – Luana voltou a cortá-la. — Sabe por quê? Por que você não se importou se eu tinha ou não uma queda por aquele garoto quando você finalmente conseguiu sua aproximação do seu lindo Danilozinho, não foi? Você não se importou com ninguém, nem com as pessoas que poderiam ter sido atingidas que não têm nada a ver com você e suas vontades!

— Ah, fala como se você realmente gostasse daquele loiro mulherengo! Fala sério, Luana, você não gosta de ninguém! Faz questão dele por que ele é simplesmente popular e não é seu! Se não fosse isso, não faria todo esse enxame!

— Que importa isso agora, Alanis? A questão não era se eu gostava mesmo ou não dele, mas sim da sua canalhice a não levar em conta o lado das outras pessoas. O MEU lado!

— HAHA. O sujo falando do mal-lavado!

— É, pode chamar assim se quiser! Quer saber? Eu não ligo mais pra você, a final, você já é amiguinha daquele garoto agora não é? Está satisfeita? Espero que já tenha matado sua necessidade de afeto!

— Necessidade de afeto? Olha, eu não te chamei pra vim falar comigo naquele dia, nem pedi sua opinião pros meus problemas ok?

— Claro, você era feliz e conformada com sua situação anti-social! – Luana ironizou.

— Sabe, até que eu era! – Alanis fingiu pensar sarcasticamente.

— Que bom, pois uma hora ou outra esse garoto que você gosta vai encontrar alguém certo pra ele e vai perceber que sua companhia não é tão boa. Você vai poder cair de novo no seu poço de solidão e ser feliz outra vez, certo?

— Olha aqui, garota...

— OU! Ou você pode aprender que as pessoas não são coisas que são pegas e largadas, e dar mais valor a alguém que mereça de verdade!

— Quem? A você?

— Não! A mim não. Tente ser mais justa com essa garota, a Rachel, ou com o Jam mesmo... Não são pessoas ruins, Alanis. Você tem que ver que eles não são culpados de ter a amizade que você tanto queria! Que o fato de você não tê-las é caso de haver um defeito em você, por que... Pessoas não têm donos, mas podem ser conquistadas!

Luana simplesmente não acreditou que acabara de dizer tudo aquilo. Era basicamente como ter sido inspirada por toda moral daquele francês hippie. Mas de alguma forma se sentiu melhor depois de pôr tudo pra fora. Tinha visto que a filosofia de Jam era tão mais bonita que a materialidade dela, e que alguma força escondida por trás da passividade daquele garoto tinha um poder um tanto devastador. Ele fazia a diferença.

Alanis engoliu a resposta que ia dar à ruiva, quando esta simplesmente passou como um furacão cortando a sala e seguiu em direção ao corredor dos quartos. “Mas que viajem foi essa?” – Alanis questionara. De onde aquela garota poderia ter tirado tanta lição de moral de uma hora pra outra?

“O que o arrependimento não faz com as pessoas...”.

Jam saiu de perto da porta, satisfeito em ter ouvido tudo que Luana dissera, como um professor que notou o aprendizado do aluno. Mas não era para se glorificar que ele ficou para ouvir, era apenas para entender como Luana estava depois de tudo, ver se ela tinha ficado bem, depois do jeito que ele a deixou na última conversa deles. Ele não teve tempo sequer de olhar para a cara dela naquela hora. De toda forma, seja lá o que surtiu em Luana, pareceu ser um efeito bom.


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Notas finais do capítulo

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Mila.